Por Claudia Costa
Metade dos brasileiros está acima do peso e 20% dos adultos estão obesos
Dia 11 de outubro é o Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade. A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de energia na alimentação, superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia-a-dia. Ou seja: a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. É é uma doença crônica que tende a piorar com o passar dos anos, caso o paciente não seja submetido a um tratamento adequado e contínuo
A obesidade é uma doença que compromete a saúde das pessoas, sua vida pessoal e social. O Ministério da Saúde divulgou em julho/2019 uma pesquisa que identificou que mais da metade da população brasileira está acima do peso, ou seja, 55,7% tem excesso de peso, um aumento de 30,8%, comparado com o percentual de 42,2% em 2006. Segundo os dados, o crescimento da obesidade foi maior entre adultos nas faixas de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos. Os homens apresentaram crescimento de 21,7% e as mulheres 40%. Esses dados revelam-se preocupantes, pois 1 em cada 5 brasileiro está obeso. O levantamento é da Vigitel, uma pesquisa telefônica realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal, sobre diversos assuntos relacionados à saúde
A obesidade é um dos maiores problemas de saúde no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões.
Segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, no Brasil a obesidade vem crescendo cada vez mais. Alguns levantamentos apontam que mais de 50% da população está acima do peso, ou seja, na faixa de sobrepeso e obesidade. Entre crianças, estaria em torno de 15%. A doença desencadeia e ou agrava diversos transtornos no organismo: problemas cardíacos, vasculares, endocrinológicos, ortopédicos, dentre outros.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, 70% dos pacientes que realizam a cirurgia bariátrica no Brasil são mulheres, na faixa etária dos 35 a 50 anos. O presidente da entidade, Caetano Marchesini, diz que isso pode ser explicado inclusive por fatores culturais. “As mulheres tendem a se importar mais com a questão estética e a perda de qualidade de vida relacionadas com o aumento de peso. Nos homens, a obesidade é mais ‘tolerada’, individualmente e pela sociedade”, avalia. “Além disso, pessoas do sexo feminino costumam ir com mais frequência às consultas médicas preventivas, detectando precocemente a obesidade e recebendo informações sobre as possibilidades de tratamento. Já os homens tendem a procurar o tratamento quando o quadro é mais grave e já está instalado há mais tempo”, compara.
O médico paranaense Milton Ogawa, cirurgião do aparelho digestivo e especialista em obesidade, já realizou mais de seis mil cirurgias. Ele salienta que a prevenção deve ser o primeiro passo (alimentação equilibrada e atividade física regular) e que as pessoas devem fazer seus exames preventivos com frequência e ficarem atentas ao sinal de alerta que é o aumento do peso. “Este paciente deve rever seus hábitos de vida (alimentação e atividade física) e procurar um médico para verificar se este ganho de peso não está associado a outras doenças, como por exemplo a uma disfunção da tireoide”, explica.
A família e os amigos devem contribuir para a perda de peso do paciente. De alguma forma, todos (esposa, filhos, irmãos e pais) também já foram privados de participar de algumas atividades, principalmente no caso dos pacientes obesos mórbidos, uma vez que esta pessoa não tinha condições físicas de realizar qualquer atividade. “Um paciente em tratamento para perder peso precisa de toda a colaboração de sua família e amigos. Não tem como querer que a pessoa tenha uma alimentação de baixa caloria, emagreça, e ao mesmo tempo, na sua casa, sempre acontecerem churrascos ou aqueles almoços saborosos, ricos em calorias”, afirma o médico Milton Ogawa.
É fundamental, também, fugir das dietas milagrosas para a perda de peso. O ideal é consultar um nutricionista, que analisará o seu caso individualmente e prescreverá uma dieta e um cardápio que atendam suas necessidades.
E como saber se está acima do peso ideal?
Basta realizar o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), que foi implementado pelo 1º Consenso Mundial de Tratamento de Obesidade, realizado em 1991 nos Estados Unidos. O IMC corresponde a um padrão para avaliar os riscos relacionados com a insuficiência ou o excesso de peso. Foi um belga, Adolphe Quetelet, quem inventou o método. Confira as tabelas:
Tratamentos
Cada caso é analisado individualmente pelo médico. A decisão de passar ou não por uma cirurgia bariátrica deve ser adotada quando todos os outros tipos de tratamentos não derem resultados, o paciente não conseguir emagrecer, sua qualidade de vida começar a ficar comprometida, e as doenças correlacionadas com a obesidade começarem a complicar o bem-estar da pessoa.
A escolha do tipo de cirurgia bariátrica depende do peso e da saúde do paciente. A decisão médica avalia riscos e benefícios da intervenção. Uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, nutricionista e médicos das diversas especialidades, dá suporte para o paciente.
A cirurgia bariátrica com Banda Gástrica Ajustável é a mais simples de todas e, consequentemente, a que leva a menor porcentagem de perda de peso. Em segundo lugar, vem a Gastrectomia Vertical, que já inclui corte, sutura e uso de grampos. Depois dela, a mais complexa é a cirurgia bariátrica com Bypass Gástrico que, além da redução do estômago, cria um desvio no intestino do paciente. Por fim, a que leva a maior porcentagem de perda de peso, mas que também é a mais complexa, é a cirurgia com Derivação Bileopancreática, pois o desvio do intestino é maior do que o da anterior.
Fontes:
- Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica https://www.sbcbm.org.br/70-dos-pacientes-de-cirurgias-bariatricas-sao-mulheres/
- Como calcular o IMC http://www.calculoimc.com.br/como-calcular/
AGRADECIMENTOS
Revisão de textos: Jackson Liasch – fone (43) 9 9944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Alekcey Willians – layout das tabelas
Lucas Costa Milanez: Captação das imagens ( vídeo)
Elisie diz
Excelente! A obesidade eh um problema sério e que compromete a saúde. Gostei do amplo esclarecimento do dr. Milton, um expert no assunto. Parabens pela entrevista.
Ana Lucia diz
Muito bom o esclarecimento sobre a obesidade. Problema sério que afeta milhares de pessoas no mundo todo. Parabéns pela matéria.