Por Claudia Costa e Elisiê Peixoto
E eles viveram juntos para sempre. A frase, que normalmente encerra uma história de amor de um livro ou de um filme, pode ser declarada na vida real? Sim, os protagonistas que estão nesta reportagem comemoram 50 e 60 anos de casados, desde que subiram ao altar e juraram viver juntos “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”. A maioria está na faixa dos 70 e 80 anos de idade e conta a fórmula de viver uma relação feliz e duradoura. Paciência, renúncia, amizade, cumplicidade e companheirismo fazem parte de uma vida a dois que não é fácil, mas com base no amor é totalmente possível. Vamos acompanhar suas declarações?
A arte de compartilhar
Neiva e Roberto Ortolani conheceram a fundo o universo feminino, afinal o casal teve quatro filhas: Rosemary, Alessandra, Vanessa e Vivienne. Eles estão casados há 53 anos e, ao lado das filhas, genros e netos, desfrutam de tudo aquilo que a maturidade oferece. Além de dançarem muitíssimo bem, Neiva e Roberto, ele empresário da construção civil, sempre compartilharam tudo e chegaram até aqui fortalecidos no amor verdadeiro. “Uma relação duradoura precisa ter cumplicidade, estar sempre junto, apoiando-se mutuamente nas atividades individuais, nos serviços domésticos. Durante tantos anos de convivência é claro que enfrentamos adversidades, mas, certamente, não mudaria nada na nossa vida conjugal. A minha esposa é uma mulher maravilhosa”, declara o empresário. Eles têm sete netos: Renan, Bruno, Eduarda, Felipe, Bruna, Davi e Lucas.
Família unida
Nair e Geraldo Beleze Cavalaro revelam cumplicidade só pelo olhar. Eles se casaram em 13 de outubro de 1958, ou seja, são 61 anos juntos. Nair tem 80 anos e Geraldo, 83 anos. Ambos são comerciantes até hoje e têm seis filhos: Pedro, Fatima, Elieth, Evanice, João Carlos, José Roberto, além dos seis netos e três bisnetos. O casal dá a receita para uma vida feliz a dois: fé, respeito, amor e família. Ressaltam a importância da convivência familiar, da paciência, fidelidade, diálogo, cumplicidade, amizade, parceria e crença em Deus. “Eles sobreviveram às dificuldades, vieram de família com boas condições financeiras, mas os pais eram contra o casamento. Então, começaram sozinhos, com uma portinha, numa vendinha, sempre atrás de um balcão, com chão de terra batida. Minha mãe, sempre muito ativa, ajudou em tudo, fazia pão caseiro, costurava. Tiveram bar e mercado. Até hoje são ativos e participativos”, relata a filha Elieth Hodas. O casal faz dança e academia e hoje tem uma vida financeira tranquila. Dona Nair afirma que não mudaria nada na vida que teve ao lado do marido. Faz questão de afirmar que a família é firmada em princípios e que na velhice isso faz toda a diferença. Gosta de ter os filhos reunidos e é frequentadora da igreja ao lado do marido. O comerciante Geraldo diz que se pudesse voltar no tempo daria mais amor e carinho aos filhos. Recentemente renovaram os votos do casamento, são ativos e participativos, fazem dança, academia, têm fontes de renda com aluguéis, e chegaram à velhice tranquilos. “Nossa família se baseia em princípios e é muito unida. Eu e meus irmãos estamos felizes porque eles completaram bodas de diamante. Nossos pais são o nosso esteio”, completa a filha.
Bodas de Ouro
Maria Conceição de Chico Brugnara, 70 anos, professora aposentada, e Eugenio Brugnara, 79 anos, advogado aposentado e agropecuarista, trocaram o Sim no altar dia 20 de julho de 1969. Eles acabam de completar as bodas de ouro, são pais de Daniela de Chico Brugnara e avós de Maria Eugenia Brugnara. Afirmam que um casamento duradouro requer a proteção de Deus, muito amor, cumplicidade, paciência, renúncia e respeito. “Não mudaríamos nada, nossas conquistas foram gradativas de acordo com as nossas expectativas”, completa o casal que reside em Londrina, mas que por muitos anos morou em Cambé/PR, onde tem vasto círculo de amigos, é reconhecido e respeitado.
Doação e amor
Solange e Gilson Azin brindaram 50 anos de casados em 2018. Eles têm duas filhas, Gabriela e Marcelle, e cinco netas: Vitória, Ana Clara, Mariana, Rafaela e Paola. Solange revela que para chegar aos 51 anos de casamento não existe uma receita pronta, são vários fatores. Mas com Deus, acima de tudo, é possível vencer obstáculos, com doação e amor. “Não é fácil, mas possível. A única coisa que teria feito diferente na minha vida de casada seria ter buscado uma profissão para me tornar mais independente. Sempre falo para as minhas netas terem a profissão delas, isso é muito importante na trajetória do casamento e da vida. O trabalho voluntário que sempre exerci também colaborou no dia a dia, porque é algo gratificante e que nos ensina a doar e compartilhar. Tenho certeza de que eu e o meu marido fomos abençoados por Deus para comemorarmos tantos anos juntos.”
Perseverança e superação
Marilene e José Pedro da Rocha, ela, 73 anos, ele, 79 anos, estão casados há 54 anos. São pais de Silvia Maria, José Marcos e Helena Maria, e têm três netos. Marilene foi professora nos primeiros anos de casada e José Pedro é engenheiro civil. Ela afirma que não existe uma receita para um casamento de tantos anos. “Acredito que cada casal, com a própria vivência, vai fazendo o seu caminho e percorrendo-o. Porém, inegavelmente, o casal deve ter foco na família que constituiu, além da perseverança e da superação, que são as molas propulsoras, e de ambas as partes.” Se pudesse voltar no tempo, ressalta que o casal procuraria o mesmo conhecimento que os motivou a casar, construir família e viver juntos como tem sido até agora. “Os percalços na caminhada não são fáceis, é preciso estar forte e convicto no amor. O conselho que dou aos novos casais é que sejam perseverantes no amor. Somente assim é possível estar juntos para superar qualquer adversidade ao longo dos anos”, completa.
Fé e família
Dalva, 81 anos, e o empresário Newton Scalassara, 85 anos, são casados há 59 anos. Eles são pais de um casal de filhos, Marcelo e Rossana, e avós de quatro netos: Marcela, Natalia, André e Henrique. Dalva e Newton se casaram muito jovens, ela com 22 e ele com 27 anos. Ela é muito religiosa, foi criada em uma família evangélica, e diz que sua família é um presente de Deus e que a fé é um dos pilares em sua vida e do seu casamento. Para Dalva, a única coisa que se pudesse mudar no casamento seria a conversão do seu marido que é ateu. Ela cita o Salmo 32 Versículo 8: “Eu o instruirei e o ensinarei no caminho que você deve seguir; eu o aconselharei e cuidarei de você”.
Sonho realizado
A dona de casa Ignez Carnietto de Osti, 81 anos, e José Maria de Osti, 82 anos, comerciante, são casados há 62 anos. Eles têm quatro filhos, nove netos e um bisneto. Ambos salientam que uma dificuldade que, se pudessem, mudariam seria sobre a saúde frágil de dona Ignez, que passou por várias cirurgias, desde a época que os filhos eram pequenos. O casal é feliz com a família e a vida que construíram. “Não mudaria nada em nosso casamento. Consegui realizar meu sonho de menina que era o de não criar meus filhos na roça. Quando jovem eu via algumas mães levando suas crianças desde pequenas para a roça, era uma vida de muito sacrifício. E eu não queria isso para os meus filhos. Fui criada no sítio e sei como a vida era sacrificada. Felizmente consegui realizar meu sonho”, explica Ignez de Osti.
REVISÃO: JACKSON LIASCH
ARTE: FERNANDO PEIXOTO
FOTOS: ARQUIVO PESSOAL
Fernanda Gomes Milanez Garboza diz
Que benção de Deus termos exemplos tão ricos assim!! Em uma sociedade cada vez mais individualista, ver casais com esse tempo de união, permanecendo juntos, superando as diferenças, acreditando no amor, na paciência, na tolerância, na cumplicidade e no companheirismo a dois é louvável!! Convivo com o tio Neuton e a tia Dalva há anos, e agradeço a Deus pela vida preciosa dos dois. Um exemplo pra todos nós!!! Parabéns pela excelente matéria e pelo assunto tão oportuno em nossos dias!!
Heloisa Abudi diz
Adorei a reportagem sobre casais que ficaram juntos por toda a vida. Hoje os casais se desentendem por pouca coisa e já se separam. A minha geração, que se meu marido estivesse vivo, estaria comemorando bodas de ouro, agia muito diferente, com mais paciência e tolerância, uns aos outros e assim o casamento durava para sempre. O segredo é ter jogo de cintura!
Heloisa Bettoni diz
Amei o portal !!! Sim o amor é a peça mais importante que move o mundo .
👏👏👏👏👏
Heloisa Bettoni diz
Amei o portal !!!
👏👏👏👏👏
Sônia Schanzer diz
Casada há 54 anos, adorei a reportagem. Somos casais raros numa sociedade onde divórcios parecem ser a solução na falta de um diálogo ou de compromisso com os votos de uma união. Parabéns pelo lindo trabalho!
Marion O. Carvalho diz
Uma convivência de tantos anos que se mantém com carinho respeito e muito amor é um privilégio e uma joia rara
Dificuldades ,divergências, são inevitáveis mas passíveis de superação quando o companheirismo está acima de tudo.
Que sejam exemplos que se multipliquem e que muitas famílias se formem como tais.
Maria Aparecida Persi. diz
Que lindo,só o amor pode superar tudo,tenho 45 anos de casa também ,espero chegar aos 60 anos de casada ,que Deus com sua mão protetora,abençõe todos vcs.