Por Claudia Costa
A perda de uma pessoa que amamos é sempre muito dolorosa. Apesar de sabermos que a vida é efêmera e que a única verdade absoluta na vida é que, desde que haja o nascimento, haverá a morte, nunca estamos preparados para enfrentá-la. Até falar a palavra “morte” para nossa cultura é algo doloroso e muito triste. Entretanto, ela é real.
É importante viver o luto para não viver em luto. Nesse período, é fundamental ressignificar a vida para não permanecer velando aquilo que perdeu com a morte do outro. A elaboração do luto vai transformando a dor da saudade. É tempo de relembrar as alegrias e recordar os bons momentos. Falar sobre a perda é importante para a pessoa que perdeu um ente querido. Por isso, amigos e familiares, por melhores que sejam as intenções, não tentem fazer de conta que a morte não aconteceu, mudando de assunto toda vez que a pessoa quiser falar sobre o assunto. Isto não ajuda e ela se sentirá ainda mais sozinha. Esta pessoa precisa ser ouvida, sentir o apoio da família, dos amigos. Trabalhar ou ter uma atividade para ocupar o tempo e, principalmente, ter uma fé são aliados importantes.
Vejam os depoimentos da apresentadora Cloara Pinheiro, da relações-públicas Rosimari Chimentão e da costureira Laide Gumieiro Franco, que falam como enfrentaram e buscam superar a perda de uma pessoa querida.
Quem vê o alto-astral e a energia da apresentadora Cloara Pinheiro, do programa Destaque, da Rede Massa, não imagina que ela vivenciou uma grande perda na vida: a morte prematura da filha Carolina aos 5 anos. “Era o grande sonho da minha vida ter uma filha. Engravidei da Carolina, a minha Nina, em 1989, quando morava em Oregon, nos Estados Unidos. Naquela época, não tinha celular e eu tirava fotos e as mandava para o Brasil. Cada vez que eu olhava na foto impressa no papel aparecia uma luz branca nos olhos da Nina e eu acabava pintando com caneta a foto”, conta Cloara.
Quando ela veio para o Brasil, fez uma consulta com o médico-oftalmologista William Procópio, que diagnosticou que a filha tinha um tumor na retina dos olhos. “Um dos mais agressivos.” A apresentadora foi para São Paulo para realizar o tratamento no Hospital das Clínicas, onde a filha fez 23 sessões de radioterapia. Após alguns anos de muita batalha para viver, Carolina se foi e sua mãe buscou no trabalho forças para superar a perda. “Eu sei que um dia vou encontrar minha filha. Acredito que exista algo mais. É muito dolorido, mas eu ia brigar com Deus ou ia dar a volta para cima. Eu me dediquei ao trabalho”, conta a apresentadora Cloara Pinheiro, que também é mãe do fisioterapeuta Luiz Felipe Stanganelli. Ela trabalha há 21 anos como apresentadora de um programa diário de televisão. Veja no vídeo a entrevista completa dela.
Já a relações-públicas Rosmari Chimentão, de Jandaia do Sul (PR), perdeu em 2008 o marido, o advogado Carlos Henrique, aos 37 anos, e o filho Nicolas, 3 anos, em um acidente de carro na região de Avaré (interior de São Paulo) quando a família estava retornando para casa no Paraná. “Eu voltei sem ninguém para casa. Perdi minha família de uma vez só. Foi muito difícil, complicado e muito dolorido, mas a gente vai aprendendo a lidar com a situação de perder sua família de uma vez só. No início parecia um pesadelo, quando me deparava com lugares e momentos que compartilhava com o Rico e o Nicolas. Tive momentos de pânico que me paralisaram e eu não conseguia andar”, diz Rosmari Chimentão, que é proprietária da Agência Arroba Comunicação.
Ela explica que foi na fé e na formação religiosa que encontrou forças. “É muita dor e não tinha para onde fugir desta realidade. Meu mundo caiu. Mas eu nunca questionei Deus pelo que aconteceu com minha família. Eu sinto a misericórdia Dele e como Deus tem me amparado”, salienta Rosmari Chimentão.
A relações-públicas explica que foi em um acampamento da Canção Nova, comunidade da Igreja Católica ligada à Renovação Carismática, que conheceu o padre Fábio de Melo. “Quando o sofrimento bater a sua porta” foi o tema do acampamento e da pregação. Porém, naquela data ela não teve um contato direto com o sacerdote. Isto aconteceu em um evento na cidade de Cianorte (PR), na chácara da empresa Morena Rosa, quando ela pôde contar sua história para o padre. Desde então, Rosmari tem participado de várias peregrinações pelo mundo e ajudado mães que também perderam seus filhos. “São viagens de contexto religioso. Já estive na África do Sul, Portugal, França, etc.”, conta ela, que desde que perdeu sua família voltou a morar com a mãe. Veja no vídeo do programa da apresentadora Eliana, do SBT, a participação de Rosmari Chimentão falando da importância da fé e do significado que as palavras do padre fizeram em sua vida.
A dona Laide Gumieiro Franco, costureira, que completa 80 anos em dezembro, também buscou na fé e no trabalho a superação pela perda em 2014 da filha Sandra, aos 56 anos. Apesar da idade, Sandra era dependente como uma criança, pois nasceu com atraso mental em função de um problema ocorrido durante o parto. Dona Laide, que é viúva há 19 anos, mora sozinha em Londrina – sua outra filha, Vanda Franco, reside em São Paulo.
A vida da costureira foi dedicada a cuidar da filha Sandra, que não tinha nenhuma autonomia, dava banho, comida na boca, colocava para dormir, enfim, fazia tudo para e por ela. “Até os 22 anos a Sandra tinha uma vida relativamente normal. Até frequentou o Instituto Londrinense para Educação para Crianças Especiais (ILECE), mas a partir desta idade foi regredindo e perdendo toda a autonomia”, explica dona Laide. O problema mental da Sandra influenciou muito no seu comportamento. Ela não circulava em todos os cômodos da casa, dormia em uma cama na sala, e nem ao quintal da casa ela aceitava ir. A mãe diz que sempre pediu a Deus para que a filha partisse antes dela, pois não teria alguém para cuidar da filha em tempo integral como ela fez durante os 56 anos de vida da Sandra. “Agradeço a Deus por ele ter me ouvido. Se eu partisse antes dela, como é que seria a vida da minha filha. Todo o mundo tem sua família e seu trabalho”, diz a mãe, salientando que existem datas mais difíceis e que sente muito a falta da filha. “Éramos uma só pessoa, eu fazia tudo para ela e por ela. Cada um tem sua fé e nestes momentos ela é fundamental”, diz essa mãe, exprimindo sua gratidão a Deus.
Agradecimentos:
Fotos: Arquivo Pessoal
Arte/capa: Alecksey Willians
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Lucas Costa Milanez: capitação do vídeo da entrevista com a apresentadora Cloara Pinheiro
AREL: Locação da entrevista da apresentadora Cloara Pinheiro.
William Procópio diz
Emocionante a entrevista da Cloara. Um dos momentos marcantes da minha vida profissional! Acho que toda essa força e essa beleza que ela apresenta em seus programas, vem dessa filha querida!
Silvana diz
Lindos depoimeimentos. Encontrar no trabalho e no consolo em Deus é sem duvida a melhor maneira de amenizar a dor da perda e continuar a vida! Deus abençoe essas três grandes mulheres guerreiras!
IVONE diz
LINDAS HISTORIAS MAIS O PIOR E O LUTO DE FILHOS VIVOS
AS VEZES TEMOS LUTOS DE PESSOAS VIVAS COMO EU TENHO
Marisa Braga diz
Emocionante a entrevista com a Cloara. Me lembrei do que li esses dias em um livro dito por Tedeschi e Colhoun: “Sou mais vulnerável do que pensava, mas sou mais forte do que jamais imaginei”. É assim que me sinto. Deus nos fortalece para entender e aceitar as nossas perdas. Abraços!!!
Claudia Costa diz
Abraços Marisa. Obrigado por seu comentário. beijos Claudia Costa
Olelia Oricolli Oliveira diz
Entrevistas que o profissionalismo da Claudia as torna mais emocionantes .
Conheço Cloara e sua luta ao lado da filha e pela filha .
Conheço Laide e admiro sua vida tão trabalhosa e sempre corajosa costurando para ajudar o marido e atender suas freguesas com a filha sempre ao lado . Nunca esmoreceu e sua fé era inabalável.
Essas pessoas são admiráveis exemplos..
Claudia Costa diz
obrigado Olelia!