Alexandre Kireeff, Leopoldo César, Lélio Teixeira, Edra Moraes Glaucia Regina Piteri,Fernando Berbel Júnior e Hélio Fernando Silva falam como vislumbram suas vidas pós-pandemia.
Por Claudia Costa.
O ano de 2020 é um divisor de águas na humanidade. O COVID-19 afetou a vida dos indivíduos em todo o mundo. Esta pandemia tem causado a perda de milhares de vidas, e o impacto deste momento vêm estimulando nas pessoas uma revisão das prioridades e valores.
Como num passo de mágica o mundo teve que aprender a conviver com medidas de restrições, países fecharam suas fronteiras e diversas restrições passaram a vigorar para todos. Ir e vir a qualquer lugar já não é possível, pois temos que proteger as pessoas que amamos e principalmente àquelas que são mais suscetíveis à doença. O isolamento social e a mudança de hábitos, em especial o uso obrigatório de máscaras, a adoção de medidas de higiene (lavar sempre as mãos, usar álcool em gel para desinfetar os objetos e até tirar os sapatos para entrar em casa) são alguns dos novos hábitos que dificilmente deixaremos de lado tão cedo. Além disso, a Pandemia causou um “rombo” na economia dos países e dos cidadãos.
Temos a esperança que, em “breve” ,teremos uma vacina para combater e prevenir o COVID 19. Pensando nisso, o Portal IDEIA DELAS foi ouvir algumas pessoas, de diferentes perfis e profissões, moradoras de várias cidades brasileiras para saber como elas enxergam suas vidas pós-pandemia. Vale a Pena conferir!!!
LEOPOLDO CESAR- PUBLICITÁRIO – SÃO PAULO -SP
“Eu estava viajando num trem chamado “esperança” que descarrilou. Muitos mortos e feridos. Estou entre os feridos gravemente, com sérias lesões causadas pela chuva de boletos, trabalhos descontinuados, estresse. Graças à determinação para sobreviver, fui lentamente conseguindo respirar. Saí da UTI, fui para a enfermaria de um desses hospitais públicos e recebi alta.
Estou em casa me alimentando de algumas boas amizades virtuais e poucos trabalhos. Evito olhar para a janela e para o espelho mágico. Não vou deixar a desesperança infectar feridas que já estão quase cicatrizando.
Fiz um rescaldo do que sobrou do acidente, estou conseguindo perceber o sol, a lua, o oxigênio. Esses elementos estão reenergizando a esperança e me levando de volta à estação de onde parti.
As poucas atividades que hoje retomo, colocam-me a caminho da estação, dando condições de acreditar que vale a pena partir nesse trem novamente, mesmo, e ainda, aos 69 anos de idade.
Meu nome é Leopoldo Cesar, mas podem me chamar apenas de Leopoldo. Minha marca hoje, depois desse terrível acidente de percurso, é a crença no meu potencial de sobrevivência e o respeito às amizades!
Leopoldo Cesar, publicitário/designer de Marcas, Ex aluno da FAAP / SP – Diretor da MINDSGN, núcleo de design da GHT-IBIS Comunicação – São Paulo – SP
ALEXANDRE KIREEFF- EMPRESÁRIO DO AGRONEGÓCIO E EX-PREFEITO DE LONDRINA-PR
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“Acredito que a tendência seja de uma reaproximação com a normalidade que vivíamos nos tempos da pré-pandemia, mas também creio que essa reaproximação não será suficiente para resgatar uma vida em condição similar à que vivíamos. Quanto maisinfecciosas. Além disso, houve um incrível avanço do comércio e do trabalho digital.
A própria arquitetura residencial e comercial está se transformando e a valorização da proximidade, entre o local de trabalho e o residencial, tende a ser substituído pela valorização da vida suburbana. A minha maior preocupação se refere aos impactos que essa pandemia possa ter gerado na formação educacional, especialmente, nos primeiros anos de formação e nas populações mais carentes, sob o ponto de vista econômico. A maneira como nossas autoridades enfrentarão, essa questão será muito importante, pois a ed eficazes forem as vacinas, maior será a proximidade com a condição anterior, mas certamente não será igual. Não tenho dúvidas de que muitos dos cuidados sanitários serão definitivamente incorporados ao cotidiano e farão parte das políticas públicas, até porque ficou evidente que a prevenção ao coronavírus também previne o contágio a incontáveis doenças ucação é a única ferramenta sustentável de modificação para melhora da realidade individual, assim como de uma nação, em minha opinião”.
O radialista Lélio Teixeira apresenta o programa “Na Geral” na rádio Massa FM 92,9
GLAUCIA REGINA PITERI – ADVOGADA – CAMPO GRANDE -MS
“A pandemia não alterou muito o meu trabalho porque sempre tive uma rotina muito bem organizada e mantive essa organização na quarentena.
Os processos judiciais aqui no Mato Grosso do Sul já são virtuais há alguns anos, então os cumprimentos de prazos processuais não alteraram em nada. Adaptei-me com as audiência virtuais e as reuniões com clientes por chamada de vídeo.
Senti falta de viajar para visitar os familiares e também falta de poder recebê-los aqui em casa. Mas à distância nos compensamos a saudade com chamadas de vídeo e troca de mensagens pelo whatssap.
Ainda sinto vontade de abraçar as pessoas que ficaram resistentes a essa demonstração de afeto. Ainda estranho essa atitude de distanciamento.
Como não viajei, usei meu tempo ocioso para bordar e fazer crochê (coisas que sempre fiz e me relaxam) e também para assistir diversos tutoriais on-line e algumas lives interessantes.
Meu marido gosta de cozinhar e sempre gostamos de jantar fora, receber amigos especiais para jogar conversa fora, degustar um bom vinho e pratos saborosos, mas desde março de 2020 não recebemos ninguém. Os restaurantes começaram a funcionar em Campo Grande no final de setembro. Agora já estamos voltando, aos poucos, a frequentar restaurantes, shoppings e a casa dos amigos.
E como será a nossa vida pós-pandemia? Me vejo revendo hábitos de consumo. Me convenci de que “menos é mais”. Já estou me desapegando dos supérfluos …pra quê ter 20 frascos de cremes? ou 30 batons??…na maioria nudes, várias bolsas, e por aí vai.. Verdadeiramente não precisamos de muito, basta ter o essencial. Esse será um grande desafio que já estou vencendo.”
Gláucia Regina Piteri é advogada em Campo Grande (MS) e sócia proprietária do escritório Rezende & Piteri Advogados Associados S/S
FERNANDO BERBEL JUNIOR – ENGENHEIRO CIVIL E EMPRESÁRIO – LONDRINA- PR
“A pandemia veio para nos dar algumas lições. Uma delas é que podemos viver com bem menos do que nós tínhamos em mente que era necessário, financeiramente falando. Mostrou-me que, por mais que eu achasse que dava bastante do meu tempo para a família, ainda era pouco. Nesses meses de pandemia, meu convívio familiar melhorou muitíssimo. Tive oportunidade de estar por um tempo maior com os meus familiares. Outra lição é que devemos fazer sempre um planejamento rigoroso de tudo em nossa vida, precisamos sempre ter uma reserva financeira e cuidar com os gastos desnecessários. Acredito que a vida pós-pandemia vai ser bem diferente. Vou dar mais valor às pequenas coisas que antes não considerava importante”.
- O engenheiro civil Fernando Berbel Júnior é socio- proprietário da empresa SILOBASE Construções Industriais Ltda. e presidente da Associação Recreativa Esportiva Londrinense (AREL)
EDRA MORAES- PRODUTORA CULTURAL – CURITIBA – PR
“Eu vejo a minha vida pós-pandemia de forma muito positiva, pretendo voltar a viajar que é uma paixão. O momento atual para quem gosta de viajar acredito é o mais difícil. Algumas coisas mudaram com a pandemia, mas para mim foi para melhor. Minha produtividade aumentou muito. Sempre trabalhei com projetos, então para mim, cumprir prazo sempre foi o mais importante do que trabalhar das 8hs às 18hs. Isto infelizmente é muito difícil para o empregador brasileiro entender. Acredito que ,a partir de agora, ficou mais fácil provar, pois estamos produzindo assim, e espero continuar neste formato.
Fisicamente e mentalmente mantenho o equilíbrio com a prática de pilates e ioga online, fazia presencialmente e agora faço virtualmente. Eu pretendo manter as aulas online pela praticidade. Aproveitei a boa fase produtiva e estou lançando uma antologia poética digital, com poemas dos meus dois primeiros livros e uma seleção de poemas novos, e também do meu primeiro livro de contos que deve sair em 2021.”
* Edra Moraes, 56 anos, trabalha com Marketing Digital e Produtora cultural em Curitiba.
HÉLIO FERNANDO SILVA- PROFESSOR DE JNANA YOGA E ESTUDANTE DE FILOSOFIA NA UFF- CURITIBA- PR
“Cada pessoa vive a vida como ela é, certo? Logo, minha resposta para esta pergunta é obviamente muito particular. Por que ressalto isto? Bem, pois tenho que começar a responder de uma forma que não espero ser usual; ou seja, não vejo uma vida antes, durante ou após a pandemia do Covid 19> Eu vejo só a vida. Ela ocorre e ponto; se procurarmos vê-la como ela é, e não em função dos nossos condicionamentos, seremos como um capitão de navio que cuida do leme nas condições que o mar se apresenta a ele, e não como gostaria que o mar estivesse ou viesse a estar. Quanto à pandemia, necessariamente, como tudo antes ou depois dela, passará. Assim como o mar se acalma depois da tempestade. Então, depois que ela passar, sei que a vida não voltará ao ritmo antigo. Assim como o mar, passada a tormenta, a vida não será a mesma para o capitão que contra a tormenta lutou e aprendeu sobre ele mesmo e o mar.
O aprendizado que tirei deste período é que o verdadeiro isolamento é do homem em relação ao real. Vivemos no mundo das construções mentais, dos medos, das angústias e dos condicionamentos. A respeito dos relacionamentos com a família e amigos, digo que continuam os mesmos, pois a pandemia não pode mudar a essência dos relacionamentos e dos sentimentos. O que era essencialmente bom antes dela continuará essencialmente bom durante e depois dela; o que não era, mudará.
O aprendizado que tiro desta experiência de vida é o mesmo de outras experiências, ou seja: devemos buscar viver a vida profundamente, sempre buscando ver o real escondido por trás do que aparenta ser real, mas que na verdade é falso e transitório.”
Hélio Fernando Silva – Professor De Jnana Yoga e estudante de Filosofia na Uff- Curitiba- PR
Fotos: Arquivos pessoais
Foto capa – Pixabay
Florindo diz
Excelente matéria, Claudia!
Depoimentos consistentes e muito bem captados. Parabéns!
Karla diz
Nestes relatos percebi a expressão de sentimentos que muitos de nós passamos quando tudo começou e talvez, ainda estejamos passando; como: o medo, a angústia, o desânimo, a tristeza, a dúvida, a revolta, a impotência, por conta dessa coisa chamada Pandemia. Assim como, por outro lado: a resiliência, a determinação, a força, o apoio, o auto cuidado, a empatia, a união e o amor.
Tudo isso me mostra o quão frágeis somos, o quanto precisamos uns dos outros, de boas palavras e ações, e que sabemos sim, dar a volta por cima, e nos mantermos vivos, mesmo e apesar dos ventos contrários!
Relatos assim nos mostram, individualmente, que não estamos sós!
Parabéns, pela matéria.