Segundo recente relatório da Organização Mundial da Saúde, a prevalência da depressão no Brasil já é a segunda maior carga de incapacidade, sendo o maior índice na América Latina. São mais de 11 milhões de brasileiros diagnosticados com a doença, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).
Por Claudia Costa
O problema acomete 353 milhões de pessoas em todo o mundo. A depressão é uma doença psiquiátrica que pode se cronificar e por isto deve ser tratada, explica o professor dr. Marcos Liboni, médico psiquiatra, coordenador da Disciplina de Psiquiatria do curso de Medicina da UEL, com doutorado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Os principais sintomas da depressão são a presença de tristeza como sintoma (patológica), diferentemente da tristeza que a pessoa sente quando algo acontece e logo ela supera. Na depressão, esse sentimento persiste ao longo do tempo e domina a consciência da pessoa, tendo outros sintomas associados, como a amargura, o isolamento, a desesperança, a perda de interesse pelas atividades que antes davam satisfação e até insônia. A pessoa pode ter ideias suicidas, tem baixa autoestima, sentimento de culpa, alteração do apetite, dentre outros sintomas.
A depressão atinge pessoas de todas as faixas etárias e pode ser classificada em graus como leve, moderada e grave, além de aguda e recorrente. As mulheres são mais suscetíveis aos quadros depressivos em função de várias possibilidades sendo pesquisado até as questões relacionadas às oscilações hormonais.
Segundo dr. Marcos Liboni, a depressão é uma das maiores causas de sofrimento do ser humano hoje. “Já é uma das principais causas de morbidade e mortalidade e uma das doenças que mais causam incapacidade para o trabalho”, salienta o especialista. Ele explica que os medicamentos promovem um ganho de qualidade de vida para o paciente e que o tratamento pode também se beneficiar da realização concomitante com psicoterapias.
Mal do século
Mal do século
A doença é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “mal do século”. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 11 milhões de brasileiros têm depressão e a doença representa quase um quarto dos atendimentos ambulatoriais e hospitalares em saúde mental no SUS. A depressão, dependendo da gravidade, pode influenciar tanto na origem, mas sobretudo na evolução de algumas doenças em várias outras áreas médicas.
A tristeza persistente, o isolamento, a amargura, a desesperança, e a perda de interesse pelas atividades que antes davam satisfação são alguns dos sintomas da doença depressão. Foto: Pixabay
Um relatório recente da Organização Mundial da Saúde salienta que a prevalência da depressão no Brasil já é a segunda maior carga de incapacidade, sendo o maior índice na América Latina. São mais de 11 milhões de brasileiros diagnosticados com a doença, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). A prevalência registrada é maior entre as mulheres (10,9%) do que nos homens (3,9%). Apesar de os dados da PNS revelarem que a frequência de pessoas com depressão aumenta de acordo com o avanço da idade, as crianças também são vítimas dessa doença e precisam de acompanhamento específico.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), alguns tipos de depressão ocorrem em famílias, sugerindo que uma vulnerabilidade biológica possa ser transmitida hereditariamente. Isso parece ocorrer no transtorno bipolar. Estudos de famílias em que membros de cada geração apresentam o transtorno bipolar verificaram que os portadores da doença têm uma constituição genética diferente daqueles que não adoeceram. Entretanto, a recíproca não é verdadeira: Nem todas as pessoas com a constituição genética que causa a vulnerabilidade ao transtorno bipolar apresentam a doença. Aparentemente há outros fatores, possivelmente estresses em casa, no trabalho ou na escola, envolvidos em seu desencadeamento.
Em algumas famílias, a chamada depressão maior parece ocorrer geração após geração. Todavia, ela também pode ocorrer em pessoas que não tenham história familiar de depressão. Hereditário ou não, o transtorno depressivo maior se associa frequentemente a alterações em estruturas cerebrais ou na função cerebral.
Pessoas que têm baixa autoestima, que veem a si próprias e o mundo com pessimismo ou facilmente dominadas pelo estresse são propensas à depressão. Não fica claro se isso constitui uma predisposição psicológica ou uma forma inicial da doença.
Em anos recentes, os pesquisadores demonstraram que alterações físicas no corpo podem se acompanhar também de alterações mentais. Doenças médicas como acidentes vasculares cerebrais, um ataque cardíaco, câncer, doença de Parkinson e transtornos hormonais podem causar o transtorno depressivo, tornando a pessoa doente apática e sem disposição para cuidar de suas necessidades físicas, prolongando o período de recuperação.
Algumas ações ajudam a prevenir a doença
A melhor forma de prevenir a depressão é cuidando da mente e do corpo, com alimentação saudável e prática de atividades físicas regulares.
Saber lidar com o estresse e compartilhar os problemas com amigos ou familiares é uma alternativa, que pode ser aliada à prática de alguma atividade integrativa e complementar, como yoga, por exemplo.
Leitura, aprender coisas novas, ter hobbies, viajar e se divertir são atividades que ajudam a prevenir a depressão. Essas práticas mantêm a cabeça ativa e a ocupam com pensamentos positivos.
A ciência já comprovou que cuidar do corpo reflete na saúde mental de forma positiva. Atividades físicas liberam hormônios e outras substâncias importantes para a manutenção do humor.
Na alimentação, receitas ou dietas recheadas de azeite de oliva, peixes, frutas, verduras e oleaginosas (nozes, castanhas etc.) são ideais para prevenir a depressão. Esses produtos são ricos em nutrientes que protegem e conservam a rede de neurônios.
Onde buscar apoio
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e atua na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e voip 24 horas todos os dias.
A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular. Também é possível acessar www.cvv.org.br para chat.
Mais fontes:
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Psiquiatria
http://www.abpcomunidade.org.br
Agradecimentos:
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Captação de imagem: Lucas Costa Milanez
Publicação 05/09/2020
Dalva Gomes Sacalassara diz
Claudia muito oportuno seu assunto.
As pessoas têm que tomar conhecimento da realidade dos fatos.
Parabéns
Gostei muito!
Claudia Costa diz
Muito obrigado Dalva. A opinião de leitoras como você é muito importante para nós. abraços!
Glória Mendonça diz
Muito interessante a entrevista com o psiquiatra Marcos Liboni. Mais do que nunca, é preciso atenção para com a depressão, sobretudo em tempos de pandemia. Grata!