Por Claudia Costa
Empreender em um novo negócio no Brasil é para pessoas com muita determinação e coragem, pois o nosso país possui uma das maiores cargas tributárias do mundo e uma economia não muito estável. Segundo estudo divulgado em fevereiro de 2018 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), enquanto a média do imposto sobre a renda pago por empresas nos demais países é, em média, de 22,96%, a alíquota no Brasil chega a 34%. O levantamento indica que, entre 2000 e 2016, a média dos impostos dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) caiu de 32% para 23,98%. Já no Brasil manteve-se inalterada nesse período.
As altas taxas básicas de juros (Selic), na casa dos 6,5% ao ano, exigem de todos, em especial do empresário, conhecimento do mercado que vai atuar, foco no negócio, conhecimento de finanças, planejamento e muito trabalho. A falta de trabalho atingiu 27,6 milhões de pessoas no Brasil no segundo trimestre de 2018, segundo dados divulgados pelo IBGE. Muitos desses brasileiros não possuem formação profissional e atuam na informalidade. Outros, profissionais como o jovem engenheiro Robinson Steven Yuen (Curitiba), o matemático Renato Ferraz Dias (Londrina) e a psicóloga Jaqueline de Morais Gonçalves (São Paulo), não abriram mão de seus sonhos e vislumbraram oportunidades para empreender.
O jovem Robinson Steven Yuen, 24 anos, formado em engenharia elétrica pela UTFPR é um empreender nato, aprendeu em casa, com seus pais que são de origem oriental (o pai é chinês e a mãe descendente de japonês). “Posso dizer que o exemplo veio de casa, meus pais são empreendedores e sempre me apoiaram nas minhas decisões, não foi diferente quando resolvi empreender, porém tinha uma única condição: terminar a faculdade. Aprendi muito e ainda aprendo com as experiências vivenciadas”, explica ele, dizendo que o empreendedorismo sempre foi um tema muito presente durante sua vida. Na faculdade não foi diferente. O jovem até perdeu uma vaga de estágio em uma multinacional por conta deste perfil. “Perguntei por e-mail para o gestor da empresa qual foi o motivo da minha não contratação e recebi a seguinte resposta: ‘Você é muito empreendedor!’”, conta Steven, que é sócio de dois empreendimentos: a Brigaderia Brigatto, que produz 30 tipos de brigadeiro gourmet e bolos de pote, e atende a macrorregião de Campinas (SP), e a Oh Lala Dani, de Curitiba, ateliê de francês com metodologia diferenciada, com uma forte presença on-line com produtos disponíveis para todo o Brasil. Na empresa de brigadeiros ele é sócio dos amigos Lucas, Larissa e Daniela. Nessa empresa, quem está à frente dos negócios é o Lucas, junto com a Larissa. E no ateliê de francês, Steven e a Daniela comandam os negócios. Os quatro jovens são sócios nos dois negócios. O faturamento da Oh Lala Dani gira em torno de R$ 85 mil/ano e na Brigaderia Brigatto R$ 25 mil.
Steven manda um recado para aqueles que desejam empreender e realizar seus sonhos: “Não tenha medo de errar. É uma frase que sempre utilizo com a minha equipe. Você aprendeu a andar tentando e caindo, portanto não desista! Outro ponto importante é que não existe ideia ruim ou burra! Todos duvidavam de produtos que foram revolucionários, como o tablet, até que alguém foi lá e fez”.
Já Renato Ferraz Dias trabalhou durante 31,5 anos no jornal Folha de Londrina (PR), empresa na qual começou na função de office-boy e chegou a gerente de TI. Após se desligar do jornal em dezembro de 2017, Renato ficou quatro meses estudando e aprendendo sobre o mercado, o produto e o negócio de ferramentas. Em maio de 2018 ele abriu com o cunhado, Moacir Rainha Teixeira, a AlugueUse, uma empresa que faz locação de equipamentos e ferramentas e também presta serviço de assistência técnica. Renato, que é formado em matemática, diz que está muito feliz com o novo negócio. “Acho ótimo lidar com o público e acabamos realizando o trabalho de consultor, pois muitas vezes temos que indicar para o cliente qual o melhor equipamento.”
A AlugueUse também presta assistência técnica autorizada para dezenas de marcas conhecidas, como Bosch, Skill, Schulz, Garthen, Disma, dentre outras do segmento. “Atendemos desde construtoras que necessitam de um equipamento específico até uma dona de casa que deseja uma extratora (máquina para lavar sofá, colchão, banco de carro e tapete), cortador de grama, furadeira, dentre dezenas de equipamentos”, explica o agora empresário Renato Ferraz Dias.
A psicóloga Jaqueline de Morais Gonçalves, moradora de São Paulo, criou o serviço A Sala é Sua – Coworking, um espaço decorado com 10 salas que servem de consultório. Possui uma excelente localização, pois fica ao lado do metrô Ana Rosa, na capital paulista. O serviço foi criado para atender psicólogos (setting terapêutico), além de outros profissionais como psicanalistas, psiquiatras, fonoaudiólogos, nutricionistas e terapeutas holísticos. Jaqueline explica que tudo começou a partir da sua própria necessidade, pois como psicóloga se dirigia a locais diferentes para atender seus clientes. “A ideia surgiu com a necessidade de redução de custos, mobilidade e praticidade. E, pela minha experiência, vi que este tipo de serviço (locação de salas para profissionais) poderia virar um negócio também”, explica a psicóloga que atendia em várias regiões de São Paulo.
A locação da sala custa R$ 25,00 e é realizada pelo site, onde o profissional tem acesso a todas as salas e horários disponíveis. “Ele não precisa se preocupar com nada. Apenas fazer a locação da sala e o horário que irá atender”, explica Jaqueline de Morais Gonçalves, dizendo que o negócio está tendo uma ótima aceitação. “Muitos dos colegas que fiz em outros locais em que atendia meus pacientes, hoje trouxeram seus atendimentos para A Sala é Sua.” A psicóloga tem feito investimentos no Google para divulgar o serviço. “O retorno está sendo ótimo”, diz.
Fonte:
Serviço:
Brigaderia Brigatto
http://brigaderiabrigatto.com.br/
Oh Lala Dani
AlugueUse
A Sala é Sua
Agradecimentos:
Fotos: Arquivo Pessoal
Arte/capa: Alecksey Willians
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Jaqueline diz
Obrigada pela oportunidade, carinho e respeito.
Este apoi está sendo fundamental para a continuidade deste meu projeto de vida.
Claudia Costa diz
Nós que agradecemos a sua entrevista.Sucesso neste projeto. abraços
Eduardo Gonçalves da Silva diz
Olá minha amiga,
Sensacional está sua matéria sobre o empreendedorismo em época de crise.
Ver que mesmos com todas dificuldades que nosso país atravessa e, também todas as dificuldades criadas para se abrir um novo empreendimento, ainda existem pessoas criativas e que realmente não se intimidam em seguir com seus projetos e sonhos de um negócio próprio.
Parabéns!