A música erudita, também conhecida por música clássica, mantém seu público fiel que busca nos concertos e recitais o contato com grandes mestres, como Carlos Gomes, Villa-Lobos, Tom Jobim, Mozart, Bach, Beethoven, Vivaldi, dentre tantos talentos que com suas composições encantam pessoas de todas as nacionalidades. Quem já teve a oportunidade de ouvir e de assistir a uma apresentação de uma orquestra sabe como é mágico esse momento, parece que o espírito se eleva e que “ficamos mais próximos de Deus”. O portal IDEIA DELAS entrevistou quatro profissionais que encontraram na música a essência da vida.
Por Claudia Costa
O violinista, concertista, solista e professor Roney Marczak, 46 anos, construiu uma carreira de sucesso no Brasil e, principalmente, na Europa, onde morou e estudou durante 18 anos. Ele começou sua trajetória na música ainda muito jovem, com apenas 6 anos, e seu pai, o educador Pedro Marczak, foi seu grande incentivador.
O sonho de estudar e conhecer o mundo o levou a se dedicar e a participar de concursos. Aos 16 anos, Roney já tinha viajado por todo o Brasil e aos 19 anos, dentre 900 candidatos, ele conquistou uma bolsa de estudos do governo alemão para estudar na Musikhochschule, onde realizou o curso de graduação e o curso de concertista com nota máxima. Também foi bolsista do governo suíço e concluiu pós-graduação e mestrado na Musikhochschule de Berna.
Após sua bem-sucedida carreira internacional, Roney Marczak retornou ao Brasil para realizar um sonho: ter sua própria escola de música e ajudar crianças e jovens a terem oportunidades de mudar suas vidas através da música. O músico mora com a esposa e seus quatro filhos em Londrina, onde mantém a escola de música Sol Maior, que já atendeu mais de oito mil alunos desde o início de suas atividades. Anualmente, retorna para a Europa onde participa de concertos. No próximo dia 4 de julho, o músico lançará em Londrina, no Teatro Crystal Palace, o CD Inspirações, com a participação do Quarteto Descobertas. O CD traz uma releitura de músicas como Romaria (Renato Teixeira), Luar do Sertão (Lupicínio Rodrigues), Jesus Alegria dos Homens (Johann Sebastian Bach) e Inspiração (Roney Marczak), dentre outras. Nesta entrevista ao portal IDEIA DELAS, Roney Marczak fala da carreira, do lançamento do CD e da sua grande paixão: a música.
O regente e cantor Gabriel Carvalho Bergoc, 23 anos, cursou Bacharelado em Música com Habilitação em Regência pela Unesp. Ele conta que até o ensino médio não sabia qual carreira seguir, pensou em ser médico, jornalista, arquiteto, físico. Porém, em 2010, resolveu fazer o que mais gostava: música. “Eu já tocava violão na igreja desde 2008, e no Festival de Música de Londrina de 2010 tive meu primeiro contato com canto coral, quando me apaixonei perdidamente por esse gênero musical. Logo depois desse festival, entrei para o Coro Juvenil da UEL, e isso foi determinante para a escolha da minha carreira. Em dezembro daquele ano, conversei com meu professor de violão (Tiago Mayer) e pedi para, em 2011, fazer aulas com foco na prova de habilidade específica do vestibular de Música da UEL. Além da UEL, passei no vestibular da Unesp e, desde então, moro em São Paulo”, explica o jovem músico que concluiu a Universidade em 2017. Ele diz que não teve uma figura de grande inspiração, mas cita algumas pessoas que tiveram um papel fundamental em sua vida. “Algumas pessoas foram influências essenciais para a escolha do meu caminho: Lucy Schimiti, regente do Coro Juvenil da UEL; Yara Caznok, professora e amiga da faculdade; Abel Rocha, professor de regência que mais me ensinou; e, é claro, meus pais, Gilson Bergoc e Raquel de Carvalho, que sempre foram minhas referências de honestidade e profissionalismo”, salienta o jovem maestro que aspira um dia contribuir para o desenvolvimento artístico do País, seja regendo orquestras, corais ou difundindo conhecimento; contribuir para a música litúrgica da Igreja Católica no Brasil; ter uma família feliz e amorosa para partilhar o que há de melhor na vida.
A voz é o instrumento preferido de Bergoc. “Os instrumentistas que me desculpem, mas não há nada tão belo, tocante e comunicador como a voz. Ela é o primeiro instrumento que existiu, é o único comum a todas as culturas e civilizações, o único que nasce com todos os seres humanos”, ressalta o cantor e regente que acredita ser possível viver de arte no Brasil. Gabriel diz que até pensa na possibilidade de estudar e trabalhar no exterior. “Mas não tenho planos concretos, isso é algo que precisa ser bem pensado e planejado, e no momento estou me dedicando a outros projetos.”
O casal de namorados Thais Morais, 26 anos, e Gabriel Curalov Silva, 24 anos, são músicos profissionais e moram em São Paulo. Ambos cursaram Bacharelado em Violino no Instituto de Artes da Unesp.
Thais Morais diz que viver de música é um desafio diário para os músicos brasileirosThais começou a estudar violino ainda criança em Londrina (PR) e durante a adolescência já trabalhava tocando em eventos. Atualmente ela trabalha na Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo. A jovem violinista diz que não tem um músico preferido e que sua grande inspiração sempre foram seus professores. Thais diz que sonha um dia tocar na London Symphonic Orchestra.
Segundo ela, viver de música é um desafio diário para os músicos brasileiros. “Essa é uma questão que me afetou diretamente esses últimos anos, as orquestras estão acabando, inclusive a que eu trabalho quase acabou também. Tenho fé que possa melhorar um dia, mas teria que mudar a educação musical do brasileiro no geral. Estudar e trabalhar fora nunca deixaram de ser um desejo meu, mas é igualmente difícil pra quem vai”, salienta Thais Morais.
Já o paulista Gabriel Curalov Silva é formado pela Escola Municipal de Música de São Paulo e possui bacharelado pelo Instituto de Artes da Unesp. Ele explica que aos 15 anos resolveu ser músico profissional. Sua maior influência musical foram os próprios pais, que tocavam instrumentos na igreja e o incentivaram a seguir a carreira. O maior sonho do violinista é “ser um bom músico fazendo música com amor”, explica Gabriel, que atualmente trabalha na Orquestra Experimental de Repertório da OSESP, no Estado de São Paulo.
Ele tem uma preocupação sobre sobreviver de música no Brasil. “Esse é um problema de uma classe inteira, e em uma área que é tão linda e necessária na formação de qualquer pessoa”, explica Gabriel. Ele diz que está aberto a oportunidades que possam surgir no exterior. “Iria com o maior prazer”, salienta o violinista.
Agradecimentos:
Arte/capa: Alecksey Willians
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com)
Grãvação da entrevista de Roney Marck: Lucas Costa Milanez
Raquel de Carvalho diz
Excelente matéria, que chama a atenção para um assunto tão importante como a necessidade de apoio à arte no Brasil.
Parabéns, Cláudia