Por Claudia Costa
A vida moderna tem seus benefícios, mas também alterou muitos hábitos saudáveis das famílias brasileiras. Antigamente, quase toda casa tinha um jardim, uma pequena horta e até pomar com os principais temperos, verduras e frutas consumidas pela família. Hoje em dia, até nos bairros populares, o cimento impera nos quintais: nem plantas como as ervas (cidreira, erva doce, camomila, guaco, dentre outras) tão utilizadas pela vovó para fazer aquele chá milagroso que ajudava a diminuir o estresse ou mesmo os temperos básicos como salsinha e cebolinha, as pessoas têm plantados no quintal. Tudo tem que ser comprado. Muitos justificam que não possuem uma pequena horta por falta de tempo e também para evitar sujeira e trabalho com a limpeza das folhas. Porém, o que parece ser trabalho para algumas pessoas, para outras é uma terapia. Vários profissionais, de diferentes classes sociais, estão resgatando o prazer de cultivar os seus próprios alimentos e temperos. Além da qualidade do produto, que é fresquinho e livre de agrotóxicos, eles têm no cultivo um hobby e uma maneira de relaxar.
DORIS POZZI, MÉDICA EM LONDRINA-PR
A médica Doris Pozzi é moradora de um condomínio de casas em Londrina. Há três anos ela começou a plantar folhas e legumes em bandejas e vasos. ”Ainda não fiz canteiros; tenho o privilégio de ter um quintal grande. Além da hortinha, gosto muito das frutíferas, mas essas em sua maioria estão no chão. Temos alguns pezinhos de café também, mas a minha grande paixão são as parreiras de uva. Essas requerem um longo aprendizado, acertos e erros”, conta ela, que cultiva em sua casa tomatinhos, alface, rúcula, beterraba e cenoura, além de maçã, nectarina, pera, amora, pêssego, jabuticaba, abacate, limão e as uvas.
A médica tem pouco tempo durante a semana, mas explica satisfeita que já teve colheita: “Uso os finais de tarde para cuidar de tudo, incluindo as flores. O dia é puxado, mas os finais de tarde são prazerosos”, salienta.
“Os produtos da hortinha consumimos sempre, são uma delícia e muito gratificante! Uma boa parte das plantas ainda precisará de tempo para produzir, como é o caso dos pés de café que estão na primeira florada e os pés de uvas com os primeiros cachos, assim como os primeiros abacates e mangas.
Doris Pozzi explica que cuidar da sua pequena horta e jardim é terapêutico. “Enquanto estou ali os pensamentos e preocupações desaparecem. Sou só eu e elas. O Ivan (médico Ivan Pozzi, seu marido) me apoia e se alegra com os meus sucessos. Temos três netos que, infelizmente, devido à pandemia não tem vindo há alguns meses aqui em casa. Mas certamente o cuidado com a natureza e a proteção do meio ambiente serão um legado a ser deixado para as futuras gerações. Meu pai também era médico e plantava em sítios da família. Além disso, cresci em Sertaneja (PR), região predominantemente rural.
A médica conta que a funcionária da sua casa não entendia o motivo por que ela plantava em casa as verduras e frutas. “Ela me dizia: ‘Por que você não compra pronto?’. Agora, até ela já está germinando algumas sementes, encantada com o processo. Acho que é muito importante ter atividades que nos tirem da correria do dia a dia. Eu escolhi plantar e estou muito feliz com os resultados”, salienta Doris Pozzi.
PEDRO ALEIXO, ENGENHEIRO E EMPRESÁRIO, DE BELO HORIZONTE-MG
Ter uma alimentação mais saudável foi a principal motivação para o empresário Pedro Aleixo, morador de Belo Horizonte, a construir uma horta hidropônica em sua casa . Pedro explica que buscou a ajuda de um profissional para implantar o sistema de hidroponia em casa (neste sistema as raízes das plantas ficam imersas dentro da água). Ele também assistiu a alguns vídeos no YouTube e teve o apoio do cunhado que possui uma horta hidropônica. O empresário gasta em média sete horas semanais cuidando da pequena horta, onde cultiva almeirão, alfaces, espinafre, pimentas, dentre outros itens.
Ele conta com o apoio e o incentivo da esposa Carolina Pebba, da filha Beatriz, 3 anos, e das alegres Nina e Zoe, cachorras da raça golden retriever que sempre estão juntas da família quando Pedro está cuidando da horta ou quando Carol está colhendo as plantas para preparar o almoço. Aliás a hora da colheita das verduras e hortaliças é uma festa na casa da família: “Ter uma horta em casa é uma terapia, muito bom para relaxar e a minha filha Bia curte bastante a hora de colher os produtos. Saboreamos as nossas verduras toda semana”, diz ele. Pedro Aleixo dá uma dica para quem deseja ter uma horta em casa: “Pesquise bastante e comece o quanto antes. É muito bom!!!”
BERNADETE KLEPA, FUNCIONÁRIA PÚBLICA APOSENTADA, LONDRINA-PR
Há quatro anos ela iniciou uma horta em casa. “Como o meu quintal é calçado, pedi ao marceneiro que fizesse um grande caixote. Ele fez em compensado naval, que é durável e aceita bem as mudanças climáticas. Minha horta é orgânica; uso uma mistura de terra normal com terra vegetal, esterco de gado e húmus, produzido na composteira (local onde a compostagem é realizada através do processo de transformação dos resíduos orgânicos em adubo de alta qualidade)”.
“Comecei minha pequena horta cultivando ervas e temperos que normalmente não encontro à venda. Tenho alecrim, bálsamo, erva cidreira, melissa, aloevera, manjericão, menta, hortelã, curry etc. Amo comidinhas com temperos naturais”.
“Todos os dias me ocupo durante, pelo menos, uma hora cuidando da horta e do jardim. Troco mudinhas, receitas e a colheita com minhas vizinhas, amigas e familiares. Meus pais migraram da zona rural para a cidade e durante quase toda a minha vida tivemos horta em casa. É uma terapia. A internet tem muita matéria sobre o assunto. Vale a pena trocar energia com a terra e ter alimentos frescos em casa. Eu Recomendo!.
Um curso que me ajudou bastante foi o da Embrapa: Horta em pequenos espaços”.
SAUL DANTAS, COMERCIANTE INFORMAL DE LONDRINA-PR.
Quem convive com o comerciante Saul Dantas conhece a sua paixão pela agricultura. Ele possui um ferro-velho em Londrina, onde há mais de dois anos tem uma pequena área em que cultiva tomate, almeirão, quiabo, cheiro verde, cebola e uva. Aliás, a parreira é o seu xodó. “Eu fiz algumas mudas da parreira e doei para outras pessoas”, diz ele. Dantas tem tanto amor pela terra que sempre que pode cultiva alguma árvore, frutífera ou não, legumes e hortaliças. Em dois terrenos próximos ao ferro-velho ele semeou abóbora e chuchu, além de árvores. “A base do homem é a agricultura. Esse ensinamento aprendi com a minha mãe, dona Apolônia Brunet, que sempre me contou muitas histórias sobre o meu pai, que não cheguei a conhecer. Ele tinha terras no Estado de Minas Gerais”, explica.
O comerciante morou quando jovem na área rural da região de Assaí e chegou a trabalhar como boia-fria. “Desde moleque gosto de horta, tínhamos em nossa casa. Ver uma cultura germinar, crescer e produzir é uma benção. Parece que a vida se renova espiritualmente. Sinto uma energia muito positiva quando vejo isso acontecer”, salienta.
Saul Dantas tem um pensamento notório sobre como viver em comunidade que é muito conhecido por seus amigos. Para ele, os prédios deveriam usar suas áreas comuns – alguns com grandes espaços somente com gramas plantadas – para produzir algum tipo de alimento para os moradores, podendo ser cheiro verde, verduras ou até mesmo algumas árvores frutíferas. Ele aconselha as pessoas a repensarem seus hábitos de vida. “Devem voltar às suas origens. Dão muita importância para produtos grandes e bonitos comprados em supermercados e feiras, mas se esquecem que as hortaliças, legumes e frutas comercializadas nestes locais, na maioria, são produzidas com o uso de agrotóxicos”.
Elisiê Peixoto diz
Adorei essa matéria! Que bacana essas pessoas que buscam essa alternativa saudável ! Até numa varandinha de apartamento é possivel plantar algo. Quem mora em casa, então, que privilégio! Parabéns!
Sandra Piazzalunga diz
Fiquei encantada as hortas em bandejas e caixotes!! Adoro plantas e comungo da opinião que é uma terapia deliciosa além de ser uma alternativa perfeita por uma vida saudável !!Parabéns Claudia pela escolha do temace pela matéria super agradável de ser lida !!👏👏😍😍
Claudia Costa diz
Obrigado Sandra pelo seu feedback e apoio. beijos