Elisiê Peixoto e Julia Ilkiu
Cheirinho de papel, barulho da página virando, são coisas que quando nós lemos virtualmente não conseguimos alcançar. Os livros acarretam em nossa vida muito mais do que conhecimento, eles abrem nossos olhos para o mundo e nos faz vê-lo de uma nova perspectiva que, senão pela leitura, ninguém nunca vai contar. O Ideia Delas conversou com alguns “devoradores de livros” e que nos trazem algumas boas sugestões! Vamos saber quais são?
Alexandra Santos tem 38 anos, três filhos e é amante da literatura e de todas as facetas dela. Ao entrar em sua casa, é impossível não se chocar com a riqueza de sua biblioteca. Apaixonada pela diversidade dos livros, Alexandra lê desde livros técnicos aos mais infantis. Para ela, a leitura também é familiar e passou isso para seus filhos, os quais gostam ainda mais de ler do que a própria mãe, conta Alexandra. Apesar da variedade de assuntos que a empreendedora lê, ela não lê nada virtual, nada que não seja físico. Ela explica que a nossa relação com o virtual é diferente do contato com o livro físico. Além do ritmo diferente que a leitura no papel assume, fala que estamos acostumados a conviver com plataformas on-line o tempo todo. Alexandra sempre gostou de livros palpáveis, grande parte foi comprada em livrarias e muitos foram adquiridos em sebo. Ela afirma que, no sebo, pode-se encontrar mais variedade do que na própria livraria. Outros livros foram comprados de financiamento coletivo, que ela destaca como uma parte também muito importante da sua biblioteca. Um dos diversos livros que ela indica é o “Plano B”, de Sheryl Sanderberg. Ela diz que é um livro que fala muito sobre como lidar com os problemas e que todos deveriam lê-lo.
Ana Paula Sefrin Saladini é juíza do Trabalho e professora universitária. Para ela, o hábito da leitura também é familiar e a remete ao sentimento de Amelia, sua avó paterna que, praticamente sem estudo formal, tinha a casa repleta de livros. Ana Paula conta que o tesouro de sua juventude foi seu primeiro “baú de tesouros” na leitura. “De lá pra cá, os livros me transportam para outra dimensão”, afirma Ana Paula. Ela diz que a leitura faz parte da sua rotina e conta que lê, ao menos, 25 livros por ano. A juíza recomendou três histórias de mulheres fortes: “A Resposta”, de Kathryn Stockett, “O tempo entre costuras”, de María Dueñas, e “A teoria de tudo”, de Jane Hawking.
Cristianne Cordeiro é professora universitária e diz que o hábito da leitura começou desde muito cedo, quando os pais a colocavam para dormir e ela se escondia debaixo das cobertas com o abajur ligado para que pudesse ler. Para Cristiane, a leitura é estímulo familiar, por isso sempre tentou passar esse hábito para sua filha. A professora vê os livros não só como papéis, mas como um produto que brinca com o imaginário do leitor. Desde o design, ela ressalta a importância do livro em mãos, porque on-line não se consegue perceber certos fatores que são fundamentais para o entendimento do livro. Fascinada pelo estado de espírito que o livro agrega em sua vida, Cristianne gosta de diversas áreas de literatura, desde livros históricos até romances, mas diz que é encantada pelo suspense e pelo mistério que o livro pode passar. Muito difícil foi escolher um autor preferido, mas ela disse que, ultimamente, tem gostado bastante de ler Carlos Zafón e um livro que indica, nesta fase, seria “A sombra do vento”, do próprio Zafón.
Já para o médico e escritor Dr. Marco Fabiani Junior a leitura aconteceu naturalmente, como um crescente aprendizado. Desde criança, gostava de ler gibis, livros didáticos e fotonovelas. Dr. Marco diz que devorava qualquer coisa legível que aparecesse em sua frente. O hábito foi surgindo espontaneamente e por isso ele imagina que sua relação com a leitura seja tão prazerosa. Atualmente, o doutor prefere livros de ficção. “A preferência costuma mudar, mas gosto de autores que tematizam a terra, as pequenas cidades, as histórias simples. Em resumo, boa leitura e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!”
Para Camila Niedziejko, a leitura faz parte da sua vida desde muito pequena. “Lembro-me até hoje do primeiro livro que a minha mãe me presenteou, garantindo que ali descobriria um mundo novo e sem sair do sofá. Eu devia ter uns 7 anos. Lembro-me do sentimento de olhar para a capa sem saber o que me aguardava e de fechar o livro, depois de terminá-lo, com a certeza de que aquela sensação seria constante na minha vida. Leio quando estou feliz, quando estou triste, quando quero me divertir e quando quero aprender. Em meio a todos os livros e autores que descobri está Carlos Ruiz Zafón. Comecei com a ‘Sombra do Vento’, apaixonei-me, e a partir disso li todas as suas obras publicadas. Indico sem medo! Transformar pensamentos em palavras é um dom. Sei que ainda tenho um longo caminho de aprendizado, amadurecimento e novos livros pela frente. E, sinceramente, mal posso esperar.”
“Aprendi com meu pai a amar a leitura, desde que me lembro sempre li muito. Dos clássicos aos romances modernos, os livros me remetem ao que está sendo contado, me transporto no conto e sou capaz de me isolar completamente na leitura. Sou tradicional, gosto de manusear o livro, de sentir o papel na mão. Já reli muitas vezes alguns clássicos. Sempre tem alguma conotação que não havia percebido antes. Para mim, deixar de ler não é opção. Acabei de reler ‘Matéria dos sonhos’, de J. M. Simmel, e estou terminando ‘O Conto da Aia’, de Margareth Atwood. O próximo provavelmente será o livro que baseou a série ‘Outlander – A viajante do tempo’, de Diana Gabaldon”, afirma a advogada Carla Pietraróia.
Lucas Costa Milanez vem de um cenário diferente dos demais, não apenas por sua pouca idade de 24 anos, mas também porque, diferentemente da maioria dos que foram falados aqui, Lucas está em processo de desenvolvimento da leitura. Formado recentemente em Direito, diz que, apesar de uma mãe jornalista, não tinha proximidade com a leitura. Ele sentia da escola e da faculdade um descaso com o aluno, que desestimulava a leitura por gosto, afastando Lucas dos livros. Foi aos 45 do segundo tempo que Lucas, no final da faculdade, sentiu um desespero por não ter absorvido tanto conteúdo quanto esperava. Foi aí então que descobriu seu gosto pela junção de papéis que criam histórias. Ele começou a ler com vontade, sobre assuntos que gostava, como política e filosofia. Estudante da Universidade Estadual de Londrina (UEL), vivia rodeado por uma biblioteca muito rica em conteúdo, um lugar que até então não tinha frequentado, mas quando descobriu a senhora biblioteca ficou encantado. Depois de 2017, o ano em que Lucas se formou, ele já não poderia mais emprestar livros da biblioteca da Universidade, então passou a frequentar a Biblioteca Pública Municipal de Londrina. Um dos autores que inspiraram essa vontade da leitura nele foi o Olavo de Carvalho e uma das indicações de Lucas é o livro “O Enigma Quântico”, de Wolfgang Smith, que é voltado para o tipo de leitura que ele mais tem interesse.
Amante do cheirinho íntimo que só os livros têm, outra faminta por livros é Geo Montoza, professora aposentada da UEL. Quando criança, ela lia gibis, livros infantis e revistas que encontrava pela casa. A leitura de seu interesse nem sempre era incentivo familiar, ela conta que muitas vezes colocava os gibis entre os livros para fingir que estava lendo os livros da escola. Mas, desde pequena, esse hábito da leitura nunca a abandonou. Hoje, com 69 anos, Geo diz que os livros significam uma boa parte de sua vida. Ela vai de romance ao realismo fantástico, passando por biografias, contos e poesia. Ela é fascinada pela autora Clarice Lispector e pela maneira que ela escreve. Geo não conseguiu escolher um livro preferido, dentre os vários que adora, mas disse que um que marcou muito e já releu várias vezes é “A paixão segundo G.H.”, da própria Clarice, e outro livro também importante para ela é “Vida e Proezas”, de Alexis Zorbás. Geo mantém uma estante repleta de livros de todas as áreas, mas falou que não costuma guardá-los por muito tempo. Se em dois anos ela não relê o livro, ela faz doação, presenteia alguém ou até mesmo “esquece” em algum lugar, como ela coloca.
Para o empresário Carlos Arrabal, o interesse pela leitura começou na infância com os livros de Walt Disney, e a seguir, no Colégio Marista, com autores nacionais. “Daí por diante, aconteceu uma diversificação do tipo de literatura e dos mais variados escritores. Hoje estou acabando de ler o terceiro livro (Eternidade por um fio) da ‘Trilogia o século’, de Ken Follett. Poderia citar vários escritores e livros, mas ressalto que ler enriquece o nosso conhecimento, mesmo que o livro ou o autor não seja de nosso agrado. Afirmo que a leitura sempre me oferece momentos de conhecimento, sonhos e paz!”
“Sempre gostei muito de ler, amo os livros. Não desconsiderando as vantagens de um e-book, como conforto na leitura, mobilidade, meio ambiente, preço, etc., continuo preferindo um livro de papel”, diz a advogada Sônia Maria Paoliello Fernandes. “A mim incomoda ler na posição do monitor, com o brilho da tela, e não poder sentir o cheiro do papel. Tenho a impressão de não conseguir mergulhar completamente na história. Não tenho preferência por assuntos específicos, leio um pouco de tudo, apenas ficção científica e terror não me atraem. Costumo ler simultaneamente três a quatro livros. Leio para aprender, conhecer pessoas e lugares. Mas leio também para relaxar e por puro divertimento. Enfim, leio por tudo, por conhecimento, para sonhar, para dar sono ou para estar sempre acordada para a vida. Li, gostei e recomendo: ‘Laudato Si’, segunda encíclica escrita pelo Papa Francisco. Trata da preocupação com o planeta Terra ou, como ele próprio diz, ‘Sobre o cuidado da casa comum’. Obviamente, para quem se interessa por este tipo de leitura, ‘A Catedral do Mar’, escrito pelo catalão Ildefonso Falcone. No séc. XIV, foi construída em Barcelona a Catedral de Santa Maria del Mar. Construção que demorou 50 anos. O autor mostra simultaneamente o crescimento e o desenvolvimento de Barcelona, citando fatos históricos. ‘On the road – Pé na estrada’, obra de Jack Kerouac, americano considerado um dos principais expoentes da geração beatnik dos EUA, sendo grande influência para a juventude americana dos anos 60. ‘Poesia Reunida’, de Adélia Prado, uma reunião de poemas desta talentosa escritora mineira. ‘Frida Kahlo, Suas Fotos’, editado pela CosacNaify, reúne fotos retiradas do arquivo pessoal de Frida que, influenciada pelo pai fotógrafo, acumulou um amplo acervo fotográfico. Além da pintura, a fotografia foi sua grande paixão.”
Para Teresinha de Jesus Ferreira Rosa, o gosto pela leitura vem da infância. “Gosto muito de ler, muito mesmo! Aprendi a ler com meu avô, que me apresentou gibis de todos os tipos. Pato Donald, Luluzinha, Sobrinhos do Capitão, Diversões Escolares e Superman eram os favoritos. Além do “Mandrake”, que me deixou louca por mágica até hoje. Minha avó me presenteou com a coleção da Pollyana, de Eleanor H Porter, e acho que por isso, na vida, jogo o “jogo do contente “. Aí veio a fase do Malba Tahan – O Homem que Calculava. Meu pai, engenheiro, foi o responsável pelo livro e pela minha paixão por matemática.Minha mãe era das notícias: Cruzeiro, Manchete, Jornais, sempre o que acontecia no dia. O primeiro presente de meu marido com 15 dias de namoro foi um livro: ” O Poderoso Chefão”, sem segundas intenções, ele jurou! Com meus filhos a leitura se fez presente também. Literalmente, de geração em geração. Continuo lendo de tudo: Jorge Amado, Mario Vargas Llosa, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, Mario Quintana, Nora Roberts, Marguerite Yourcenar, Wladimir Netto… adoro Guimarães Rosa. Mas hoje tenho o orgulho imenso de dizer que meu livro preferido, e que estou lendo no momento, chama-se “Viva a Diferença! Será?” da escritora Camila Rosa, que é a minha filha! Este livro sobre a vida e suas diferenças é uma leitura cativante e imperdível! Eu indico”.
Todas essas experiências aqui colocadas são em decorrência dos livros. Apenas o papel e o cheio de tinta, passados pelos livros, fazem com que se tornem possíveis algumas navegações do nosso pensamento. Os livros ajudam a reflexão da nossa própria vida, de um ângulo diferente. Ainda com os anos que se passaram e a surra da tecnologia que levamos diariamente, os livros não deixarão de ser fundamentais para entendimento e exploração do nosso íntimo.
Julia Ilkiu, aluna do 3° ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Londrina
Revisão de textos: Jackson Liasch (fone (43) 9 9944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com)
Fotos: arquivo pessoal e Julia Ilkiu
Parabéns pela matéria Elisiê ! Incentivar sempre, em casa tenho duas leitoras assíduas , não saem das livrarias !
Linda, linda essa matéria. Bem feita , texto fiel. Parabenizo o grupo por esta ideia, leitura, especialmente à competente Julia Ikiul , com quem mantive uma ótima conversa “on lne ” e depois pessoalmente. Parabéns a você Julia e aos demais envolvidos, Elisiê, Claudia e Jackson pelo belo e bem feito trabalho.
Oi amigos, claro que como devoradora de livros e mãe da escritora Camila Rosa do Viva a Diferença ! Será?” eu estou aí! Finalizando a matéria! Adorei! Elisiê Peixoto e sua equipe do Portal Ideia Delas , parabéns pela excelente matéria!
Ameiii a materiaaa!!!! Preciso urgente ter mais tempo pra leitura rss