27 de janeiro de 1978: O nascimento de um Vilão

Por Claudia Costa

O Brasil ainda não vivia uma democracia, pois era governado pelo general Ernesto Geisel. E as manchetes dos principais jornais daquele dia retratam bem o clima político da época: “Geisel: Nas condições atuais, sucessor ainda deve ser militar”, anunciava O Globo; “Candidatura de militar ainda é a conveniente”, publicava a Folha de São Paulo; e “Euler diz que não é candidato de ninguém”, noticiava o jornal O Estado de São Paulo/Estadão.

No mundo, o ano de 78 teve alguns fatos interessantes, como três papas num intervalo de dois meses (Paulo VI, Albino Luciano e João Paulo I) e o nascimento de Louise Brown, o primeiro bebê de proveta da história.

Em Londrina, nascia um VILÃO, que de mau não tinha nada, mas sim um espaço de certa forma transgressor para a época. Era o VILÃO BAR, um pub com um estilo único, bem intimista, e uma decoração diferenciada com objetos rústicos e antigos, como gramofones, relógios, fechaduras, caixa registradora de 1919, quadros, gravuras e algumas fotos. O espaço foi criado pelo publicitário William Amador Bueno de Moraes, um paulistano de 25 anos que veio morar no interior do Paraná por causa do amor por uma mulher, sua primeira esposa Lillian Nell Ryan (uma americana), cujos pais moravam em Rolândia. Filha do empresário Oliver Ryan, ela é a mãe de duas filhas de William, que tem cinco filhos ao todo.

Hoje, aos 64 anos de idade, William Moraes relembra que o nome do Vilão foi uma inspiração que surgiu porque, quando alugou a casa onde até hoje está localizado o bar, ela possuía 16 portas externas e parecia uma vila. Outro fato que contribuiu para a criação do nome é que o bar sempre é o vilão da história. “Em casa, quando perguntam onde está seu pai, o filho responde: no bar”, brinca ele, salientando que, apesar do significado poder remeter a um comportamento descortês, no Vilão Bar de Londrina nunca houve uma briga.

Apesar das várias crises econômicas que o Brasil passou nas últimas décadas, o Vilão Bar mantém o seu conceito de uma casa diferenciada, com um espaço agradável em que as pessoas vão para curtir uma boa música, conversar e saborear um cardápio especial.

Poucas casas noturnas na cidade têm uma vida tão longa. Próximo de completar 40 anos de existência, o Vilão Bar é o ponto de encontro de gerações. Muitos frequentadores hoje vão ao local com os filhos. “Antigamente não tinha o celular e muitos dos meus clientes eram universitários e profissionais liberais, como os médicos. Muitas vezes eu recebia uma ligação e tinha que dar o recado para o profissional se dirigir ao hospital porque teria que fazer uma cirurgia de emergência”, lembra William, que acabou se transformando em amigo da maioria dos frequentadores do seu bar. Muitos dos clientes-amigos se mudaram de Londrina, mas sempre que vêm para a cidade vão ao bar rever o amigo que continua sentado atrás do balcão, comandando a mesa de som (hoje a seleção de música está gravada em DVDs que recebe do amigo-cliente Roberto Busse, que mora em Curitiba. Mas teve época que William era o DJ da casa, mixando dois pratos na mesa de som com diversos estilos, principalmente blues e jazz).

O empresário mantém o mesmo estilo e perfil, uma conversa agradável, cativante e muito acolhedora de um “velho amigo”. Mesmo quem vai ao lugar pela primeira vez já se sente em casa. Talvez este seja o grande sucesso do Vilão Bar: o seu proprietário, além da qualidade e do atendimento dos serviços oferecidos por todos que ali trabalham.

Para comemorar os 40 anos do Vilão Bar em 2018, o empresário está planejando uma programação especial. Ele espera poder rever os fiéis, antigos e novos amigos-clientes.

 

Agradecimentos:

Revisão: Jackson Liasch

Fotos: Bruno Ferraro

Vídeo: Lucas Costa Milanez

Arte: Vladmir Fernandes Farias

 

Serviço:

Vilão Bar – Rua Sergipe, 1.461, fone (43) 3322-0854, Londrina

https://www.facebook.com/VilaoBar/