Sabe-se que a grande maioria das mulheres deseja ou pelo menos já admitiu a hipótese de ter um filho. Certamente faz parte da essência feminina essa necessidade de experimentar a maternidade. Hoje, além das mulheres mais jovens, também as mais maduras optam em ter um ou dois filhos, adequando-se à vida corrida de conciliar lar, família, profissão e maternidade. E mesmo com toda a agitação e correria, afirmam que filhos são bençãos, tenha a mãe 20 ou 40 anos. Sem dúvida, trata-se de uma realização plena.
Algumas vezes, esse desejo em conceber um filho de forma natural não é possível, há vários fatores que colaboram com isso como a esterilidade e doenças no sistema reprodutor feminino que podem levar à infertilidade feminina. Assim, muitos casais partem para a adoção, uma atitude tão importante quanto engravidar naturalmente. Afinal, a adoção conta com fatores que precisam ser considerados e trabalhados, como a questão psicológica da família, para saber lidar com a situação de modo saudável e que traga uma dinâmica feliz e tranquila com o futuro filho. Há também os caminhos a serem percorridos para a adoção legal. Tudo demanda paciência, ansiedade. Mas quando o desejo do coração é maior que tudo, a espera vale a pena. E sem falar que em algumas situações, os casais adotam uma criança já sendo pais biológicos de outros.
Muitos casais famosos também adotaram e são grandes incentivadores da adoção. A atriz Angeline Jolie tem seis filhos, mas apenas três são biológicos. Os outros três são filhos adotivos, inclusive, cada um deles são de uma nacionalidade diferente. A própria atriz fez e faz questão de levantar a bandeira da adoção e ressaltar que não há diferença entre uma mãe amar um filho gerado no próprio útero do que uma mãe do coração. Além dela, o cantor Elton John e o companheiro David Furnish, assim como Rick Martin, ao invés da adoção, optaram por barrigas de aluguel; no Brasil, chamada de gestação de substituição ou barriga solidária, para ficar mais simples.
Alguns artistas brasileiros são protagonistas de histórias bonitas de adoção como Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, Astrid Fontenelle, Drica Moraes, Regina Casé, entre muitos outros. Incondicionalmente, todos são grandes incentivadores e apoiadores da adoção. E até as barrigas de aluguel são opções de casais para terem filhos, amá-los e se realizarem como pais.
O Ideia Delas conversou com três mães de diferentes profissões e idades, e que optaram pela adoção. São relatos emocionantes que revelam a intensidade do amor e a cumplicidade nas relações, o amor de toda família compartilhado e respeitado. Vamos conhecê-las?
Por Elisiê Peixoto
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
Um sonho que se tornou realidade
“Meu nome é Luzia Gilles Dias, mas todos me conhecem por Gilles, tenho 61 anos, sou diretora de uma escola pública municipal. Tenho três filhas, a Ana de 38 anos, a Clara de 28 anos e a Glória de 24 anos. Tenho também uma netinha de dois anos e meio, filha da Ana. Eu sempre sonhei em fazer uma adoção. Desde a minha adolescência eu já sabia que iria adotar uma criança. Eu costumava sonhar que encontrava bebês na rua e levava para casa, sempre pensei que seria minha contribuição para fazer um mundo melhor. Depois de dois anos de casamento engravidei da minha primeira filha. Quando ela completou sete anos, eu decidi que chegara o momento de adotar. Nunca escolhi sexo, idade, cor ou ausência de doenças. Eu pensava que se eu tivesse um filho biológico correria os mesmos riscos de gerar uma criança com problemas de saúde. Então, o que Deus me preparasse, eu acolheria. E Ele me enviou a Clara, meu bebê adorado, lindo e saudável.
Quando a Clara tinha quatro anos, engravidei novamente da minha caçula e, assim, minha família ficou completa! Em nossa família nunca houve distinção entre elas, cada uma com suas características e com seu potencial, porém, todas amadas da mesma forma. Eu nunca precisei contar para a Clara que ela era adotiva. Em todos os seus aniversários eu relatava à ela sua história, sempre de maneira respeitosa e adaptada ao seu entendimento, assim, não houve o momento tão temido da revelação, foi algo natural. Quando fizemos a adoção, um amigo do meu marido nos parabenizou e disse uma frase que guardo comigo até hoje: “vocês não salvaram apenas uma vida, salvaram todas as gerações que virão dela”. Isso me enche de forças para superar todos os obstáculos que, como em qualquer família, apresentam-se. Eu não tive medo de adotar, eu sou educadora e cristã, por isso confio na força da educação e na proteção que vem do alto”.
Aos casais que sonham em ser pais e não podem por meios biológicos, afirmo: não tenham medo, o amor é a maior força que existe na natureza, ele faz com que tudo dê certo, e o amor que sentimos por um filho adotivo não difere em nada do amor do filho biológico, e isso eu afirmo com a certeza de quem pode experimentar os dois tipos de maternidade. Pelo contrário, eu posso afirmar que o amor por um filho adotivo é mais intenso e chega a doer, pois vem carregado do desejo de suprir qualquer dor que esse seu filho venha a sentir por ser adotivo. Se existe amor maior do que o amor que nasce junto com a adoção, eu desconheço”. (Luzia Gilles Dias, mas todos me conhecem por Gilles, tenho 61 anos, diretora de uma escola pública municipal). Fotos Renata Cavalheiro.
MÃE…
São três letras apenas,
As desse nome bendito:
Três letrinhas, nada mais…
E nelas cabe o infinito
E palavra tão pequena
Confessam mesmo os ateus
És do tamanho do céu
E apenas menor do que Deus!
Mário Quintana
Adoção: amor incondicional
“Eu sempre tive o desejo de adotar uma criança, desde pequena sempre quis ter um filho biológico e um adotivo. Ao longo do tempo descobri que infelizmente não poderia ter filhos biológicos, e isso só aumentou meu desejo por adotar uma criança. A Isabella é um ser de luz para toda nossa família desde que chegou para nós, adotamos ela com alguns dias de vida. Quando a minha filha chegou foi pura emoção; a família a abraçou e acolheu com tanto amor, e até hoje é assim. Acredito que adotar uma criança é um ato de amor gigantesco, abraçar a história de uma criança, e a partir daí, você vai começar a escrever a sua história junto com a dela. Adotar minha filha foi a melhor decisão da minha vida; não é fácil, mas vale cada segundo de cada dia da minha vida. Se você tem esse desejo, apenas siga em frente e abrace a história de alguma criança, crie memórias, lembranças, e laços que vão durar para a vida inteira, tenha um filho.” (Denise de Oliveira Dutra Alves, 58 anos, cabeleireira, mãe de Isabella, com 18 anos)
Nossos filhos viajam pelos caminhos da vida,
pelas águas salgadas de muito longe,
pelas florestas que escondem os dias,
pelo céu, pelas cidades, por dentro do mundo escuro
de seus próprios silêncios. (Vigília das mães, Cecília Meireles)
Pais de sete filhos, avós de oito netos e muito amor envolvido
Mãe de sete filhos, Tânia Regina da Silveira é um exemplo a ser seguido. Formada em Educação Física, atuando na área de eventos e promoções solidários ( ela e o marido Júpiter Villoz da Silveira fazem parte da diretoria da instituição espírita Casa do Caminho), ela sabe exatamente o que é conciliar de forma harmoniosa filhos, marido, casa e trabalho. “Somos em vários: Yuri da Silveira, 47 anos, Ana Carolina da Silveira Buzignani,43 anos, André Felipe da Silveira, 40 anos, Thiago da Silveira,36 anos, Lucas Gabriel da Silveira,35 anos, Marcos da Silveira,33 anos, Estefânia da Silveira, 31 anos. E temos uma neta, Yasmin, que mora conosco, filha do Thiago. Além dela, temos os netos Maria Luiza, Gabriel, Enrico, Theodoro, Helena, João Miguel, Dom Felipo e logo teremos mais dois que estão a caminho, Elis e Melissa”.
“Quando a Yasmin nasceu, no dia 21 de junho, o Thiago tinha feito 16 anos no dia 13 de maio. A avó materna estava indo morar na Espanha, e até hoje mora lá. A mãe da Yasmin também só tinha 16 anos, e não deu conta de ficar com ela. E nós a criamos como filha. Costumo dizer que têm dias nos quais estão todos bem. E há outros em que estão mais ou menos. Como em toda família, e principalmente numa família grande, as desavenças acontecem. Mas entre nós e entre os irmãos, “ai de quem mexer com algum irmão, os outros seis os defendem com unhas e dentes. É muito amor e respeito entre nós, que foi plantado e regado. Creio que você consegue a união familiar dessa forma. Adotar para mim é muito natural, é amor incondicional, não há diferença alguma de um filho natural. Na verdade, a gente nem lembra disso. Somos uma família normal, com seus altos e baixos, que se respeita e se ama. E isso basta para todos nós. Dos sete filhos, apenas Thiago e Estefânia vieram para nós através de uma intuição minha”.
“Filhos são presentes de Deus, a adoção é feita de lá para cá. A adoção dos nossos filhos aconteceu de uma maneira muito tranquila, não procuramos, eles apareceram primeiro em meus sonhos e depois os encontramos. Meu conselho para quem deseja adotar é que siga a intuição e o coração, não fique esperando uma criança perfeita, linda, de olhos azuis, porque nem sempre terá esse perfil. Simplesmente deixe o coração mostrar. Sou feliz com todos os meus filhos e com os netos que chegaram e estão para chegar. Além da Yasmim (hoje uma moça e que consideramos filha também), nasceu em fevereiro deste ano o Dom Felipe, em julho nascerá o Elis e em setembro, a Melissa. Como vê, nosso 2021 será bem movimentado. O meu marido Júpiter brinca que é “efeito pandemia”, já que os casais ficam muito em casa (risos). Mas é benção, alegria estarmos todos unidos!” (Tania Regina Silveira, dona de casa, 70 anos, mãe de Yuri, Ana Carolina, André, Thiago, Lucas, Marcos, Estefânia. Avó de Yasmin, 20 anos, Maria Luiza, 16 anos, Enrico, 11 anos, Theodoro, 10 anos, Helena, 8 anos, João Miguel, 1 ano, Dom Felipe, 3 meses, e à espera de mais dois: Elis e Melissa)
Fotos Arquivo Pessoal
Arte: Fernando Peixoto
Roberta Peixoto diz
Gente cada história emocionante! Mas a frase dita pelo amigo da Gilles com certeza foi o que mais me marcou, além do amor incondicional aos filhos que são adotados! Sou super a favor e tb concordo que é uma das melhores formas de representar o amor! ❤️❤️❤️❤️
Sandra Piazzalunga diz
Sempre achei a adoção um ato de amor gigante!! De um desprendimento absurdo ! Lendo estes lindos e emocionantes depoimentos , confirmo minha teoria que p as mães q o amor por filho adotivo ou biológico é o mesmo!! Linda matéria p homenagear as mães no seu dia!!!♥️♥️♥️
Dora Bordin diz
Emocionante!! Parabéns!!!
Rosegoliveira diz
Impressionante a força de uma mulher quando se torna mãe! Quer biológicamente ou por adoção, é um ato de grande amor! Parabéns a todas as mulheres e famílias que expressaram esse amor maior!!
Solange diz
Histórias cheias de sensibilidade, amor, solidariedade e força interior.
Felizes esses filhos, mais felizes ainda as famílias que os acolheram.
Com as bênçãos de Deus e dos poetas Carlos Drumond de Andrade e Mario Quintana…