Problemas na coluna vertebral são frequentes e podem ser de causa diferentes, acomete 6% da população em desenvolvimento. Crianças e adolescentes podem ter deformidades como a escoliose. As meninas estão mais sujeitas ao problema, conforme explica nesta entrevista o médico ortopedista pediátrico, dr. Luis Eduardo Munhoz da Rocha.
Por Claudia Costa
A Escoliose é uma doença do desenvolvimento que causa deformidades em crianças e adolescentes (pode ser inclusive intrauterino). Nesta entrevista, o médico dr. Luis Eduardo Munhoz da Rocha, ortopedista pediátrico, ex-presidente Sociedade Brasileira de Coluna, que atua em Curitiba (PR), no Hospital Pequeno Príncipe, explica sobre as deformidades que pode acometer as crianças e adolescentes durante o seu desenvolvimento. O especialista é formado pela Universidade Federal do Paraná, com especialização no Hospital Sarah Kubitschek (atualmente denominado Rede SARAH), em Brasília, cursou nos Estados Unidos Fellowship em ortopedia pediátrica e escoliose no Atlanta e Dallas Scottish Rite for Children.
É comum crianças e adolescentes terem problemas de coluna? Tem como prevenir?
Sim é frequente e podem ser de causa diferentes, acomete 6% da população em desenvolvimento.
Quais os principais problemas de coluna em crianças e adolescente que podemos prevenir?
As escolioses, a cifose juvenil e a espondilolistese que é uma fratura que ocorre com maior frequência na 5ª vertebra lombar e causa dor.
Quais os tipos de escoliose?
Nas crianças que não tem outras doenças, existem dois tipos de escoliose idiopática, as de inicio precoce abaixo de 9 anos e a do adolescente acima de 9 anos.
Por que esta diferença?
Porque as de inicio precoce precisam ser identificadas cedo devido ao primeiro estirão do crescimento podendo piorar muito e o tratamento iniciado cedo pode curar a doença. As do adolescente o desvio ocorre próximo do estirão do crescimento devido a puberdade.
Quais os principais sinais e sintomas que os pais devem estar atentos?
Assimetria da cintura, desnivelamento dos ombros e a giba costal, quando flexiona a coluna as costelas ficam mais elevadas na convexidade.
Doutor o que é a escoliose idiopática do adolescente?
É uma alteração de crescimento da coluna que ocorre no segundo estirão do crescimento ocasionando um desvio angular e rotacional. É uma doença multifatorial que acomete seis da população em curvas menores, como 10% nesta situação a incidência é igualmente meninos.
A progressão da curva é mais frequente em meninas e quanto maior o potencial de crescimento maior o risco de progressão da curva.
Como é realizado o diagnóstico?
Inicialmente pelo exame clínico, com o teste de Adams, que quando o paciente flexiona a coluna um lado fica mais elevado que o outro. Posteriormente é confirmada pela radiografia da coluna em PA (póstero anterior).
O tratamento é sempre cirúrgico?
Não. A cirurgia está indicada em curvas torácicas acima de 45 a 50º e curvas lombares com mais de 40º.
As curvas entre 20/25º a 35/40º com potencial de crescimento devem ser tratadas com colete.
O colete funciona?
Sim, se usado corretamente 18 horas por dia evita a cirurgia em 3 de 4 pacientes.
Uma jovem de 12 anos foi operada pelo senhor recentemente e foi necessário utilizar parafusos e hastes. Segundo familiares, ela teve uma excelente recuperação. Como será o futuro dela, cuidado, que deverá ter, ganho de peso, gestação e esportes. Quais as restrições e perdas?
A recuperação devida as novas técnicas são muito mais rápidas e com menos desconforto, com retorno a escola em 2 a 3 semanas. Os esportes como natação e bicicleta três meses e outros esportes que não sejam de contato físico entre 6 a 12 meses na dependência da extensão da coluna operada.
A prática regular de esportes é importante e necessária com a devida orientação.
O ganho de peso não é bom, e para gestação não terá problemas, quando a área acometida se estende até a 4º vertebra pode ser necessário realizar cesárias.
Quanto a perdas pode haver alguma redução na mobilidade da coluna lombar quando a cirurgia se estende mais distalmente.
Serviço:
Consultório de Ortopedia Pediátrica – fone (41) 99542-0660
Hospital Pequeno Príncipe – (41) 3310-1010
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