Como Manter o Relacionamento Vivo: O Segredo de Casais que Nunca Deixaram de Namorar

 

Por Claudia Costa

  

Entre compromissos, filhos, trabalho e a correria do dia a dia, muitos casais acabam deixando para depois aquilo que, na fase do namoro, parecia natural: sair juntos, namorar, passear, cultivar o vínculo que sustenta a relação. A rotina, quando não é bem administrada, ocupa espaços que antes pertenciam à convivência a dois — e é justamente aí que mora o risco de esfriar o relacionamento.

Mas há quem faça do tempo compartilhado uma prioridade. Entre eles, quatro casais que, em diferentes fases da vida, decidiram que não iriam abrir mão de viver momentos especiais lado a lado. Edina e Antonio Carlos Panichi, Newmann e Sadi Chaiben, Mônica e Angelo Pamplona e Angela Borim e Wagner Zanon — namorados há dez anos — são exemplos de que o amor amadurece melhor quando alimentado pelo encontro cotidiano, pela conversa despretensiosa, pelos passeios frequentes e pela decisão consciente de estar presente.

Nos depoimentos a seguir, eles contam como incorporaram à rotina o hábito de sair, aproveitar a vida, viver experiências simples, porém essenciais para manter a sintonia do casal. Falam das escolhas que fazem para preservar a parceria, do cuidado em manter vivo o encantamento e da importância de olhar para o outro com o mesmo entusiasmo dos tempos de namoro. São relatos que reforçam uma verdade muitas vezes esquecida: amar exige presença, tempo e vontade de continuar construindo a relação todos os dias.  O portal IDEIA DELAS foi conhecer um pouco sobre a rotina desses casais que não abrem mão de sair e curtir a vida frequentemente.

 

Edina e Antonio Carlos Panichi, convivem há 56 anos

 

“Estar juntos por tantos anos nos ensinou que a vida a dois ganha mais cor quando não nos deixamos acomodar. Desde o começo cultivamos o hábito de sair nos finais de semana, especialmente às sextas-feiras, quando sempre escolhemos um bar ou restaurante para iniciar o descanso merecido depois da semana de trabalho. Aos domingos, nosso destino é o Country Club, onde almoçamos e aproveitamos para manter a convivência com amigos. A vida social sempre fez parte do nosso dia a dia, especialmente nos anos em que Panichi atuou como Diretor Social e, depois, Presidente do Canadá Country Club. Participar das festas e eventos nos clubes da cidade acabou criando em nós esse prazer contínuo de estar entre pessoas, celebrar e viver de forma ativa.

Também mantemos uma rotina de cuidados que compartilhamos diariamente. Vamos juntos à academia todas as manhãs e caminhamos de seis a oito quilômetros por dia. Criamos alguns rituais preciosos: há mais de vinte anos, toda segunda-feira tomamos vinho acompanhado de um prato preparado pelo Panichi — mesmo quando as viagens nos levam para longe. E, em todas as sextas-feiras, visitamos o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, um hábito que nos acompanha há muitos anos. As manhãs de domingo sempre começam na Feira do Produtor, onde, faça sol ou chuva, compramos o que precisamos e nos presenteamos com um pastel antes de voltarmos para casa. Antes do almoço, é hora da famosa ‘caipirinha de limão rosa’ do Panichi, que os amigos garantem que deveria ser patenteada.

Nunca tivemos períodos caseiros; não nos acomodamos. As viagens começaram por causa do meu trabalho na Universidade Estadual de Londrina , e, com o tempo, se tornaram uma paixão em comum. Conhecemos diversos países e já estamos planejando a próxima experiência. A Itália é o nosso porto seguro, especialmente Roma. Paris também sempre nos chama de volta. Na América do Sul, percorremos quase todos os países. No Brasil, o Rio de Janeiro ocupa um lugar especial em nossas memórias, já que realizei pesquisas de mestrado e doutorado na cidade, e, em determinado ano, chegamos a ir dez vezes para lá. Esse vínculo nunca se rompeu. Aprendemos que sair da rotina aproxima os casais, reacende a paixão, diminui o desgaste e fortalece a conexão. O que mais nos surpreende, depois de tantos anos, é perceber a profundidade da nossa parceria e o quanto priorizamos o tempo juntos. Conversamos sobre tudo, traçamos metas e cuidamos da nossa união com verdadeira intenção.”

Edina e Antonio Carlos Panichi estão casados ha 50 anos e juntos há 56, o casal tem uma filha, a Maria Angelita. Edina é Mestre, Doutora e Pós-Doutora em Letras, docente e orientadora no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da UEL. Panichi é administrador, pós-graduado em Gerência Empresarial e Marketing, e atua na área de seguros.

 

 

Mônica Pamplona e Angelo Pamplona, estão juntos há 43 anos 

“Estamos juntos há 43 anos, e aprendemos que, se não sairmos, a rotina nos engole sem perceber. Por isso, todos os finais de semana escolhemos algum lugar para ir, para nos distrair, conhecer novas pessoas e manter vivo aquilo que sempre nos uniu: o companheirismo e o amor. Gostamos especialmente de lugares com música ao vivo, um barzinho raiz, ambientes que nos fazem sentir presentes na vida e um no outro. Depois que nossa filha cresceu, voltamos a sair com mais frequência.

A vida social nos aproxima muito; quando estamos nos divertindo, ficamos mais conectados do que na correria do dia a dia. Já estamos na faixa etária em que a sociedade nos chama de idosos, mas acreditamos que manter uma rotina social ativa nos devolve uma certa juventude — de espírito, de entusiasmo, de liberdade.

 O empresário Angelo Pamplona da Costa e a bancária aposentada são pais de Fernanda, estudante de direito. O casal estão juntos ha 43 anos, sendo oito anos de namoro e 35 de casados.
Estão juntos há 43 anos — oito de namoro e 35 de casados.

 

 

Neuman e Sadi Chaiben estão casados há 51 anos

“Desde o início do nosso casamento, sempre tivemos o desejo profundo de viver a vida a dois de maneira plena. O namoro nos revelou afinidades que nos aproximaram e, para aquilo que não era comum, aprendemos juntos a fazer pequenas adaptações. O prazer de compartilhar finais de semana, viagens e descobertas sempre foi o motor da nossa união. Ao longo dos anos, mantivemos viva essa chama com sinceridade, lealdade, respeito e amor — valores que se tornaram pilares do nosso relacionamento. Houve momentos em que as condições financeiras eram apertadas, mas jamais deixamos que isso nos impedisse de perseguir nossos sonhos. Carregamos até hoje uma frase que recebemos de uma prima querida: ‘sábio é o homem que consegue desfrutar tudo que conquistou.’

 Para evitar a acomodação, sempre planejamos nossos próximos passeios e viagens. Sonhar com o que estava por vir nos dava entusiasmo e renovava nossa parceria. É claro que enfrentamos desafios — todos os casais passam por momentos difíceis, seja no relacionamento, seja na criação dos filhos — mas aprendemos a lidar com eles com sinceridade, autorreflexão e vontade de fazer o melhor possível. Com o tempo, percebemos que equilibrar rotina e lazer era essencial. A vida caseira e o lazer nunca competiram entre si; sempre se complementaram.

Também procuramos harmonizar trabalho, responsabilidades e momentos a dois. Quando as filhas eram pequenas, viajavam sempre conosco. Depois, conforme foram crescendo e adquirindo autonomia, encontraram seus próprios caminhos, mas nunca deixamos de criar oportunidades para momentos em família, mostrando a elas a importância de viver bem. Alguns passeios e viagens marcaram nossa história de maneira especial. A lua de mel, por exemplo, foi inesquecível. Em 1974, pegamos nosso fusca branco 1969 e seguimos até Salvador, passando depois por Olinda. Foi ali, na simplicidade daquela aventura, que entendemos o valor da convivência e do respeito às diferenças. Mais tarde, outras viagens — como para Istambul, Paris e Canadá — ampliaram nosso olhar sobre o mundo e fortaleceram ainda mais nossa união, misturando romantismo, tradição e novas culturas.

Sempre acreditamos que uma vida social ativa renova o casal. Por isso, seguimos cultivando amizades, dançando, viajando, vivendo experiências fora de casa. Nada disso diminuiu nossa dedicação às filhas; pelo contrário, entendíamos que elas precisavam crescer com autonomia, e que o amor dos pais também se expressa na alegria de viver. Criamos nossas meninas para o mundo, sem deixar de orientá-las, mesmo quando nossos conselhos não eram os mais agradáveis. Nunca pecamos por omissão.

O tempo passa, as fases da vida mudam, mas seguimos planejando, ajustando rotinas, celebrando cada oportunidade de estar juntos. Envelhecer lado a lado é um privilégio. Mantemos um ritual precioso: ao final de cada semana, sempre saímos para descontrair — só nós dois, com amigos, com a filha ou com as netas. Um happy hour, um bailinho, um almoço… Qualquer momento vira celebração quando estamos juntos.

Ao olhar para nossa trajetória, o que mais nos surpreende é a força da nossa união. A sinceridade, a lealdade, o compromisso e a capacidade de adaptação nos permitiram crescer, perdoar, evoluir e manter o respeito mútuo em todas as fases da vida. Não é fácil — mas quando existe vontade, tudo acontece. Estamos há 51 anos casados, e cada passo reafirma a beleza de escolher diariamente o mesmo amor.”

A professora de pintura em porcelana Neuman e o auditor aposentado  Sadi Chaiben são casados ha 51 anos. Eles tem duas filhas e quatro netos.

 

Angela Borim e Wagner Zanon estão juntos há 10 anos 

 

“Nos conhecemos no dia 7 de novembro de 2015 e, desde então, há dez anos, seguimos lado a lado, fortalecidos pelo companheirismo, pela cumplicidade e pela alegria que encontramos em dividir nossa vida a dois. Cada momento juntos tem um valor especial, seja nas noites de sábado em que saímos para jantar, seja quando abrimos um bom vinho e deixamos a conversa fluir. Tudo se transforma quando estamos na companhia um do outro, e a vida social ganha leveza quando compartilhamos esses instantes entre amigos ou em casal.

Cozinhar juntos nos finais de semana é um dos nossos rituais preferidos. A cozinha se torna espaço de encontro, de risadas, de parceria — um jeito gostoso de reforçar nossa união. Durante a semana, cada um segue com suas responsabilidades e seu trabalho, mas o final de semana é sagrado: reservado para nós, para descansar a mente e renovar as energias.

As viagens também fazem parte da nossa história. Todas deixam lembranças marcantes, principalmente quando descobrimos um lugar novo. Estar juntos nessas experiências reforça nossa conexão e amplia o significado da nossa trajetória.

Desejamos que outros casais, que vivem histórias semelhantes, possam refletir sobre o valor dos momentos compartilhados. Que olhem para a própria caminhada com amor e carinho, reconhecendo tudo o que construíram ao longo da vida — porque é nesse percurso, vivido a dois, que encontramos os laços que realmente permanecem.”

Angela Borim, funcionária pública, natural de Apucarana, mãe de duas filhas e Wagner Zanon, comerciante, de Londrina, pai de um casal de filhos.