Quando nos tornamos mães, as prioridades mudam, o olhar para o mundo é outro, a percepção da vida é diferente, ficamos mais fortes, mais sensíveis, mudamos o foco. Aprendemos a valorizar determinadas coisas como uma noite bem dormida quando os filhos são bebês ou o barulho da chave na porta da casa quando são adolescentes. Entendemos outras mães, somos menos julgadoras, superamos limites, aprendemos a amar incondicionalmente. E este amor se perpetua por toda a vida. O PORTAL IDEIA DELAS conversou com algumas mães que deram o testemunho sobre a experiência da maternidade. Cada uma vive uma realidade única, mas todas são unânimes em afirmar que a experiência de ser mãe reflete a totalidade do amor incondicional. Nada se compara a este amor. Vamos acompanhar os depoimentos?
Por Elisiê Peixoto
Há um ditado popular de que “ser mãe é padecer no paraíso”, ou seja, toda mãe sofre por ansiedade, distância, cansaço, preocupação, dores do parto, contrações, mamilos feridos, amamentação, amor em excesso, cuidados extremos, fadiga, tudo por uma vida. Mas, mesmo assim, mães insistem na experiência de viver outra gestação. E quando questionadas sobre as dificuldades da primeira gravidez, exclamam: “Ah! A gente esquece tudo o que passou e logo quer mais um”.
Sim, há mulheres que nasceram para serem mães exemplares, abrem mão de qualquer coisa para ficar em casa com os filhos, dedicam-se em tempo integral. Simplesmente porque gostam dessa tarefa. Há outras mães que experimentaram uma gestação tardia, e criam os filhos com menos ansiedade, de forma mais tranquila, e que dividem harmoniosamente a vida profissional com a dedicação aos pimpolhos. E há também as mães que optaram em criá-los sozinhas, não estão casadas, não fazem questão e tiram de letra a educação e a atenção. Outras quiseram ter filhos bem jovens para continuarem a jornada com disposição e “pique” o suficiente antes dos 30 anos. E tem aquelas que contam com a ajuda das avós, que literalmente “babam” nos netinhos e netinhas. Há mães para todos os gostos. São diferentes na forma de criar ou educar, algumas rígidas demais, outras permissivas. Mãe não tem pausa, é para toda a vida. Do filho bebê ao barbudo com 40 anos. Da menininha que pede o seu colo à bela profissional que se torna, mas ainda pede conselhos. Quando nos tornamos mães, as prioridades mudam, o olhar para o mundo é outro, a percepção da vida é diferente, ficamos mais fortes, mais sensíveis, mudamos o foco, aprendemos a valorizar determinadas coisas como uma noite bem dormida quando os filhos são bebês ou o barulho da chave na porta quando são adolescentes. Entendemos outras mães, nos tornamos menos julgadoras, aprendemos a amar incondicionalmente e este amor se perpetua por toda a vida.
De repente: uma filha e um casal de gêmeos
A vida da administradora de empresas Bruna Janani Pruner, 37 anos, mudou radicalmente com o nascimento dos três filhos: Theodora, 6 anos, Catharina e Benjamin,1 ano e meio. As três gestações foram planejadas e muito esperadas. “A Theodora eu engravidei naturalmente, fiquei quase um ano tentando. Já a minha segunda gestação foi mais difícil, não estava conseguindo engravidar e fomos investigar os motivos, quando fomos encaminhados para o tratamento e graças a Deus na nossa primeira fertilização fomos surpreendidos com gêmeos. A rotina com três filhos é intensa, a dedicação total é para eles e, em função das idades, as rotinas são diferentes. Mas tento me dividir para dar conta de tudo, acredito que tudo o que fazemos com amor e dedicação flui muito melhor. Então, apesar de alguns dias serem exaustivos, o amor supera”, comenta.
Para Bruna, a maternidade é o maior presente de Deus, o milagre da vida. “Trata-se de um amor inexplicável e a maior de todas as experiências é viver o amor incondicional, aquele amor que a gente não espera nada em troca, o amor ágape.” Relata que ambas as gestações foram totalmente diferentes. “Na primeira gestação ainda é novidade, os sentimentos são novos. Mas, no meu caso, a segunda gestação, por ser gemelar, foi muito diferente, sentia-me mais segura. E a logística com os gêmeos é bem diferente, uma movimentação diária porque é tudo junto: almoço, jantar, banho. Isso faz deles muito mais pacientes porque se trabalha a espera. E acredito que por eu me sentir mais segura eles também são tranquilos e seguros. Mas no final tudo dá certo e os filhos vão crescendo e a gente se adequando à rotina, à vida. Ser mãe é literalmente ter o coração fora do corpo, e dar os melhores exemplos e o melhor de nós, pois passamos a ser o espelho dos nossos filhos. Sempre desejei ter uma família grande e a casa cheia e Deus nos abençoou com estas três vidas. Sou muito feliz.”
Mudança de ideia e de vida
“Quando me perguntam se sempre quis ter filho, a resposta é não! Eu e Eik sempre curtimos muito como um casal e pensar num trio, só se fosse trio elétrico mesmo”, brinca a fotógrafa Thais Fujarra, 33 anos, casada com Eik Sorgi, 36 anos, mãe de Yves, com seis meses. “Lembro-me até hoje quando decidimos ter filho, parece que piscamos e de repente estou aqui acordando cedo em um domingo só para poder ficar mais ainda com o nosso bebê! Mudar de ideia mudou nossas vidas, e a maternidade foi a melhor das surpresas”, revela mãe coruja.
O casal esperou nove anos, morando juntos, para decidir ter um filho. “Engravidei rápido, mas infelizmente a primeira gravidez não vingou e perdemos o bebê em poucas semanas. Foi um dia muito triste na minha vida, eu não imaginava o quanto queria um bebê. Passaram-se dois meses e veio a notícia novamente: estava grávida! Confesso que foi uma gravidez cheia de medos e inseguranças, mas tentei deixar isso de lado e curtir cada semana do Yves na minha barriga. Foram quase 40 semanas me preparando para aquele dia, minha bolsa rompeu bem cedinho e ele nasceu 33 horas depois. Nasceu lindo, um bebê de 4,250 kg que já veio direto para o meu peito e aí ficou até hoje. Passaram-se seis meses de amamentação exclusiva, o começo não foi fácil mas persistimos e vencemos”, diz a fotógrafa.
Thais sempre comenta para quem deseja ter filhos que a vida muda radicalmente. Sempre bem humorada, comenta: “Essa vida boa aí, ó, esquece. A gente esquece mesmo. Esquece da balada para dormir juntinho com o bebê, troca os drinques para amamentar, a happy hour vira um maravilhoso café da tarde, o almoço cotidiano no self service agora é uma grande aventura, ver a família era bom, agora é sempre uma festa. Acordar com ele então! Ver aquele rostinho, o sorriso, até a fralda suja. É ver o quanto a vida foi boa comigo. Estamos felizes com o nosso bebê”, conclui.
Um bebê na maturidade
Ana Paula Cantelmo Luz, 45 anos, administradora, é mãe de Luiza, 3 anos. Confessa que nunca planejou uma gravidez e nem cogitava em ser mãe. Ela trabalha como gestora hospitalar, passa o dia todo fora e quando engravidou cursava a faculdade de Direito. “A partir do nascimento de Luiza organizei minha vida procurando deixar minhas noites livres para a convivência familiar. Luiza “estuda” em período integral. Deixo-a na escola de manhã e o pai ou irmãos vão buscá-la no final da tarde. Reservo meus finais de semana para a família”, conta a gestora que faz aulas de Zumba à noite e de Pilates na hora do almoço. “Consigo administrar bem a minha agenda e rotina, busco separar a profissão da vida familiar. Invariavelmente recebo ligações/demandas profissionais durante a noite e finais de semana. Atendo às necessidades de quem me solicita e depois ‘viro a chave’ para o modo mãe”, ressalta ela, que trabalha em uma empresa que funciona 24 horas todos os dias do ano. Ana Paula ressalta que a maternidade fez com ela resgatasse a simplicidade da vida. “Criança fica feliz com coisas ‘bobas’ e consequentemente ficamos felizes também. Luiza me agrega alegria, me faz sentir um amor sem igual. Acredito que é mais fácil ser mãe quando madura. Temos mais paciência. Costumo dizer que sou mãe com ‘espírito de avó’. Na maturidade entendo ser mais fácil abrir mão da liberdade que se tem quando não temos filhos do que quando mais jovens. Tudo muda! Até a fatura do cartão de crédito! Menos restaurantes e mais farmácias, lojas de brinquedos e supermercado”, conclui.
Uma gravidez inesperada
Lívia M. B. Funfas de Camargo, 27 anos, estudante de Fisioterapia, mãe de Heloisa, 4 anos, viveu a experiência da maternidade inesperada, ainda estudante, sem estabilidade financeira, morando com a mãe, desfrutando dos momentos que a juventude oferece. “Não foi uma gravidez planejada, estava indo para o terceiro ano da graduação, totalmente imatura, não fazia ideia do que era ser mãe. Foi um susto, mesmo sabendo que nossas escolhas levam a consequências, eu não imaginava a sensação até o dia da descoberta. Logo após receber a confirmação do teste beta hcg eu tive uma sensação horrível, como se meu chão tivesse aberto, pois eu não enxergava a minha vida lá na frente, era como se tivesse anestesiada. Não rejeitei, mas na minha cabeça passavam mil coisas boas e ruins. E durante alguns dias eu sentia essa sensação estranha. Mistura de medo, insegurança, solidão, pavor, eu tentava imaginar a reação das pessoas, do julgamento, principalmente o da minha família. Mas ao longo dos dias isso tudo foi passando. Recebi apoio e tudo foi se acalmando. E hoje vi que a Heloisa era um plano de Deus para a minha vida”, avalia Lívia.
Para a futura fisioterapeuta, a cada fase que vive com a filha, torna-se mais experiente e adquire algum conhecimento. Além da sensação de amor incondicional. “A maior experiência é ter que encarar a maternidade real sozinha, desde o nascimento, os primeiros dias em casa, as dificuldades de uma mãe de primeira viagem, as dores da amamentação, até os dias de hoje com o crescimento dela e a sua personalidade. Com certeza, tornou-me uma pessoa mais forte. Creio que uma mãe é diferente da outra, não é possível seguir como uma receita de bolo, você não consegue fazer tudo certinho, passo a passo. Tudo tem seu tempo, sua fase. Basta aprender a ter paciência.
A maternidade aos 40 anos
A dentista Janaina Curi Casetta, 46 anos, foi mãe aos 40 anos. A filha Luísa, com 6 anos, foi muito esperada e comemorada, afinal, Janaina fez duas cirurgias de endometriose, com médicos diferentes. “Após a primeira cirurgia, o médico tirou toda a minha esperança, e isso me levou a um tratamento com um especialista em reprodução, ele me disse que eu estava com endometriose profunda e acabamos por não realizar o tratamento. Foi quando procurei o doutor Ricardo Mendes Alves Pereira e parti para outra cirurgia. Após três meses estava grávida”, relata a dentista.
Com a vida atarefada e uma rotina corrida, a dentista sente-se em falta e até com uma certa culpa por ficar tanto tempo fora de casa. Revela que o início foi difícil para voltar a trabalhar, desmamar e deixar a filha na escola. “O estresse foi tão grande que acabei mudando para Ibiporã, a cidade em que trabalho há quatro anos. Agora ela é minha companheira, tento fazer de tudo para agradá-la. Gosto de ler histórias, faço questão de dar o jantar, banho e escovo os dentes dela todos os dias. Desejo que ela cresça como pessoa, que não seja egoísta por ser filha única. A minha preocupação de ser mãe madura é não conseguir acompanhar a cabeça dela, principalmente na adolescência. E tenho como meta estar sempre presente, nos momentos bons e ruins da vida da minha filha”, conclui.
A perseverança trouxe os gêmeos
A Fernanda Milanez Garboza, dentista, 45 anos, casou-se aos 24 anos e teve dificuldade para engravidar. Ela teve menopausa precoce e a preocupação em não conseguir engravidar tornou-se constante, quando então decidiram a busca um especialista em fertilidade em vitro. “Ficamos preocupados em não ter filhos, e como já estava com 26 anos, os médicos me orientaram a ‘correr’ para dar tempo. Fiz fertilização um vitro e engravidei de gêmeos, Isabela e Fernando, hoje com 17 anos. Eu sempre trabalhei muito, mas reavaliei e notei que ficar muitas horas longe dos filhos não valia a pena. Optei por trabalhar meio período e foi excelente, pude acompanhá-los mais de perto. Meus filhos sempre tiveram muitas atividades extras e eu pude levar e buscar, acompanhar nas tarefas”, relata a dentista que nunca deixou de trabalhar porque sentia necessidade de exercer a profissão. Ela continua na ativa, e sabe da importância do tempo dedicado aos filhos. “Maternidade te ensina a zelar e a doa. Abrimos mão dos desejos e fazemos por eles. Hoje, meus filhos são jovens, não dão trabalho, mas olho para trás e vejo como foi bom desfrutar da presença deles. Eu e meu marido sempre fomos participativos nas brincadeiras, no dia a dia, e a amamentação foi um sonho realizado para mim. Pude amamentar os dois até oito meses, passei por um período difícil de amamentar mas tive uma expressiva ajuda da dra. Zuleide Thompson”, ressalta.
Fernanda afirma sentir-se privilegiada por Deus por gerar filhos e ter um casal, por curtir cada momento dos períodos. “Hoje meus gêmeos se preparam para o vestibular. Um novo ciclo, um novo caminho para mim. Tenho algumas ‘janelas’ durante a semana que me propiciam fazer aquilo que gosto. De algumas coisas abri mão para cuidar deles, mas agora está mais fácil investir em algumas coisas. E não posso deixar de ressaltar como meu marido foi um excelente companheiro na divisão das tarefas com os filhos, sempre me ajudou. O pai que participa, divide funções, faz toda a diferença na criação dos filhos”, completa.
Revisão: Jackson Liasch
Fotos: Arquivo Pessoal
Rosalia diz
Parabens para vces !!! Textos maravilhosos , que vivenciamos no nosso dia a dia !!!!