Nossas personagens demonstram do alto da sabedoria dos seus 90, 86, 80 e 77 anos que a internet e as mídias sociais são um espaço democrático e que elas estão antenadas com o meio digital e a evolução dos tempos
Claudia Costa e Elisiê Peixoto
A internet deixou de ser um bicho-papão para os idosos que descobriram as vantagens dessa tecnologia para acessar sites de notícias, filmes, dentre outros, e também as mídias sociais/digitais como forma de espantar a solidão, fazer novos amigos, manter contato com amigos e familiares. Entende-se por mídias sociais (também conhecidas como redes sociais) os sites e os aplicativos que permitem conexão, interação e compartilhamento de conteúdo entre os usuários. As mídias sociais mais populares atualmente são Facebook, Youtube, Instagram e WhatsApp.
Hoje eles já dominam o uso da tecnologia. O WhatsApp é muito usado para se comunicar com a família e os grupos de amigos, já o Facebook é a mídia mais usada para rever os amigos antigos e fazer novas amizades e assim por diante. Alguns idosos não têm mais a mobilidade de antes, então essa tecnologia os ajuda a se manterem conectados com o mundo. Muitos são estimulados pelos próprios familiares a usar e navegar na rede e também a usar as mídias digitais.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu que estar conectado com as redes sociais estimula a capacidade cognitiva, aumenta a sensação de autocompetência e ainda melhora a saúde mental e o bem-estar da terceira idade.
Segundo os pesquisadores, o grupo que aprendeu a utilizar estas ferramentas e interagir nas redes sociais demonstrou um envelhecimento mais ativo e menor tendência ao isolamento. Os participantes da pesquisa disseram que se sentiram capazes e animados para se envolver em atividades sociais. Por outro lado, aqueles que não tiveram meios para acessar as redes se sentiram mais isolados e solitários, e tornaram-se mais suscetíveis às doenças.
O dr. Cyrillo Silveira Mendes, 90 anos, dentista, viúvo, é a prova de que a idade não interfere no raciocínio tecnológico. Ao contrário, ele admite que navegar na internet é salutar e ajuda a passar o tempo de forma positiva porque se mantém atualizado com as notícias do mundo. “Eu sempre gostei de escrever, quando namorava a minha esposa enviava diversas cartas em papel de seda, com desenhos, coloridas, cheguei a enviar uma carta com 26 folhas! E com os anos não deixei de escrever. Agora, com a tecnologia à disposição, envio ‘cartas’ por e-mail. Escrevo semanalmente para os meus sobrinhos e trocamos informações, discutimos assuntos, é sempre muito bom.”
O dentista teve auxílio dos filhos para aprender a navegar logo no início, mas agora diz que dá conta do recado muito bem. “Tenho notebook, ipad, celular, computador, mas prefiro meu notebook e nele entro no Youtube e assisto às palestras de Mário Sergio Cortela e Leandro Karnal, vejo as notícias do UOL, entro no Facebook para rever amigos. Mas não gosto muito de rede social, meu negócio é e-mail e portais de notícias. Gosto muito de internet e de televisão, são os meus passatempos preferidos e isso me faz estar atualizado para conversar com os netos. Também tenho WhatsApp! E sinto-me familiarizado com a internet”, diz ele.
A professora aposentada Suzana Barbosa Kasuya, 80 anos, viúva, mãe de dois filhos, com seis netos e um bisneto, é outra pessoa experiente que descobriu as vantagens da internet e das mídias sociais. Natural da cidade de Ribeirão do Pinhal, Norte Pioneiro do Estado do Paraná, mora desde a década de 80 em Londrina.
Após perder neste ano o marido Kisaku Kasuya, com quem foi casada por 54 anos, dona Suzana encontrou na internet e nas mídias sociais uma forma de abrandar a solidão. O filho Carlos Henrique kasuya e os netos a ensinam a utilizar a ferramenta. Apesar de ter página no Facebook há alguns anos, ela não era muito presente na rede, pois há 14 anos cuidava do marido que sofreu um AVC. A professora aposentada agora participa do Coral da UEL e também faz alongamento três vezes por semana. “No WhatsApp, mantenho contato com meus filhos e netos, e também tenho um grupo do Coral. Já no Facebook estou sempre fazendo novas amizades e revendo amigos”, diz a aposentada que mora sozinha.
O professor e dentista aposentado Adacyr Ferreira, 86 anos, é uma referência em Santa Fé do Sul, cidade do interior do Estado de São Paulo. Desde 2012 ele mantém uma página no Facebook na qual publica fotos antigas da cidade e também de seus moradores na juventude e fotos atuais. Ele possui um grande acervo de fotos e também recebe dos moradores. Sua página é um sucesso, pois ele faz um resgate histórico da cidade, das famílias e dos seus pioneiros. Santa Fé do Sul ficou conhecida nacionalmente por causa das araras-canindés que escolheram a cidade do interior paulista para ser sua moradia e local de reprodução.
Muitos dos amigos do professor Adacyr são pessoas que nasceram na cidade, não moram mais lá, e sentem saudades da cidade e dos amigos com os quais conviveram na juventude. Adacyr Ferreira foi professor de Ciências e Biologia, secretário da educação e também presidente da antiga guarda-mirim da cidade. Por influência dos alunos, em 2012 teve aulas de informática e começou a usar o Facebook. “Dos meus 1.496 amigos no Facebook, 90% são ex-alunos que não sei se ensinei algo para eles, mas com certeza aprendi muito e continuo aprendendo com eles graças ao Facebook”, salienta ele. E ressalta: “Sinto-me gratificado por fazer parte desta mídia que me faz ultrapassar minhas expectativas de vida. Adotei uma linha de postagens que caiu no agrado das pessoas. Passo meu tempo no face analisando e refletindo sobre tudo que me chega e adotando uma postura sadia no que posto no Facebook”, explica ele.
A advogada Ana Carlota Almeida, 77 anos, viúva, é uma profissional muito atuante. Ela usa diariamente a internet a trabalho e participa de algumas mídias sociais. “Hoje em dia, acho absolutamente necessário o uso da tecnologia para termos acesso às informações e nos relacionarmos com a família e alguns amigos. Tenho muitos amigos que moram no exterior e uso as mídias sociais para nos comunicarmos”, diz Ana Carlota que é mãe de um filho e tem dois netos. A advogada usa o celular e o computador do escritório para acessar as redes sociais. Ana Carlota possui conta no Facebook, Instagram e utiliza também o WhatsApp.
Fonte:
Agradecimentos:
Fotos: Arquivo Pessoal
Arte/capa: Alecksey Willians
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Rosângela Tanferri diz
Cada vez mais estamos envelhecendo com saúde e lucidez!
E esta tecnologia é para todos, até aqueles que mal sabem ler e escrever, estão super antenados com o mundo virtual!
Parabéns meninas muito boa matéria!
Sulamita diz
Sou santafessulense e ex-aluna do Prof. Adacyr. Adoro suas postagens porque revejo pessoas da minha infância e adolescência e fotos antigas da Sta Fé do meu tempo, tipo Casas Americanas na rua 14! Sou fã de carteirinha!
Roberta Peixoto diz
Mamis como sempre que materia mais gostosa de se ler!!! Achei mto fofo a disposição desse pessoal mais madurinho estar antenado e ativos no universo digital! 🤗🤗🤗🤗❤❤❤
Maria De Fátima . diz
Parabéns Cláudia pela matéria publicada, é uma forma de valorizar nossos idosos e eles se sentirem úteis diante das tecnologias.
Leila Giglio diz
Muito interessante esta matéria! Parabéns aos intrevistados!