Comemorações em pandemia: menores e sem a presença de convidados. Onde faltam abraços sobram criatividade e amor!

Os casamentos mais suntuosos cederam espaço às cerimônias em casa, apenas entre os familiares dos noivos; os aniversários de crianças tomaram formatos inusitados com lembrancinhas dos convidados entregues em suas respectivas residências e depoimentos online (sem faltar bolo e docinhos); noivados foram realizados durante jantar restrito ao  casal e pais; e até chá de bebê teve uma “charreata” de amigas que foram até a casa da avó materna para a entrega das fraldas na garagem da residência, tudo registrado pelos futuros pais ou até por um fotógrafo profissional. Muita gente precisou reinventar-se para não permitir que determinadas datas caíssem no esquecimento e também para não deixar de celebrar datas tão importantes.   Lembrando que todos os eventos seguiram as regras da OMS – Organização Mundial da Saúde, das leis em vigor das prefeituras, inclusive no que se refere ao número de pessoas participantes da cerimônia, com distanciamento social, uso de máscaras, álcool em gel.  O Portal Ideia Delas conversou com algumas pessoas que mantiveram suas comemorações através das novas versões, com menos pessoas, mas com muita alegria!  Conheçam as histórias dessas  celebrações.

Por Elisiê Peixoto

 Um casamento, doze convidados e muita emoção

 

 

“Nós estávamos com a festa marcada para novembro do ano passado e quando percebemos que a situação iria demorar mais do que o esperado para melhorar, resolvemos mudar os planos. Pensamos bastante e a vontade de manter o casamento na data original era grande, então eu e o meu noivo conversamos com a nossa assessora, e resolvemos fazer o casamento, mas de uma forma bem diferente do planejado. Inicialmente pensamos em uma celebração com até 50 pessoas, mas a instabilidade e falta de garantia de que daria certo fizeram com que restringissemos ainda mais, e nos casamos só com a presença dos nossos pais e irmãos, totalizando 12 convidados.

Fizemos tanto o casamento civil, quanto religioso. O nosso sonho era casar na Capela do Colégio Marista, mas se fosse em condições normais, não seria possível, porque a capela é pequena e não iria comportar todos os convidados. Mas nessas novas condições, se tornou o espaço perfeito, ficou uma cerimônia super intimista e muito emocionante! As pessoas mais importantes nas nossas vidas estavam ali! Para a recepção, conseguimos acomodar todos no apartamento dos meus pais e com isso a celebração ficou ainda mais íntima. Foi muito diferente do que seria, caso fosse uma festa grande, porque eu pude escolher tudo nos mínimos detalhes, alugamos móveis e louças e decoramos toda a casa, contratamos um chef para cozinhar e aproveitamos ao máximo a tarde com a nossa família”, relembra Maria Tereza.

Eu posso afirmar que o meu casamento ,sem dúvida ,foi uma experiência completamente diferente. Uma celebração mais descontraída e íntima , mas muito emocionante e especial. Claro que gostaríamos que várias outras pessoas pudessem estar conosco, celebrando este momento tão especial, mas temos certeza que todos estavam em pensamento. Foi um dia inesquecível!” (Maria Tereza Francovig Piazzalunga, psicóloga, 30 anos e Paulo Damo Neto, administrador, 30 anos)

 

Uma carreata de fraldas para Maia

 

 

 

“Por conta da pandemia não teria como convidar muitas pessoas e nem fazer alguma comemoração grande. Mas também não queríamos deixar de fazer alguma coisa para comemorar a data do nosso bebê”, relata Giovanna que passa dias em Londrina, na casa dos pais e ganhou uma linda surpresa! “A Maia está chegando e para não passar em branco, a minha prima Mariana e a minha mãe Romana, fizeram-me uma surpresa. Decidiram fazer algo na casa da minha mãe, mais especificamente na garagem da “vovó” Romana. E foi algo muito divertido, tomamos todos os cuidados e precauções e fizemos um chá de bebê diferente, uma “charreata”. As convidadas passavam de carro para nos entregar as fraldas, e nós entregávamos as lembrancinhas: um kit com coca-cola, e marmitinha com salgadinhos e brigadeiros,  Tudo foi montado na garagem e deu muito certo, foi divertido, pude ver minhas amigas mesmo que de longe, e de alguma forma registramos aquele momento feliz.” (Giovanna Piazzalunga Cesário Simoneti, 30 anos, psicóloga e Leonardo Simoneti, 36 anos, agrônomo) Fotos/Arquivo Pessoal

O aniversário de Noah teve live com os amigos e familiares

 

 

 

“Eu não queria deixar passar branco, esperei até o último minuto para ver se daria para fazer uma comemoração para o primeiro aniversário do Noah”, afirma a mamãe Michele. “Porém, os bufês não estavam atendendo, resolvi fazer na minha casa, fechei a piscina, adequei para não ter aglomeração. A festa foi para 15 pessoas apenas, mas o que eu queria era marcar o primeiro ano de vida do meu filho. Resolvi então fazer uma live e enviei para os convidados, na residência deles, uma caixa com mini bolos, docinhos, algodão doce, petiscos salgados, para eles degustarem no momento da festa. E foi muito legal a receptividade porque participaram virtualmente as crianças, nossos amigos, além das influencers, foi uma experiência única. Teve muitas visualizações, muito compartilhamento, mostrei um pouco da decoração, do bufê, do Noah participando, mostrei os fornecedores, enfim, deu tudo certo. Fiz questão de fazer as máscara e colocar em um kit de lembraçinha também. E na festa tiramos fotos de máscaras para registrar este momento que estamos passando. Assim, quando ele crescer poderá constatar o que vivemos quando ele ainda era pequeno. Mas o intuito maior foi mostrar meu filho para os meus familiares que moram todos em São Paulo e ainda não o conheciam. Infelizmente, com a pandemia, não tivemos como ir e eles não puderam vir. E foi uma emoção ver todos participando da live. Emocionei-me demais! Eu nunca tinha visto uma festa assim. Previamente enviamos as caixas com as lembranças e os convites, e agendamos para às 17 horas o início da festa. E foi muito lindo! Todos participando, comemorando e cantando parabéns, mesmo à  distância.  Valeu muito a pena e o empenho de todos. Temos uma recordação para toda vida!” (Michele Presotto, empresária, dona do salão Studio One) Fotos/Tomé Lopes.

Casamento pequeno, amor em abundância

“Nosso casamento aconteceria em abril e assim que as notícias sobre os primeiros casos de COVID-19 no Brasil começaram a aparecer, em meados de março/2020, meu noivo e eu já Imaginávamos que poderia haver algum impacto, especialmente porque tínhamos muitos convidados de fora (especialmente de São Paulo, de onde é minha família) e idosos também. Imediatamente conversamos com a Patty Urizzi e a Helô Bettoni, nossas assessoras, que foram essenciais para nos ajudar a definir o momento de realmente tomar a decisão do adiamento, e dar início à parte que pode ser a mais delicada: reagendamento de todos os serviços.  No nosso caso, como o adiamento se deu apenas um mês antes da data do casamento, todos os serviços já estavam contratados e a maioria deles integralmente pagos.

Com a indispensável ajuda das assessoras conseguimos reorganizar tudo. À medida que nos aproximávamos da “nova” data do casamento (reagendado para outubro de 2020) percebemos que ainda não seria possível realizá-lo como planejado, com festa, convidados e tudo o mais que principalmente eu (a noiva) havia sonhado tanto”, relata a noiva.

Assim, mais uma vez, as assessoras Patty e da Helô entraram em ação para o casal. “E eu diria, para acalmar os ânimos e o coração de quem, pela segunda vez, não poderia realizar o casamento. Mas realmente não queríamos mais aguardar e todos os fornecedores, sob a batuta da “nossa dupla dinâmica”, foram extremamente receptivos, compreensivos e toparam a ideia de realizarmos o que era possível na ocasião, de acordo com as normas sanitárias então vigentes. A partir daí, tudo começou a se encaixar, dar certo e um novo casamento foi tomando forma. Chegou o grande dia! E o que no início parecia impossível, finalmente aconteceu: tive o casamento mais lindo que eu poderia ter! Foi tão diferente do que pensamos, do que planejamos e contratamos…mas foi muito mais do que eu poderia imaginar. Tudo com muito significado: as pessoas, as palavras, o ambiente. Nem mesmo a falta dos abraços tirou o brilho do nosso casamento porque o essencial, que é o amor, estava ali do início ao fim”. (Maria Célia Nogueira, 40 anos, advogada, e Marcos Bzuneck, 42 anos, analista processual do  Ministério Público Federal) Foto/Johansson Correia

 

Esperando por dias melhores 

As assessoras Paty Urizzi e Helô Bettoni afirmam que o setor em que atuam foi diretamente afetado, e que tudo o que tem enfrentado durante a pandemia como um expressivo abalo financeiro, emocional e psicológico. E que uma reinvenção na qual o contato físico e o expressivo número de pessoas são fundamentais, trabalhar com eventos na atual conjuntura é quase impossível. “Eu e a Helô optamos, neste momento, não fazer eventos nem de micro porte (até 10 pessoas), pensamos que um rito de passagem como um casamento, um aniversário ou qualquer outra comemoração devem ser lembrados pela felicidade, alegria e boas lembranças que proporcionaram, jamais por uma tragédia em decorrência de falta de prevenção”, revela a assessora.

“No ano passado, em outubro, ainda quando se pensava que o vírus estava “mais controlado”, com os índices de contaminação diminuindo e a prefeitura liberando eventos até 50 pessoas, fizemos o micro Wedding da Maria Célia e Marcos, com 33 convidados. A cerimônia religiosa foi na Paróquia Dom Bosco e a pequena recepção no restaurante Serafini. Com este número de convidados (só família e amigos muito íntimos) é possível ter um controle bem real de contaminação ou de pessoas que tiveram contato com algum contaminado.”, explica Patrícia.

“Já este ano, em 2021, com o índice de contaminação só aumentando, o evento presencial foi inteiramente anulado (com qualquer número de pessoas) e surgiram os casamentos ou outras comemorações virtuais ou no formato “drive thru”, para aqueles noivos que não querem esperar 2022, ou que já transferiram a data até três vezes e mudaram o plano de ação.  Seria ao ar livre? Sim, é outra opção, mas existe o controle somente durante a cerimônia religiosa onde todos estão sentados, sem bebida e o momento exige silêncio. Porém,  durante a recepção, perde-se este controle totalmente, pois é ilusão achar que os convidados vão tirar a máscara somente no momento do jantar”.

Por dias melhores

“Nossa área de atuação foi indiscriminadamente afetada, do zelador ao dono da festa, pois, de uma forma ou de outra, as pessoas se aglomeram naturalmente e é considerada “não essencial”. Não digo em relação aos profissionais que trabalham nela, mas onde se executam ações “supérfluas” ou secundárias, que podem esperar tudo isso passar. Como é o caso das festas, baladas, aniversários e etc, que nos fazem imensamente felizes, mas, neste momento, passíveis da doença e até com risco de morte. A nós, profissionais de eventos, resta-nos ser responsáveis. E já estamos na contagem regressiva para a imunização em massa ou “em rebanho” (quando se imuniza pelo menos 70% da população), que será a única opção para voltarmos a trabalhar como antes da COVID-19”, finaliza Paty Urizzi. (Patrícia Urizzi e Heloisa Bettoni, assessoras de casamentos e eventos) Foto/Arquivo Pessoal

 

 

Banner arte/Fernando Peixoto