Por Claudia Costa
Empresários, executivos, músicos, jornalistas, presidentes de instituições e advogados são alguns dos profissionais que viajam muito de avião para realizar seu trabalho. E o que eles acham dos aeroportos brasileiros, sua infraestrutura e serviços oferecidos? O Portal IDEIA DELAS conversou com profissionais de diversos Estados brasileiros que são obrigados a se deslocar pelo Brasil e até para o exterior. Todos são unânimes em afirmar que os nossos aeroportos ainda precisam melhorar muito, assim como os serviços oferecidos.
Segundo pesquisa de satisfação dos passageiros de transporte aéreo divulgada pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o Aeroporto de Curitiba liderava o ranking no quarto trimestre de 2017, com a nota 4,77. O acompanhamento é feito nos 20 terminais responsáveis por 87% da movimentação de passageiros no País e o viajante é consultado sobre diferentes aspectos dos serviços oferecidos, indicando de 1 (muito ruim) a 5 (muito bom).
O Aeroporto de Viracopos registrou a segunda melhor nota (4,76), seguido por Confins e Natal (4,48), Santos Dumont (4,43), Manaus (4,39) e Brasília (4,34). As piores avaliações ficaram com os aeroportos de Florianópolis (3,51), Vitória (3,85) e Salvador (3,91).
A profissão da cantora e pianista Cida Moreira, 66 anos, já a levou para todos os cantos do Brasil e do exterior. “Tenho a felicidade de conhecer o País de Norte a Sul várias vezes”, diz ela. A maioria das viagens é realizada de avião, mas também viaja de carro ou van. Ela mora na capital paulista e normalmente permanece de duas a três horas em aeroportos quando tudo está certo. Atualmente não tem gostado dos serviços oferecidos nos aeroportos, “mas gostaria que os aeroportos oferecessem comida boa e acessível, livros de verdade e informações precisas. Nem água eu tenho consumido”, diz a dama da música popular brasileira. Para passar a hora enquanto não acontece o embarque, ela gosta de ler. Cida Moreira vê os aeroportos como pretensiosamente bons, porém os acha péssimos. Sobre a qualidade dos aeroportos brasileiros em relação aos de outros países, ela sintetiza: “Fora do Brasil são menos metidos a besta e mais funcionais, em todos os sentidos”.
O jornalista Júlio César de Oliveira, 52 anos, trabalha como locutor esportivo na TV Globo ( está atualmente na Rússia cobrindo pela emissora SPORT TV a Copa do Mundo de Futebol), mora no Rio de Janeiro e viaja muito a trabalho para as principais capitais do País. Seu meio de transporte sempre é o avião, permanecendo em média duas horas em cada aeroporto. Seus serviços preferidos nestes locais são os cafés, mas gostaria que houvesse mais livrarias. Costuma sempre comprar jornais e o hábito da leitura é o seu preferido para aguardar o horário do voo. Júlio Cesar acredita que os aeroportos brasileiros melhoraram após as obras da Copa do Mundo de futebol. O jornalista também viaja muito para fora do País e vê que as diferenças dos serviços oferecidos em aeroportos de outros países são mais no tipo de atendimento que se estabelece e pelos padrões culturais do que propriamente na qualidade dos serviços oferecidos. Ele não conhece e nunca usou os serviços de fast sleep, que existem em alguns aeroportos.
O empresário Leonardo Ceccarelli, 39 anos, administrador da empresa de micropigmentação Roberta Peixoto Academy, mora em Londrina (PR), mas viaja muito para a Europa a trabalho. Sua permanência em aeroportos dura em média seis horas e os serviços que ele mais consome são os oferecidos em cafés. Leonardo gostaria que os aeroportos oferecessem lugares para dormir e/ou cinema. Além de consumir alimentos nos aeroportos, algumas vezes faz compras nas duty frees, lojas localizadas nas salas de embarque e desembarque em que os produtos são vendidos com isenção ou redução de impostos. Enquanto aguarda o horário de seu voo, Leonardo costuma ficar navegando na internet. Ele diz que os aeroportos brasileiros são bons, mas que precisam melhorar. Para o empresário, a maior diferença entre os aeroportos de outros países está na agilidade e na infraestrutura dos serviços oferecidos. Ele nunca usou os hotéis que existem em alguns aeroportos no Brasil e no exterior.
A executiva agroindustrial Renata Amano, 44 anos, diretora da Fiação de Seda Bratac, com várias unidades pelo País, mora em Londrina (PR), porém o seu trabalho a leva para muito longe, para a Europa e a Ásia. Ela sempre viaja em aviões comerciais e permanece de três a cinco horas em aeroportos. Os serviços oferecidos nos aeroportos que Renata mais gosta são a sala vip bem-estruturada, finger para acesso à aeronave, informações de tempo e distância até o portão de embarque, prioridade no check-in (se presencial), prioridade de embarque, upgrade de categoria no assento do voo, entrega das compras no duty free diretamente no portão de embarque e pontualidade na decolagem.
A industrial fala sobre alguns serviços que gostaria que fossem oferecidos nos aeroportos: “Retirada de bagagens da esteira e carregadores de bagagens terceirizados, manicure/cabeleireiro, chamada individual para embarque dentro da sala vip, empacotamento de proteção de bagagem gratuito, cadeira motorizada para quem tem necessidades especiais, poltronas massageadoras gratuitas, local para banho e local para dormir em cama por poucas horas, facilidades para passar pela imigração sem filas, garantia de tempo suficiente para conexão”, salienta ela. Renata costuma consumir produtos em suas viagens a trabalho, como os serviços de quick massage, compras em geral (óculos de sol, relógios, fones de ouvido, revistas e livros, acessórios, bolsas, carteiras, lembrancinhas para as crianças). Enquanto aguarda o horário do seu voo, muitas vezes a executiva aproveita para trabalhar, fazer compras de última hora, ler e se alimentar na sala vip. Sobre os aeroportos brasileiros, Amano diz que existe muita oportunidade de melhoria e que não dá para comparar com os de outros países. “É impossível comparar, pois apenas o Aeroporto Internacional de Guarulhos tem uma infraestrutura mínima a ser considerada. E, mesmo assim, é muito inferior à que é oferecida fora do Brasil”, diz ela, explicando que nunca usou hotéis-cápsula, mas os fast hotel nos aeroportos da Turquia e de São Paulo/Guarulhos são boas opções. A melhor alternativa é o Sheraton Hotel do Aeroporto de Malpensa, em Milão, pois consigo voltar de um jantar de negócios em Como e descansar antes do voo internacional que decola logo às 6 horas da manhã e voltar logo pra casa!”, salienta a industrial.
O administrador de empresas e palestrante Paulo Ricardo Diniz, 49 anos, mora em Londrina (PR), mas mantém negócios da Usina de Campeões / Really Experience, na área de educação, no Brasil e no exterior. Seus principais destinos são São Paulo, Belém, Salvador e Orlando/EUA. Paulo Ricardo viaja muito a trabalho e diz que permanece em média duas horas em cada aeroporto que passa. Os serviços que ele mais gosta nestes locais são a sala vip e o hotel interno. Ele diz que gostaria que houvesse sala de cinema nos aeroportos. Paulo Ricardo costuma consumir livros e enquanto aguarda seu voo está sempre lendo, acessando a internet e até assistindo aos filmes da Netflix. Ele acha que em geral os aeroportos nacionais são bons, mas percebe mais variedade de lojas em outros países. Ele também acha os alimentos mais caros por aqui. O professor e palestrante já usou os hotéis dos aeroportos de São Paulo e Curitiba para descansar. “São muito práticos”, salienta ele.
O engenheiro agrônomo Florindo Dalberto, 73 anos, presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), viaja muito a trabalho. Ele mora em Londrina, porém semanalmente está se deslocando para participar de reuniões em diversas cidades brasileiras, como Curitiba, Brasília, e cidades do Paraná onde o Iapar mantém unidades ou realiza eventos e desenvolve parcerias (Ponta Grossa, Guarapuava, Cascavel, Foz do Iguaçu, Paranavaí, Campo Mourão, Umuarama e Maringá, principalmente). As suas viagens ou são de veículo corporativo ou de avião. Ele permanece nos aeroportos brasileiros em média uma hora após a realização do check-in e de duas a três horas quando tem que realizar conexão. Seu consumo nestes locais é mais de lanches e drinques, mas eventualmente realiza pequenas compras como peças de vestuário, cosméticos, livros e revistas. “Gostaria que todos os aeroportos oferecessem uma boa e potente rede wi-fi”, diz o presidente do Iapar. Ele aproveita seu tempo quando está aguardando horário do seu voo para atualizar e responder suas mensagens no celular. Sobre os aeroportos brasileiros, Florindo diz que ainda têm muito que melhorar. “A maioria é sofrível; os privatizados já apresentam alguma melhora”, diz ele, salientando que, como viaja sempre ao exterior a trabalho, consegue perceber quanto ainda precisamos melhorar neste setor. “Viajo ao exterior com certa frequência. Os aeroportos brasileiros estão muito atrás em eficiência, tecnologia, etc. Um exemplo é o tempo de entrega de bagagens. Os aeroportos do mundo são hoje grandes shoppings de alto nível, centros de gastronomia e lazer de alta qualidade”, ressalta. Sobre os serviços dos hotéis fast sleep ele diz que usou apenas uma vez, porém que ainda precisa melhorar o serviço. “Usei uma vez, funcionou como quebra-galho. Faltava algum apoio, como serviço de despertar. Com o sono profundo, não ouvi o som do celular e perdi a hora…”, lembra ele.
O advogado Henry Atique, da empresa Atique & Mello Advogados, com sede em São José do Rio Preto, cidade do Noroeste de São Paulo, viaja muito pelo Estado e também por diversas capitais onde possui clientes, como Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Campo Grande. Quando viaja pelo Estado de São Paulo normalmente vai de carro, entretanto, para as demais localidades, o avião é o seu meio de transporte. Sua permanência nos aeroportos é de uma a quatro horas, dependendo da escala. Nestas ocasiões, os serviços que Henry Atique mais utiliza são os de alimentação e as salas vip. O advogado diz que gostaria que os aeroportos oferecessem serviços que facilitassem o dia a dia, como internet de qualidade e até serviço de engraxate. Na maioria das vezes ele costuma consumir livros, jornais, alguma peça de vestuário e bebidas para casa. Atique explica que aproveita o tempo que está no aeroporto aguardando o voo para trabalhar, responder e-mails, responder mensagens no whatsapp e fazer ligações. O advogado considera ruim a qualidade dos aeroportos brasileiros. “Deixam a desejar em vários quesitos, especialmente organização, espaço, limpeza, serviços oferecidos, atendimento, alimentação, entre outros”, ressalta ele. Para o exterior ele só viaja a lazer, mas é enfático ao afirmar: “Como já fiz algumas viagens turísticas, posso dizer que os aeroportos fora do Brasil são muito melhor equipados em todos os tipos de serviços, especialmente alimentação e lojas de artigos em geral. Atique já usou os hotéis fast sleep no Brasil e achou o serviço excelente. Tanto para descansar durante escalas um pouco mais longas, quanto para pernoitar, quando ocorre de o voo ser cancelado, o que não é incomum, infelizmente”.
A relações-públicas Fernanda Pires, 36 anos, executiva de uma grande rede de shopping center, atualmente mora em Goiânia, mas já residiu em várias cidades do País, como Londrina, Maringá e Curitiba. Ela está sempre se deslocando para participar de reuniões de trabalho, seja no Rio de Janeiro ou São Paulo, e nestas ocasiões o avião é o seu meio de transporte. O tempo de permanência dela em aeroportos dura de duas a quatro horas, dependendo da conexão de precise fazer. Para a executiva, os serviços mais importantes são wi-fi disponível e sanitários limpos, “o que não é muito comum”, reclama ela. Para Fernanda, já estaria de bom tamanho se os serviços essenciais fossem bem-feitos, e também que o aeroporto oferecesse um local confortável para esperar os voos. Em viagens de trabalho ela não costuma consumir em aeroportos, além de alimentos. Enquanto aguarda seu embarque, costuma navegar pela internet, responder e-mails e eventualmente ler algum livro, revista ou jornal. Ela considera bons os aeroportos, mas poderiam ser muito melhores. Os hotéis fast sleep ela acha interessantes quando tem viagens internacionais com grandes escalas.
Agradecimentos:
Arte/capa: Alecksey Willians
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com)
Fontes:
Secretaria Nacional de Aviação Civil – Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil.
Valor Econômico
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