Considerado o mês “rosa”, outubro busca conscientizar sobre o tumor que atinge mulheres e que, se detectado no início, tem 90% de chances de cura. O Portal Ideia Delas conversou com mulheres que venceram a doença e dão seus testemunhos
Por Elisiê Peixoto
Elas têm algo em comum. Enfrentaram com fé, coragem e determinação o diagnóstico de câncer de mama. São mulheres com idades diferentes, estilos de vida, profissões, atividades diversas. Mas que receberam uma notícia devastadora em momentos cruciais da vida. Uma muito jovem e que acabara de se tornar mãe, outra vivenciando a experiência de ser avó. Outra, ainda, num momento profissional excelente, retornando de férias. E outra, com filhas adolescentes e que sempre priorizou uma vida saudável. Essas guerreiras enfrentaram o câncer de mama, o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência tem crescido.
Várias campanhas têm sido feitas para o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno que salvam pacientes. Leninha, Cristiana, Denise e Silvia alertam para a necessidade dos exames de rotina e a campanha Outubro Rosa busca dar a conscientização para as mulheres. A mobilização, que começou nos Estados Unidos, hoje acontece em várias cidades ao redor do mundo. Sempre é necessário falar sobre o assunto e trazer à tona depoimentos que encorajam mulheres que vivem com essa doença. Quanto mais cedo o câncer de mama for descoberto, mais chance de cura total existe.
Maria Helena Berbet (Leninha) teve o diagnóstico em 2014. Fez mastectomia radical e quimioterapia. Ela conta sua trajetória. “Minha neta bateu a cabeça no meu peito e ficou muito dolorido. Fui à ginecologista e ela de imediato pediu um exame de ultrassom. Naquele momento senti que era algo péssimo. Desde quando peguei o resultado da biopsia, os preparativos para uma cirurgia de emergência começaram. Lembro-me que o susto foi tão grande que ficamos todos sem reação, creio que desde a descoberta até a cirurgia fiquei anestesiada, mas fui em frente. Depois da operação, bem-sucedida, iniciei a quimioterapia. Tive queda de cabelo, mas nenhum efeito colateral. Durante todo o tempo fui acompanhada por um tratamento ortomolecular e ozonioterapia que me proporcionaram uma boa qualidade de vida. A experiência disso tudo é que senti a força de Deus o tempo todo comigo. E isso foi muito importante para vencer.”
Cristiana Veronesi (Kity), 44 anos, é italiana e tem duas filhas. No começo de 2017, tomando banho, percebeu um nódulo na mama direita. Ela relata sua luta que começou em abril: “Quando recebi o diagnóstico, meu mundo desabou. Ninguém na minha família teve câncer de mama e sempre procurei ter uma vida saudável, cuido da alimentação, pratico exercício regular, amo a corrida e não tenho vícios. Meu pai faleceu de câncer no intestino com 65 anos (naquela época eu tinha 25 anos) e quatro anos antes havia perdido minha irmã Antonella. Enfrentamos muita coisa e talvez por isso não tenha conseguido contar à minha mãe logo no início. Não queria vê-la passando por uma situação assim e nem as minhas filhas. Mas precisei contar e com a ajuda de uma grande amiga, a dra. Priscila Garcia Figueiredo, passei por todas as consultas e exames. Fui operada um mês após o diagnóstico feito pelo dr. Walter Jorge Sobrinho, uma pessoa de fundamental importância, meu mastologista, que me ensinou a enfrentar o problema com um passo de cada vez. Isso foi essencial para mim.” Cristiana estava com axilas livres, um tumor de um centímetro, grau 1, na mama direita. “Pele, mamilo e auréola intactos, dei início ao tratamento anti-hormônio, mas com indicação de quimioterapia devido ao imuno-histoquímico ter apresentado her 2 positivo. Comecei a quimioterapia em junho de 2017, fiz yoga e agarrei-me a Deus, família, filhas”, relembra.
Por que comigo?
Cristiana conta que, ao saber do diagnóstico, um primo lhe disse: “Kitty, sei que você vai sair disso rapidinho, não tenho dúvidas, mas o que me preocupa é o que a fez ficar assim”. “Isso foi fundamental na minha recuperação. Algumas vezes perguntava a Deus a razão de eu estar passando por essa doença, mas hoje sei que não são as perguntas certas. Com certeza, Ele quer me ensinar algo e espera fé nessas etapas que estou vencendo. Uma coisa que aprendi com o sofrimento e a fragilidade da vida é que nos tornamos mais empáticos e cuidadosos uns com os outros. Esta luta tem sido a minha montanha mais alta e a escalada tem me dado surpresas boas e que me ajudam a superar com força e fé.”
Denise Borges Alonge, 32 anos, designer de interiores, enfrentou duas vezes a retirada de nódulos. ‘A primeira em 2010 e a segunda em 2014, e todas as vezes descobri durante o banho, ao realizar o exame de toque nos seios. Foram realizadas cirurgias para a retirada dos nódulos, uso de algumas medicações e mudanças de hábitos. Minha reação aos medicamentos e a cirurgia foram muito tranquilas, sem problemas, e a mudança de hábito foi para melhorar o dia a dia. Na primeira vez, em 2010, eu estava com uma bebê com 1 ano e poucos meses. Já não amamentava, porém meus seios estavam em mudança constantemente, foi quando notei o primeiro nódulo. Nessa época, o mastologista alertou que, como o nódulo era pequeno (3 cm), poderia ser uma calcificação, gordura, entre outros fatores e preferiu marcar uma cirurgia para retirá-lo. Enfrentei muito bem! Tinha em mente que era leite ou gordura. Mas era um pequeno linfoma. Foi retirado, tudo tranquilo. Não sobrou nada e continuei o tratamento apenas medicando, tomando hormônio e fazendo exames com frequência. Em 2014, o mesmo aconteceu, agora nas duas mamas. Parte das mamas foi retirada, mas o tratamento foi o mesmo e incluindo a mudança de hábitos alimentares”, comenta Denise.
Para ela, o maior incentivo veio da família e por isso não se abateu. “Eu fiquei mais forte. E hoje tenho mais empatia com as coisas e com as pessoas. Mais sensibilidade com o que me agrada. Eu já dava muito valor à vida e a todos a minha volta e esta experiência me fez entender melhor o que esse valor significa”, revela. Ela conclui deixando um recado às mulheres: “Não deixem de se cuidar. Os exames anuais me ajudaram a encontrar os nódulos cedo e por isso não sofri com tratamentos fortes. Não se assustem com o tratamento e confiem na equipe médica. São os anjos ajudando”.
A dentista Silvia Veras também enfrentou o câncer de mama. De bem com a vida e com muita disposição enfrentou a doença com fé. “Eu estava chegando das férias na praia e estava feliz, descansada, pronta para recomeçar o ano e a maratona de trabalho no consultório. Mas estava incomodada com um caroço na mama direita que havia crescido nos últimos meses. Minha médica havia falado que era uma zona de empastamento, nada de grave. Então relaxei. Porém, naquele finalzinho de férias, comentei com a minha mãe que estava preocupada porque sentia um caroço grande. Sou evangélica e creio num Deus do impossível e que cura. Por isso, não me desesperei. Chegando da praia fui direto à minha ginecologista que me enviou imediatamente para o laboratório onde foi feito o agulhamento para a biopsia. Quando saiu o resultado, estava com câncer. O tumor tinha quase quatro centímetros. Fui operada no começo de 2004 pelos médicos Walter Jorge Sobrinho e Ricardo Strang. Foi feita uma abertura no mamilo da mama direita, como uma semilua. O silicone que tinha serviu de barreira para o câncer não se alastrar. Foi feita a cirurgia, meus linfos estavam limpos e minha mama foi conservada. Durante o tratamento de quimioterapia passei muito mal. Fiz quatro quimios e cerca de 40 radioterapias. Não esperei meu cabelo cair, raspei logo no início do tratamento. E não deixei isso me abalar, usava turbantes lindos e coloridos. E, logo que meu cabelo começou a crescer, tirei o turbante e assumi meu cabelinho raspado, usava gel e não me entristeceu o fato de ficar careca. Sabia que era durante um tempo. Costumo dizer às mulheres que descobrem o diagnóstico de câncer de mama que não há impossíveis para o Senhor. E é nesta hora dura que precisamos exercer nossa fé. Isso agrada a Deus. Temos que declarar que estamos curadas porque nossas palavras têm poder. Eu cri na minha cura!”
(Fotos/Arquivo Pessoal. Arte/Fernando Peixoto)
Claudia Costa diz
Mulheres maravilhosas, guerreiras, corajosas, obrigado por compartilhar conosco essas experiências tão doloridas , mas de uma grande contribuição para todas nós. O exemplo de vocês é uma luz neste túnel da vida. O câncer de mama é uma doença preocupante, mas como é bom saber que vocês venceram essa luta. Parabéns Elisiê pela matéria.
Wagner Donadio diz
Muito bom… essas mulheres e tantas outras merecem nosso respeito e apoio sempre!!!
Ana Claudia Maistro Bornal diz
Parabéns mulheres guerreiras, são de pessoas como vocês que o mundo precisa mais a cada dia. Mulheres fortes e que não tem medo de enfrentar as situações mais adversas que a vida proporciona. Mulheres que não se calam, que dão seu testemunho sem medo de ser feliz. Vocês são o suporte de muitas mulheres que enfrentam essa mesma luta hoje. Parabéns e que Deus continue derramando suas bençãos na vida de cada uma.
maria cristina toledo siqueira de toledo diz
Parabéns mulheres lindas por contarem dos medos, coragem e da vitória diante do câncer! Parabéns Elisiê Peixoto e Claudia Costa por estarem à frente do Portal Ideia Delas, com tantos assuntos urgentes e informações corretas que enriquecem nosso dia a dia!