Por Elisiê Peixoto
A gente não sabe de tanta coisa, não é mesmo? E acreditamos que estamos à altura de ensinar, contar experiências e ainda apontar os erros dos outros. Quanta ignorância. Estamos aprendendo aos dez e aos cem anos.
Esses dias, escutando uma música que adoro cantarolar dirigindo, trabalhando e até fazendo nada, surpreendi-me com o fato de cantar uma estrofe de maneira errada, com a letra errada. Pensei comigo: “Há anos canto essa música e só hoje percebi que falo uma palavra errada”? Acabei rindo de mim mesma, e emendei: “Elisiê, você, nesta altura da vida, ainda aprendendo”!
E me veio a ideia para a crônica. Porque a gente chega num estágio da vida em que tudo é tão lógico e natural. Porque os erros já foram cometidos, a lição foi aprendida, a experiência foi adquirida, achamos saber tudo. Acreditamos piamente que temos domínio de qualquer situação, conhecimento o suficiente para enfrentar os percalços, somos os melhores para aconselhar (não faça isso, faça aquilo), observamos as atitudes erradas do outro e damos aquele sorrisinho ao esboçar: “Já vivi tudo isso e sei onde vai dar”. Meu amigo, minha amiga, a verdade é que não sabemos nada e que aprender até morrer faz parte da nossa história.
Cantar uma letra errada por anos é um exemplo pequeno, mas que me fez refletir de como erramos e não percebemos. E continuamos por muito tempo perseverando no erro, quando, na verdade, precisamos estar abertos sempre para corrigir erros, mesmo que para isso precisemos “baixar a crista” e ter humildade suficiente. Que a vida não passa a mão na cabeça de ninguém, a gente já sabe. Mas, se não aprendermos algo com isso, que fim teremos?
A gente não sabe de tanta coisa, não é mesmo? E acreditamos que estamos à altura de ensinar, contar experiências e ainda apontar os erros dos outros. Quanta ignorância. Estamos aprendendo aos dez e aos cem anos. Alguma experiência não vivemos ainda e a vida pode nos colocar em xeque-mate, em uma situação arriscada e da qual não sabemos como nos livrar dela. E isso pode acontecer aos 80 anos. Não é só gente jovem que erra.
Creio que devemos aprender que tudo tem o seu tempo e precisamos, sim, dar o espaço necessário. E que aprender não nos coloca em posição inferior, que observar algo bom ou ruim sempre ensina, que existe um fluxo natural que nos faz ricos e pobres em experiência. Reconhecer erros e aprender com eles nos acrescenta. Pode ser uma simples letra de música interpretada de forma errada até uma atitude intempestiva que comprometeu um tempo da nossa vida.
Garanto que não existe uma pessoa na vida que não falhe na tentativa de acertar. A cada vez que eu entrava em casa chorando porque tirava nota baixa nas provas escolares, meu pai falava: “Sabe qual a melhor coisa do erro? Ele nos ensina a acertar. Agora você já sabe”.
Revisão: Jackson Liasch
Foto: Pixabay
Geo montoza diz
Amiga, o erro faz mesmo parte do início do processo de aprendizagem…Que salutar. Bela crônica.