Por Claudia Costa
A vida como comunicador de João Batista Faria, 74 anos, popularmente conhecido por JB Faria, começou por acaso quando ele acompanhou sua mãe, dona Albertina, na Rádio Clube de Londrina para assistir ao programa em homenagem ao Dia das Mães comandado pelo radialista Jurandir Panza. Na ocasião, JB Faria foi convidado por um amigo que trabalhava na emissora para fazer radioescuta aos domingos. Na época, ele trabalhava na Caixa Econômica Federal, empresa na qual atuou por seis anos.
Mineiro de São Sebastião do Paraíso, JB Faria mudou-se para Londrina ainda bebê, aos 11 meses. É filho de Albertina e Antônio Faria Neto e irmão de Maria Inez e José Luiz Faria. O radialista fala com orgulho da família, em especial do pai, Antônio, que trabalhava na Cia. Nacional de Seguros Ipiranga. Deles herdou a fé católica. Seu pai participou ativamente como voluntário das atividades e trabalhos dos Irmãos Vicentinos, Sociedade de Vida Apostólica.
Seu primeiro emprego foi em uma serralheria aos 14 anos, depois em uma loja de secos e molhados e aos 16 anos foi atuar na Caixa Econômica Federal. Formou-se pela Faculdade Estadual de Direito de Londrina, mas nunca trabalhou nesta área, foi atuando no microfone que encontrou sua verdadeira vocação. JB é casado há 51 anos com Dirce, com quem tem três filhos: Carlos Alberto, Adriana e André Gustavo; e quatro netos: Mariana, Pedro, Antônio e Rafaela.
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Em maio de 1962, quando começou a trabalhar na equipe de José Maria de Brito, na Rádio Clube, sugeriram que ele adotasse o nome profissional de JB Faria, já que João Batista era um nome que não tinha uma boa sonoridade para o rádio. Desde então, ele é conhecido por todos como JB Faria, nome que é referência no radiojornalismo em Londrina. “Pouquíssimas pessoas me chamavam de João, dentre elas o ex-prefeito de Londrina, dr. Wilson Moreira, e o monsenhor Bernardo. Até em casa sou chamado como JB”, explica o radialista que também é conhecido pela população de Londrina como o JB da Rádio Paiquerê (FM 91,7).
Trabalho em televisão
No final de 1960, quando a rede Globo começou a transmitir o Jornal Nacional ao vivo, JB Faria trabalhou na TV Coroados (retransmissora da Globo em Londrina), onde apresentava um comentário de esporte, após a veiculação de uma novela (gravada) e antes da entrada do vivo do Jornal Nacional. Todas as filiadas transmitiam esse comentário esportivo. No Rio de Janeiro era o João Saldanha, em Curitiba era Vinicius Coelho, e em Londrina era o JB Faria. “Essa experiência me deu uma agilidade de microfone incrível. O técnico dizia você ‘deve’ ter três minutos para apresentar o comentário, de repente ele levantava a mão e avisava que teria somente mais 15 segundos para finalizar o comentário e entrar a transmissão ao vivo do Jornal Nacional”, relembra o comentarista. Foi nessa época que ele teve que se afastar dos microfones por 60 dias, pois teve início de tuberculose “Em 1971, a temperatura no estúdio da TV era muito alta, girando entre 65 e 71 graus Celsius. E o inverno era forte em Londrina naquela época. Comecei a ter problemas de garganta e febre. Quando medicado, a febre parava, fui consultar com o dr. Anísio Figueiredo que me encaminhou para o dr. Luiz Carlos Coelho Neto Jeolás, médico pneumologista e cirurgião torácico, e este após alguns exames diagnosticou que eu estava com começo de tuberculose. Tive que parar de trabalhar por 60 dias”, relembra ele.
Quando a Rádio Clube de Londrina encerrou sua programação esportiva, JB Faria foi trabalhar na Rádio Londrina na equipe chamada “A majestade do esporte”, sob o comando de José Maria de Brito e a participação do Fiori Luiz, Tatinha e Dorival Gimenez.
Rádio Paiquerê
A emissora de rádio Paiquerê foi fundada em 1957, na Rua Maranhão, em cima do Café Ouro Verde. A concessão da rádio foi para Pedro de Alcântara Worms e Samuel Silveira, que possuíam várias emissoras no Paraná (Rede Paranaense de Rádio). Na época da eleição do prefeito de Londrina, dr. Dalton Fonseca Paranaguá (gestão 1969/1972), pelo partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a emissora foi vendida para um grupo político que visava fortalecer a candidatura de Paranaguá. O grupo era comandado pelo empresário Orlando Mayrink Goes. Em 1970, a Paiquerê foi passada para outro grupo político, tendo o comando de Álvaro Dias, além de João Conceição, Osvaldo Macedo, Romeu Curi, Délio César, Antenor Aparecido Próspero e Nello Lainetti. Estes não eram grandes administradores e acabaram em 1972 convidando para administrar a emissora a empresa Elo Publicidade, de propriedade de três profissionais de rádio: João Correia Filho, Ricardo Spinosa e JB Faria. Nesse período, a Elo Publicidade já representava comercialmente várias emissoras de Londrina (Atalaia, Cruzeiro do Sul e a própria Paiquerê). No ano seguinte, os proprietários da Elo adquiriram 50% das cotas da rádio e três anos depois totalizaram os 100%. Em 1976, João Correia Filho desligou-se da sociedade e a Rádio Paiquerê ficou com Ricardo Spinosa e JB Faria. Em 1999, JB e Ricardo Spinosa desfizeram a sociedade.
O comentarista JB Faria comanda diariamente, das 7 às 9h20m, o “Jornal da Manhã”, e às 11h30m o programa “Paiquerê Rádio Opinião”. Em outubro de 2018, o “Jornal da Manhã” completou sua edição número 14 mil. É o mais tradicional programa jornalístico de Londrina e da região Norte do Paraná. Ele está no ar há 45 anos, sempre divulgando e cobrando providências para as autoridades para os problemas que afligem a população londrinense. O programa traz diariamente matérias sobre o dia a dia de Londrina, notícias do Paraná e do Brasil, e conta com a participação de autoridades, ouvintes e internautas.
Futebol & Eleições
Sob o comando de JB Faria, a Rádio Paiquerê cobriu sete Copas do Mundo de Futebol: Itália (1990), 1994 (EUA), França (1998), Japão e Coreia (2002), Alemanha (2006), África (2010) e Brasil (2014). “Nossa equipe é de ponta no esporte. No início tivemos a parceria de algumas emissoras, como a Rádio Globo de São Paulo, tendo o apoio, o incentivo e a amizade do locutor esportivo Osmar Santos. Em 1990, na Copa da Itália, a Paiquerê fez a sua primeira cobertura solo. “Enviamos nove profissionais”, relembra JB Faria, orgulhoso com o trabalho desenvolvido. Ele diz que o futebol mudou muito e que as transmissões desses eventos esportivos ficaram praticamente inviáveis por causa da venda de direitos para as transmissões.
Os jogos e o dia a dia do time do Londrina Esporte Clube são destaque na programação esportiva da rádio. “A Paiquerê é 100% Londrina e temos orgulho disso”, salienta ele.
A cobertura jornalística das eleições pela rádio Paiquerê sempre teve muita audiência e importância para o londrinense. “A nossa primeira cobertura eleitoral foi na década de 60, após o mandato do prefeito Osken de Novaes. A apuração era muito demorada, pois não havia instituto de pesquisa. Eu fazia a prévia eleitoral com gravador e o repórter da Paiquerê saía pelos bairros fazendo a pesquisa. A apuração era em cédulas e colocávamos uma pessoa da nossa equipe em cada mesa, copiando o resultado e passando para nós. Fazíamos uma apuração paralela com os dados levantados pela equipe”, relembra o radialista.
O comentarista recorda que na primeira eleição de Antônio Belinati contra o José Tavares para prefeito de Londrina, o Belinati ganhou o pleito por apenas 834 votos. A TV Coroados fez a cobertura em parceria com a Paiquerê. “O Rubens Ávila, diretor de jornalismo da TV Coroados, estava preocupado com o resultado final que divulgamos. Acertamos o nome do eleito, mas o resultado final dos votos erramos, na apuração paralela, por 30 votos. Entretanto, todas as emissoras de televisão e a própria Folha de Londrina divulgaram os dados da apuração da Paiquerê, sem dar o crédito. Naquela época não era costume divulgar o crédito”, relembra ele.
JB Faria salienta que nunca fez política partidária e que sua política é pelo bem de Londrina. Ele fala da satisfação de trabalhar no rádio. “É algo maravilhoso. A resposta do ouvinte é imediata e estamos ligados a todos os setores da cidade de Londrina, cobrando providências de problemas que afligem a população. Todos os profissionais da Paiquerê agem com responsabilidade”, salienta ele.
O radialista JMateus é um dos grandes parceiros profissionais de JB Faria
Agradecimentos:
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Arte-capa : Vladmir Farias- (43) 98401-3175. email : pdfmatriz@gmail.com
Captação de Imagens/vídeo: Lucas Costa Milanez
Fotos: Arquivo pessoal
Edna diz
Sou Mara Fernandes, acompanhei a carreira do J. B desde o inicio, ele era jovem quando começou na TV Coroados, era chamado de “garoto
Prodígio “, se não me falha a memória por Aymore Clay!!!
A gente chamava aquele curto
tempo, de enxer linguiça, q antecedia a entrada do jornal Nacional