Em meio ao cenário de crise no país, cada vez mais pessoas decidem por deixar o Brasil em busca de oportunidades
Por Elisiê Peixoto
Estima-se que quatro milhões de brasileiros morem no exterior. Porém, o número é impossível de ser apurado com exatidão, pois grande parte deles está na ilegalidade. A maioria decola em busca de boas condições de vida, a fim de tentar melhor remuneração em uma moeda mais valorizada ou porque quer experimentar a aventura da cultura e dos hábitos diferentes num país desenvolvido. E os Estados Unidos continuam sendo a preferência, tanto de jovens como de pessoas maduras. Sabe-se que mais de um milhão de brasileiros residem em solo norte-americano, grande parte deles na Flórida. Segundo estatísticas, nos últimos anos, a desilusão com a situação política e a taxa de desemprego elevada são os maiores indicadores para os brasileiros fazerem as malas definitivamente. Os jovens são os primeiros que pensam em ir embora. Muitos recém-formados enfrentam o desemprego e a falta de expectativas.
Nos Estados Unidos
Fernanda Cintra, 27 anos, deixou um emprego sólido numa indústria farmacêutica, em São Paulo, cansada da rotina estressante e em busca de novos horizontes. “Pedi demissão do meu emprego e decolei para a Flórida. Tentei mudar internamente para outras áreas na empresa, mas não consegui. Aquilo estava me entristecendo. Como falo inglês e como o Brasil não está aberto para oportunidades de emprego, encontrei nos Estados Unidos uma chance. Estou em Fort Lauderdale fazendo um curso de inglês, por enquanto não trabalho, mesmo porque, arrumar emprego nos Estados Unidos está complicado. Mas decidi que não ficarei ilegal. Agora aproveito a oportunidade que tenho e viver aqui é ótimo”. Estima-se que cerca de 100 mil brasileiros se mudaram para a Flórida, desde 2014, elevando o número de imigrantes do País no Estado americano.
Maria Fuganti, 26 anos, natural de Londrina (PR), está morando em Nova York há dois meses. “Depois que me formei e trabalhei alguns anos em São Paulo, quis fazer uma especialização fora do País. Minha amiga me convidou para morar com ela em Barcelona, mas a Espanha não estava nos meus planos. Estava indecisa, quando minha mãe comentou que havia encontrado, dentro da Bíblia, um bilhete, datado de 2010, com metas escritas por mim. Entre elas, morar em Nova York. Foi o sinal que eu precisava. Estou muito feliz residindo aqui. Sou apaixonada pela energia deste lugar, estou estudando inglês e marketing digital, comecei a fazer estágio na revista Lifestyle e em menos de duas semanas realizei dois sonhos: estudar e trabalhar. Nos finais de semana, caminho pelo Soho, assisto à missa na igreja Saint Patrick’s, vou ao Brooklyn, curto o pôr do sol em Manhattan e tomo drinques no Westlight Rooftop. Como não amar esta cidade?”
O cardiologista Carlos Marinelli tem 52 anos, é casado com a dentista Claudiane Bulgacov Marinelli. Eles residem em Tampa desde 1989. Carlos trabalha no Florida Medical Clinic. “Como médico, creio que a diferença entre atuar nos Estados Unidos e no Brasil, concentra-se no avanço tecnológico e na disponibilidade de recursos que são muito melhores nos Estados Unidos. A profissão médica é altamente regulamentada aqui e cada estado tem as suas próprias regras. O diploma do médico brasileiro só é aceito nos Estados Unidos depois do profissional ter passado por três exames distintos e rigorosos, os “boards”. Só assim o profissional ingressa num programa de residência médica para ter o treinamento necessário para tirar a “licença médica” e praticar a profissão. Não tive problemas de adaptação, os americanos são vistos como mais “frios” do que os brasileiros, mas depois de algum tempo de convivência se tornam afetuosos e cordiais. Aqui não existe o “jeitinho brasileiro”. Para quem está disposto a se mudar para outro país, aconselho a se preparar o melhor possível e estar pronto para as dificuldades e até fracassos. Porém, o empenho vale a pena”. O casal tem uma filha de 34 anos, Christine, advogada, e que mora em Tampa. E um neto de 5 anos, Russel Benjamin.
Com a cara e a coragem
Há quem se mude para o exterior visando empreender, abrir um negócio, apostar todas as fichas e até economias. Mas nem sempre o resultado vem no curto prazo, afinal é necessário, antes de mais nada, entender a cultura local e ver quais, verdadeiramente, são os produtos e serviços que atendam às necessidades de um público com hábitos e costumes diferentes. Foi o caso da cabeleireira Rubia Moraes, que mora em Paris há dez anos. “Cheguei sem falar uma palavra em francês, com a cara e a coragem. Mas observei que eles não conheciam a escova progressiva brasileira. E, como eu trabalhava nessa área, comecei a divulgar o trabalho. O início foi muito difícil, várias vezes fui humilhada por ser imigrante e não saber o idioma. Mas resisti e hoje tenho a minha própria empresa, minha própria marca que faz sucesso na Europa, Emirados Árabes, África. Eu e meu marido trabalhamos muito e com seriedade, queremos vender para o mundo todo. Estou realizada e feliz nesta cidade linda! Mas sei que Deus tem nos abençoado e, hoje, posso dizer que excelentes salões parisienses trabalham com a nossa marca.”
O casal Carla Maccarini Paulucci e Murilo Paulucci, ambos com 33 anos, há dez anos na Europa, está bem empregado e radicado. Ela relata sua experiência. “Trabalho como customer experience & marketing manager na American Express. Basicamente, sou a responsável por desenvolver a estratégia internacional de comunicação American Express para os cartões Platinum e Gold e distribuir no mercado. Meu marido atua na mesma empresa, como marketing manager. Mudei-me para Londres em 2007. Fui motivada por um interesse de conhecer novas culturas, já havia feito intercâmbio nos Estados Unidos, mas queria algo focado no desenvolvimento da minha carreira profissional. Pesquisei bolsas de estudos e oportunidades de estágios fora do Brasil. E fui à luta”, ressalta. Murilo residiu em Gênova antes de se mudar para Londres. ‘Quando me formei na faculdade, decidi que era o melhor momento para passar um tempo fora do País. Como tenho um tio que mora na Itália, minha mãe sugeriu que eu fosse passar um tempo com a família e aproveitar para tirar a minha cidadania italiana. Aprendi a falar italiano fluente e tirei minha cidadania europeia, mas depois de seis meses resolvi mudar para Londres porque as oportunidades de trabalho são melhores. Londres é uma cidade muito mais interessante.” Ele completa dando um conselho para quem pretende morar fora do País. “Você vai sair da sua zona de conforto! Abrace a oportunidade, aprenda o máximo possível, defina planos para o curto e para o longo prazo. Seus planos provavelmente irão mudar no meio do caminho, mas pelo menos você tem uma ideia até onde quer chegar.”
No Japão
Não é de hoje que a crise desperta brasileiros para novos horizontes. E o Japão, assim como os Estados Unidos e Europa, também está nas estatísticas. Hoje, cerca de 250 mil brasileiros vivem no Japão, grande parte trabalhando em linhas de montagem. Em 2007, antes da crise econômica, este número chegou a quase 320 mil. A grande maioria voltou ao Brasil nos anos 2008/2009 e após o terremoto de março de 2011. Kelly Takeuchi deixou Londrina para viver no Japão quando tinha 17 anos. Assim como tantos outros jovens, foi em busca de melhores oportunidades de vida. “Moro no Japão há 20 anos. Comecei trabalhando em fábricas de auto peças, produtos alimentícios, entre outros. No início tudo muito interessante, culturas distintas e sofrendo por estar tão longe da família, mas nunca deixei de lutar por algo melhor. Sonhava com o dia, em que iria me destacar no mercado da beleza e trabalhei duro para isso acontecer. Aqui os costumes são outros, tudo muito rígido, regrado, não é nada fácil para um estrangeiro abrir seu próprio negócio. Há nove anos comecei o que amo fazer na área da estética facial e corporal. Estudei numa escola renomada no Japão e não parei mais. Atualmente tenho a minha clinica na província de Aichi-ken Kariya-Shi, fica perto da capital de Nagoya. E atendo a todas denominações estrangeiras, com muita seriedade”.
Ana Lucia diz
Acho maravilhoso quem tem a coragem e oportunidade de estudar e/ou trabalhar em outro país. Conhecer novas culturas, lugares e pessoas diferentes e poder vivenciar tudo isso é enriquecedor. Adorei a matéria !!
Sandra Piazzalunga diz
Muito bacana saber das experiências desses brasileiros pelo.mundo afora !!! A matéria com certeza serve de estímulo e orientação.p.aqueles q sonham em viver fora do Brasil !!!
Gregory Rodrigues diz
Admiro a pessoa ousada e determinada que mora no Exterior. Deixa família, casa, país para tentar a vida lá fora. E uma grande parcela conquista seus sonhos. Quem tem essa determinação merece ter sucesso, porque sabemos que nada é de graça! Parabéns Elisiê Peixoto pela matéria. Sempre te acompanhando no Portal!
Sissi diz
É muito bom ler as experiências de outras pessoas, embora cada um tenha uma sempre haverá situações semelhantes, Ótima matéria.
Rozangela Ortiz diz
Maravilhosa Materia, serve de estimulo para quem pensa em tentar a vida fora do País. Parabéns Elisiê pela matéria, admiro pessoas q não tem medo de buscar uma vida melhor fora, parabéns!!!!
Roberta Peixoto diz
Nosssa que demais esta reportagem!!! Lendo assim dá tannnntaaa vontade de morar fora! NY ou Londres! Fiquei feliz em rever minha amiga Carlinha e minha aluna Kelly. Beijos pras duas! 😍❤💋
Nadia Essada diz
Sempre tive o sonho de morar fora, mas a vida me levou a outros caminhos. Hoje com a situação do país de mal a pior, vontade não falta de tentar viver em outro país. Apesar de não sermos mais jovens eu e meu marido volta e meia conversamos a respeito
Luciane Daher diz
Parabéns pela matéria!
Mas, mesmo assim Ainda acredito no Brasil! Temos um país lindo, abençoado por Deus, rico em diversidades, etnias, capaz de abraçar o sonho de qualquer um, mesmo porquê, nosso país é imenso em área, podendo oferecer inúmeras oportunidades. Estive recentemente em Gramado e nos foi passado q lá e arredores só não trabalha quem não quer, que sobram empregos em todas as áreas, enfim Elisiê sou patriota, mas admiro esses q deixam o país em busca de oportunidades e se realizam…
Andre Luz diz
Muito obrigado por essa maravilhosa reportagem. Nós agradecemos pelo carinho.
Obrigado amigas
Rubia Moraes diz
Muito obrigado amigas. Fiquei lisonjeada em ler minha história. Deus continue abençoando vocês.
Grace Arrabal diz
Parabéns, adorei a matéria Elisie, acredito que a busca pela segurança e valorização profissional faz com que muitos procurem outros países; estória de luta e sucesso,parabéns pela conquista,parabéns pela realização!