Este ano, para as comemorações do Dia Mundial do Lúpus em 10 de maio, a World Lupus Federation escolheu como tema: “vamos tornar o lúpus visível” usando o poder das redes sociais para mostrar ao mundo as muitas faces do lúpus e o impacto desta doença autoimune debilitante. O lúpus é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, ou seja, o sistema imunológico não consegue diferenciar os agentes nocivos (vírus, bactérias, germes) dos tecidos saudáveis do corpo, criando auto anticorpos que atacam e destroem o tecido saudável. Esses auto anticorpos causam inflamação e dor e podem danificar praticamente qualquer parte do corpo, incluindo pele, coração, pulmões, rins e cérebro.
Por Claudia Costa
Caracterizado principalmente por ulcerações e manchas na pele, o lúpus é uma doença autoimune que acomete, em sua maioria, a mulher em idade fértil. Para cada homem com lúpus, há nove mulheres acometidas. O grupo de mulheres em idade fértil, dos 20 aos 40 anos, é que apresenta a maior incidência. Crianças também podem ter a doença, que não é transmissível.
As doenças autoimunes são aquelas em que as defesas do organismo atacam o próprio corpo. O lúpus pode aparecer só na pele (lúpus eritematoso cutâneo), porém pode afetar outros órgãos (lúpus eritematoso sistêmico), como as articulações, os rins, as células do sangue, a camada que envolve o coração e os pulmões, o intestino e até o cérebro, mas nem sempre a doença ataca todos os órgãos.
Segundo a médica reumatologista Cacilda Nakamura, as causas do aparecimento da doença são multifatoriais. “São vários fatores que, juntos, fazem a doença surgir. Existe o fator genético e os hormônios femininos, principalmente o estrógeno, também podem ter papel no desencadeamento da doença. A luz ultravioleta, vinda do Sol ou de lâmpadas, é um fator bem importante e conhecido como gatilho para crises do lúpus, tanto o de pele como o sistêmico. Alguns medicamentos também podem causar a doença. Por isso, é muito importante o médico saber sobre todos os remédios que a pessoa usa ou já usou”, salienta a especialista.
Diagnóstico

O diagnóstico da doença é clínico, porém alguns exames, como o de sangue, podem auxiliar o médico a fechar o diagnóstico. A Sociedade Paranaense de Reumatologia salienta que existem critérios para diagnosticar uma pessoa com lúpus. É sempre necessário que tenha algum sintoma e mais de um exame de sangue alterado. Só o exame de sangue alterado não dá o diagnóstico. Isso é muito comum, por exemplo, com o exame de FAN. O FAN positivo não quer dizer que a pessoa tenha a doença. A biopsia do órgão acometido pode ajudar, e muito. A biopsia de pele e, sobretudo, a dos rins, algumas vezes é necessária para o diagnóstico correto.
Tratamento
A doença não tem cura. O principal objetivo do tratamento é colocá-la em remissão (ausência de sinais da doença). O tratamento é realizado com medicações que diminuem a imunidade do corpo, ou seja, são medicamentos imunossupressores. Cada órgão afetado tem seu tratamento específico.
Existem vários fatores para que o médico reumatologista decida entre um ou outro medicamento. O tempo de tratamento também varia, dependendo da agressividade da doença.
Evitar a exposição ao Sol e à luz ultravioleta de lâmpadas é imprescindível. Isso se faz não só com filtro solar, mas também com o uso de chapéu, mangas compridas e, principalmente, evitando a exposição.
A médica Cacilda Nakamura explica que a mulher com lúpus pode ter filhos, porém salienta que é importante que a doença esteja sob controle antes de engravidar.
Pacientes falam sobre a doença
A maquiadora Roberta Peixoto faz tratamento contra o Lúpus há 8 anos.
Associação Feminina é Hora de Viver
” Desde 2010 venho lutando por melhorias na vida dos doentes de lúpus. Depois de sofrer muito preconceito e desrespeito, decidi lutar por nossos direitos. Passei dois anos e meio batendo nas portas dos vereadores de Londrina, para que eles entendessem que não somos culpadas por termos essa doença.
A secretária da Mulher, Sonia Medeiros (na gestão do prefeito Alexandre Kireeff – 2013/2016) abraçou a causa e me apresentou à então vereadora Elza Correia, que nos apadrinhou. Ela elaborou um projeto de lei estabelecendo que o dia 10 de maio – Dia Mundial de Atenção aos Doentes com Lúpus – fizesse parte do Calendário Oficial de Londrina. Nossa cidade foi a primeira do Brasil a ter essa data oficializada e, no período de 1º a 10 de maio, o Município de Londrina tem que apresentar informações sobre o lúpus em todos os meios de comunicação.

Nosso maior objetivo é conseguir um local, uma casa de apoio, para os portadores dessa doença, onde a gente possa trazer apoio não somente ao doente mas também para sua família, que sofre tanto quanto.
Participo de 68 grupos de lúpicos em todo o mundo, incentivando as nossas amigas a não ficarem no anonimato. Representei Londrina contando minha luta no livro “Meninas que Adestram Lobos”, da autora Mara Chan, que também é lúpica. Nossa luta é contínua. Todos os dias!”, Sandra de Souza, presidente da Associação Feminina É Hora de Viver.
Fontes:
- Sociedade Brasileira de Reumatologia
- Sociedade Paranaense de Reumatologia
- Associação Feminina É Hora de Viver
- *** Matéria original com a médica reumatologista Cacilda Nakamura foi produzida em 2017, mas atualizada neste dia de hoje sobre o Dia Mundial do Lúpus.
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