Todos os animais que tiveram ou possuem qualquer alteração oftalmológica devem passar por uma consulta de avaliação a cada seis meses.
Por Claudia Costa
As doenças oftalmológicas em animais domésticos de pequeno porte – cães e gatos – são mais comuns do que se imagina. A visão é um importante sentido para os animais e, por isso, o quanto antes for identificada qualquer doença nos olhos dos animais, melhor para um tratamento adequado e eficaz.
Segundo Rodrigo René Jorquera Tormen, médico-veterinário com especialização em Oftalmologia e Microcirurgia Ocular, as principais doenças oftalmológicas dos cães e gatos são as alterações na conformação das pálpebras, déficit de lágrimas, lesões de córnea e processos inflamatórios. “No caso das alterações da conformação das pálpebras, normalmente são de origem congênita (o animal nasce com essa característica). Também podem ter causas secundárias como as sequelas de lacerações de pálpebras provocadas por brigas, atropelamentos ou traumas em geral”, explica o especialista que atende em Londrina (PR) e em São José dos Campos (SP).
O veterinário salienta que as raças braquicéfalas (focinho achatado,) caninas e felinas estão mais predispostas a apresentar o problema. “Estas alterações de conformação produzem um direcionamento de pelos e cílios sobre a superfície ocular, o que causa desconforto, inflamação e pigmentação de córnea e, frequentemente, até lesões de superfície. Em geral, essas alterações requerem tratamento cirúrgico”, enfatiza Rodrigo Tormen.
Já o déficit de lágrima normalmente afeta os cães sem uma predisposição de raça específica, causando irritação, remela, opacidade de córnea, olhos vermelhos, fechamento das pálpebras. Esse problema deve ser diagnosticado por um especialista e tratado o mais breve possível, pois pode causar déficit visual irreversível. Os tratamentos visam aumentar a quantidade e melhorar a qualidade da lágrima, sendo de muita importância para dar conforto e bem-estar ao paciente.
Tratamentos
As lesões de córnea ou “úlceras” afetam cães e gatos, e acontecem frequentemente em função de traumas externos ou autolacerações (quando o animal está com muito desconforto ocular e para tentar aliviar ele se coça causando a lesão). As raças braquicéfalas caninas estão mais predispostas devido à conformação oculofacial, pois os olhos estão mais expostos, sendo mais fácil acontecer traumas. As úlceras devem ser avaliadas rapidamente para determinar extensão, profundidade e os fatores complicantes como contaminação bacteriana.
Os tratamentos são divididos em farmacológicos, principalmente com colírios e analgésicos orais, e microcirúrgicos, em que acontecem os recobrimentos com conjuntivas, membranas biológicas, flap de córnea e outras. A principal característica da microcirurgia é a manipulação da córnea, realizando reconstrução com suturas, instrumental e equipamentos altamente especializado (microscópio cirúrgico). O principal objetivo é reparar as estruturas anatômicas e preservar a transparência da córnea.
Segundo Rodrigo René Jorquera Tormen, os processos inflamatórios afetam caninos e felinos sem predisposição de raças. “Suas causas são variadas, sendo importante um trabalho específico para tentar definir o motivo desta inflamação e um rápido controle deste quadro clínico. As principais sequelas de inflamação intraocular não tratadas ou controladas são cataratas, descolamento de retina, aderência das estruturas intraoculares, glaucoma e cegueira”, salienta o especialista.
A catarata é uma doença silenciosa e responsável pela perda de visão nos pets. Ela é causada por alterações nas lentes dos olhos que, em vez de serem cristalinas, vão ficando mais esbranquiçadas. A luz não consegue chegar na retina. Essa doença acontece tanto em caninos como nos felinos e suas causas são variadas, dentre elas as genéticas, congênitas, traumáticas, secundária a inflamação intraocular, metabólicas (diabetes mellitus), farmacológicas, radiação UV. O principal sinal clínico é a perda da transparência do cristalino, dificultando a passagem da luz desde o ambiente até a retina onde se produz nos fotorreceptores a transformação do estímulo luminoso em impulso elétrico, causando déficit visual e até cegueira. O diagnóstico de catarata deve ser realizado por oftalmologista veterinário com uso de oftalmoscópio. “O único tratamento aceito na atualidade para restabelecer a transparência e a visão é a cirurgia de facoemulsificação, mesma técnica utilizada na oftalmologia humana. Mas é importante esclarecer que muitas vezes o procedimento de facoemulsificação pode ser inviável por múltiplos fatores, sendo importantíssimo o tratamento da inflamação intraocular que sempre está associada à catarata, para evitar assim descolamentos de retina e glaucoma”, explica o veterinário oftalmológico.
Todos os animais que tiveram ou possuem qualquer alteração oftalmológica devem passar por uma consulta de avaliação a cada seis meses. Já nos pets saudáveis sempre é recomendável avaliações anuais para detectar eventuais alterações.
Serviço:
Em Londrina
Clínica Veterinária Nippovet
Prof. João Cândido, 938 – Centro, (43) 3304-0505, Londrina (PR)
Em São José dos Campos
Clínica Veterinária Carinho de Bicho – Unidade Parque Industrial
Av. Paraíso, 90 – (12) 3937-5388, Parque Industrial, São José dos Campos (SP)
Revisão: Jackson Liasch (fone (43) 99944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com
Elias diz
Olá Claudia !
Excelente matéria.
O Théo , nosso Golden retriever já está com 6 anos e por desconhecimento não o levamos a uma consulta com um especialista nesta área.
Valeu pela dica e, Parabéns mais uma vez pelo seu trabalho.
Claudia Costa diz
Obrigado Elias pelo apoio. Um grande abraço no Théo!!