Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, técnicos de enfermagem e diversos profissionais que atuam no seguimento da saúde como a faxineira, porteiro, telefonista, e setores como compras dentre outros, além de profissionais como os jornalistas, motoristas, policiais, têm um papel fundamental neste momento em que enfrentamos uma pandemia provocada pelo Coronavírus (Covid-19). Nesta matéria, alguns falam como tem sido a sua rotina de trabalho, o medo que as vezes sentem e os cuidados que adotam para se proteger. O Portal IDEIA DELAS agradece a todos eles que representam os milhares de profissionais que estão enfrentando essa pandemia, cuidando da saúde das pessoas, levando informação, transportando alimentos, dentre outras atividades.
Por Claudia Costa
André Costa Correia, 32 anos, solteiro, médico, morador de Maceió (Alagoas)
“Eu trabalho na emergência adulta e pediátrica do Hospital Maceió, onde atuamos com uma equipe multidisciplinar. Para prevenir o contágio do coronavírus usamos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) composto por máscara N95, gorro, luvas, capote, e propé (sapatilha de proteção para os pés).
Um outro serviço eletivo onde eu trabalhava está fechado temporariamente por causa desta pandemia.
Eu não estou com medo desta pandemia, pois adoto todas as medidas preventivas. Quando eu chego em casa eu retiro a roupa que uso no hospital e coloco em um saco plástico, higienizo-me e evito contato físico com familiares”.
Marcia Schleier, enfermeira no Massachusetts General Hospital em Boston- Estados Unidos
A enfermeira Marcia Schleier, 54 anos, casada, mãe de uma filha, moradora na cidade de Boston, nos Estados Unidos, trabalha no departamento de cirurgia cardíaca. “Eu trabalho no Massachusetts General Hospital assistindo cirurgias cardíacas, com uma equipe de sete a dez pessoas na sala de cirurgia. Todos nós temos que fazer uma auto avaliação dos sintomas do Covid-19 antes de chegar ao hospital. Logo na entrada do hospital, devemos mostrar o crachá e os resultados da autoavaliação de sintomas. Depois, colocamos desinfetante nas mãos, ai recebemos uma máscara, que devemos usar o tempo todo. Na sala de operações, já usamos uniformes completo, touca, máscaras, proteção para os pés, luvas e óculos o tempo todo. E o mais importante: lavar as mãos, manter seis pés de distância entre cada um de nós. No hospital só entra funcionários. Visitantes não é permitido. Estamos esperando o pior nas próximas duas semanas. As estimativas do governo são que no melhor cenário, vão morrer de 100 a 240 mil pessoas vítimas do Covid-19 nos Estados Unidos”.
Não fiquei nenhum dia sem trabalhar, pois sou considerada “essencial “, mas estamos fazendo apenas, cirurgias cardíacas de emergência, e assistindo os pacientes com Covid-19 e outros pacientes que precisam ECMO support. Eu sinto medo desta pandemia, principalmente, por causa da minha família. É uma zona de guerra, nós não podemos ver o inimigo. É muito estressante. A roupa que se usa no hospital (os scrubs) fica por lá. Então, não me preocupo com a roupa. Deixo os sapatos pela porta antes de entrar em minha residência. Imediatamente quando chego em casa já lavo as mãos. Também desinfeto toda a compra do supermercado e qualquer pacote, uso Q-boa e água. Proteja-se, mantenha a distância física e social. Deus proteja a todos”. A informação relatada aqui é uma opinião pessoal e não do hospital”.
A jornalista Ivani Flora, mora no Rio de Janeiro, onde é correspondente do SIC – Canal de Notícias Português.
A jornalista Ivani Flora, 54 anos, casada, mãe de dois filhos, trabalha no Rio de Janeiro como correspondente do SIC – Canal de Notícia Português. Ela atua juntamente com um cinegrafista.
“Atualmente faço reportagens sobre o coronavírus no Brasil. Não fiquei nenhum dia sem trabalhar, pelo contrário, estamos trabalhando mais. Logo no início dos casos da doença retirei a espuma do microfone para facilitar a higienização e também troquei o microfone de mão pelo direcional. Em casa faço muita limpeza com água sanitária, álcool gel nas maçanetas, torneiras e lugares mais sujeitos a contaminação. Realizamos higienização em tudo que vem de fora, até no jornal de papel passo álcool na capa, antes de ler.
Quando possível uso imagens das agências. Tenho entrevistado especialistas virtualmente. Quando chego em casa vou direto para o banho e uso muito álcool em gel. Pelas informações dos especialistas, acredito que teremos alguns meses em que será necessário o isolamento social. Eu acho que uma das coisas mais dramáticas nessa pandemia é as pessoas não poderem estarem juntas e se abraçarem em momentos difíceis”.
Clóvis Kuwahara, médico gastroenterologista em Londrina
Clóvis Kuwahara, médico gastroenterologista, 50 anos, casado, pai de dois filhos, mora em Londrina. Além de atender no consultório, o médico trabalha no Hospital Universitário e ministra aulas no curso de medicina da PUC.
“A prevenção no consultório é semelhante em qualquer outro lugar: lavar as mãos, uso de álcool gel, ventilação de ambiente. No HU (Hospital Universitário), há equipamentos de proteção individual específico para realização de exames endoscópicos.
Há o receio de contaminação em especial no HU pois é o hospital de referência para o COVID 19. Mas faz parte da nossa profissão! Adoto alguns cuidados básico ao chegar e ao chegar em casa, retiro o calçado, depois vou ao banho e troco de roupas.”
Caty Mileny é jornalista na TV Record, no Distrito Federal – Brasília
Caty Mileny Garcia da Silva ,60 anos, divorciada, dois filhos. É jornalista em Brasília, Editora de texto na Record TV.
“Trabalho na redação da TV com 120 profissionais. A emissora fez um revezamento para reduzir o número de pessoas ao mesmo tempo na Redação. Mudou horários e colocou alguns profissionais em home office. Eu estou trabalhando em home office. Verifico o texto de repórteres, sugiro mudança, envio para aprovação na cabeça de Rede, devolvo para os repórteres gravarem. Não saio de casa, além do estritamente necessário. E quando saio, na volta pra casa tiro os sapatos, coloco a roupa pra lavar, tomo banho e desinfeto tudo o que tiver trazido com álcool gel. A pandemia deve durar ainda pelo menos um mês. Haverá muitas mortes. Economia em recessão. É, mais uma vez, os mais pobres serão os mais atingidos. Fiquei os 10 primeiros dias sem trabalhar porque ninguém sabia ao certo o que fazer.”
Marly Cristina Bilibio – Enfermeira em Londrina no Centro de Apoio Geriátrico
A enfermeira Marly Cristina Bilibio, 54 anos, casada, mãe de um filho, diretora do Centro de Apoio Geriátrico em Londrina.
“Para prevenir o contágio do Coronavírus nos seguimos as orientações do Ministério da Saúde e a normatização da prefeitura Municipal de Londrina e Londrina e uso equipamentos de Proteção Individual (EPIs): gorro, máscara, luvas, avental descartável e óculos protetor.
Embora existam protocolos que direcionam os procedimentos, considero a situação da pandemia extremamente tensa e estressante, já que estamos vivenciando momentos que jamais foram vividos pela nossa faixa etária. Tenho medo sim como todas as pessoas. É uma pandemia, com uma avalanche de informações todos os dias. Porém, como gestora tenho que transmitir confiança e tranquilidade aos meus colaboradores e como profissional escolhi a arte de cuidar e não vou abandonar os que precisam de cuidados. Tenho medo desse inimigo invisível que pode atingir os pacientes institucionalizados, colaboradores, familiares e amigos. Mas a minha fé é maior e acredito que tudo isso logo vai passar e nos tornar cidadãos melhores, que daremos mais importância ao estar junto, ao abraço, aos relacionamentos. Até hoje não fiquei nenhum dia sem trabalhar. Minha clientela é o principal grupo de risco. Atendemos idosos na faixa etária entre 62 e 102 anos com comorbidades, e como gestora é necessário coordenar e liderar toda a equipe.
Além de todos as orientações do Ministério da Saúde, como: tirar os sapatos antes de entrar em casa, deixar minhas roupas separadas na lavanderia (trocar de roupas todos os dias), tomar banho e lavar os cabelos, tenho tido muito cuidado em não sair de casa a não ser para trabalhar. Nunca mais visitei minha mãe que é idosa.
Mas quero deixar um recado para todos que estão nessa batalha: Estamos afastados fisicamente, mas isso não significa que estamos afastados emocionalmente. Vamos aprender com tudo isso, logo tudo vai passar”.
O empresário Orley Souza -transportadora de alimentos – Curitiba
O empresário Orley Souza, 54 anos, divorciado, pais de três filhos adultos, mora em Curitiba.
“Eu trabalho com cargas peletizadas, com produtos de alimentos não perecíveis, e tenho quatro funcionários trabalhando como motoristas. Nós estamos adotamos alguns cuidados como manter a distância de dois metros um do outro, além disso usamos máscaras e sempre temos em mãos álcool gel, além de lavarmos as mãos com água e sabão várias vezes ao dia. Adotamos muitos cuidados para prevenir o contágio do vírus. A nossa expectativa é que possamos superar essa pandemia o mais breve possível. Não paramos de trabalhar nenhum dia, pois temos de dar conta de abastecer diversos supermercados.
Todos nós podemos ter, o Covid-19 é um vírus mortal e pior, poder transmitir para outra pessoa. Moro sozinho e minha roupa eu levo para lavanderia”.
Caty Mileny é jornalista na TV Record– Distrito Federal – Brasília
Caty Mileny Garcia da Silva ,60 anos, divorciada, dois filhos, jornalista em Brasília, Editora de texto na Record TV.
“Trabalho na redação da TV com 120 profissionais. A emissora fez um revezamento para reduzir o número de pessoas ao mesmo tempo na Redação. Mudou horários e colocou alguns profissionais em home office. Eu estou trabalhando em home office. Verifico o texto de repórteres, sugiro mudança, envio para aprovação na cabeça de Rede, devolvo para os repórteres gravarem. Não saio de casa, além do estritamente necessário. E quando saio, na volta pra casa tiro os sapatos, coloco a roupa pra lavar, tomo banho e desinfeto tudo o que tiver trazido com álcool gel. A pandemia deve durar ainda pelo menos um mês. Haverá muitas mortes. Economia em recessão. É, mais uma vez, os mais pobres serão os mais atingidos. Fiquei os 10 primeiros dias sem trabalhar porque ninguém sabia ao certo o que fazer.”
Juliana Campos é Enfermeira no Hospital de Câncer em Londrina
Juliana Campos, 42 anos, divorciada, mãe de uma garota, ela é enfermeira Hospital do Câncer de Londrina, onde coordena a equipe de enfermagem, técnicos de enfermagem, administrativos e a equipe de transporte.
“Para se prevenir do contagio eu faço o uso adequado de EPIS e lavagem das mãos.
A minha expectativa frente a essa pandemia é que o contágio seja lentificado para não ocorrer um caos nos serviços de saúde. Estamos trabalhando muito mais. Eu também sinto medo. Meus familiares saíram de casa. Eu troco a roupa para ir para meu apartamento e roupas e sapatos são lavados todos os dias.”
Maurício Vieira, enfermeiro Maceió – Alagoas
O enfermeiro Maurício Vieira, 41 anos, morador em Maceió (AL), mora com sua companheira, pai de três filhos (07, 04 e 03 anos) de um relacionamento anterior.
“Sou técnico de análises clínicas e enfermeiro generalista formado pela faculdade Estácio. Atualmente eu trabalho na urgência e emergência de um hospital em Maceió, onde atuo como enfermeiro padrão liderando uma equipe técnica nos cuidados clínicos, físicos e as vezes psicológicos dos nossos pacientes.
Eu entendo que um enfermeiro nunca trabalha só, ninguém nunca verá um enfermeiro segurando sozinho um paciente clinicamente incapaz de deambular nas suas costas ou em seu colo, sempre haverá uma equipe segurando confortavelmente aquele cliente para que não caia ou se machuque;
Eu tenho muito cuidado com meus EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais), desde a sua correta colocação, utilização e retirada, no manejo com os pacientes. A retirada dos equipamentos requer atenção redobrada, pois é nesse momento que pode haver grande chance de contaminação, lavo sempre as mãos a cada paciente atendido e higienizo bem os equipamentos de uso coletivo também é muito importante. Adotamos todos os cuidados que venhamos praticar, além de nos proteger, pois estamos prevenindo uma contaminação cruzada, por exemplo.
Mantenho as mesmas expectativas de sempre, tudo vai passar, iremos controlar essa situação, continuarei cuidando das outras pessoas como se fosse a mim mesmo, mantenho a calma, porque o pânico não nos leva a decisões corretas, só nos direciona ao erro e mantendo a fé.
Graças a Deus não faltei ao trabalho, nem por doença, nem por medo, pelo contrário, sempre chego mais cedo pensando que meus colegas possam estar precisando de ajuda naquele momento.
Sei o que estamos enfrentando e por isso mesmo tenho bastante cuidado e adotei algumas medidas para proteger minha família. Tomo banho e troco de roupa no trabalho, tenho higienizado meus sapatos quando estou saindo do trabalho e sempre os deixo meus calçados dentro do carro. Ao chegar em casa calço uma sandália que também fica dentro do carro, no último degrau deixo a sandália e entro em casa descalço, vou direto para o banheiro tomar outro banho; evito tocar em mãos e saudações com beijos e abraços, objetos e equipamentos de trabalho (oxímetro de dedo, carimbo, etc.) ficam sempre na mala do carro e fico sempre atento a minha saúde.
Sempre haverá perigos para enfrentarmos e o coronavírus não pode te escravizar ao medo, a ponto de te fazer esquecer o próximo, motivo maior que te levou a ser quem você é”.
Agradecimento:
Arte capa: Vladmmir Fernandes – fone 43 998401- 3175 pdfmatriz@gmail.com
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