A vida passa rápido, não é mesmo? Quando se é jovem, a vida é desfrutada de forma plena, sem muita atenção para o futuro. À medida que o tempo vai passando, a idade vai chegando… as reflexões também. Quantas vezes não paramos para analisar: qual foi a decisão mais dura da minha vida? Ela acabou sendo a decisão correta? E se eu tivesse permanecido naquele emprego? Por que será que me casei tão jovem? Por que deixei tudo para trás? Fiz a escolha certa ao me divorciar? E se eu tivesse viajado mais? Por que não fiz o curso que eu queria? São muitas perguntas, algumas se perdem no tempo e não chegamos a uma conclusão, mesmo depois de mais velhos. Outras, sabemos que foram assertivas para o resto da vida. O Ideia Delas conversou com mulheres e homens de diferentes profissões e idades para saber quais as decisões boas, que trouxeram realizações, e outras, que somaram algumas frustrações. No final, sabe-se que a vida é feita de incertezas. Mas que ainda vale a pena. Vamos acompanhar seus relatos?
Por Elisiê Peixoto
“Das perguntas que me fazem, e para aqueles que circulam entre vários grupos sociais, e não são poucas, as que mais geram incômodo vinculam-se às escolhas. Eu, tão refém do acaso, vejo que decisão e destino são indissociáveis de um ambiente saudável criado no fazer o bem. Obviamente, em muitos momentos não vivi assim, por isso tomei decisões equivocadas. A principal – ainda na infância – foi não ter permitido, embebedado pelos ciúmes, que minha irmã fosse minha amiga, como a própria queria, fato que construiu em mim, conforme amigas psicólogas, uma barreira não só com ela mas também com outras pessoas da relação familiar. Penso que a decisão de restringir a proximidade com familiares, além de ser uma das mágoas que carrego, é origem para outros problemas que tenho. Mas se a vida é uma média, a minha, mesmo errante, teve várias escolhas assertivas. Apreciar a leitura desde cedo foi uma delas. Essa decisão, bem verdade, não foi minha, mas de minha mãe, amante de livros e de vinhos. E de meu pai, apaixonado por contos e poesia. Enquanto uns jogavam videogame, entretinha-me nas Aventuras do Tintim, ou, às vezes, rabiscando versos de amor para namoradas imaginárias. O gosto pela leitura (e pelo vinho), exercitado diariamente, é o que me motiva e dá um sabor no aprender. Todo o resto, que faz a minha vida ser boa, teve origem nesse hábito criado num ambiente saudável cheio de bem-fazer.” (Eduardo Vargas, 34 anos, jornalista, engenheiro civil, mestre em Desenvolvimento Regional e empresário, mora em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)
“A melhor decisão da minha vida foi ter me casado, tornar-me mãe, ter constituído uma família. A pior decisão foi ter me mudado, naquela época, para Curitiba porque segui a carreira do meu marido, mas afastei-me do meu pai e irmãs. Foi muito difícil, somos unidos. Mas, hoje, amo Curitiba, sou feliz aqui.” (Valeria Moraes Rego Pereira, 55 anos, mora em Curitiba, Paraná)
Para Luan Reis mudar de cidade foi uma opção de vida que acarretou grandes mudanças, umas boas e outras nem tanto. “Mas o lado positivo prevaleceu”, comenta ele.“Considerando toda a minha trajetória de vida, a minha melhor decisão foi ter arriscado em largar a minha vida no Norte para tentar uma vida melhor no Sudeste. Deixei tudo, inicialmente, para estudar jornalismo em Minas Gerais. E, depois, larguei, novamente, para entrar na empresa em que trabalho em São Paulo. Foi uma difícil decisão largar amigos e uma bagagem imensa de histórias no Norte, senti-me perdido, sozinho, desamparado, o que dificultou a minha adaptação. Para ser sincero, ainda estou em processo. Mas foi uma assertiva decisão porque pude me desenvolver profissionalmente, tive oportunidade de conhecer pessoas incríveis como o meu namorado, por exemplo. Foi uma opção de vida que acarretou grandes mudanças, umas boas e outras nem tanto, mas o lado positivo prevaleceu. Talvez a pior decisão foi não ter investido mais tempo para resolver pendências familiares, cresci sendo um adolescente muito rebelde e me afastei de muita gente da minha vida, inclusive da minha família. Tive muitos motivos para isso, e certamente esses conflitos me afetam em áreas que eu nem imaginava, por conta dessa relação conturbada. Atualmente, tenho uma relação maior com a minha mãe. Mas as feridas levam tempo para cicatrizar. A sensação que tenho é que se, talvez, eu tivesse me esforçado, lá no início, tudo teria sido remediado. Mas um dia, certamente, tudo será.” (Luan Reis, 29 anos, analista de prevenção e fraude, mora em São Paulo, capital)
“Sou formada em Administração de Empresas, mas o meu sonho era ser professora de educação infantil e ter uma escolinha. Mas nada disso foi possível, pois meus pais já trabalhavam juntos na Imobiliária Ventura e senti que ‘alguém’ teria que dar continuidade aos negócios. Talvez esta tenha sido uma decisão que me frustrou. Mas, em compensação, meus pais me deram grandes oportunidades de viagens e conhecer lugares incríveis. Curti muita minha juventude e assim me casando aos 31 anos, com Manoel Gustavo Pavanelo, uma pessoa incrível e que chegou para acrescentar coisas boas em minha vida. Temos um filho de 10 anos, chamado Francisco, e que nos dá muitas alegrias. Tive muita vontade de ter mais um filho, porém deixei meu sonho de lado quando perdi meu pai, logo após o nascimento do meu filho. Foi quando minha vida mudou, cresci e amadureci. Eu e minha mãe fechamos o ciclo da nossa empresa, foi a melhor decisão da vida, porque fui buscar novas oportunidades e experiências. Trabalhei com Miriam Patrial e depois com a magia da televisão. Atualmente trabalho na Câmara Municipal de Londrina, sou assessora da única mulher vereadora de nossa cidade. Aprendo diariamente coisas que me fazem crescer como pessoa e ter empatia com o próximo. Aquele meu sonho de ser professora infantil…, ah!, este eu não esqueci. Mas Deus me presenteou. Cuido e evangelizo crianças na minha paróquia. Tudo acontece no tempo de Deus e Ele sempre prepara o melhor.” (Flávia Magalhães Ventura, 44 anos, assessora, mora em Londrina, Paraná)
“Quando criança, meu sonho era ser bailarina, mas o meu pai não aceitou. Eu deixei o meu sonho, foi uma decisão que me frustrou. Em compensação, sou professora aposentada de língua portuguesa e literatura brasileira, fui professora de música, acordeonista, fui diretora de colégio, e fiz uma carreira expressiva na televisão. Comecei em maio de 1978, na TV Coroados, afiliada da Rede Globo, uma jornada televisiva que dura até hoje. Foi a melhor decisão da minha vida optar por essa carreira. Outra realização foi a maternidade. Tenho três filhos, Carlos Cesar, Marcia e Marize, tenho cinco netos e um bisneto com 8 anos. Sou muito grata a Deus pela profissão que Ele me deu. Estou temporariamente afastada por causa da pandemia, mas certamente voltarei a trabalhar.” (Mafalda Cortez Bongiovanni, 75 anos, apresentadora, mora em Londrina, Paraná)
“A melhor decisão da minha vida foi ter me tornado mãe. E a pior decisão foi não ter ido morar fora do Brasil.” (Rosana Cavalcante, psicóloga, 63 anos, mora em Brasília, Distrito Federal)
“A pior decisão foi não me aventurar para fora do Brasil e conhecer mais lugares. A melhor foi me aventurar para o Amapá, em 1998, um lugar que eu não conhecia. Vim em busca de oportunidade de trabalho, foi quando montei uma nova vida e assim trouxe toda a minha família para Macapá e tenho dois filhos. Minha irmã é deputada estadual pela terceira vez, delegada de polícia, meu cunhado é governador, tornei-me funcionária pública federal. Sinto-me desbravadora porque, quando cheguei aqui, havia cinco arquitetos e a única que traçava urbanismo era eu. Por isso tenho muitos projetos urbanos realizados. Fiz teologia universalista, que não é focado em uma religião, mas claro que eu me especializo na minha, que tem origem oriental e espiritualista. Sou uma das diretoras da Companhia de Água e Esgoto do Estado do Amapá, CAESA.” (Magaly Brito Bezerra Xavier, 58 anos, arquiteta e urbanista com especialização em auditoria e perícia ambiental, mora em Macapá, Amapá)
“Fazemos muitas opções na vida e elas têm que ser pensadas. Fui mãe em tempo integral, embora tivesse babá, empregada, mas creio que os filhos necessitam de boa formação, investi neles e deixei minhas aspirações de lado. Mas também fiz coisas que me agregaram, como conhecer o Brasil, viajar, antes de conhecer outros países, e fiz isso por muitos anos. Desejei fazer faculdade de Belas Artes, mas naquela época era considerado excêntrico, não tinha futuro. Estudei decoração e secretariado. A pior decisão foi ter vivido um casamento no qual não era completa, por causa dos filhos e da comodidade de uma vida de ótimo padrão permaneci. Depois de separada, e aos 50 anos, investi num relacionamento que deu certo. Conheci o Enrique através de um site de relacionamento, em menos de seis meses estávamos morando juntos, dois anos depois nos casamos. Hoje afirmo que foi a decisão mais certa da minha vida! Estamos juntos há 16 anos e todos os dias temos motivos de agradecimento a Deus. Troquei bens materiais por valores eternos, o supérfluo pelo importante. Nunca tive sonhos, vivo um dia de cada vez e só tenho dependência dos planos de Deus que me dirigem.” (Tatjana Videira Molina, personal organizer, mora em Londrina, Paraná)
Fotos Arquivo Pessoal/ Foto capa: Pixabay
Revisão: Jackson Liasch
Mafalda diz
Excelente . Gostei muito de todos . Como é bom ver e saber que as pessoas têm seus sonhos e que muitas vezes não realizados! Mas não se frustam.
Rozangela diz
Parabéns excelente matéria. Vcs como sempre arrasando nos temas 👏🏻👏🏻👏🏻
Rosi diz
Amei!❤