Ninguém merece levar grosseria, estupidez, palavra atravessada porque o outro bateu o carro, brigou na empresa, discutiu com a vizinha, está devendo no banco. Existe um limite para tudo isso
Por Elisiê Peixoto
Tenho dois filhos, um completamente diferente do outro em relação a temperamento. A menina é comunicativa, amorosa, chora à toa, emocional, muito parecida com a mãe. O menino, meu caçula, é exatamente o oposto: introspectivo, quieto, guarda sentimentos, é de poucas palavras e expressa carinho de forma única e diferenciada. Criei ambos exatamente com a mesma educação, princípios, valores. Convivemos bem com as diferenças, mesmo porque conheço meus filhos só de olhar. E também porque, em qualquer relação, respeito tem que existir. Nem sempre concordamos em tudo, mas aceitamos a forma de viver e de pensar de cada um. Se não for assim, a vida familiar vira um caos total.
Porém, existe algo que precisa ser revisto e alertado entre amigos, parentes, namorados, marido e mulher. E que, independente de temperamentos, acontece com todo mortal. Então vamos ao que interessa: ninguém tem culpa do que acontece de ruim com a sua vida. E saco de pancada só é muito bom para treinar boxe. Ninguém merece levar grosseria, estupidez, palavra atravessada porque o outro bateu o carro, brigou na empresa, discutiu com a vizinha, está devendo no banco. Existe um limite para tudo isso.
É certo que nesses períodos ficamos com os nervos à flor da pele, nossa sensibilidade fica comprometida, as emoções afloram, tudo parece conspirar contra. E acabamos desabando e descontando naquele que está mais próximo ou que, sem saber como e por que, cruza o nosso caminho. Mas eu garanto que descarregar a sua decepção e angústia nas outras pessoas não é a melhor forma de convivência.
Não sei você, mas a minha melhor forma de expressar um desapontamento, uma decepção ou uma dor, ainda é o choro. Emoções expressadas através das lágrimas, para mim, são emoções superadas. Incrível como chorar me alivia e não permite que eu vá além. Costumo dizer que desconfio de quem não derrama uma lágrima, porque sempre acho que lágrimas guardadas se transformam em grosserias reveladas. Até porque não costumo me privar do riso e do choro.
Também não apoio gente que, numa grosseria disfarçada de sinceridade, fala o que dá na telha. Esse tipo de comportamento me assusta. Acho uma total falta de educação e de respeito e, vamos combinar, há comentários disfarçados de sinceros que não edificam em absolutamente nada. As palavras têm peso e podem ser algo destrutivo. Observo que pessoas que agem assim estão sempre patinando e ninguém as quer por perto. E, para encerrar, um pedido de desculpas desmonta até um elefante bravo. Policiar nossas ações, rever alguns conceitos e superar desentendimentos tornam a vida mais leve. Você não conseguirá confrontar alguém de forma produtiva se devolver na mesma moeda, com grosseria e arrogância. Lembre-se, o problema não é você, mas a outra pessoa. Por isso, ser saco de pancada não é a melhor opção.
Sandra Piazzalunga diz
…” tbém.não.apoio gente que, numa grosseria disfarçada de sinceridade, fala o que dá na telha “. Idem, idem, idem !!!! Falou tudo amiga …belo texto !!! 👏👏👏👏👏👏👏👏
Vivian Valente diz
Perfeito Elisiê! Essa ” tal sinceridade a” pra mim é falta de educação. Nossa sinceridade não pode agredir o outro. É a questão de ser saco de pancada, acho que as pessoas estão vivendo no limite do estresse, que nao pensam duas vezes antes de descarregar a raiva, frustação e insatisfação em outra pessoa. Como diz uma GRANDE amiga chamada ELISIÊ, precisamos praticar nossa paciência a cada minuto, não tem outra maneira, o segredo pra conseguirmos??? DEUS!!! Beijos amore!!
Cidinha Prandini Pereira diz
Ninguém melhor q vc, Elisiê, autora de 5 livros sobre violencia, para abordar de maneira tão assertiva a origem de grande parte de nossos problemas… a violencia domestica. Devemos lutar pela PAZ NOS LARES, para tanto, precisamos trabalhar nossa paz interior.
Elaine Parra El-Kadrr diz
Também desconfio de quem não chora! Pode saber que uma hora vem chumbo grosso!!!
Sonia Medeiros diz
Querida Elisie, seu texto me proporcionou uma auto análise de minha conduta e me fez repensar sobre minhas atitudes frente a situações desagradáveis e contrárias ao meu modo de pensar e de agir.
Obrigada amiga !Valeu muito.obrigada.
Lucia diz
É isso Elisiê!!! Violencia é para além da agressão física…infelizmente, a agressão emocional está cada mais inserida no cotidiano das pessoas e, textos como o seu, ajudam a dar visibilidade a esse tipo de problema e a não banalizarmos reações como as descritas. “Descontar” no outro é ser violento!!!
Audrey Lonni diz
Perfeito querida! Como sempre suas palavras são muito sabias, sinceras e de bom senso!!!
Heloísa Bettoni diz
Elisie como sempre adorei seu texto . Bjo
Geo montoza diz
Boa reflexão Elisiê
Sem querer generalizar, percebo que as pessoas, estão se tornando cada vez mais grosseiras sob o manto da tal sinceridade. Algumas têm o que chamamos de incontinência verbal .
Não estou fazendo movimento anti-sincero, ou movimento pró-hipocrisia. Não, longe disso. Sei que sinceridade é o traço do caráter ou da personalidade de um indivíduo. É uma virtude que se traduz em uma conduta franca, verdadeira e leal. Sinceridade é dizer o que você realmente pensa, mesmo sabendo que isso pode te prejudicar. Mas não lhe dá o direito de ser “desecudado”
Lincoln diz
Não esperar e nem criar expectativas das pessoas acaba diminuindo essa indignação. Treinar em nós a capacidade de controlar a grosseria nos faz melhores nos relacionamentos mais próximos e com aqueles com quem nunca topamos na vida. O certo é que muita gente não está preparada, desconhece ou não tá nem aí pra educação e o portar-se com respeito ao próximo. Um beijo pra você, querida!!!! Belo texto!!!! Sempre boas ideias!!!