Schwäbisch Hall – a pequena cidade em Baden-Württemberg que resume o jeito alemão de ser
A estudante Cristye Vilas Boas, do 3º ano curso de Jornalismo da UEL e estagiária do Portal Ideia Delas, é fluente em alemão, idioma que aprendeu no Colégio Mãe de Deus, onde estudou e hoje é professora. Por sua ligação com o idioma – seu bisavô materno era alemão –, Cristye viveu uma experiência única quando morou por curto período em Schwäbisch Hall, uma pequena cidade no interior da Alemanha. Lá conheceu a cultura, os hábitos e a beleza de uma cidade pequena que tem uma arquitetura com prédios medievais, povo acolhedor e uma agenda cultural intensa.
Por Cristye Vilas Boas
Aos 16 anos, tive minha primeira experiência no exterior. Havia sido selecionada para um programa de bolsas de estudos para cursos de verão na Alemanha e passei três semanas em uma cidadezinha no sul daquele país: Schwäbisch Hall.
Escutei o nome pela primeira vez da boca da minha professora de alemão do colégio e me lembro de imediatamente pensar que não estava preparada para aquela viagem. Por quê? A pronúncia do longo – e cheio de consoantes – nome da cidade me fez lembrar de todas as nuances complicadas da língua alemã. Ainda bem que isso não me impediu de viver essa experiência, uma das melhores da minha vida.
Schwäbisch Hall foi fundada no século XII, com a construção da igreja de São Miguel, prédio maciço e imponente, com 56 degraus, bem no centro. A cidade possui uma intensa agenda cultural, com apresentações musicais, encenações e todo tipo de atividade, sempre na escadaria da igreja.
Pode-se observar o ar medieval da cidade não só pelos prédios centenários tombados pela prefeitura, mas também pelas casas, pelo chão de pedra e ruazinhas estreitas, pelas torres e pontezinhas e pela muralha em sua volta. Em contraste com a história preservada, contudo, há a modernização. Um bom exemplo é a biblioteca feita toda de vidro.
Uma das melhores coisas a se fazer em Schwäbisch Hall é se perder pela cidade. Caminhar e caminhar, e eventualmente se encontrar outra vez. Andando pelas ruas é possível reparar que muitas casas possuem os andares superiores maiores ou mais largos do que os inferiores. Isso porque até alguns séculos atrás o imposto era recolhido pelo valor do terreno no térreo, e não pelos andares superiores. A estrutura das casas, suas paredes, suas fachadas, cores, os batentes das portas, tudo é interessante de se observar.
Há também a praça da cidade – Marktplatz – que possui vários bares, restaurantes, a catedral de São Miguel e a prefeitura. O lugar está sempre movimentado e vívido. Lembro-me que uma das atividades mais divertidas que fizemos foi preencher uma lista de compras no mercado que se estabelece na praça em certas manhãs. Como uma feira enorme, são montadas barraquinhas com comida, roupas, artesanato e bebidas, atraindo moradores e turistas.
Durante o verão, existe o Biergarten, que em tradução literal quer dizer “jardim de cerveja”. Várias barraquinhas de cerveja, de bolos e de pfannkuchen (uma espécie de panqueca) ficam abertas na praça próxima ao Theater Globe. É só fazer o pedido e dividir uma das mesas dispostas na praça.
SHA, apesar de pequena, possui museus e galerias de arte. Para exposições de arte, visitamos o Kunsthalle Würth arts gallery. Um lugar moderno, em que um guia simpático nos levou por intervenções artísticas e esculturas de metal. Para história, há o Hällisch-Fränkisches Museum. Lá encontramos objetos da idade média e explicações de como viviam as pessoas naquela época. Mais afastado da cidade, há o Hohenloher Freilandmuseum, que nos transportou direto para a idade média, com pessoas trabalhando (como torneiros, ferreiros, costureiras), prédios de 500 anos, porquinhos com manchas pretas e comidas típicas.
Há ainda o Goethe Institut, que recebe estudantes do mundo todo, ao longo do ano, para estudarem alemão. No nosso programa, estudávamos a língua de manhã e tínhamos atividades na cidade à tarde. Ainda que não se pense em fazer um curso no Goethe, é uma parada interessante de se fazer, visto que o instituto recebe figuras importantes e organiza eventos culturais.
Schwäbisch Hall era um dos expoentes da produção de sal (hall significa sal em alemão) e, por conta disso, é uma cidade rica. Desse modo, é ótima para compras. Possui lojas mais populares e também grifes, a maioria ao ar livre. O centro, ou mesmo o calçadão, somente pode ser acessado a pé, e a caminhada é muito prazerosa. As lojas estão situadas normalmente em prédios majestosos que, mesmo na minha última semana por lá, ainda me impressionavam.
Apesar de pouco conhecida, Schwäbisch Hall é uma cidade tipicamente alemã. A vida é dinâmica, porém calma, tudo bem engrenado. O comércio está sempre movimentado e o lazer é valorizado e cheio de opções. Seja para passar uns dias ou apenas incluir em seu itinerário, vale a pena conhecer e se encantar.
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