
Todos nós somos muito mais que aparências porque temos um passado. Nossa história de vida molda o nosso caráter, não o vestido ou o terno que usamos
Por Elisiê Peixoto
Não sei bem o que a sua aparência física revela, não sei se você dá ou não importância a isso. Em tempos de redes sociais, a aparência física tem ocupado os primeiros lugares nos posts. Principalmente o corpo e as roupas, como se isso revelasse um status de alegria e perfeição que, sabemos, na maioria das vezes, não condiz com a realidade de ninguém. Mas isso é tema para outra crônica. Hoje quero escrever sobre o julgamento feito por conta da aparência das pessoas.
Quem me conhece sabe que uma das coisas com as quais não me importo é com roupas. Talvez não tenha herdado essa vaidade de mãe e avó, que eram elegantes e sempre muito arrumadas. Minhas amigas donas de loja sabem que, para eu comprar, é necessário enviar uma sacola de roupas para experimentar no dia que eu estiver a fim. Admiro quem sempre está na moda, eventualmente até compro, mas não penso nisso o tempo todo, entende?
Então, seguramente, estou quase sempre de all star, jeans e qualquer blusa. Por conta disso, também já fui “analisada” e questionada sobre o meu conhecimento e experiência profissional. O que me fez dar risada. Se a forma de me vestir fosse medir alguma coisa na minha vida, não teria mais de 30 livros editados, um histórico como jornalista e cronista. Repetir roupa não me incomoda em nada. E várias estão esquecidas no armário que agora ocupa também o quarto da Roberta. Às vezes, preciso olhar para lembrar o que tenho. E até me surpreendo, porque compro, uso e aposento.
Lembrei-me de uma mulher que foi me recepcionar no aeroporto, certa vez, para o lançamento de uma grife famosa em São Paulo. Seria um desfile bacana e cheio de celebridades, o qual eu divulgaria para o jornal em que trabalhava. Quando me aproximei, senti uma radiografia instantânea, da ponta do cabelo ao dedo do pé. Era nítida a decepção dela ao ver como eu estava vestida: all star, jeans e um tricô de gola alta. Mas a tranquilizei e disse que iria mais arrumada à festa. Como fui? Com um preto básico e um scarpin. Não preciso mais do que isso para me sentir bem. E que importância têm minhas roupas e minha aparência física, se o que está em questão é a minha capacidade profissional?
Já presenciei numa loja um descaso absurdo de uma vendedora para com uma cliente, porque a forma dela se vestir era de uma simplicidade enorme. Como isso é ultrajante, como é possível alguém ignorar outra pessoa apenas porque ela não está vestida dentro dos padrões da moda?
Não tenho nada contra mulheres e homens que abarrotam o closet com peças que certamente vão usar uma vez ou duas na vida. Tenho amigas queridas que compram um monte. Sempre impecáveis, mas são incapazes de julgar as pessoas que não se importam com isso. Como eu, por exemplo. E que em muitas situações têm mais a oferecer do que um guarda-roupa cheio. Escutei, certa vez, que jornalista era “bicho-grilo”, tinha “mau gosto”, era “relaxado”. Nunca dei a mínima, porque sempre fui uma boa profissional, mesmo de calças jeans surradas e tênis all star. Todos nós somos muito mais que aparências porque temos um passado. Nossa história de vida molda o nosso caráter, não o vestido ou o terno que usamos.
Tenho um amigo que sempre se orgulhava de apresentar namoradas lindas e elegantes. Isso se arrastou por muitos anos, relacionamentos que tinham começo, meio e fim. Certo dia, confidenciou que havia encontrado o grande amor da vida dele. E me convidou para conhecê-la. Tratava-se de uma moça com uma beleza comum, sem grandes produções e até um pouco gordinha. Nada dentro dos padrões considerados esteticamente perfeitos. E que pessoa incrível é essa moça, que acabou se casando com o meu amigo, num cartório pela manhã, sem pompas. Perguntei o que teria feito ele se apaixonar? Nunca mais me esqueci da resposta: “Apaixonei-me pela simplicidade, pela leveza de ser. Porque é tudo do que um homem precisa”.
Não mude o seu estilo de vida ou de roupa por conta das pessoas. Quem escolher ficar ao seu lado, vai escolher pelo que você é. O mundo está cheio de grandes marcas, roupas lindas, tudo o que seduz temporariamente. Mas isso passa. E cansa. Se você conservar a sua autenticidade, em qualquer lugar do mundo será notada. Mesmo usando camiseta, jeans e tênis all star.
Nossa, como os julgamentos pela aparência são injustos né !! E assim sempre serão…Tbém não sou nada nada ligada em marcas, valorizo muito as pessoas…”finas, elegantes e sinceras …”rssss.Texto sensacional , parabéns !!!👏👏👏💖
Fico casa vez más encantada com suas matérias. Com certeza já ouviu a máxima: Mesmo usando havaianas vc é elegante., ou seja, ação vc é elegante. Bju
Amei o texto, porque é simplesmente uma delícia estar ao lado de pessoas autênticas, é uma delícia estar ao lado de pessoas q dão valor p aquilo q realmente tem valor na vida e q c ctz não são roupas etc! … p mim tanto faz se está bem ou mal vestida o q importa é se ela está ali p inteiro p passarmos momentos gostosos de lembrar juntas!!
Bjuuuuu
Texto perfeito, bom seria que as pessoas pensasse assim, e perceberem que caráter não depende de roupas de marca e nem de aparência, mas sim de atitudes, de sentimentos bons, talvez, o mundo seria como deveria.
Texto maravilhoso!
O valor das pessoas não está na maneira de como elas se vestem, mas sim, na essência de cada uma, na verdadeira elegância, que é sobre como se portar em cada momento da vida. Sobre o bom senso, respeito, educação, inteligência e, sempre permanecer discreta, sem querer ser o centro da atração.
Cada dia mais, eu te admiro Elisiê, você é uma Mulher Inspiradora.
“A elegância é quando o interior é tão belo quanto o exterior”.
Coco Chanel
Elisiê
Parabéns por este belo texto, repleto de sabedoria e simplicidade.
Você realmente é muito talentosa, na arte de escrever.
Beijos amiga e muito obrigada. 🌹
Com a idade mais madura temos mais vontade de estar confortável, do que agradar os outros! E seguir a moda, muitas vezes é cansativo e caro!
As vezes temos o armário cheio e usamos sempre as mesmas roupas! Acho que nos apegamos e nos sentimos bem com elas! Amei sua matéria, você disse tudo! Parabéns 😘