Por Claudia Costa
O ressignificado da vida!!! Somente um transplante poderia salvar a vida da pessoa ou corrigir um distúrbio grave de saúde. Pessoas que passaram por transplantes de órgãos falam das suas experiências e da importância da fé, do otimismo e da determinação para superar o problema. Alguns tiveram que aguardar na fila de espera por um doador, outros tiveram que fazer mais que um transplante pois tiveram rejeição do órgão transplantado. Nossos entrevistados Gislaine Cruz, José Walter/Fred, Claus Ziegelmaier, Marcelo Paolielo e Claudio Luiz Sentone são exemplos superação e demonstram muita alegria de viver.
Gislaine passou por dois transplantes e não perdeu as esperanças.
A paulistana Gislaine Pereira da Cruz,46, personal organizer, fez transplante renal há 12 anos com a equipe do Dr. Medina, na capital Paulista. A doença de base da Gislaine é Lúpus e ela passou por dois transplantes. No primeiro caso, a irmã foi sua doadora e a compatibilidade foi de 100%, mas o organismo acabou reconhecendo o órgão como sendo da própria Gislaine e ela acabou perdendo o transplante. No segundo caso, foi com doador falecido. Mesmo com o problema inicial ela não desistiu.
“Não tirou as minhas esperanças e nem os meus sonhos. Gislaine esperou cinco anos até a segunda doação. Toma oito remédios imunossupressores, pratica esportes, possui animais como qualquer pessoa. “Nada afetou a minha vida nesse sentido. A espera por um transplante de um doador falecido é angustiante. Você que esta na fila de espera tenha fé no que você acredita. A sua hora também vai chegar!!!
Fred esperou 1,5 ano na fila por um fígado
O aposentado José Walter da Silva, mais conhecido por Fred, 74 anos, casado com dona Maria Lucia, pai da relações públicas Fernanda Moreno e da comerciante Fabiana Moreno, é avô do Antônio, 10 anos. Ele passou por um transplante de fígado em 2007, em São Paulo. O procedimento foi realizado no Hospital Beneficiência Portuguesa . O londrinense ficou 1,5 ano na fila de transplante , da Central de Transplantes, e para aguentar a espera de um doador compatível Fred foi cinco vezes para São Paulo realizar um procedimento denominado alcoolização (tratamento para estabilizar o tamanho do tumor). Esse procedimento foi realizado pelo professor doutor Flair Carrilho, gastroenterologista e hepatologista que trabalhou durante muitos anos em Londrina. Atualmente Dr. Flair é diretor da Faculdade de Medicina da USP e a oncologista Denise Cerqueira Paranagua Vezozzo.
Fred foi operado há 14 anos pela equipe do Dr.Luis Carneiro de Albuquerque. Após a cirurgia, ele ficou uns 30 dias na capital paulista. Desde que chegou a Londrina é acompanhado pelo médico Dr. Ascêncio Garcia Lopes Junior. Ele diz que não teve medo que passar pelo transplante. “Quem tem fé em Jesus não tem medo. Fui para a cirurgia com muita paz”. Ele explica que tem que tomar muitos medicamentos , mas que pouca coisa mudou na sua vida após o transplante. “Eu tomo mais cuidado com a alimentação e levo uma vida saudável”, salienta.
O aposentado é uma pessoa ativa, trabalha como voluntário na Casa do Caminho e Casa da Sopa, sempre gostou de exercícios o que fez com que a recuperação dele fosse ainda mais rápida, pois levava uma vida saudável.
Para quem está aguardando um transplante, Fred fala da importância da fé. “ Eu diria que quem tem fé, consegue tudo. Nosso PAI é bondoso e está sempre com a gente”, salienta ele.
E voluntário hoje na Casa do Caminho e Casa da Sopa, sempre gostou de exercícios o que fez com que a recuperação dele fosse ainda mais rápida, pois levava uma vida saudável.
A ex-esposa de Claus fez a doação do rim para ele
O mecânico Claus Ziegelmaier , 48 anos, é casado com Amanda Perreti há 12 anos, com quem tem um filho, Arthur, de 10 anos.
Claus passou por um transplante renal em 30 de novembro de 2019. O procedimento foi realizado na Santa Casa de Londrina e o transplante foi resultado do trabalho das equipes médicas do médico nefrologista, Dr. Getúlio Amaral Filho, e do urologista Dr. Rafael Agostinho Maiol, do hospital UROLIT. O transplante de rim de Claus é um exemplo de amor e solidariedade. A doadora do órgão foi sua ex-esposa Elizabeth Caper, com quem foi casado.
Claus e Elizabeth foram casados durante 17 anos e após o término da relação sempre mantiveram um bom relacionamento. Ele teve que realizar sessões de hemodiálise por sete meses. Mesmo tendo um doador vivo para a realização do transplante, ele precisou entrar na fila. Caso acontecesse algum problema com o doador indicado, Claus não perderia a chance de passar pelo procedimento, pois estava fila de transplante.
Ele diz que teve medo de fazer o transplante. “Tive muito medo, principalmente, o medo de passar por uma cirurgia muito delicada e complexa e também de ter rejeição, após o transplante”, salienta ele.
Atualmente o comerciante toma diariamente 13 comprimidos para evitar a rejeição. Essa medicação ele irá tomar para o resto da vida. Claus afirma que voltou a ter qualidade de vida tanto na vida pessoal como na profissional. “Me libertei da máquina de homodiálise”, salienta ele
Ele explica que possui um relacionamento muito bom com a ex-esposa. “Sempre nos falamos, sou muito grato a ela por tudo que fez por mim. Como eu e a Elizabeth não tínhamos mais um relacionamento familiar, para acontecer o transplante precisei pedir autorização judicial para ela ser minha doadora. O juiz analisou o caso e liberou a doação para o transplante”, explica Claus Ziegelmaier .
Ele deixa uma mensagem para quem está na fila do transplante. “O que eu digo para as pessoas que estão na fila do transplante é para elas não perderem a esperança, assim como eu não perdi. Foram dias muito difíceis e com muita fé sabia que meu rim ia chegar a qualquer momento. Hoje eu tenho a oportunidade de viver uma nova vida perto daqueles que eu amo e me amam”.
“Não desista, confie em Deus sempre!”, aconselha Marcelo Paolielo que fez transplante de medula
O empresário londrinense Marcelo Paolielo Barros de Almeida Camargo, 46 anos, passou em 2015 por um transplante autólogo TMO (Transplante de Medula Óssea ou TMO), utilizando a sua própria medula. O procedimento foi realizado pela Dra. Letícia Gordon. Marcelo explica que o transplante foi realizado pelo SUS. “Me cadastrei e fiquei aguardando vaga durante 40 dias no Hospital Universitário (UEL).“
Marcelo diz que nunca teve medo do transplante. “Eu sabia que seria necessário fazer o transplante e que teria que enfrentar esse momento com muita fé sempre”. Ele conta que não toma nenhum medicamento e que apenas faz exames de acompanhamento preventivos.
O empresário explica que passou a ver a vida com outros “olhos” .” Hoje em dia valorizo mais as coisas pequenas que antes não dava muito valor. Elas tornaram-se relevantes, valorizo mais o tempo com a família e a forma de enfrentar os problemas também, menos peso e mais agradecimento. Vejo a vida de uma forma mais leve e entendo que somos apenas passageiros por aqui.”, salienta Marcelo Paolielo.
Para quem está aguardando um transplante, o empresário diz: “Tenham fé em Deus, e acredite na cura e na sua vitória! Sem fé e determinação você não vence a doença, o princípio básico de quem vai fazer o transplante é desde o início acreditar na vitória, custe o que custar não desista e confie em Deus sempre!”.
Ele faz um balanço da sua vida antes e após o transplante de medula óssea. “Antes eu valorizava muito os problemas e disponibilizava menos tempo para a família. Depois do transplante eu levo a vida com mais leveza, valorizo os momentos e fico o máximo possível com minha família.
O engenheiro Claudio Sentone fez quatro transplantes de córnea
O engenheiro eletricista Claudio Luiz Sentone, 60 anos, casado, morador de Londrina (PR) já realizou até hoje quatro transplantes de córnea. O primeiro procedimento aconteceu em 1993, na época não tinha fila única e Claudio fez um empréstimo para pagar o transplante que era muito caro. “´ Isto há 29 anos. É o transplante do olho direito que tenho até hoje “, explica.
O engenheiro tinha Ceratocone – deformação física que que afeta a córnea. A doença normalmente surge na infância e adolescência, é como se a córnea ficasse pontuda e adotasse mais a forma de um cone
O segundo transplante ocorreu no ano 2000, depois de esperar 4,5 anos na fila. “Foi no olho esquerdo, mas não deu certo. Tive rejeição e perdi a visão deste olho. Entrei na fila seis meses depois, e fiquei um ano esperando. Em 2003 conseguir fazer novamente o transplante no olho esquerdo e voltei a enxergar!
Para o terceiro transplante, no caso, o segundo no olho esquerdo, fiz tratamento pré-operatório de imunosupressão, deu tudo certo, sem rejeição, porém fiquei com Glaucoma, a visão é muito limitada. Desde então tenho que controlar diariamente a pressão nos dois olhos, com dois colírios.
Com a visão limitada por muitos anos, piorando a cada dia, decidi consultar novos médicos para tentar novamente.
Realizei o quarto transplante em 2015 e estou assim até os dias de hoje. Os três primeiros transplantes foram realizados em Londrina, com o médico oftalmologista dr. Paulo Tomimatsu. O último procedimento foi em Curitiba com o médico oftalmologista dr. Daniel Wasilewski.
Claudio diz que nunca teve medo de passar pelos procedimentos, mas que era grande a sua expectativa de melhorar a visão. Ele não toma medicamentos, somente usa colírios para evitar a rejeição e para o controle da pressão ocular.
O engenheiro conta que além dos transplantes passou por seis cirurgias nos dois olhos: de catarata nos dois olhos,( tratamento contra rejeição causa opacificação do cristalino), implante de válvula para pressão, laser entre outras, foi necessário uma nova adaptação.
“Ora estava bem de um olho, ora com os dois, às vezes com nenhum, então foi um processo contínuo de adaptação de lentes (Esclerau, mista, gás permável), e óculos por exemplo hoje para ler de perto não preciso de nada para o olho direito, porém no olho esquerdo uso lentes que me proporcionam visão normal para longe, e tenho que usar óculos para ler”.
Os transplantes me proporcionaram ter uma vida normal. Trabalho, estudo, dirijo. Ele fala da importância das doações de órgãos. “Se hoje não há fila para transplante de córnea é porque a população se conscientizou da importância de doar órgãos”, salienta Claudio que diz que antes do transplante ele tinha uma qualidade de vida ruim. ”Eu poderia esperar, não tinha limite de tempo. Agora, dependendo de qual órgão, a demora por um doador pode significar a vida desta pessoa que aguarda. O que posso dizer é que não podemos perder a fé! Quem está na fila deve manter a esperança e não desistir, a vida é um dom de Deus, temos que agradecer diariamente por estarmos vivos e nunca abrir mão de continuarmos vivos”.
HELEN KATIA SILVA CASSIANO diz
Adorei a matéria, realmente o assunto abordado é muito pertinente, pois, a doação de órgãos salva vidas.
Wagner Donadio diz
Muito bom e necessário esse assunto. Parabéns.
Benatti diz
Matéria maravilhosa e, ao mesmo tempo, muito útil.
Parabéns pela realização.
Claudia Costa diz
Obrigado Benatti pelo incentivo e feedback. abraços
Carlos Boer diz
Matérias que sensibilizam os potenciais doadores são sempre bem vindas e também
reconhecem o trabalho das equipes médicas e a enorme estrutura do maltratado SUS, por trás do sucesso na preservação da vida.
Mafalda Cortez Bongiovanni diz
Excelente matéria amiga Claudia. Depoimentos de vida e fé. Obrigada amiga.
Luis Eduardo Munhoz da Rocha diz
Fantástica a reportagem, à população precisa compreender que existem inúmeras possibilidades de auxiliar as pessoas e com diferentes órgão e tecidos como córnea, pele ,osso etc… A doação e algo que deve ser Mais por estimulada e trabalhada com as pessoas possibilitando o retorno diferentes pessoas para uma vida produtiva elevai convívio familiar normal