Por Elisiê Peixoto
Vitoria Ortiz Alves, 23 anos, estudante de antropologia na Universidade de Nanterre, em Paris, é casada com Bastien Degory, mora na capital francesa e tem uma história de coragem, ousadia e sucesso. Ela nasceu em Santa Maria/RS, mas cresceu em Londrina, mora na Europa desde 2017. Uma jovem que foi atrás de sonhos, teve suas conquistas com merecimento. Conta que havia feito outros intercâmbios de estudos mundo afora, apaixonou-se pela Cidade Luz, confessa adorar a sensação de segurança que vive no Velho Mundo. Durante o início da pandemia estava no Brasil e aqui permaneceu por quatro meses na companhia da mãe Rosangela, em contato com a família e amigos. Agora, já na sua residência ao lado do marido, ela conta um pouco da sua história e principalmente da sua opção pelo veganismo. E que de admiração transformou-se em paixão, adotado como um estilo de vida saudável. Estimativas apontam que milhões de brasileiros são veganos, abolindo todo o tipo de produto de origem a animal. O mercado de cosméticos vegano também cresce. A demanda é maior na Europa, em especial, em Paris, onde é encarada como uma questão saudável, prática e saborosa. Vitoria, que adora ler, fotografar, cozinhar e curtir os locais abertos da vida parisiense, conta que segue com a vida vegana de forma tranquila, com acesso a produtos veganos e elaborando seu próprio cardápio. Gosta de cozinhar, reinventar-se, não vê qualquer obstáculo para sair com o marido e se distrair com os amigos, pois existem muitas opções de locais com comidas veganas em Paris. Ela também colabora com a sessão gastronômica do Ideia Delas. Vamos acompanhar?
Mais do que um estilo de vida
“Nunca fui de gostar de carne, galinhada, churrasco, então foi mais tranquilo, porém a transição do vegetarianismo para o veganismo foi diferente porque implicou em repensar em todo um consumo ético, sustentável e político. Não se resume apenas em “não consumir produtos animais”, mas sim, em pensar em todo impacto que a gente causa no meio ambiente, a quantidade de plástico, da onde vem nossos produtos e alimentos (questão indígena, de escravidão). A quantidade de informação que a gente acaba adquirindo quando se politiza, as redes de apoio que temos e a consciência com o nosso próprio consumo, certamente mudam o consumo das pessoas mais próximas, e a nossa também”, explica.
Lojas veganas e orgânicas
“No subúrbio de Paris, em Montrouge, existe um mercado muito maior e mais acessível, por causa de políticas de bem estar social. Há muitas lojas somente veganas e lojas orgânicas. A França valoriza muito o produto local e tudo que vem do próprio país. Fica mais fácil também para comprar legumes, verduras, frutas. A gente sabe que eles vêm de pequenas agriculturas familiares, de que não é necessário de toda uma viagem enorme para aquela comida estar no nosso prato. Acho importante tentar diminuir a distância das coisas que consumimos, optando sempre pela economia local, quando possível”, destaca Vitória.
Sua própria horta
“Devemos ter nossos próprios temperos em casa, um vasinho de hortelã, manjericão, orégano, tomilho. Além de mudar completamente o sabor, a gente aprende a cuidar e a cultivar. Sei que nem todo mundo tem espaço para horta e acredito que meu maior privilegio, onde moro, é poder ter um “jardim selvagem” com meus vizinhos e uma “composteira”, na qual jogamos nossos orgânicos, para eles se transformarem em adubo e em terra fértil para plantar. É muito legal ter vizinhos que dividem as colheitas, trocam alimentos. Com esse espaço a gente consegue cultivar diferente tipos de legumes, frutinhas, temperos, sempre respeitando a sazonalidade – ainda mais porque na Europa as estações são bem acentuadas. A gente percebe muito, quando sai do Brasil e vem pra cá, quando visitamos os mercados. Certas frutas e legumes não são fáceis de encontrar caso não sejam da estação, diferente do Brasil, que com o clima tropical permite que tenhamos boas colheitas durante o ano inteiro”, finaliza.
MOUSSE AU CHOCOLAT VEGANO
Vitoria conta como prepara esse mousse delicioso: “A receita escolhida foi a de MOUSSE AU CHOCOLAT VEGANO (para trazer algo francês). Nela usamos aguafaba, que é a agua de cozimento do grão de bico. É interessante porque vemos que é possível utilizar coisas simples que a gente nem sabe. E dá para ser criativo com elas. Eu compro grão de bico enlatado, então, é a agua da lata. Anote os ingredientes:
150g de barra de chocolate (sem leite, amargo)
150ml de aguafaba
100g de açúcar (ou menos, ou até sem, depende do gosto da pessoa)
“Bom explicar que a aguafaba funciona como clara de ovo. Quando “batemos”, ela atinge a consistência de uma clara em neve. E para ajudar no processo, melhor deixar a aguafaba na geladeira antes porque ajuda a crescer mais fácil”, ressalta.
Passo a passo e dicas bacanas
“O passo a passo é simples e garanto que irá valer a pena depois de pronto: bater a aguafaba (na mão ou na batedeira) até virar clara em neve, ir adicionando aos poucos o açúcar junto no processo. Depois deve derreter o chocolate em banho-maria ou no microondas, mas não deixar ele muito quente. Deixe esfriar um pouco na temperatura ambiente antes de misturar. Vá acrescentando aos poucos o chocolate derretido na clara em neve de aguafaba, com cuidado. Não precisa bater muito! Deixe esfriar na geladeira pelo menos durante quatro horas (quanto mais tempo melhor) para o mousse firmar. Eu dou a dica de colocar um pouquinho de flor de sal em cima. Certamente dará um “tchan” no mousse. Uma outra dica é usar o grão-de-bico em qualquer outras milhares de receitas possíveis. Desde homus, pastinhas para o pão. Quando desfiado no garfo fica na mesma consistência de frango (eu uso em salpicão), ou um strogonoff de grão de bico. Tudo muito saboroso e nutritivo.”
Fotos: arquivo pessoal
Foto: Pinterest
Wagno Antônio conde diz
Muito interesante como se pode viver sem carnes e seus derivados proteínas . Mais lógico que e possível tendo em vista a diversidade de frutos legumes e etc que a natureza nós proporciona !!!! Parabéns pelo trabalho e a publicação !!!
Leny diz
Parabéns Vitória, menina cheia de qualidades.