O escritor e professor da Universidade Federal do Paraná , Fernando Gimenez, e sua companheira, a jornalista e escritora Edra Moraes, estão morando na Holanda, onde ele esta fazendo parte do seu pós-doutorado. O casal permanecerá no país até abril de 2022.
Por Fernando Gimenez
” Edra Moraes e eu chegamos a Amsterdã ( Holanda), no dia 17 de outubro. A viagem se deve a meu pós-doutoramento junto à Universidade de Utrecht, que fica na cidade de mesmo nome, cerca de 40 quilômetros de distância de Amsterdã. O mercado imobiliário holandês tem um déficit enorme de moradias. As estimativas mais recentes mencionam a falta de 263 mil casas para atender ao mercado. Em função, disso nós só conseguimos alugar um apartamento no campus da Universidade de Utrecht a partir do dia 18 de novembro. Felizmente, para os primeiros 31 dias, conseguimos nos hospedar na casa de um conhecido em Amsterdã, também brasileiro, que gentilmente nos acolheu.
O meu pós-doutoramento durará seis meses, devendo-se encerrar na terceira semana de abril do próximo ano. A viagem de trem de Amsterdã para Utrecht é muito rápida. Assim fui capaz de já no dia 20 de outubro ter minha primeira reunião de trabalho com Erik Stam, com quem estarei pesquisando sobre ecossistemas empreendedores e suas conexões com políticas públicas de apoio à inovação e ao empreendedorismo. Espero que essa parceria com um dos mais renomados pesquisadores do tema na atualidade permita que eu adquira novos conhecimentos, bem como compartilhe o que conheço sobre o tema, em especial, no contexto do Brasil. Uma oportunidade única!
Antes de nos mudarmos para Utrecht no dia 18 de novembro, fiz mais três viagens de Amsterdã para cá. Foram viagens de trabalho, mas não só. Pudemos, nestes 50 dias, juntar o útil ao agradável. Isto é, além das leituras, estudos, pesquisas e escrita que fazem parte de meu pós-doutoramento, sobra tempo para conhecer um pouco da beleza e da cultura desse país. Dessa forma, nas horas vagas, especialmente aos finais de semana, Edra eu pudemos, em primeiro lugar conhecer muitos lugares de Amsterdã. Agora, temos tido a chance de explorar Utrecht e sua região. Que aliás é belíssima.
Por exemplo, perto de onde ficamos em Amsterdã, encontrei o Oosterpark. Além da beleza, a proximidade do parque permitiu que eu mantivesse o saudável hábito das caminhadas, que fazia ao redor do Passeio Público, em Curitiba. Perto de nosso apartamento em Utrecht também há um parque muito bonito, o Wilhelmina Park. Minhas caminhadas poderão continuar.
Em Amsterdã, passeamos pelo centro da cidade, pelas margens do rio Amstel, por seus inúmeros canais, e tivemos a oportunidade de visitar três museus entre os inúmeros que lá existem. Aliás, fica aqui uma dica para quem for passar algum tempo nos Países Baixos: compre um museumkaart, um cartão que dá acesso a mais de 400 museus espalhados pelo país. Custa pouco mais do que 60 euros, mas a entrada em cada museu, em geral, está em torno de 15 euros. Ou seja, a partir do quinto museu que você visitar, já estará no lucro.
Em Amsterdãm estivemos no Museu Van Gogh, no Stedelijk Museum e na Casa de Rembrandt (Rembrandthuis). Os três magníficos! Próximo a Utrecht, em Amersfoort visitamos outros dois: Museum Flehite, um museu histórico da cidade e a Casa de Mondrian (Mondriaanhuis). Amersfoort é uma pequena cidade muito próxima a Utrecht e cujo centro histórico merece uma visita. Quando chegamos à estação de trem em Amersfoort, perguntei a três funcionários da estação, que estavam em frente a ela, como chegar ao centro. A resposta foi surpreendente! Um deles me mostrou um círculo de metal com uma seta apontando em uma direção e me disse que seguisse aquela seta. A cada 50 metros, mais ou menos, havia uma placa dessa na calçada. Muito engenhoso! Foi muito fácil chegar ao centro histórico de Amersfoort onde encontramos imediatamente um centro de informações turísticas.
A vida aqui nos Países Baixos tem suas semelhanças com a nossa, mas também tem suas peculiaridades. Entre essas, a que mais se destaca e que é conhecida pela maioria das pessoas é o uso intensivo das bicicletas como meio de transporte no cotidiano. Realmente, as “magrelas” são muito utilizadas por aqui e, conforme aprendi em um romance holandês que estou lendo, as crianças aprendem as regras do uso da bicicleta como meio de transporte ainda pequenas na escola. Há ciclovias muito longas e esparramadas por todos os bairros das cidades, os carros têm que dar a preferência às bicicletas em qualquer cruzamento e, os ciclistas, quase sempre, sinalizam com as mãos suas intenções de mudança de direção.
Há, de verdade, uma quantidade absurda de bicicletas em circulação pelos Países Baixos. Em Utrecht, próximo à estação de trem central, há um estacionamento para mais de dez mil bicicletas. Nas proximidades da estação, e em muitas calçadas, a quantidade de bicicletas estacionadas chega a ser bizarra. Um mar de bicicletas, que muitas vezes atrapalha o andar dos pedestres. Nem tudo é tão tranquilo em relação às bicicletas. Já aprendi a olhar para todos os lados antes de atravessar uma rua. Não é para ver se está vindo algum carro. Mas, sim, para evitar ser atropelado por algum ciclista.
O que mais me chamou a atenção é a velocidade com que os ciclistas circulam pelas ruas e ciclovias nesse país. Outro dia, em minha sala de trabalho na universidade, que divido com dois jovens pesquisadores, David me perguntou se eu planejava adotar a bicicleta como meio de transporte. Felizmente, como estamos morando no campus da universidade, muito próximo do prédio onde fica minha sala – Adam Smith Hall – dei uma resposta negativa. E adicionei que fiquei com muito medo da rapidez com que os ciclistas se movem pelas ruas. Jacob, que é holandês, concordou comigo. Mas, me estimulou a tentar e me agasalhar bem no inverno, pois o frio pode ficar mais intenso ainda na bicicleta. Talvez tenha que fazer um minicurso sobre como andar de bicicletas por aqui.
Nestes 50 dias já aprendi muito sobre esse país e seu povo que é extremamente simpático. Estou até tentando aprender a língua deles. Enfim, como gosto de escrever, tenho registrado minhas experiências e vivências em terras holandesas em meu blog. Encerro aqui com um convite para conhecê-lo. Neste link você poderá ler sobre quatro ícones da vida nos Países Baixos (https://brevestextos.blogspot.com/2021/12/cronicas-na-holanda-8-quatro-icones.html), e depois veja as outras crônicas no blog.”
*** Fernando Gimenez é escritor e professor de administração na Universidade Federal do Paraná.
Fotos: arquivo pessoal de Fernando Gimenez.
Kilda Maria Prado Gimenez diz
Os textos do Fernando Gimenez são sempre muito agradáveis de se ler e isto me dá orgulho de ser sua irmã.
Edra diz
Obrigada. Muito legal este espaço, acompanho, e agora posso compartilhar um pouco do que vivemos neste lugar mágico
christiane diz
parabéns pelos textos e lugares lindos, esperando mais…..