Por Claudia Costa
De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
O suicídio é um problema de saúde pública e um fenômeno multicausal, ou seja, não tem uma única causa definida, mas é influenciado por uma combinação de fatores, como transtornos mentais e questões socioculturais, genéticas, psicodinâmicas, filosófico-existenciais e ambientais.
A adoção de medidas preventivas se torna ainda mais necessária se considerarmos que aproximadamente 75% dos casos de suicídio ocorrem em países de renda baixa ou média que nem sempre dispõem de sistemas de saúde acessíveis a toda população.
O número de casos de suicídio em adolescentes , adultos jovens e idosos no Brasil está aumentando. É um ato de desespero uma pessoa deliberadamente tirar a própria vida, fato que merece atenção de toda a sociedade. E para conscientizar e prevenir o suicídio, desde 2014, acontece a campanha SETEMBRO AMARELO, que alerta para a realidade do suicídio no Brasil e no mundo. A campanha é resultado do esforço do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nove em cada 10 casos de suicídios poderiam ser evitados. “A sociedade nos ‘vende’ que a felicidade está em viver o sucesso, e não aprendemos a lidar com o insucesso”, explica a psicanalista Stella Berbel. Ela afirma que a sociedade pode ajudar a prevenir o suicídio parando de “propagar a ideia de que a felicidade está no sucesso. A felicidade está em viver com o que se tem. O que a sociedade prega cada vez mais é que não tem fim. Você conquista um ideal e, à medida que conquistou, já tem um próximo. Não há tempo de curtir uma vitória”, salienta Stella, ressaltando a importância de ouvir o outro. (Veja a entrevista completa da psicanalista no vídeo.)
A campanha Setembro Amarelo® salva vidas!
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza, em território nacional, o Setembro Amarelo®. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. Atualmente, o Setembro Amarelo® é a maior campanha anti estigma do mundo! Em 2022, o lema é “A vida é a melhor escolha!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.
O suicídio é uma triste realidade que atinge o mundo todo e gera grandes prejuízos à sociedade. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.
Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Dados sobre suicídio
O suicídio é um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde – OMS, todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama – ou guerras e homicídios.
Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa e morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Trata-se de um fenômeno complexo, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades.
As taxas variam entre países, regiões e entre homens e mulheres. No Brasil, 12,6% por cada 100 mil homens em comparação com 5,4% por cada 100 mil mulheres, morrem devido ao suicídio. As taxas entre os homens são geralmente mais altas em países de alta renda (16,6% por 100 mil). Para as mulheres, as taxas de suicídio mais altas são encontradas em países de baixa-média renda (7,1% por 100 mil).
Mundialmente, a taxa de suicídio está diminuindo, com a taxa global diminuindo de 36%, diminuições variando de 17% na região do Mediterrâneo Oriental a 47% na região europeia e 49% no Pacífico Ocidental. Mas na Região das Américas, as taxas aumentaram 17% no mesmo período entre 2000 e 2019.
Causas diversas
As causas do suicídio podem ser desde doenças do corpo até doenças da mente: depressão, angústia, frustração por não conseguir lidar com o fracasso e nem atender as expectativas das outras pessoas, desilusão amorosa, dentre outras. De acordo com dados da OMS, o Brasil é o país campeão de transtornos de ansiedade e ocupa o quinto lugar em número de pessoas com depressão, ou seja, aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros sofrem com essa doença.
Tabu e preconceito
A Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS) enumera diversos fatores que podem impedir a detecção precoce e, consequentemente, a prevenção do suicídio, dentre eles o estigma e o tabu relacionados ao assunto. Por questões religiosas, morais e culturais, o suicídio foi considerado um grande “pecado”. Este é um dos motivos da dificuldade, do medo e da vergonha de falar abertamente sobre o assunto. Para a ABEPS, outras circunstâncias importantes, como a dificuldade em buscar ajuda, a falta de conhecimento por parte dos profissionais de saúde e a ideia errônea de que o comportamento suicida não é um evento frequente, condicionam barreiras para a prevenção. Lutar contra esse tabu é fundamental para que a prevenção seja bem-sucedida.
Comportamento suicida
Segundo a ABEPS, erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para a formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida. O estigma resulta de um processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas. A tabela abaixo ilustra alguns mitos sobre o comportamento suicida e o conhecimento pode contribuir para a desconstrução deste estigma.
OS MITOS SOBRE O SUICÍDIO | |
Mitos | Verdades
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O suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre-arbítrio | FALSO. Os suicidas estão passando quase que invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, sua percepção da realidade e interfere em seu livre-arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio. Após o tratamento, o desejo de se matar desaparece
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Quando uma pessoa pensa em se suicidar terá risco de suicídio para o resto da vida. | FALSO. O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco. |
As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.
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FALSO. A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar.
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Se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicídio, e num momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema já passou.
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FALSO. Se alguém que pensava em suicídio e, de repente, parece tranquilo, aliviado, não significa que o problema já passou. Uma pessoa que decidiu suicidar-se pode sentir-se “melhor” ou sentir-se aliviada simplesmente por ter tomado a decisão de se matar.
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Quando um indivíduo mostra sinais de melhora, ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
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FALSO. Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa, ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particularmente fragilizada. Como um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em alto risco. |
Não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco. | FALSO. Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem. |
É proibido que a mídia aborde o tema suicídio. |
FALSO. A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda etc. |
Fonte: Associação Brasileira de Estudos e Prevenção de Suicídio |
Fontes:
- Associação Brasileira de Estudos e Prevenção de Suicídio http://www.abeps.org.br/prevencao/
- Setembro Amarelo http://www.setembroamarelo.org.br/
- LIGUE 141 – CVV (CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA) http://www.cvv.org.br/
O Centro de Valorização da Vida (CVV) promove apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que queiram e precisem conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas todos os dias.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/07/15/existe-alguma-ligacao-entre-crise-economica-e-aumento-nas-taxas-de-suicidio.ghtml
Brasil vai na contramão do mundo e apresenta aumento de suicídio
Olavo Costa diz
Bom dia querida, mais uma matéria muito importante que você trouxe e que realmente nos conduz a refletir e entendemos um pouco melhor sobre um assunto que geralmente ou quase sempre é conduzido de forma banal e infelizmente falando, até desumana, chego a pensar que quando ouvimos casos sobre pessoas que tiraram sua própria vida, muitos a vejam como fracas e sem Deus.
Eu sou muito ligado a busco sanidade na palavra de Deus, busco esta sanidade porque creio que todos nós nos encaixamos no chavão “de médico e louco todos temos um pouco”. Busco me conhecer e me entender, tento enxergar as dificuldades do próximo e vejo em mim as possibilidades que outros podem cometer e vários as comentem.
Fico preocupado de como a saúde pública avalia pacientes depressivos e como são conduzidos tratamentos para alguns casos, tenho como exemplo um amigo que constantemente se encontra depressivo e por várias vezes já comentou sobre suicídio, a posição médica no caso dele (tem acompanhamento) do entra com medicações, ele não consegue sair da redoma de tristeza criada e os processos usados continuam sendo comprimidos anti depressivos, a alegação !!! Não acham necessário internação e também pelo fato de não terem disponibilidade de leitos.
A saúde em nosso país é lamentável, cidadãos que requerem uma atenção realmente profunda, e que chegam a vias de fato, podem estar buscando solução e não chegam a ter o respaldo que a saúde pública haveria ser prestar.
Comento com propriedade, existem tratamentos médicos executados no Brasil, que o tempo cedido através de medicações fornecidas pelo através do SUS conduzem o tratamento em um prazo de 3 meses. O mesmo tratamento nos USA o sistema de saúde fornece medicação para 6 meses, para que seja enviado qualquer possibilidade de não obter o resultado de 100% da cura.
Este tratamento de 3 meses feito no Brasil tem atingido um índice de 90% de acertos, mas é os 10% ???? Ficam sem o restante da medicação !!!! Nosso sistema de saúde trabalha com “possibilidades” e tratando-se de saúde não poderia existe uma margem nem de 1% para margem de dar algum resultado que não seja a cura.
Voltando ao suicídio, acredito que muitos que cederam a pressão. a tristeza não conseguiram a atenção que realmente necessitavam ter, além de reafirmar que busca através de uma religião, a busca através da fé tem sido a maior solução e tem gerado o maior índice de cura nestes casos, imaginando que muitas pessoas que hoje vivem felizes e realizadas com a vida e condições que se encontram, acharam sentido na vida através da fé.
Jesus disse, “Eu vim para que tivessem vida e vida abundante”
Abundante em “felicidade” e felicidade não significa abundância financeira, é algo que se encontra em nosso interior, ser feliz por existir, por tentar e buscar fazer pessoas felizes.
Cláudia, brilhante matéria e parabéns a todos envolvidos.
Abraços
Claudia Costa diz
É fundamental falar sobre.Todos nós devemos estar atentos para essa questão. Podemos fazer a diferença na vida das pessoas.Obrigado pelo apoio.. beijos
Zeca diz
Desculpa, mas quando vc não tem quem te apoie, esposa por exemplo, que ao invés de dar amparo, segue reclamando de todas as coisas erradas que vc já fez, e você não tem mais com quem contar, a depressão te fez perder o trabalho e você se joga na bebida e momentos fúteis de atenção de pessoas que você acha que são amigos, mas só se aproveitam de você…..você vive uma situação onde não tem no que se segurar….você só quer fugir… sumir…fazer a dor da solidão acabar….. é muito difícil sair dessa situação….a todas as alternativas de amparo só são ligadas a igrejas nas quais você não acredita….qual a saída????….
Claudia Costa diz
Zeca, boa tarde! Procure a ajuda de profissionais como um terapeuta. Esse pode ajudar.