Já fui a tantas festas na vida que poderia citar da mais elegante à mais informal. Tanto uma como a outra tiveram a sua importância. Sem dúvida, a festa pode ser a rigor, cheia de convidados ilustres, jantar comme il faut, mas, se não for descontraída e alegre, perde o brilho. Por isso e por outras que sinto falta do bar do “seo Tonho”, na época da faculdade, nosso reduto para brindar cada aniversário. É o único lugar do qual me recordo e dou risada cheia de boas lembranças.
Por Elisiê Peixoto
Então estava combinado. No finalzinho da tarde, cada um pegava o mesmo caminho e se encontrava no barzinho do “seo Tonho”, um lugar sem grandes pretensões como a cara do dono: simples, bem-humorado e com “muita categoria”, como o próprio gostava de frisar. Foi assim durante muito tempo e numa época em que as apostilas da faculdade e os projetos de vida estavam sempre presentes e ao mesmo tempo distantes. Quando lembro que costumávamos nos sentar naquelas cadeiras duras, comer pasteizinhos recheados de vento sem o menor padrão de refinamento e conversar alto como se fôssemos a única roda de amigos do planeta, não deixo de comparar com as festas atuais, algumas tão cheias de pompas.
Já fui a festas em que o staff de empregados era tão grande, o serviço de mesa tão requintado, os anfitriões tão esnobes, que a minha vontade era pedir socorro. Não é que não goste de festas elegantes. Admiro o cuidado, a forma como tudo é feito e há festas requintadas especialmente deliciosas, como uma a que fui tem poucos dias. Havia requinte? Sim! Mas na mesma proporção havia alegria, informalidade, bom humor. E isso faz toda a diferença.
Costumo dizer que um lugar confortável e bom para estar não precisa ser o bar do “seo Tonho”, mas o suficiente para os convidados se sentirem à vontade, interagindo, dançando, conversando e deixando o lugar trazer boas lembranças. São festas inesquecíveis, daquelas que a gente fica lembrando anos a fio.
Quando colunista social da Folha de Londrina, fui a casamento em que a noiva ficou com o pescoço duro a festa toda para não estragar o penteado. O noivo não arredou o pé da mesa, a sogra desfilando um vestido apertado e mal respirando, e o sogro, que certamente iria morrer com a conta toda, voltar pra casa com o braço roxo de tanto beliscão da esposa cada vez que resolvia tomar uma dose de uísque.
Lembro-me de um casamento muito chique no qual, a certa altura, a formalidade toda foi por água abaixo. Quando aquela tia vinda do interior gritou: “é hora de colocar a mão na bufunfa, a gravata vai correr solta!”, pronto. Toda a pompa desmoronou. A mãe da noiva morreu de vergonha, os convidados riram (e contribuíram), o noivo adorou ganhar um dinheiro extra e a noiva fez cara de paisagem. Eu nunca mais me esqueci desse casamento que teve seu momento descontraído e bem-humorado. E que acabou se tornando informal “na marra”.
Já fui a tantas festas que teria inúmeros relatos com boas e não tão boas lembranças. Mas as melhores foram aquelas em que os noivos dançaram rock até altas horas, a aniversariante apresentou os drinques e cada um se serviu por conta, e outra, em que uma amiga reuniu as mais próximas para um brunch na varanda da casa. De tão bom, o encontro se estendeu até o jantar: uma bela macarronada preparada a oito mãos e regada por várias garrafas de vinho italiano. E precisa mais?
Foto Pixabay
Wagner Doandio diz
Que delicia de texto… tb gosto mais assim..
Sandra Piazzalunga diz
É isso aí amiga…a alegria , a descontração e a afinidade entre as pessoas são os ingredientes q fazem qualquer festa ser boa demais !!! A crônica está ótima como sempre !!!👏👏👏👏👏💖💖
Grace diz
Está certíssima Boa festa é aquela que nos sentimos a vontade,benvinda.
Adorei o texto!!!
Grace diz
Verdade amiga as melhores festas são as que nos sentimos a vontade, benvinda,que nos contagiamos com a felicidade dos amigos e que fica aquele gostinho de quero mais!!!
Adorei como sempre!!!
Agui diz
Crônica por excelência, vc arrasaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
vera silveira diz
como sempre uma delícia ler…