Por Claudia Costa
A Sociedade Brasileira de Mastologia alerta mais uma vez a população para adoção de estilo de vida que pode ajudar a obter mais bem-estar-estar e prevenir doenças.
Outubro é o mês da conscientização para a prevenção do câncer de mama. A maneira mais segura de identificar o câncer de mama é com a mamografia, capaz de detectar os menores tumores.
Uma pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia em parceria com a Sociedade Brasileira de Mastologia mostrou que a proporção de mulheres que fazem o exame pelo SUS vem diminuindo. Em 2017, o percentual era de 24%, enquanto que em 2018, 22%. O estudo mostra também que o número de mamografias feitas em 2018 foi o pior dos últimos 6 anos, apenas 2.648.227 exames realizados.
O problema não estaria na falta de máquinas para realização do exame, mas na má distribuição delas e na dificuldade de acesso da população com a longa espera por atendimento na rede pública.
A cada ano surgem 60 mil novos casos de câncer de mama, e toda mulher tem 14% de risco de desenvolver a doença. Este é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres.
A doença se caracteriza pela proliferação anormal, de forma rápida e desordenada, das células do tecido mamário. Desenvolve-se em decorrência de alterações genéticas, mas nem todos os tumores de mama aparecem em função da hereditariedade. Um tumor pode ser benigno (não perigoso para a saúde) e não é considerado cancerígeno, pois não se espalha por outras partes do corpo. Já os tumores malignos (considerados cancerosos), se não tiverem suas células controladas, podem crescer e invadir tecidos e órgãos vizinhos, podendo se espalhar por outras partes do corpo.
Fala-se muito em prevenção, mas prevenção é quando se sabe a causa do problema. “No caso do câncer de mama ainda não foi descoberta a causa, por isso o correto é falar sobre o diagnóstico precoce. Todo sucesso do tratamento da doença baseia-se, principalmente, no diagnóstico precoce. Quanto mais cedo se descobrir o câncer de mama, menos agressivo o tratamento e maior a chance de ter um melhor resultado”, explica o médico mastologista Walter Jorge Sobrinho.
Fatores de risco
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, são considerados fatores de risco para o câncer de mama, tanto para homens quanto para mulheres, o histórico familiar, a obesidade, o sedentarismo e os antecedentes de patologias mamárias. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama.
Não existe um consenso entre a Sociedade Brasileira de Mastologia e os sistemas de saúde de cada país sobre a partir de que idade a mulher deve fazer a sua primeira mamografia. “Em função de nossa vivência, do número de casos que atendemos e da idade em que temos visto a doença aparecer, indicamos a realização da mamografia a partir dos 35 anos”, salienta Walter Jorge Sobrinho, médico especialista que atua há 25 anos nesta área.
Diagnóstico precoce
O médico salienta que o autoexame da mama pela mulher é importante, porém somente este exame não basta. “A paciente tem que fazer a sua parte examinando a mama, mas não pode deixar de procurar um médico uma vez por ano, que fará um exame clínico e solicitará os exames de imagem (mamografia, ultrassom e ressonância) quando for necessário”, salienta.
Reposição hormonal
Muitas mulheres fazem reposição hormonal durante a menopausa. Walter Jorge explica que a reposição é uma indicação para a qualidade de vida da mulher, o que é muito importante. Porém, a reposição hormonal deve ser avaliada pelo médico sobre os riscos e os benefícios. O especialista explica que “é importante salientar que as mulheres que usam o estrogênio e a progesterona, através da reposição hormonal, a cada quatro anos de uso têm aumento de 1% de risco de ter câncer de mama. Quanto à tibolona (hormônio sintético) e o estrogênio puro não existe nenhum indicativo que aumenta o risco da doença”.
Tratamento
O especialista explica que o tratamento do câncer de mama envolve avaliação se o paciente vai passar por cirurgia e também se vai precisar de um tratamento complementar de quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia. “Cada caso é único. A paciente pode precisar de apenas um desses procedimentos ou de todos. Tem um exame, o imuno-histoquímico, que é feito no tumor para identificar o tipo de câncer específico”, salienta Walter Jorge Sobrinho.
SBM alerta: caiu o número de mamografias realizadas no Brasil
Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede Goiana de Pesquisa em Mastologia, revelam os resultados de uma pesquisa que mostra queda acentuada do número de mamografias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em vários Estados do Brasil e em mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos. Os números do Distrito Federal foram os que mais surpreenderam os pesquisadores, já que nos últimos anos apresentavam uma curva de crescimento na cobertura mamográfica: 14,2% em 2013; e 16% em 2014. Já em 2015 esse número caiu para 1,7%, situação pior do que o Estado do Amapá (3,9%).
Isso significa que, das 52 mil mamografias realizadas em 2014, apenas 7,6 mil foram feitas em 2015. O baixo número de exames pode ser atribuído a alguns fatores. Existem 12 mamógrafos no DF que seriam suficientes para realizar 120 mil mamografias por ano pelo SUS, caso funcionassem com técnicos e médicos radiologistas suficientes. No entanto, há carência de profissionais, que priorizam as emergências com tomografias e ressonâncias e cortam a agenda de mamografias durante o ano. Ou seja, os mamógrafos ficaram praticamente parados em 2015. Os números de 2014 são atribuídos à terceirização de um serviço de unidades móveis, cujo contrato não foi renovado no ano seguinte. Esse serviço ajudou a aumentar o número de exames e as mulheres não precisavam de pedido médico. Porém, após receber o laudo, não tinham um acompanhamento para diagnóstico e tratamento, caso fosse necessário.
O rastreamento praticamente zero ainda se depara com a situação caótica enfrentada pelas pacientes que já apresentam algum tipo de patologia. Não tem radioterapia, a fila da quimioterapia é enorme e seriam necessários hoje cerca de 28 mil exames de mamografia diagnóstica, porém o Distrito Federal só produziu 7,5 mil ao todo.
A Sociedade Brasileira de Mastologia defende um tratamento digno e rápido para mulheres com queixas mamárias e, de uma forma muito especial, para aquelas que têm suspeita ou diagnóstico de câncer e que sofrem nas filas ou por falta de acesso. Também defende o rastreamento digno para todas as mulheres, com serviço próprio para mamografias, biopsia e diagnóstico, além de um corpo clínico de profissionais específicos para trabalhar com mama. Somente desta forma será possível reduzir o número de casos avançados e da mortalidade. Confira abaixo o ranking de cobertura de mamografia no País, lembrando que a meta recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 70%.
Sociedade Brasileira de Mastologia alerta mais uma vez a população para adoção de estilo de vida que pode ajudar a obter mais bem-estar-estar e prevenir doenças
Com a chegada do Outubro Rosa e permanência da pandemia do Covid-19, o cenário do câncer de mama no país ainda preocupa. Por conta disso, a Sociedade Brasileira de Mastologia reforça sua mensagem à população para a importância do diagnóstico precoce, com a realização de exames preventivos e visitas regulares ao médico. Intitulado QUANTO ANTES MELHOR, o movimento chama a atenção para a necessidade de adoção de um estilo de vida que compreenda a prática de atividades físicas e alimentação saudável, minimizando riscos não só do câncer de mama, como de muitas outras doenças. Outra mensagem-chave da entidade é para, quando preciso, o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico, aumentando a sobrevida e chances de cura da paciente.
De acordo com o Dr. Vilmar Marques, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, o atual contexto requer muita atenção devido ao quadro pandêmico que fez com que, em certos momentos dentro desse pouco mais de um ano e meio, houvesse uma redução de mais de 70% na presença de mulheres às unidades hospitalares. “Mastologistas da SBM em todo o Brasil monitoraram essa movimentação que, certamente, variou de região para região, porém em todo o território nacional houve queda na procura por exames preventivos e tratamento”, afirma Marques.
Ele lembra que o câncer de mama se tornou o mais comum no mundo no mundo e, assim com qualquer outro, ele não espera, ou seja, interromper o tratamento pode acarretar “prejuízos” irreversíveis em certos casos. “Não queremos alarmar, mas, sim, orientar a população. Compreendemos a nossa impotência diante da pandemia e do isolamento social que foi necessário em certo período. Mas, agora, com o avanço da vacinação, é primordial que não só seja retomada a rotina de tratamento, como acelerada. Quanto antes retomar melhor”, alerta o mastologista.
O presidente ressalta ainda que o fato de não ter a doença diagnosticada não significa que a pessoa não precisa fazer o rastreamento. Ele destaca que uma coisa não tem nada a ver com a outra, pois é imprescindível que a mulher, principalmente as de 40 anos de idade em diante, realizem anualmente a mamografia, exame mais eficaz para o diagnóstico precoce. “Temos de uma vez por todas adotar o conceito de saúde preventiva. Muitas mulheres não fazem com medo de achar algo, mas é importante entender que quem acha tem a chance de cuidar. E quanto mais cedo for, melhores serão as chances de cura”, diz o doutor, acrescentando que, embora não tenha dados oficiais, diversos mastologistas de muitos estados detectaram aumento do diagnóstico tardio, ou seja, com a doença em estágio avançado, o que pode estar relacionado a redução do rastreamento no último ano. (Texto do site da SBM)
Fontes:
Sociedade Brasileira de Mastologia
INCA- Instituto Nacional do Câncer
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama/cancer_mama++
Ana Marta diz
Muito boa e esclarecedora a entrevista!!!🎀🎀🎀🎀
Vivian Valente diz
Ótima matéria. É muito importante que todas as mulheres tenham consciência dos exames. A prevenção é fundamental.
Vera Almeida diz
Ótima entrevista, esclarecedora. Devemos compartilhar. Eu nos meus 66 anos não deixo pra depois. Eu já fiz a minha mamografia e vc que está lendo já fez a sua??
Parabéns Cláudia pela entrevista.
SEBASTIAO DJALMA CORREIA diz
É UM EXAME QUE TODA MULHER TEM QUE FAZER, MUITO IMPORTANTE PRA PREVENÇÃO, CONTINUA FAZENDO ESSAS MATÉRIAS PRA ESCLARECIMENTOS DA POPULAÇÃO. PARABÉNS
maria cristina toledo siqueira de toledo diz
Parabéns, Claudia! Assuntos de interesse geral e ressalta a importância da prevenção. Excelente matéria!
Teresinha Rosa diz
Agradecemos ao Dr. Walter Jorge pelas excelentes informações!
Elisie diz
Fui operada pelo dr. Walter, descobri CA de mama na mamografia que fazia anualmente, nunca vacilei com mamografia porque sei da importância. Infelizmente é uma doença que tem atingido mulheres de todas as faixas etárias, não escolhe. Fui muito bem atendida e caminho com o Dr. Walter há vários anos, quando faço meus exames de seis em seis meses. E se atraso, ele me cobra. As mulheres têm que ficar atentas, quanto mais cedo o diagnóstico, maior chance de cura. Excelente matéria da Cláudia.
Olavo Junior diz
Parabéns pela matéria, estarei compartilhando com meus contatos para que aumente a conscientização não só da mulher; mas sim, de toda família, ser consciente vai mais além, devemos concientizar toda família e sermos multiplicadores de informações e conceitos que podem salvar vidas.
Abraços
Marília Cabrera Borges diz
Excelente matéria. O exame preventivo realizado periodicamente pode salvar vidas. É muito importante o debate sobre o tema, para que todos se informem sobre os riscos da doença e principalmente, sobre os benefícios do tratamento preventivo. Parabéns pela iniciativa de tratar sobre o assunto.