A diabetes é uma doença crônica que já atinge 10% da população brasileira adulta. Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Federação Internacional de Diabetes (FID), o Dia Mundial do Diabetes será comemorado no próximo dia 14 de novembro.
Pessoas com diabetes não têm maior probabilidade de contrair Covid-19 do que a população em geral. O problema é que esses pacientes enfrentam maior gravidade da doença, com taxas muito mais altas de complicações graves e até morte.
Por Claudia Costa
Se a diabetes for bem administrada, o risco de ficar gravemente doente com o Covid-19 é quase o mesmo que a população em geral. Já quando o problema não é bem controlado e os pacientes correm o risco de sofrer uma série de complicações relacionadas porque a capacidade do corpo de combater uma infecção no diabético está comprometida.
As infecções virais podem aumentar a inflamação ou inchaço interno em pessoas com diabetes. Isso também é causado por açúcar no sangue acima da meta e ambos podem contribuir para complicações mais graves. Quando doentes com uma infecção viral, esses pacientes enfrentam um risco aumentado de cetoacidose diabética (CAD), que pode tornar difícil gerenciar a ingestão de líquidos e diminuir os níveis de eletrólitos, fundamentais no gerenciamento da sepse (infecções).
A diabetes é uma doença crônica que já atinge 10% da população brasileira adulta. Em alguns casos, a diabetes demora para ser identificada e quando isso acontece, muitas vezes, é em função das complicações. Segundo o médico endocrinologista Guilherme Marquezine, que atua na área há 20 anos e é professor de Endocrinologia no curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina, a diabetes é um conjunto de doenças parecidas, mas que refletem a dificuldade do organismo de metabolizar carboidratos. “Durante o processo de digestão do alimento, a pessoa não consegue absorver de maneira adequada grandes quantidades de amido e açúcares”, explica o médico.
É importante salientar que, embora a maioria dos alimentos contenha algum carboidrato, os diabéticos costumam ter dificuldade com aqueles mais ricos neste tipo de nutriente, como pães, bolachas, batatas, mandioca e bebidas doces em geral.
A pessoa que tem diabetes não produz insulina, um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue, ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. O organismo precisa da insulina para utilizar a glicose que consumimos através dos alimentos como fonte de energia. O que acontece com um diabético é que o organismo não fabrica a insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de glicose no sangue fica muito elevado (hiperglicemia) e, se esse quadro permanecer por longos períodos, pode ocasionar danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
Sintomas
“A diabetes tipo 2, a mais frequente, é assintomática e não dá muitos sinais no início, sendo percebida somente quando o quadro se agrava. Por isso, é importante que a pessoa faça exames preventivos pelo menos uma vez ao ano para saber, de maneira geral, como está sua saúde. O tipo 1 (menos de 5% dos casos) aparece de forma abrupta e a pessoa se torna dependente de insulina”, explica Marquezine.
O especialista salienta que a medição da glicemia pode ser feita em jejum, mas também pode trazer muitas informações quando realizada após as refeições. O endocrinologista alerta que algumas orientações alimentares genéricas que são muito comuns podem não ser muito adequadas ao diabético. Muitos não toleram grandes quantidades de frutas e em outros até carboidratos integrais podem piorar o controle da doença. “Algumas pessoas não conseguem lidar bem com alguns tipos de alimentos, mesmo eles sendo integrais ou naturais. É bastante individual.”
Tipos de diabetes
Tipo 1 – Aparece geralmente na infância ou na adolescência, mas pode ser diagnosticada em adultos também. Essa variedade é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue. Na diabetes tipo 1, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o tipo 1 de diabetes, que concentra entre 5% e 10% do total de pessoas com a doença.
Tipo 2 – Aproximadamente 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose. O tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controlar a taxa de glicemia.
Gestacional – É um problema que surge durante a gravidez. A mulher fica com uma quantidade maior que a normal de açúcar no sangue. É uma condição que quase sempre se normaliza sozinha depois que o bebê nasce. Entre os fatores de risco da diabetes gestacional estão: idade materna mais avançada, ganho excessivo de peso durante a gestação, sobrepeso ou obesidade, síndrome dos ovários policísticos, história de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional, história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau (pais e irmãos), história de diabetes gestacional na mãe da gestante, hipertensão arterial na gestação e gestação múltipla (gravidez de gêmeos).
As complicações da diabetes
Uma pessoa portadora de diabetes pode levar uma vida normal e com qualidade. Mas, para tanto, esse paciente deve manter o controle do nível de glicose no sangue e seguir à risca o tratamento prescrito por seu médico.
- Rins – A diabetes pode provocar danos aos rins, afetando sua capacidade de filtragem. O problema é que os altos níveis de açúcar fazem com que os rins filtrem muito sangue, sobrecarregando os órgãos e fazendo com que as moléculas de proteína acabem sendo perdidas na urina.
- Pés e membros inferiores – Um problema comum nos pés em uma pessoa que não tenha diabetes pode ser resolvido de forma simples e rápida. Porém, em um paciente diabético o problema pode tomar grandes proporções, com danos aos nervos (neuropatia) e má circulação. As complicações podem provocar formigamento, dor (na forma de ardência ou de picadas), fraqueza e perda de sensibilidade no pé, dificultando a percepção de calor, de dor ou de algum machucado. Essas feridas não doem, mas devem ser avaliadas imediatamente pelo médico. Muitas pessoas com diabetes têm a doença renal arterial periférica. Essa doença reduz o fluxo de sangue para os pés, podendo provocar úlceras e infecções que podem levar à amputação do órgão ou de parte dele.
- Olhos – Os problemas oculares mais comuns quando o paciente não administra a sua taxa de glicemia são o glaucoma e a catarata. O paciente com diabetes tem 40% mais chances de desenvolver glaucoma (pressão elevada nos olhos), mas existem vários tratamentos, de medicamentos a cirurgias. O diabético também tem 60% mais chance de desenvolver catarata, que acontece quando a lente clara do olho, o cristalino, fica opaca, bloqueando a luz.
- Retinopatia diabética – O termo designa todos os problemas de retina causados pela diabetes. Existem os tipos não proliferativos, mais comuns em pacientes tipo 1 e tipo 2, e a retinopatia proliferativa, que afeta uma em cada 20 pessoas. Com o passar dos anos, a retinopatia pode progredir para algum tipo mais sério, o proliferativo. Grandes avanços têm sido feitos no tratamento da retinopatia diabética, com técnicas de fotocoagulação, laser e vitrectomia. Quanto mais cedo a doença for descoberta, maior será a possibilidade de sucesso na terapia utilizada. E os melhores resultados são alcançados quando a visão ainda está normal.
FONTES:
http://www.diabetes.org.br/publico/dia-mundial-do-diabetes-2017
AGRADECIMENTOS:
Revisão de textos: Jackson Liasch (fone (43) 9 9944-4848 – e-mail: jackson.liasch@gmail.com)
Captação das imagens (vídeo): Lucas Costa Milanez
Matéria original 2019.
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