A exposição “60 Anos da Moda Brasileira” acontece de 14/9 a 10/11, de quinta a domingo para o público geral, no Museu A CASA do Objeto Brasileiro, e integra o projeto “Núcleo de Moda e Design”, realizado pelo Instituto São Paulo de Arte e Cultura em parceria com a Secretaria da Cultura, Economia Criativa e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo. A curadoria da exposição está a cargo da Professora Walquiria Caversan e co-curadoria da estilista Nina Florsz , que desempenham um papel fundamental na seleção dos artesãos e na organização do evento.
Da década de 1960 até a década de 2010, a exposição gratuita acontece a partir de setembro, no Museu A CASA do Objeto Brasileiro, e oferece ao público a oportunidade de conhecer e apreciar a história e a diversidade da moda nacional com criações de 29 artistas formados em projetos da grande São Paulo e que hoje se destacam nos seus segmentos.
Couro, jeans, spikes, lixo, punk, o universo drag queen, elementos urbanos, entre muitas outras inspirações… A exposição “60 Anos da Moda Brasileira” é plural e faz uma incrível viagem ao universo que dita tendências.
A exposição “60 anos da Moda Brasileira”, que integra o projeto “Núcleo de Moda e Design”, com realização do Instituto São Paulo de Arte e Cultura e Secretaria da Cultura, Economia Criativa e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, propõe trazer uma mostra abrangente que destaque e celebre a evolução da moda brasileira nos últimos 60 anos.
A iniciativa apresenta a diversidade e a riqueza criativa presente no cenário da moda nacional, através da seleção criteriosa de vestuários confeccionados por artesãos convidados. Os 29 artistas foram escolhidos com base em suas trajetórias profissionais e pessoais, o que garante personalidade através de abordagens inclusivas e representativas para cada peça exposta. A cuidadosa curadoria realizada pelas estilistas e professoras Walquiria Caversan e Nina Florsz teve um papel fundamental na seleção dos artesãos e na organização da exposição.
A mostra se justifica como uma importante ação cultural e social, pois valoriza e potencializa a cadeia produtiva da moda, reconhecendo-a como uma forma de expressão artística e criativa. O vestuário é mais do que simplesmente roupa, é uma manifestação cultural que reflete identidades, valores e épocas. Ao apresentar uma retrospectiva da moda brasileira, a exposição proporciona uma oportunidade para o público conhecer e apreciar a história e a diversidade dessa forma de expressão.
“’60 Anos de Moda Brasileira’ é um convite ao público para refletir sobre as transformações sociais, políticas e culturais de cada época, começando por um período que revolucionou a cultura no Brasil, a década de 1960. Como curadora, sinto-me honrada pelo presente e pela oportunidade de trazer a moda para o espaço do museu, especialmente no Museu A CASA do Objeto Brasileiro, que valoriza a brasilidade e o saber artesanal. Esta mostra oportuniza jovens estilistas, muitos com formações oriundas de projetos sociais, a apresentarem suas visões e perspectivas únicas em lugar onde a moda é valorizada como expressão cultural. Cada criador, através da reinterpretação dos estilos de cada década mostrará o resultado de seus processos criativos, em peças únicas especialmente desenhadas para ocupar esse espaço.” comenta Walquiria Caversan, curadora da exposição.
A exposição também serve como um espaço para a experimentação e a inovação, permitindo que os participantes explorem novas criações baseadas em modelos originais ou que apresentem novas interpretações e abordagens no Brasil. Isso contribui para o fortalecimento da moda como expressão artística e para o enriquecimento do cenário criativo brasileiro. Artistas como Ronaldo Fraga, Zuzu Angel, Walério Araújo e Denner Pamplona de Abreu são revisitados sob a ótica dos 29 artistas e trazendo aspectos de suas próprias vidas e meios onde estão inseridos.
“Do tropicalismo aos dias atuais, a moda brasileira sempre foi um mosaico de diversidade e riqueza. A exposição ’60 Anos de Moda Brasileira’ celebra essa rica história, mostrando como a moda se transformou ao longo do tempo, mas sempre mantendo suas raízes e sua identidade única. Através de um olhar contemporâneo sobre o passado, a mostra revela a força e a vitalidade da moda brasileira, capaz de inspirar gerações. Através de peças únicas, criadas por egressos do projeto cultural ‘Ponto da Moda’, o público poderá apreciar a moda como uma verdadeira forma de arte, capaz de contar histórias e provocar emoções. No Museu A CASA do Objeto Brasileiro, a moda encontra um espaço privilegiado para celebrar a nossa brasilidade e a riqueza do nosso patrimônio cultural.” comenta Nina Florsz, co-curadora da exposição.
Ao trazer à tona a história e a evolução da moda brasileira, “60 Anos de Moda Brasileira” visa democratizar o acesso a essa forma de arte, tornando-a acessível a todos os públicos. Através da exposição de peças temáticas de artesãos brasileiros, o projeto oferece uma experiência educativa e enriquecedora, permitindo que os visitantes revisitem o passado, compreendam o presente e vislumbrem o futuro da moda no Brasil. A exposição também conta com o espaço “DESCOBERTAS” que permitirá que crianças de 3 a 10 anos explorem e criem suas próprias criações a partir de peças modulares e sistemas de encaixe.
“Ao realizar uma exposição de 60 dias, o projeto proporciona uma oportunidade única para o público mergulhar na história e na evolução da moda brasileira, promovendo o diálogo e a reflexão sobre a importância da moda como uma forma de expressão cultural e artística. Ao final da exposição, o catálogo produzido garantirá que o legado desses artesãos seja preservado e compartilhado com as gerações futuras, garantindo que a contribuição da moda brasileira para o cenário global seja reconhecida e celebrada“, comenta Márcia Gliosci – Presidente do Instituto São Paulo de Arte e Cultura.
A exposição “60 Anos da Moda Brasileira” acontece de 14/9 a 10/11, de quinta a domingo para o público geral, no Museu A CASA do Objeto Brasileiro, e integra o projeto “Núcleo de Moda e Design”, realizado pelo Instituto São Paulo de Arte e Cultura em parceria com a Secretaria da Cultura, Economia Criativa e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo. A curadoria da exposição está a cargo da Professora Walquiria Caversan e co-curadoria da estilista Nina Florsz , que desempenham um papel fundamental na seleção dos artesãos e na organização do evento.
Obs.: Para documentar e perpetuar o projeto, será produzido um catálogo abrangente que apresentará detalhes da exposição e dos artesãos participantes, com registros fotográficos do processo de criação e fotografias das obras finalizadas.
Sobre o Museu A Casa do Objeto Brasileiro
O Museu A CASA do Objeto Brasileiro é um espaço de referência do saber artesanal, criado para proteger, difundir e valorizar suas tradições e técnicas, e que busca atualizá-las no contexto da contemporaneidade, fazendo um constante diálogo entre o passado, presente e futuro desses saberes.
A partir de exposições, projetos, programação cultural, conexões e parcerias culturais e institucionais, o Museu A CASA se posiciona no centro de um ecossistema que pensa, reflete e fomenta a produção artesanal.
Ao longo de sua trajetória, que começou em 1997 pelas mãos da economista Renata Mellão, A CASA evidencia a importância do saber feito à mão para a cultura brasileira, criando pontes entre pessoas, abrindo espaços de troca de experiências e aprendizagem mútua, e explorando todas as capacidades de conexão e tradução entre os diferentes mundos desse universo.
O foco principal do trabalho desenvolvido pelo Museu A CASA do Objeto Brasileiro está, justamente, na manutenção do saber artesanal com um viés de impacto socioeconômico, onde contribuímos para que as comunidades artesãs espalhadas pelo país possam também se desenvolver de forma sustentável e autônoma, além do incentivo a produções ambientalmente responsáveis, que respeitam os ciclos na natureza e privilegiam a (re)utilização de materiais próprios a cada território. A CASA reconhece que esse conhecimento permeia todo o processo de criação manual, e essa filosofia orienta cada iniciativa da instituição.
Para acessar fotos das curadoras e artistas, acesse:
https://drive.google.com/drive/folders/1iLwmTYHM_A87uUyGvlOgXmP-qyWXrSkF
Crédito: Divulgação
Curadoria
Walquiria Caversan
Mestre em Criatividade e Inovação pela Universidade Fernando Pessoa em Porto/Portugal (2014). Possui Graduação em Desenho de Moda (1999) e Pós-Graduação em Moda e Criação (2005), ambas pela Faculdades Santa Marcelina. É docente no Bacharelado em Moda da Faculdade Santa Marcelina desde 2002 , atualmente leciona as disciplinas Processo de Criação, Pesquisa em Moda, Práticas em Criação, Figurino, Práticas de Criação, Estilismo, Práticas de Criação e Coleção. É membro integrante das bancas de avaliações e integra o NDE (Núcleo Docente Estruturante). Tem experiência no desenvolvimento de produto de moda, além de experiência na área de Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: moda, corpo, tecnologia, superfície e criação. Desde de 2014 coordena os projetos sociais da FASM junto ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Ponto da Moda, Instituto Focus Têxtil e Instituto C&A.
Nina Florsz
Graduada em Design de Moda e mestra em Desenvolvimento Regional, ambas pela Universidade Regional de Blumenau, iniciou sua carreira no universo da moda, atuando como estilista e produtora de moda. No entanto, a busca por um propósito mais significativo a impulsionou a expandir seus horizontes. Como docente, desenvolveu habilidades pedagógicas e um entendimento das dinâmicas de ensino-aprendizagem, utilizando sua experiência na moda para inspirar e capacitar novos talentos. A docência e coordenação do projeto cultural ‘Ponto da Moda’ foi um marco em sua trajetória, onde pôde aliar sua paixão pela moda à geração de impacto social, promovendo a transformação de vidas e a inserção de jovens no mercado de trabalho. Atualmente, como coordenadora pedagógica na Quest Consult, é responsável pelo planejamento, gestão e monitoramento de projetos culturais, realizados por meio das leis de incentivos fiscais. Sua carreia também inclui a atuação como consultora de gestão e planejamento com ênfase em moda sustentável, capacitando pequenas marcas para o mercado do Slow Fashion e participação voluntária em iniciativas que visam promover a inclusão social e a geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Sobre os artistas e respectivos projetos (por década)
60’
ÉRICO VALENÇA
Neto de costureira e filho de um sociólogo e uma professora de linguagens, Érico Valença sempre teve uma mente imaginativa, despertada por seu interesse em computação gráfica, desenho e astronomia. Com uma formação acadêmica diversificada, que inclui programação, design gráfico, design de produto, design de moda, ilustração e fotografia, Érico aprendeu de forma autodidata a manipular softwares 3D e inteligência artificial, sempre visando desenvolver seus projetos de moda para concretizá-los no mundo físico. À frente de sua marca, ‘a neoutopia’, Érico instituiu um desenvolvimento de produto predominantemente digital. O estudo de formas, modelagem plana e moulage são realizados com software 3D e inteligência artificial, enquanto a impressão 3D é utilizada para criar acessórios, aplicações e acabamentos. Esse processo contribui para uma produção mais sustentável e justa, com menos desperdício, produção sob demanda e sem a necessidade de testes físicos e descarte na pilotagem. As matérias-primas são majoritariamente orgânicas, recicladas ou resgatadas do descarte industrial.
Projeto: O projeto é uma extensão da coleção Kosma Laborepoko, apresentada na última edição da Casa de Criadores, que faz referência ao período da corrida espacial da década de 60. ‘Kosma Laborepoko’ – do esperanto, ‘era do trabalho cósmico’ – referencia a corrida espacial da década de 1960 e o período de otimismo tecnológico dos anos 1990. Inspirada pelas ficções de Asimov, a coleção é ambientada em uma nave espacial, interpretando as relações de trabalho neste contexto futurístico. O projeto apresenta o que poderia ser o uniforme da tripulação em um futuro em que o próprio conceito de uniforme, conforme conhecemos, tornou-se obsoleto e foi substituído pela computação espacial. Agora, os tripulantes vestem-se para o trabalho não mais para comunicar hierarquia, mas para expressar a individualidade. A silhueta esguia dos anos 1990 é misturada com referências espaciais das formas das peças características dos anos 1960, sob um olhar contemporâneo que utiliza tecidos plastificados, transparências, casacos longos, linguetas, botões metálicos, recortes circulares e uma cartela de cores frias. Tudo isso constitui a moda dos tripulantes da nave. Kosma Laborepoko explora um futuro em que a moda transcende sua função tradicional e se torna uma forma de expressão pessoal, refletindo uma era de trabalho cósmico e inovação tecnológica.
TAMIRES CORREA
Tamires Correa desde cedo demonstrou talento criativo. Em 2022, teve a oportunidade de participar do projeto Ponto da Moda, onde lançou sua primeira coleção intitulada “Aflora” e criou sua própria marca, Estigma. Atualmente, Tamires está participando da 6ª edição do projeto Cria Costura, que incentiva jovens em situação de vulnerabilidade social a alcançarem estabilidade financeira através da moda. Sob a orientação de Jefferson de Assis, ela foi convidada para expor seu trabalho na prestigiada São Paulo Fashion Week, apresentando uma pesquisa voltada para a memória pessoal. Suas peças refletem uma abordagem consciente e responsável da moda, utilizando sobras de materiais para o desenvolvimento das peças com o intuito de maximizar o aproveitamento dos tecidos e reduzir os resíduos têxteis. A trajetória de Tamires é marcada por sua capacidade de transformar desafios em oportunidades. Ela mostrou uma habilidade para integrar a sustentabilidade e a responsabilidade social em seu trabalho. Sua participação no Cria Costura é um testemunho de seu compromisso com a inclusão e o empoderamento de jovens talentos, com uma visão artística enraizada em suas experiências pessoais e no respeito pelo meio ambiente.
Projeto: A década de sessenta, marcada pela força da juventude, trouxe mudanças significativas no cenário da moda e na sociedade. Este período é lembrado pela liberdade do corpo feminino, simbolizada pelo início do uso da minissaia, que Mary Quant popularizou, desafiando as convenções sociais e liberando as mulheres das restrições das saias longas e conservadoras. A expressividade do movimento hippie também deixou uma marca permanente na moda, com suas estampas psicodélicas, padrões florais, e o uso de tecidos naturais como algodão e linho, refletindo uma atitude de rebeldia e busca por autenticidade. Um dos eventos mais icônicos da época, a chegada do homem à lua em 1969, inspirou uma estética futurista que influenciou profundamente a moda. A Space Age Fashion, liderada por designers como André Courrèges e Pierre Cardin, introduziu materiais inovadores como PVC e metais, e explorou formas geométricas, linhas limpas e silhuetas estruturadas, criando um visual que evocava a era espacial e a tecnologia emergente. Além disso, a década de 60 foi um período de experimentação e ruptura com o passado. As peças desenvolvidas trazem materiais diversos que são explorados para criar texturas e tridimensionalidade, proporcionando uma nova dimensão à moda atual. Tecidos de tapeçaria associadas as técnicas artesanais permitem revisitar e reinterpretar esses elementos icônicos, mantendo viva a herança de uma década que continua a inspirar e influenciar o mundo da moda.
THAYNÁ FERRARESI
Thayná Ferraresi, 28 anos, nasceu e cresceu no extremo leste de São Paulo, no bairro periférico de Cidade Kemel. Desde a infância, inspirada pelas histórias de sua bisavó, uma modelista e costureira de vestidos de noiva e batinas, desenvolveu um profundo interesse pelo universo da moda. Formada em pedagogia, dedicou parte de sua carreira à educação, mas paralelamente estudou no Ponto da Moda SP, até ingressar no Bacharelado em Moda da Faculdade Santa Marcelina. Durante seus estudos e experiência no campo da moda, Thayna enfrentou inúmeros desafios que só reforçaram sua determinação e paixão pela área. O desejo de inovar e contribuir para a sustentabilidade se manifestou em seu trabalho, onde ela começou a explorar o potencial dos materiais recicláveis. Suas criações passaram a refletir não apenas sua habilidade técnica, mas também uma profunda consciência ambiental e social, transformando resíduos em peças únicas e significativas.
Projeto: A década de 1960 foi um período de grande fervor cultural e político no Brasil, onde a juventude buscava se diferenciar e expressar sua individualidade através da moda. A censura imposta deixou marcas profundas, ainda sentidas hoje, moldando ideias e valores. Nesse contexto, a moda tornou-se uma ferramenta não apenas de expressão artística, mas também de posicionamento político, promovendo a valorização das diferenças individuais. Essa expressão através do vestuário se consolidou como um importante instrumento de construção de identidade, contestação e resistência frente à repressão. Transcendendo o tempo e desafiando os limites da criatividade, a moda dos anos 60 utilizou códigos, estampas e símbolos ocultos para expressar insatisfação e manter vivos os sonhos de liberdade e democracia. As peças desenvolvidas reimaginam a moda dos anos 60, capturando desde os momentos de silêncio, onde as vozes eram abafadas, até o grito de liberdade celebrado com cores e nomes marcantes. Com um foco claro na sustentabilidade, essas criações utilizam matérias-primas de descarte, como materiais automotivos antigos, resultando em uma estética vibrante e ambientalmente consciente.
NICOLY MOREIRA
Nicoly Moreira de 19 anos, nasceu e cresceu em Diadema, São Paulo. Desde pequena, foi encantada pelas histórias que sua avó contava, sobre bailes e festas que frequentava na década de 60, e pelas roupas elegantes que usava nessas ocasiões. Ao ver as fotos antigas e ouvir as músicas que sua avó adorava, nasceu seu amor profundo pela moda. Além disso, o fato de sua avó ser costureira só intensificou essa paixão, tornando a moda uma parte essencial de sua vida. Decidiu seguir esse caminho, estudando no Ponto da Moda, onde pôde explorar seu fascínio pela moda e durante as aulas desenvolveu suas habilidades na costura e no desenho de croquis. Atualmente, está se dedicando a aperfeiçoar os conhecimentos na área têxtil, sempre buscando evoluir e aprimorar sua criatividade. Enquanto estuda e melhora suas técnicas, conserva sua paixão pela moda vintage, trazendo essas influências para o presente em suas criações. Atualmente, trabalha na área de marketing digital, como Social Media onde almeja integrar cada vez mais a moda em sua profissão, produzindo conteúdo para influenciar e conectar pessoas que também amam a moda.
Projeto: As criações propostas anseiam capturar a essência vibrante e revolucionária do final dos anos 60 no Brasil. Em um período marcado pela censura e repressão, a moda se tornou um meio poderoso de expressão e resistência. A ousadia dos ícones da moda da época se refletiu não apenas nas cores e estampas, mas também na forma como desafiaram as convenções, trazendo uma estética inovadora que incluía a influência da rica flora brasileira e a vibrante cena do Rio de Janeiro. Homenageando ícones como Maria Bethânia, Gilberto Gil, Gal Costa e Rita Lee, essas peças são um tributo ao espírito audacioso do Tropicalismo. Além de buscar inspiração nas músicas e na modelagem característica dos anos 60, também se incorporou a estética das praias de Ipanema e a revolução na moda de banho da época que foi retratado em uma das peças. O ponto de partida foi trazer à tona uma estética que une autenticidade histórica com inovação contemporânea.
VANESSA LIMA
Vanessa Lima é a filha mais velha de uma família de três irmãos. Com um espírito dinâmico e um forte senso de responsabilidade, sempre se destacou por seu compromisso e dedicação. Além de ser uma líder natural dentro da família, ela busca constantemente por crescimento e desenvolvimento em suas áreas de interesse. Desde jovem, teve um contato especial com a arte do crochê, inspirado pela mãe que começou a aprender a técnica. Ao se tornar mãe, sentiu a necessidade de se reinventar e encontrou no macramê uma nova paixão. Percebeu que poderia combinar o macramê e o crochê para desenvolver peças únicas. Recentemente, ao ingressar no curso de moda, ampliou seus interesses para a criação de peças bem elaboradas com acabamentos diferenciados que reflitam sua identidade.
Projeto: A moda dos anos 60 foi marcada por grandes mudanças e inovações. No início da década, o estilo era dominado por roupas mais formais e estruturadas, com influências do “New Look” de Christian Dior, que apresentava saias volumosas e cinturas marcadas. No entanto, ao longo da década, o cenário fashion evoluiu rapidamente. O modo como os estilistas se comportaram nessa década e o avanço da tecnologia trouxeram rupturas e novos paradigmas na moda. A coleção foi inspirada nos cortes elegantes de Dener Pamplona que era conhecido por suas peças únicas e icônicas. Dener foi escolhido como estilista oficial da primeira-dama da República, Maria Teresa Fontela Goulart, esposa de João Goulart. Em 1968, fundou a “Dener Difusão Industrial de Moda”, considerada a primeira grife de moda criada no Brasil. Todos os olhares se voltaram para os jovens da época, surge o prêt-à-porter, roupas de qualidade feitas em grande escala. A criação tem como base a sofisticação refletidas em peças estruturadas que trazem elegância e ao mesmo tempo demonstram parte do que se vivia na época. A ditadura é retratada de duas formas, uma mostra como a informação estava absorvida pelo medo de represália em contrapartida a outra retrata a liberdade de expressão. As pessoas estavam ansiosas por expressar sua individualidade e desafiar as normas sociais, e a moda se tornou uma ferramenta poderosa para isso. Hoje, olhamos para trás com admiração e nostalgia para os anos 60, uma época que continua a inspirar a moda contemporânea e a cultura popular.
70’
MANÔ CLEMENTE
Manoela Clemente, nascida em Ribeirão Pires, Grande ABC, no pulsar do ano de 2001,
desde tenra idade revelou um fascínio pelo encanto dos figurinos e fantasias, germinando ali sua paixão ardente pelo vestir. Em 2022, encontrou no projeto social Ponto da Moda o solo fértil para gestar sua primeira coleção: SANKTA INO. Atualmente na Faculdade Santa Marcelina, ela já desdobrou em trabalhos expressivos os desígnios de seu imaginário. A poesia de suas criações entrelaça temas de memória, feminilidade e o lúdico. Em sua mais recente obra, teceu uma narrativa que entrelaça nossas memórias aos dentes de leite que perdemos ao crescer, ecoando a efemeridade da infância e a constante ânsia de revisitá-la. A sensibilidade permeia o desenvolvimento conceitual, transfigurando-se nas escolhas minuciosas dos materiais que compõem cada obra, onde a designer celebra os detalhes e as histórias vivas que cada elemento conta.
Projeto: Inspiradas no nightwear setentista, caracterizado por comprimentos longos e tecidos leves, e nos emblemáticos maxidresses de Zuzu Angel, foram desenvolvidas duas peças em um contexto de coleção: uma camisola e um penhoar. Essas criações não apenas evocam a estética e a energia da década de 70, mas também incorporam uma rica paleta de cores e padrões vibrantes, típicos dos movimentos hippie e psicodélico que definiram a moda daquela era. O processo criativo por trás dessas peças envolveu uma cuidadosa pesquisa e reinterpretação das influências culturais e estilísticas da época. As cores e os “loud patterns” foram selecionados para capturar o espírito de liberdade e experimentação que permeava a juventude dos anos 70, enquanto a escolha de flores de pelúcia em relevo para contrastar com a silhueta clássica serve como uma homenagem às vanguardas daquela geração. Essa combinação de elementos resulta em uma fusão única de passado e presente, onde o maximalismo kitsch contemporâneo encontra a elegância boêmia dos anos 70. As peças celebram a criatividade exuberante e o espírito de resistência que marcaram tanto a moda quanto os movimentos sociais daquela época, destacando a importância da moda como um meio de expressão individual e cultural.
MARIANA VIEIRA
Formada em Modelagem do Vestuário pela ETEC e cursando Moda na Faculdade Santa Marcelina, atua há dois anos na equipe de estilo na marca Mnisis, que integra o line-up da São Paulo Fashion Week (SPFW). Como stylist e produtora, possui trabalhos divulgados pelas revistas Glamour e L’Officiel. Junto à marca Mnisis, desenvolveu looks sob medida para artistas renomadas como Liniker, Luísa Sonza e Gigi Grigio. Sua pesquisa está focada na importância e relevância do toque na obra de arte, estabelecendo uma analogia com o movimento neoconcretista, emergente no Brasil na década de 1950. A pesquisa mergulha na análise das obras de Hélio Oiticica e Lygia Clark, ícones do movimento artístico, promovendo uma abordagem mais subjetiva e pessoal à criação artística, desafiando as fronteiras entre a arte e o espectador, com uma visão voltada para a moda. Através de uma metodologia que valoriza o toque e a criação com as mãos, a moda e a roupa são vistas como veículos de expressão pessoal e político. A moda deve ser um meio de inclusão, sustentabilidade e conexão emocional.
Projeto: Na década de 1970, o Brasil vivenciou transformações culturais e sociais intensas sob o regime militar, que entrelaçaram arte e identidade cultural em uma explosão de criatividade. As peças apresentadas capturam essa fusão entre a Arte Tropicalista e o Neoconcretismo, refletindo a essência vibrante e inovadora do período. Inspiradas por ícones como Gal Costa e Maria Bethânia, cujos estilos simbolizam ousadia e transformação, as criações traduzem a intensidade emocional e a experimentação visual que marcaram essas figuras emblemáticas. As peças fazem alusão a exuberância das performances e das capas de álbuns dessas artistas, destacando a influência duradoura que elas deixaram na cultura brasileira. A influência dos parangolés de Hélio Oiticica é também central. Essas “roupas” interativas, que transcenderam a simples contemplação, serviam como veículos de expressão corporal e transformação do espaço. No projeto, essa interatividade se manifesta através de elementos que convidam o espectador a explorar as peças de maneira inovadora. Tecidos fluidos, cores vibrantes e formas ousadas criam uma experiência dinâmica, refletindo a busca por liberdade e expressão que caracterizou o trabalho de Oiticica. Revisitando os anos 70, as peças estabelecem um diálogo entre o passado e o presente, oferecendo interpretações contemporâneas de influências históricas. Cada roupa celebra a interseção entre moda e arte, convidando o espectador a vivenciar a moda como uma forma de arte e manifesto cultural, demonstrando como essas influências continuam a ressoar no cenário atual.
CAMILE CHRISPIM
Camile Chrispim, nascida em 2003 em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, demonstrou desde cedo um profundo interesse pela arte, dedicando grande parte de seu tempo livre ao desenho e à pintura. Em 2022, iniciou sua jornada acadêmica em Moda na Faculdade Santa Marcelina, onde encontrou um ambiente propício para explorar sua criatividade, desenvolvendo trabalhos que exploram sentimentos, simbolismos e a beleza da natureza. No seu processo criativo, Chrispim valoriza a potência das cores, detalhes e texturas, combinando pintura com aplicações em bordados utilizando materiais diversos. A natureza figura como sua principal fonte de inspiração, refletindo-se em suas criações que celebram a harmonia e a estética natural. Alinhada aos temas explorados em seus trabalhos, a designer destaca-se pelo forte uso do design de superfície, dominando técnicas como pintura manual, bordado, aplicações e outras formas de enriquecer suas peças com detalhes artesanais meticulosos.
Projeto: A década de 1970 foi marcada por grandes transformações sociais que ainda impactam o mundo atual. Esse período foi uma época de transição e renovação, influenciado por movimentos como o hippie, que surgiu no final dos anos 60 com suas mensagens de paz, amor livre e expressão artística. No Brasil, o Tropicalismo destacou-se por questionar normas políticas e buscar liberdade individual e autenticidade, inspirando a peça apresentada. A criação reflete essas influências culturais, incorporando elementos dos movimentos hippie e tropicalista. A peça exibe rostos icônicos como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Os Mutantes, e faz referências ao naturalismo e ao ‘Flower Power’, com a flor e a paisagem de Woodstock representando a liberdade e a conexão com a natureza. O desenvolvimento da peça envolveu técnicas artesanais, começando com pintura para expressar cores vibrantes e paisagens. Técnicas de latch hook e aplicação de linhas criaram texturas táteis e profundidade ao design. Hoje, os ideais e estéticas dos anos 70 reaparecem em novos contextos, com um crescente interesse por práticas sustentáveis, cores vibrantes e moda retrô. A peça desenvolvida explora a individualidade e a criatividade, indo além da mera experimentação. Ela celebra a interseção entre moda e expressão cultural, destacando- se em coleções e eventos de moda contemporâneos, como o Baile da Vogue.
AMANDA MENEZES
Amanda Menezes, de 25 anos, nasceu em Diadema e desde a infância cultivou um profundo apreço pela arte, expressando-se através da dança e do desenho. Influenciada por sua mãe, uma costureira que aprendeu com sua avó, Amanda desenvolveu um amor pelas técnicas manuais, incluindo o crochê, que também foi transmitido geracionalmente. Na vida adulta, ela mergulhou no mundo da moda, iniciando um curso na área e apaixonando-se pela costura criativa, bordado, pintura em tecido e artesanato. Especializada em upcycling, Amanda transforma peças descartadas, com foco no jeans, em novas criações. Suas influências incluem a moda de rua japonesa, o rococó, animes, filmes, Vivienne Westwood e a cultura pop. No futuro, Amanda pretende aprofundar seus conhecimentos em costura, almejando transformar sua habilidade em uma profissão e crescer na área.
Projeto: Os anos 70 no Brasil foram marcados por uma mistura de efervescência cultural e mudanças sociais. O país vivia sob um regime militar, mas a década foi um tempo de crescente liberdade e renovação cultural. A política ainda era um tema sensível, mas nas ruas e nas casas, o Brasil experimentava um renascimento artístico que influenciou profundamente a moda. A cultura pop estava em plena ascensão, e a música desempenhou um papel fundamental nesse cenário, Sidney Magal e Roberto Carlos se destacaram como ícones não apenas por seu talento musical, mas também por seus estilos inconfundíveis. A inspiração para a criação das peças veio diretamente desses ícones e do espírito da época. Ao criar, buscou-se refletir o glamour dos ternos desses ícones, que eram verdadeiros testemunhos do esplendor da moda dos anos 70. Os ternos brilhantes e coloridos desses artistas serviram como uma referência para as criações, trazendo um toque de extravagância e estilo. Por outro lado, as mulheres dos anos 70, especialmente a minha grande influência, a atriz Sonia Braga que se destacou por seus tecidos fluidos e seu estilo marcante. Suas roupas, muitas vezes adornadas com estampas vibrantes e tecidos leves, foram uma fonte inesgotável de inspiração para criar peças que exalam a liberdade e a fluidez da moda dos anos 70. Cada estampa é feita à mão, refletindo o trabalho manual que é tão presente na nossa cultura. O trabalho manual é uma forma de arte que celebra a individualidade e a habilidade, e eu queria garantir que cada peça da coleção refletisse isso. As estampas feitas à mão não só adicionam um toque pessoal e único às peças, mas também destacam a importância do trabalho artesanal na moda.
ALESSANDRA VIEIRA
Alessandra, 26 anos, é uma mulher apaixonada pela moda, que encontrou nas artes manuais uma forma única de expressão. Ainda criança, aprendeu a tricotar com sua avó paterna e, desde então, transformar fios em peças exclusivas se tornou uma maneira de conectar suas memórias de infância e às tradições familiares. Durante a pandemia, essa prática se intensificou, oferecendo um refúgio criativo e reconfortante em tempos de incerteza. Na sua perspectiva, a moda vai além de tendências; é um meio de traduzir sua personalidade e história em cada criação. Vive com intensidade e curiosidade, sempre explorando novas formas de aprender e crescer através do artesanato, onde cada peça é uma obra de arte que combina o passado e o presente.
Projeto: Como um mergulho nas complexidades dos anos 70 no Brasil, uma época arcada pelos anos de chumbo da ditadura militar, as peças desenvolvidas são uma homenagem àqueles que, através da moda e da arte, encontraram formas de se expressar e resistir em um período marcado pela repressão e pela censura. As peças de alfaiataria, com cortes precisos e silhuetas estruturadas, remetem à rigidez política da época, enquanto os tons terrosos e estampas orgânicas simbolizam a busca dos jovens por liberdade, característica representada pelo movimento hippie. Cada peça foi cuidadosamente trabalhada com detalhes artesanais, resgatando técnicas tradicionais como o crochê, forma de expressão e resistência cultural. A coleção celebra o poder do trabalho manual, um elemento de protesto silencioso e de preservação da identidade.
80’
SIDINEI MIRANDA
Sidinei Miranda é fotógrafo de moda, residente em Jandira, SP. Formado em Moda pelo Ponto da Moda SP e Processos Fotográficos pelo ETEC de Carapicuíba, atualmente se dedica ao bacharelado de Artes Visuais na Faculdade Santa Marcelina. Tem se destacado no cenário artístico com seus projetos de criação de imagens, direção e produção de editoriais. Ele desempenha a parte imagética e conceitual de álbuns e LPs de cantores da zona oeste de São Paulo, demonstrando uma habilidade única para capturar e comunicar visões artísticas distintas. Sua trajetória inclui a atuação como professor de fotografia no Instituto Via Cultural, onde compartilhou seu conhecimento no Sesc 24 de Maio (2024), USE SP (2023) e Sesc Belenzinho (2022). Em 2023, foi convidado por Mauricio Adinolfi para ser curador adjunto da exposição ‘Caminhos-Labirinto’ e expôs seu trabalho na Petite Galerie Experimentalé, consolidando seu nome no circuito de exposições. Além disso, Sidinei também dirige videoclipes e ministra workshops de direção de modelos, produção criativa e fotografia, onde mostra como é possível construir imagens com muito significado e pouco recurso.
Projeto: Latada explora a busca incessante pela grandiosidade, inspirando-se na exuberância e no exagero dos anos 80 através de suas silhuetas e contrastes marcantes. Esta década foi marcada por grandes mudanças econômicas e desafiou os papéis de gênero no trabalho e na expressão visual. Assim, as peças incorporam ombreiras e brilhos para transmitir imponência e destaque. Pensadas como figurinos de um show, as peças têm como musas Whitney Houston e Elza Soares, cujas performances energéticas e impactantes no palco servem como fonte de inspiração. As roupas não apenas acompanham a música, mas também contam uma história própria. As plumas nas peças são confeccionadas a partir de latas de alumínio descartadas, transformadas através de um processo manual de limpeza e recorte antes de serem aplicadas nas jaquetas, adicionando valor e singularidade ao design. Além disso, parte do trabalho utiliza TNT (tecido não tecido) em babados, oferecendo uma nova utilização para um material comumente empregado em decorações de festas. O artista propõe um novo conceito de elegância, demonstrando que ela não se baseia apenas na ostentação de materiais raros, mas na capacidade de elevar qualquer material ao estado de preciosismo através da criatividade e técnica aplicada.
WESLEY GUEDES
Formado em Ciências Náuticas pela Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante em 2003, o profissional iniciou uma sólida carreira no segmento brasileiro de óleo e gás, trabalhando embarcado em diversas funções. Em 2010, participou na construção de um navio sonda na Coreia do Sul, pilotou o navio de volta ao Brasil para apresentação e testes para a Petrobras. Em 2013, teve seu licenciamento como capitão de embarcações e, em 2015, assumiu o comando de um dos navios da frota, posição que ocupou até encerrar sua carreira marítima em 2018. A transição para uma nova área de atuação começou em 2016, quando se tornou sócio da Lolja – Atelier do Sicko Ltda, atuando na expansão das marcas do grupo. Em 2021, deu um passo decisivo ao ingressar no curso de Moda da Faculdade Santa Marcelina. Durante os estudos, lançou a marca Fábrica 80 demonstrando notável habilidade em criação de coleções, styling, direção, produção e gerenciamento de uma marca de moda. Atualmente, além de continuar seus estudos ele cria e dirige coleções, desenvolvendo ainda mais suas habilidades técnicas nas áreas de criação, produção e gestão de marcas. Sua trajetória multifacetada exemplifica a ênfase na precisão e na disciplina refletindo uma capacidade única de adaptação e reinvenção.
Projeto: Na década de 1980, a televisão reinava como a principal fonte de entretenimento no Brasil, com novelas, programas de auditório e atrações infantis reunindo famílias em torno da tela e gerando conversas sobre os programas do dia anterior. Este período de intensa conexão cultural foi posteriormente desafiado pela chegada da internet em 1988, que marcou o início da transição do analógico para o digital, trazendo profundas transformações sociais e comportamentais. Inspirado por esse cenário de mudança e pela riqueza icônica da década, o desenvolvimento criativo deste projeto busca capturar a nostalgia e o impacto cultural dos anos 80, enquanto reflete a evolução da sociedade com a introdução da internet. As peças reinterpretam elementos simbólicos da época, como o futebol, o estrelato das figuras televisivas e a influência do rock, utilizando materiais sustentáveis e técnicas inovadoras. O uso de jeans reaproveitado, Fio Denim e patchwork em formas geométricas, combinado com cortes assimétricos e detalhes nostálgicos, celebra a transição entre duas eras, resgatando memórias afetivas e incorporando a contemporaneidade. Essa abordagem criativa não apenas homenageia os ícones dos anos 80, mas também propõe um diálogo entre passado e presente, explorando as mudanças comportamentais provocadas pela era digital e seu impacto na moda e na cultura.
RATZ (DANI DANIEL)
Dystopic visa exaltar as vivências de corpos marginalizados e periféricos, celebrando sua subversividade e desafiando a visão linear do sistema em que estamos inseridos. Através de uma narrativa anti-fashion, explora corpos pós-humanos para instigar o questionamento sobre o ódio unidirecional em nossa sociedade, transformando-o em afeto e acolhimento. Despertar uma rede de acolhimento trans, promovendo um sentimento de pertencimento. Utiliza em suas peças uma armadura simbólica contra o ódio, desafiando os padrões tradicionais de beleza ao explorar o surrealismo como referencial estético. Dystopic nasceu da transformação do nada em tudo, utilizando materiais recolhidos do lixo, descartados irregularmente por ideais consumistas que impactam o meio ambiente. Inspirado pela vida na metrópole de São Paulo, busca perspectivas na moda, explorando elementos urbanos como o pixo para desafiar a cisnormatividade e celebrar a trans- humanidade. Reflete os fragmentos de espelhos quebrados de uma cidade imersa no caos distópico, permitindo-nos ser e sentir, e mantendo a estética core de Dystopic.
Projeto: A presente pesquisa examina a moda e o comportamento relacionados à androginia no contexto dos anos 80, explorando o Glam Rock, os Clubbers e a subversividade dos Cybermanos. Esses três estilos, com seu futurismo e extravagância, serviram como uma provocação à estética convencional da época e tiveram um impacto profundo na moda e na visão de mundo que conhecemos. No Brasil, a androginia é expressa através de artistas como Ney Matogrosso, Edy Star e o grupo teatral Dzi Croquettes. Esses artistas desafiaram as normas da ditadura militar com performances viscerais e figurinos extravagantes, quebrando as barreiras entre o masculino e o feminino. O Glam Rock, com sua identidade rebelde, usou o corpo e a androginia para subverter ideias estabelecidas sobre gênero e moda. Em São Paulo, o movimento ganhou força, com gays e drags invadindo as ruas como símbolos de minorias e expressividade. A moda tornou-se uma forma de comunicação e liberdade, com looks e performances extravagantes em clubes noturnos, marcando o surgimento dos Clubbers no Brasil. O visual Club Kid, caracterizado por androginia e exagero, incluía saltos, plataformas, roupas de vinil e muita teatralidade. A partir desse movimento surgiu a ramificação dos Cybermanos, que, vindos das periferias, trouxeram um visual mais pesado e futurista. Com piercings, roupas de vinil, bermudas, bonés de couro, sneakers e acessórios camuflados, os Cybermanos representavam uma versão mais sombria e esquálida dos Clubbers, antecipando o início do cyberpunk. Ser um Cybermano era uma forma de infundir cor em um cotidiano cinzento, muitas vezes custando todo o salário para se destacar nas pistas de dança como um refúgio lisérgico. Essas subculturas e contraculturas se encontram na liberdade de criar, imaginar e vestir o corpo como desejar.
PEDRO STORARO
Pedro Storaro é natural da capital de São Paulo. Cresceu em um ambiente voltado para a arte e a diversão, onde sua curiosidade infantil o transformou em um entusiasta do funcionamento das coisas. Influenciado por um pai criativo com hobbies variados, Pedro desenvolveu um vasto repertório artístico. Após anos de teatro, descobriu uma afinidade especial com a moda e o figurino. Na Faculdade Santa Marcelina, aprofundou seus conhecimentos nesse novo e fascinante universo. Com interesse nas áreas de criação, desenvolvimento de produto, estamparia e figurino, Pedro está constantemente em busca de novos conhecimentos e desafios para aprimorar suas habilidades e ampliar sua visão de mundo. Em 2023, trabalhou na empresa Alexandre Pavão no desenvolvimento de coleções. Hoje trabalha como designer de estamparia na Farm Rio, contribuindo para o mercado da moda nacional e global. Seu trabalho envolve a criação de elementos, cores e a finalização de peças, com o objetivo de levar um pouco da cultura brasileira para os lares de todos. Seu objetivo é continuar a se desenvolver profissionalmente e se envolver em projetos que expressem sua paixão pela moda e pela arte.
Projeto: “Bem-me-quer, mal-me-quer” (Rita Lee, 1980) – “Luzes da Pista” mergulha na essência vibrante dos anos 80, destacando a exuberância e feminilidade dessa década. Inspirado pelas memórias da sua mãe, que dominava as pistas de dança ao som de Rita Lee, o estilista Pedro Storaro cria peças exuberantes, bufantes e de cores intensas, que brilham no salão e celebram a alegria de viver e a liberdade. Essas criações homenageiam a mulher confiante e ousada, que encontra na moda uma forma de expressão e empoderamento, refletindo as noites inesquecíveis daquela época. A modelagem balonê, com sua volumetria marcante, ressurge como um dos estilos icônicos da década, com barbatanas que ressaltam a sensualidade do corpo. Apesar das fortes influências retrô, cada peça é cuidadosamente adaptada para o contexto contemporâneo, equilibrando uma homenagem ao passado com uma afirmação da moda atual. Os carimbos de borracha usados nas peças remetem à era dos padrões geométricos e da cultura pop/rock, quando logotipos e marcas dominavam o cenário. Essas estampas únicas combinam formas típicas da época com cores vibrantes, criando texturas e profundidade no tecido, transformando superfícies simples em verdadeiras obras de arte. Cada carimbada adiciona um toque único, capturando a essência despreocupada dos passos na pista de dança. Pedro Storaro convida todos a reviver a magia dos anos 80 através da moda nacional, oferecendo um olhar poderoso e autêntico. Suas peças não apenas homenageiam uma década inesquecível, mas também celebram a mulher que viveu intensamente, mergulhando em um universo de cores, formas e histórias que continuam a encantar e inspirar.
ARAFA ARANTES
Arafa Arantes, de 22 anos, natural do interior de São Paulo e graduada pela Faculdade Santa Marcelina, iniciou sua jornada profissional como assistente de Mateus Cardoso, onde encontrou sua paixão pela alfaiataria. Esse fascínio inicial a impulsionou a aprofundar seus conhecimentos através de diversos cursos especializados. Ao longo de sua formação, Arafa atuou como stylist, assinando desfiles de Guilherme Dutra. Atualmente, desempenha o papel de assistente de styling de Leandro Porto. A pesquisa de Arafa está intrinsecamente ligada à filosofia e à psicanálise do pertencimento e do não-pertencimento por meio da indumentária. Com o propósito constante de enaltecer e adornar com preciosismo a existência de corpos travestis, foi criado o conceito da Alfaiataria Travesti. Este projeto investiga as interseções entre o poder transformador da roupa como mecanismo de sobrevivência e sua função como armadura social, buscando nas manualidades do interior paulista formas de aprimorar suas profundas congruências e significados.
Projeto: “Estrangeira, espécie de espantalho feito com materiais pegos ao acaso, reunião barroca de antivalores, como se tratasse simplesmente de atemorizar-se a si mesmo. Restaria evidentemente entender melhor o que torna possível, talvez mesmo necessária, a construção de simulacros que apresentam um caráter tão grosseiramente exagerado” (LANDOWSKI, 2012). – A análise da década de 1980 e da vivência travesti revela um percurso árduo, marcado pela estranheza e pela retaliação. Em um resquício de ideias ditatoriais, a Operação Tarântula intensificou a perseguição policial contra travestis, transformando a marginalização em um processo sistemático de “higienização” das ruas. Nesse contexto, corpos não normativos eram tratados como estrangeiros em seu próprio território, reforçando a sensação de alienação. A peça em questão reflete essas complexas dinâmicas ao combinar a filosofia de Eric Landowski com as características da década. A escolha de tecidos e a mistura de materiais evocam os elementos marcantes dos anos 80: brilho, exagero e excessos típicos das pistas de dança. O blazer, resultado de um estudo da alfaiataria travesti, emerge como uma construção quase armorial, transformando-se em uma armadura social. Quanto mais ornamentada e elaborada a aparência, mais se distancia o outro, criando uma sensação de proteção. Em meio a uma época de intensa marginalização, a peça busca resgatar o valor do preciosismo. Cravejada de bordados e texturas brilhantes, reluzente como ouro, a roupa torna visível a travesti em sua forma exagerada e protegida por um preciosismo que, mesmo em seu caráter estrangeiro, afirma sua identidade e resiliência.
90’
RUBENZ CARVALHO
Desde a infância, o interesse pela arte foi profundamente influenciado pelas horas dedicadas que sua mãe passava bordando até altas horas da madrugada, deixando miçangas, vidrilhos, agulhas e linhas espalhadas por toda a casa. Essa visão meticulosa e artesanal deixou uma marca permanente, despertando a vontade de explorar a arte de maneira acessível e tangível. A moda se revelou o meio ideal para realizar esse desejo, oferecendo um campo vasto para expressão criativa e técnica. Ao longo dos anos, percebeu-se que a trajetória pessoal e profissional estava naturalmente alinhada com essa paixão. A dedicação aos trabalhos de construção em alfaiataria e aos saberes manuais, como o bordado, tornou-se central na busca por criar objetos-arte que transcendem a simples funcionalidade, revestindo o corpo com peças que contam histórias e carregam significados profundos. Atualmente, o foco está na pesquisa contínua e na evolução dessas técnicas, explorando novas possibilidades de combinação entre materiais tradicionais e contemporâneos.
Projeto: Os anos 1990 marcaram o fim do século XX e o início de uma nova era com uma mentalidade voltada para o futuro. Dois eventos históricos significativos são destacados para ilustrar a profundidade das transformações dessa década e seu impacto na realidade nacional. Em 1º de julho de 1994, o Plano Real entrou em circulação no Brasil, trazendo uma nova moeda que estabilizou a economia e controlou a inflação crônica, permitindo o crescimento nacional. A obra exposta captura a essência material desse plano econômico, incorporando o formato das cédulas no design do vestido. A Efígie da República, símbolo dos valores republicanos e da liberdade, também é integrada ao modelo. O vestido, com seu formato “tomara que caia” e ajuste justo no busto e cintura, remete às roupas dos anos 90, ao mesmo tempo que faz um trocadilho com a inflação elevada da época. Em 17 de abril de 1996, cerca de 1.500 pessoas acampadas na Curva do S, em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, protestavam pela desapropriação da Fazenda Macaxeira, ocupada por 3.500 famílias sem-terra. A manifestação foi violentamente reprimida por 155 policiais armados, que dispararam contra os protestantes desarmados. O massacre resultou na morte de 19 pessoas no local, oito delas assassinadas com foices e facões, e 11 alvejadas com um total de 37 tiros. Muitos corpos apresentavam sinais claros de execução, incluindo tiros na nuca e na testa, e um teve a cabeça esmagada. O massacre, conhecido mundialmente como o Massacre de Eldorado dos Carajás, levou à declaração do dia 17 de abril como o Dia Mundial da Luta pela Terra. A obra exposta utiliza o blazer, representando os grandes latifundiários e seus símbolos de poder, enquanto as camisetas de algodão e gaze representam as vítimas e todos aqueles que lutam pelo direito à vida.
WILL
Will é um artista de moda, nascido e criado na Zona Leste de São Paulo. Sempre se destacou por sua sensibilidade estética e preferência por paletas de cores. Determinado a viver de suas criações, Will se dedicou a estudar moda em instituições renomadas como Ponto da Moda, SENAI, ETEC, Focus Têxtil, Unibes, IED e SEBRAE, consolidando seu conhecimento e habilidades. Will preza pela autenticidade em suas ações, celebrando a individualidade. Atuou em eventos de destaque como o SPFW, Casa de Criadores e Brazil Immersive Fashion Week, onde adquiriu valiosas experiências e oportunidades. Atualmente, idealiza a criação de seu próprio ateliê, enfrentando os desafios de uma indústria da moda ainda marcada pelo elitismo e pela falta de representatividade de negros e periféricos. Atualmente, na Faculdade Santa Marcelina desenvolve seu trabalho a partir da fusão de técnicas de upcycling, associadas a referências culturais e vivências pessoais. Utilizando roupas, retalhos e tecidos descartados, Will ilustra suas próprias estampas, tinge tecidos e projeta aviamentos em impressão 3D. Sua abordagem sustentável e criativa reflete um profundo compromisso com a inovação e a responsabilidade social.
Projeto: Os anos 90 são frequentemente descritos como uma década de minimalismo, mas na realidade da favela onde o artista cresceu, o conceito de excesso predominava. Buscando conectar o tema à contemporaneidade, o designer explora o excesso como uma grande influência em seu trabalho. A pesquisa começou com um painel de imagens de celebrações familiares e comunitárias dos anos 90. Esse painel revelou a constante presença do excesso nas mesas de festas, onde a decoração, frequentemente improvisada e reaproveitada, criava um caos visual. A falta de planejamento levou os anfitriões a usarem itens de festas anteriores, resultando em uma abundância desordenada de elementos decorativos. Entre os elementos repetitivos observados estavam baleiros cheios de balas envoltas em papéis coloridos e bolos adornados com confetes e papel crepom, representando a poluição visual característica das festas da época. Esses detalhes inspiraram a modelagem das peças da coleção, que seguem uma abordagem experimental baseada nas vestimentas dos convidados dessas celebrações. As peças combinam padrões de xadrez e listras, evocando a estética dos baleiros e dos bolos. As cores principais – azul, branco, preto e vermelho – foram extraídas dos referenciais imagéticos de acervo pessoal. O uso de xadrez, associado a cobertores típicos de baixa renda, e os “bastidores” e “babados mesclados” foram inspirados nas decorações improvisadas das festas. Os tecidos da coleção provêm do acervo pessoal do artista, compostos por sobras e doações, refletindo um compromisso com a sustentabilidade e o reaproveitamento. Assim, a coleção homenageia a forma de comemoração na comunidade dos anos 90, reinterpretada através de uma perspectiva contemporânea sobre o excesso, misturando história, memória e cultura.
GUILHERME VALENTE
Guilherme Valente, 23 anos, destaca-se como um dos novos talentos emergentes da moda nacional. Natural de São Paulo, Guilherme traçou uma trajetória notável no mundo da moda. Formado em 2022 pela Faculdade Santa Marcelina, ele iniciou sua carreira logo após a apresentação de seu projeto final de graduação. Este projeto, uma obra audaciosa e íntima, ganhou reconhecimento de grandes veículos de mídia, como a revista Harper’s Bazaar, que apresentou suas peças vestindo a atriz e cantora Lucy Alves. Desta forma, originou-se a marca Guilherme Valente, que, com visibilidade, passou a vestir diversas celebridades. Em 2023, Guilherme apresentou sua primeira coleção na Casa de Criadores, com um desfile em homenagem à sua mãe e avó, com temática divertida e nostálgica, referenciando o universo do bingo. Posteriormente, Guilherme realizou um curso de figurino na NABA – Nova Academia de Belas Artes – em Roma. Em 2024, ele colaborou com a Swarovski no Baile da Vogue, vestindo a cantora Majur e a influenciadora Maitê Faitarone com looks bordados em cristais. Guilherme também desenvolveu parcerias de longo prazo com diversas marcas, como Singer, G.Vallone e Vicunha. Atualmente, a marca continua se destacando na Casa de Criadores e criando looks sob medida para artistas e revistas.
Projeto: Os anos 90 foram uma época marcante para o Brasil, com uma riqueza de referências que definiram a identidade nacional. Ayrton Senna dominava as pistas de corrida, Gisele Bündchen conquistava as passarelas internacionais, e as Havaianas tornavam-se um ícone de estilo e conforto. Esse período é também lembrado por uma forte conexão com o trabalho manual e o uso de materiais representativos, como bordados, rendas e palha, que refletiam o espírito criativo e nacionalista da época. Guilherme Valente se inspira nos anos 90 para explorar a cena noturna paulistana, trazendo uma visão contemporânea do glamour e da extravagância daquele período. Valente combina manualidades tradicionais brasileiras com o brilho e a sofisticação das festas noturnas, criando peças que capturam a essência ousada e suntuosa da década. Seu trabalho faz um tributo à exuberância dos anos 90, misturando elementos artesanais com a estética vibrante da vida noturna, resultando em looks que celebram a riqueza cultural e a criatividade do Brasil dessa época. Através da integração de técnicas tradicionais com um toque moderno, Valente resgata e atualiza o espírito festivo dos anos 90, oferecendo uma reinterpretação que honra o passado enquanto projeta uma visão inovadora para o presente. Suas criações não apenas homenageiam a época, mas também reforçam a importância da identidade cultural e da expressão individual na moda brasileira.
DIOGO GIOVANNE
Diogo Giovanne, nascido e criado em Diadema, sempre viu o mundo em outra perspectiva, buscando achar o silêncio no barulho do cotidiano. Adentrou no mundo da moda com incentivo de pessoas próximas, iniciando sua jornada no projeto social ‘Ponto da Moda’ de Diadema. O primeiro look autoral foi concebido e confeccionado na etapa final deste curso, transformando seu olhar, anseios e trazendo perspectivas para trabalhar na área da moda. No ano seguinte vieram novos desafios, motivando o aprofundamento nas habilidades e técnicas para consolidar sua carreira no mercado da moda. A busca por ampliar sua visão artística nas peças é constante, dedicando-se à produção e aprimorando cada vez mais sua experiência na costura de sonhos. Todo o seu tempo é dedicado a sofisticar e dar sentido e identidade a cada peça.
Projeto: Nos anos 90, a moda brasileira refletiu uma combinação de ousadia e simplicidade, marcada por uma oscilação entre o maximalismo e o minimalismo. O minimalismo, no entanto, prevaleceu como a corrente dominante, em resposta aos excessos vibrantes dos anos 80, como a lycra e as ombreiras, trazendo um frescor contido para a nova década. Essa estética mais moderada ressoou especialmente entre os jovens, que buscavam uma forma de expressão que fosse ao mesmo tempo ousada e discreta. Um exemplo icônico dessa época é o trabalho de Gloria Coelho, que, com sua visão futurista e limpa, reinterpretou o minimalismo através de uma lente brasileira. Sua abordagem sutilmente arquitetônica influenciou toda uma geração que desejava subverter as convenções de forma elegante. Inspirado por essa mesma atitude inovadora, Alexandre Herchcovitch, um dos nomes mais proeminentes da moda brasileira, trouxe à tona uma nova leitura do estilo grunge, misturando elementos da cultura das ruas com um toque de sofisticação urbana. Sua estética, que flertava com o desconstruído e o irreverente, fez eco às propostas de estilistas internacionais, mas com
uma identidade profundamente enraizada no cenário cultural brasileiro. Seguindo essa linha de pensamento, Diogo Giovanne apresenta criações que mesclam o refinamento dos anos 90 com a crueza das ruas. Ele incorpora elementos clássicos, como blazers e calças sociais, combinados a peças utilitárias e influências do streetwear, como o xadrez e os tons terrosos, criando uma fusão entre o atemporal e o contemporâneo, sempre permeada por sua assinatura de sofisticação.
00’
FRNCO VCNT
Desde a infância, Samuel Franco sempre esteve imerso no universo da moda, mesmo quando sua trajetória inicial o levou à gastronomia. Este período enriqueceu sua bagagem criativa, transformando a comida em arte, expressão e ativismo. Ao retomar seu verdadeiro desejo pela moda, Samuel começou com uma máquina Singer caseira e logo integrou o Ponto da Moda, um projeto social que lhe proporcionou a oportunidade de aprofundar suas habilidades e explorar seu potencial criativo. Como estilista e designer, Samuel se destaca por projetos que abusam de cores vibrantes, utilizam materiais de reuso e maquetes têxteis, sempre valorizando cultura, vivências, conceito, carisma e identidade. Sua pesquisa incorpora uma abordagem sustentável, trabalhando a costura criativa e o upcycling com materiais não têxteis, como plásticos, metal e redes de construção civil. Samuel adota um estilo kitsch, exagerado, brega e irreverente, com uma cartela de cores quentes e provocativa. Ele transforma elementos sem requinte e aparentemente inúteis em criações expressivas, desenvolvendo silhuetas inspiradas pela observação da arquitetura, recortes, texturas e sobreposições.
Projeto: A nostalgia dos anos 2000 continua a encantar fashionistas e a reacender o interesse por tendências passadas. A estética Y2K, marcada por uma fusão audaciosa e irreverente de estilos, está de volta com força total, prometendo transformar guarda-roupas e as ruas com sua moda urbana vibrante. Um dos principais traços da moda dos anos 2000 é o conceito OVER, que se manifesta em acessórios chamativos, camisetas largas, blazers estruturados e calças de cintura baixa. Essas peças reinventam as proporções tradicionais, oferecendo um visual confortável e descontraído que celebra a tendência casual e despojada. As transparências também se destacam, adicionando um toque sensual e moderno aos conjuntos. Blusas, saias e vestidos com detalhes em tule ou organza são escolhas perfeitas para quem busca um visual mais ousado e sofisticado. As cores vibrantes desempenham um papel crucial na estética Y2K, abraçando uma paleta lúdica e contemporânea. Este retorno ao passado é abordado com uma consciência do descarte sustentável, traduzindo-se em sobreposições e transparências que combinam a elegância das celebridades com o rude da moda urbana. A utilização de materiais descartáveis e a criatividade na sua reinterpretação refletem um compromisso com a moda responsável e inovadora, destacando a individualidade e o espírito rebelde que caracterizam essa era. A moda dos anos 2000, com sua mistura de excessos e detalhes ousados, continua a oferecer uma plataforma vibrante e expressiva, celebrando uma era de transformação e estilo único que ressoa fortemente na moda contemporânea.
STHEFANIE BAZUZA
Nascida em São Paulo, filha de pais nordestinos, sua trajetória é marcada pela dedicação e paixão pela moda desde cedo. Crescendo na zona leste da cidade, especificamente na região da Aricanduva, ela começou sua jornada na moda aos 17 anos. Com uma sólida formação técnica, concluiu cursos de modelagem do vestuário pela Etec e de alfaiataria pela Dom Bosco. Atualmente, está em processo de formação na Faculdade Santa Marcelina, onde se dedica a uma pesquisa que investiga as dificuldades de deslocamento urbano, com um olhar especial para o público feminino. Sua pesquisa é abrangente, incorporando referências históricas sobre a urbanização de São Paulo e explorando como essas transformações afetam os desafios de mobilidade urbana. A investigação não se limita apenas ao contexto histórico, mas também analisa a relação das roupas e acessórios com as atividades diárias de deslocamento. Com um enfoque criativo e funcional, desenvolve peças com modelagens híbridas e multifuncionais: algumas que se assemelham a uma bolsa, outras que se transformam em mochilas, e outras ainda, com múltiplos compartimentos. A ideia é oferecer soluções práticas que permitam às usuárias saírem de casa com pouca bagagem, proporcionando maior liberdade de movimento.
Projeto: Os anos 2000 foram marcados pela ascensão tecnológica e grandes mudanças na mobilidade urbana, com a popularização de celulares, iPods e MP3 players. O Brasil vivenciou uma expansão significativa na mobilidade, com um intenso movimento migratório do Nordeste e Norte de Minas Gerais para metrópoles como São Paulo. A cidade enfrentou congestionamentos e sobrecarga nos transportes públicos, tornando acessórios funcionais, como bolsas e mochilas, essenciais para o dia a dia. Mochilas esportivas e peças utilitárias, com amplos bolsos, se tornaram centrais no streetwear da época e continuam a influenciar o estilo atual. O projeto “Deriva” explora o conceito utilitário e a complexidade dos caminhos urbanos de São Paulo, focando na região central da cidade. As peças incorporam desenhos costurados do mapa de São Paulo, incluindo áreas como Brás e Sé, capturando a morfologia urbana com costuras que delineiam regiões e ruas. As linhas de pesponto coloridas fazem referência às principais linhas de ônibus e metrô da cidade, utilizando as cores azul, verde, vermelho, amarelo e prata. O design das peças integra elementos de acessórios e vestuário, com alças, bolsos espaçosos e zíperes, além de técnicas de tecelagem manual e matelassê. Utilizando tecidos dublados espumados, linhas contrastantes e cordas de nylon. “Deriva” reflete sobre o deslocamento urbano e as conexões diárias dos brasileiros, traduzindo a dinâmica da mobilidade em moda contemporânea e funcional.
GRAZIELE GOMES DOS SANTOS
Desde jovem, Grazi sempre foi fascinada pelo mundo da moda, e essa paixão só cresceu
com o tempo. Sua jornada na moda começou com a exploração das tendências e a experimentação de estilos, e agora ela está mergulhando profundamente no universo da criação de roupas. Embora seja uma iniciante, já demonstra um olhar aguçado para detalhes e uma abordagem inovadora em seus projetos. Seus sonhos são marcados por uma mistura única de cores vibrantes, texturas interessantes e um compromisso com a sustentabilidade. Adota uma estética que combina modernidade com nostalgia em suas criações, aproveitando materiais de reuso e técnicas criativas para transformar conceitos em criações expressivas. Cada peça é uma celebração da individualidade e da cultura, refletindo sua visão de que a moda deve ser uma forma de expressão pessoal e artística. Com um estilo que desafia o convencional e uma paixão por reinventar o tradicional, Grazi continua a explorar novas formas de se conectar com o mundo através da moda, sempre em busca de criar algo verdadeiramente único e significativo.
Projeto: A moda dos anos 2000 está de volta, mas desta vez com um toque moderno e reimaginado. Marcada por uma abordagem ousada, a estética Y2K não apenas retorna, mas ressurge como uma poderosa tendência, moldando o guarda-roupa de quem busca autenticidade e personalidade. Este revival traz de volta o espírito experimental da época, onde peças de grandes proporções como blazers largos e calças de cintura baixa se destacam. A moda se torna uma expressão de conforto e estilo sem esforço, onde a ideia de “menos é mais” é substituída por uma celebração do excesso visual. As cores vibrantes e saturadas permanecem no centro da estética Y2K, capturando a energia e a irreverência da época. No entanto, o olhar contemporâneo traz consigo uma preocupação com a sustentabilidade. Assim, materiais reaproveitados e descartáveis ganham destaque, transformando o lixo em luxo e reimaginando o futuro da moda. Em sua nova fase, a moda dos anos 2000 não é apenas um retorno nostálgico, mas uma evolução que celebra a individualidade, enquanto se adapta ao mundo atual. O Y2K, com sua fusão de estilos e sua rebeldia inerente, continua a influenciar e a inspirar as ruas, mantendo-se relevante e à frente das tendências.
JULIANA MOREIRA DO PRADO
Juliana nasceu na véspera de Natal de 2005 e foi adotada por seu primo e a esposa, que se tornaram seus pais. Cresceu no bairro periférico de Vila Clara e, desde cedo, mostrou interesse por moda. Aos 8 anos, começou a criar roupas para suas bonecas. Na pré-adolescência, as limitações financeiras de sua família não permitiam a compra de roupas “da moda”. Aos 11 anos, ela começou a customizar suas próprias roupas, intensificando ainda mais seu interesse pelo mundo da moda e pela construção de sua identidade. Com o tempo, aprimorou suas habilidades em customização e pintura manual. Acreditando em seu potencial, lançou sua própria marca de roupas, “Prado”, no qual todas as peças são personalizadas e feitas à mão por ela. Para expandir seus conhecimentos, ingressou no curso de moda no Núcleo de Diadema, onde aprendeu modelagem, costura, criação de croquis e moodboards. Atualmente, Juliana trabalha no brechó Daz Roupaz, onde desenvolve suas habilidades em vendas, negociações, conhecimento de peças e tecidos. Apaixonada pelo estilo streetwear, a jovem sonhadora está sempre buscando aprimorar seus conhecimentos sobre a essência urbana e cultural das comunidades ao redor do mundo. Ela se dedica a criar combinações únicas de tecidos, cortes, pinturas manuais e tipos de costura, com um foco especial na moda sustentável.
Projeto: A moda dos anos 2000, agora conhecida como “Y2K” (Years 2000), captura o imaginário dos fashionistas com sua estética retrô e vibrante. Este fenômeno é uma celebração da época em que a democratização da tecnologia impulsionou a expansão da indústria da moda, dando destaque ao estilo streetwear. A influência deste estilo nos anos 2000 é inegável e retorna repaginado. O estilo foi caracterizado por saias curtas, cós baixo, jeans largos e couro, peças que deixaram uma marca indelével na moda desta década. Para reimaginar e celebrar essas tendências, diversos estilistas brasileiros dos anos 2000 desempenharam um papel crucial. Oskar Metsavaht, com sua marca Osklen, combinou elementos urbanos com um forte compromisso com a sustentabilidade, refletindo uma abordagem inovadora e responsável ao streetwear. Gustavo Lins trouxe uma perspectiva distinta, misturando elementos do streetwear com alta costura. Esses estilistas ajudaram a moldar e diversificar o cenário do streetwear no Brasil, trazendo inovação e criatividade ao estilo da década. Uma das características marcantes do retorno do Y2K é a reincorporação do grafite como uma forma de arte e expressão. Esta arte, que surgiu das comunidades urbanas desfavorecidas como um meio de resistência e manifestação, agora ganha destaque em novas coleções, reafirmando a relevância do streetwear e sua origem cultural. O renascimento das tendências dos anos 2000 não é apenas uma revisitação do passado, mas uma reinterpretação vibrante e cheia de energia que dialoga com a moda contemporânea.
Fotos e texto: divulgação
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