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Ideia Delas

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Cláudia Costa e Elisiê Peixoto

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Jovens autores, grandes temas: a literatura que interroga o mundo

2 de novembro de 2025 por Elisiê Peixoto 3 Comentários

 

Entre redes sociais e editoras independentes, jovens escritores estão redesenhando o mapa literário do país. Entre sonhos e páginas, eles escrevem sobre o que vivem, o que sentem e o que imaginam — e encontram leitores que se reconhecem em suas histórias.

O Ideia Delas conversou com esses jovens  que se envolveram com a escrita e vivem um momento de paixão, dedicação e descobertas. Como serão as  palavras em construção desse processo criativo de novos autores? Vamos conhecê-los?

 

 

Dany Fran e Kelly Shimohiro

“Tentamos colocar um horário. Geralmente, a manhã é sagrada, entramos na caverna, abandonamos celular, e mergulhamos na escrita. Nem sempre funciona, por exemplo, estamos respondendo essa entrevista em uma manhã que seria da escrita. Porque surgiu como prioridade, a gente se ajeita às demandas. Só não podemos esquecer do ofício principal, escrever. Seja lá qual for o jeito de cada um, esse tempo da escrita tem que existir na rotina do escritor” . (Dany Fran Gongora Rosa  e Kelly Shimohiro )

 

Dany Fran e Kelly Shimohiro: criando mundo e memórias a quatro mãos

Dany Fran Gongora Rosa, 46 anos, é escritora. Formada em Jornalismo, atuou por 20 anos na imprensa. Hoje ocupa a cadeira 13 da Academia de Letras de Maringá, onde mora e cria novos mundos. Kelly Shimohiro, 50 anos, também escritora,  formada em Psicologia e vive em Londrina. Juntas, assinam o nome artístico IRMÃS DE PALAVRA.

“Como Irmãs de Palavra, somos colunistas do Jornal da Gleba, em Londrina, com a coluna Biblioteca. Antes de aprender a ler, já amávamos histórias: nossa “nonna”, que não sabia ler nem escrever, nos contava relatos de assombração, e nossos pais nos davam livros e liam para a gente. Quando aprendemos a ler, nunca mais nos afastamos dos livros”, revelam as irmãs, cujos livros abordam temas diversos.

“O primeiro livro de Kelly, “O Estranho Contato”, conta a história de Ágatha, que busca seu lugar no mundo e se apaixona por um garoto de outro planeta. Já ”Dias Nublados”, de Dany Fran, narra a vida lidando com a morte, inspirado na nossa irmã mais velha, que faleceu em um acidente de carro. O luto foi transformado em narrativa ficcional. Depois veio O Sombrio Chamado (Kelly Shimohiro), sequência da saga de Ágatha, em que ela descobre a verdade sobre os mundos. Participamos ainda de diversas antologias sobre amor, mulher, meio ambiente, pandemia e literatura, como ELASão Palavras – Histórias sobre Mulheres & Livros. Em Um Banquete Literário, junto a outras escritoras, escrevemos sobre clubes de leitura, com base em pesquisa e nossa vivência de dez anos no clube Amigos de Palavra.”

Neste ano,  as irmãs lançaram o romance “Um Lugar Mágico”, escrito a quatro mãos. “Contamos a história de duas mulheres. Maria Flor, jornalista de vida tranquila, descobre cartas de amor clandestinas dos anos 1930 e parte numa jornada do Brasil à Itália para desvendar a história de paixão, sacrifício e coragem de Rita e Toni, amantes que desafiaram o impossível. Enquanto reconstrói o passado dessas mulheres, Flor reflete sobre sua própria vida e enfrenta mistérios que desafiam sua realidade.” Um Lugar Mágico” é uma celebração do amor que atravessa o tempo e do poder transformador das histórias.”

Para as irmãs, a vocação literária e o prazer pela escrita vêm de longa data. “Antes mesmo de publicarmos nossos livros, já traduzíamos emoções em palavras. Buscamos inspiração em tudo: no mundo, nos livros, nas relações e na vida. “Tentamos colocar um horário. Geralmente, a manhã é sagrada, entramos na caverna, abandonamos celular, e mergulhamos na escrita. Nem sempre funciona, por exemplo, estamos respondendo essa entrevista em uma manhã que seria da escrita. Porque surgiu como prioridade, a gente se ajeita às demandas. Só não podemos esquecer do ofício principal, escrever. Seja lá qual for o jeito de cada um, esse tempo da escrita tem que existir na rotina do escritor” , explicam.

Publicações: O Corvo – livro colaborativo, Irmãs de Palavra, Empíreo (2014), Dias Nublados – Dany Fran Gongora Rosa, Empíreo (2015), O Estranho Contato – Kelly Shimohiro, Empíreo (2015), Parem as Máquinas – Irmãs de Palavra, selo OFFFlip (2020), À Flor da Pele – Dany Fran, Pró-Infantil Editora (2021), Cartas para o Futuro – Irmãs de Palavra, OFFFlip (2022), + Humor – Irmãs de Palavra, OFFFlip (2023), O Sombrio Chamado – Kelly Shimohiro, Novo Século (2019), ELASão Palavras – Histórias sobre Mulheres & Livros – coautoria Irmãs de Palavra, Publisher (2024), Um Banquete Literário – coautoria Irmãs de Palavra, Cássia Sambatte, Jackie Rodrigues e Maria Christina, Madrepérola (2024), Terra – contos, crônicas e poemas, Irmãs de Palavra, OFFFlip (2025), Um Lugar Mágico – romance, Irmãs de Palavra, Madrepérola (2025), Em produção: Garotas de Sorte – romance, Dany Fran Gongora Rosa, Kelly Shimohiro trabalha em uma nova história de realismo fantástico

 

Isadora Cambraia

“Meu foco é sempre ajudar o leitor de alguma forma. Eu passo o dia com meus filhos e consigo produzir à noite, quando eles dormem.” (Isadora Cambraia)

 

Isadora Cambraia: entre a psicologia, a maternidade e o amor pela escrita

Aos 34 anos, Isadora Cambraia é psicóloga, escritora e dona da Editora Agora Vai. Moradora de Londrina, casada, mãe de dois meninos e grávida de uma menina, ela descobriu na escrita uma forma de expressão e propósito.

Embora sempre tenha gostado de escrever, Isadora confessa que nunca imaginou seguir o caminho da literatura. “Na escola, a matéria em que eu mais me destacava era português e redação”, relembra. Cristã e participante ativa de uma igreja evangélica, ela conta que o “despertar” para a escrita aconteceu em 2015. “Foi quando recebi uma palavra profética de que seria escritora. Desde então, comecei a pensar sobre o que escreveria. Nunca tinha sido um desejo meu, mas o desejo surgiu depois que recebi essa palavra”, relata.

Desde então, Isadora se dedicou a diferentes gêneros e temas. “Tenho livros de autoajuda voltados para mulheres, que abordam assuntos como emagrecimento. Também escrevi um livro cristão sobre quando Deus nos diz ‘não’. Além disso, publiquei livros infantis que tratam de esperança, gentileza, bondade e das diferenças entre irmãos”, explica.

A inspiração, segundo ela, vem do cotidiano e das experiências familiares. “Meu foco é sempre ajudar o leitor de alguma forma. Eu passo o dia com meus filhos e consigo produzir à noite, quando eles dormem. Não busco uma disciplina rígida nem prazos que atrapalhem minha criatividade. Sigo meu ritmo e respeito as limitações da minha rotina. Quando tenho inspiração, reorganizo o dia para poder escrever e deixo fluir. Há meses em que não escrevo nada e outros em que escrevo até de madrugada”, conta.

O primeiro livro foi “Agora vai “. “Nele eu trago aspectos comportamentais e psicológicos do emagrecimento. Ele nasceu pois eu havia perdido peso e as pessoas me pediam ajuda, conselhos de como eu havia conseguido.  Sou mestre em analise de comportamento e life coach, assim, decidi compartilhar meu conhecimento e experiências”, conclui.

Livros editados: Agora vai (relacionamento), Agora vai (maternidade), Quando Deus me disse “não”, Mas…e a vaca?, Mas…e o lobo?. Apressado e sossegado, Coletivos, (E em produção, três infantis que serão lançados nos próximos meses)

Danilo Brandão

” A escrita chegou quando entrei na faculdade, aos 17 anos. A partir daí, compreendi que escrever era o meu modo de existir no mundo. E isso nunca mudou.” (Danilo Brandão)

 

Danilo Brandão: entre palavras, silêncio e a urgência de contar histórias

Danilo Brandão, 28 anos, é publicitário e, até o momento, autor de dois livros. Nascido em São Paulo e morador de Londrina há 11 anos, é um escritor de contos que recorda com clareza o despertar para o gosto pelos livros. “A literatura chegou pela história. Antes de me apaixonar pelos livros, me encantei pela narrativa do mundo — a história do país, dos movimentos. Minha mãe era professora de história e sempre me cercou de livros, o que despertou em mim o gosto pela leitura”, recorda.

Mais tarde, no colegial, quando o estudo da literatura se aprofundou, Danilo percebeu que havia algo especial no ato de transformar o real em ficção. “Li os clássicos brasileiros, depois os portugueses, e quando encontrei os modernistas — Oswald de Andrade, sobretudo — percebi que também poderia criar, do meu jeito, com uma linguagem que me soava mais próxima. Desde então, muita coisa mudou nas minhas referências e no modo como penso a literatura, mas foi ali que tudo começou”, conta o escritor.

Danilo define seus temas como o ato de viver — suas reverberações, ruídos e silêncios. “Os traumas, as alegrias, os amores, as ausências. A tentativa de se sentir parte de uma família, de uma sociedade, de algo maior. As cicatrizes que o tempo deixa, a vida e todas as suas consequências.”

Segundo ele, a vocação literária e o prazer pela escrita não surgiram na adolescência — e nem exatamente da escrita em si.“Primeiro vieram as palavras — e vieram de muitos lugares: das músicas, das conversas em casa, das histórias das mulheres da minha família, das aulas de história. A escrita chegou quando entrei na faculdade, aos 17 anos. A partir daí, compreendi que escrever era o meu modo de existir no mundo. E isso nunca mudou.”

A inspiração, ele diz, “pode vir de qualquer lugar”. Quando decidiu ser escritor, precisou repensar o que significava “inspiração”. “Rejeitei a ideia de que ela morasse apenas nos livros ou nos autores clássicos. Minha formação é literária, sem dúvida, mas minhas referências vêm de muitas frentes. O cinema, por exemplo, está sempre presente — minhas histórias costumam dialogar com filmes, com cenas, com planos que ficaram na memória.”

Sobre o processo de escrita, ele reconhece o desafio de equilibrar trabalho e criação. “Trabalho durante o dia, e a escrita acontece nos intervalos, nos fragmentos de tempo que sobram. Ou à noite, quando estou em um projeto mais longo. Mas ‘conciliar’ talvez não seja a palavra certa, porque a balança nunca é equilibrada: o trabalho remunerado pesa mais. Ainda assim, parar de escrever não é uma opção. Sempre volto às histórias. Quando estou em um projeto, escrevo todos os dias — é uma fase de imersão. Mas também há períodos em que a escrita acontece só na cabeça, quando a história ainda está sendo ruminada. E isso, de certo modo, também é escrever.”

“Tempos” (Urutau, 2023) foi seu primeiro livro — uma coletânea de contos que nasceu da urgência de publicar. “Eu já havia acumulado várias tentativas de escrever histórias — algumas boas, outras nem tanto — e decidi reunir as que considerava mais maduras naquele momento. Foi um passo importante. Publicar me ajudou a seguir em frente, a entender como funcionam os processos editoriais.”

Depois dele, lançou “Até a Última Gota” (Mondru, 2024). “É um livro bastante diferente do primeiro. Nele, a proposta dos contos se fecha: são histórias mais longas, mais densas no enredo e na linguagem, que conduzem o leitor  costumam dialogar com filmes, com cenas, com planos que ficaram na memória”, conclui.

 

Beatriz Paoliello Fernandes dos Reis

“ O primeiro livro que realmente me marcou foi “Cem Anos de Solidão”, do Gabriel García Márquez. Fiquei encantada com o realismo fantástico e percebi que, por meio dos livros, podíamos conhecer outros povos, países e línguas”. (Beatriz Paoliello Fernandes dos Reis)

 

Beatriz Paoliello Fernandes dos Reis: descobertas, histórias e a leitura

Beatriz Paoliello Fernandes dos Reis, 47 anos,  mora na Espanha, é londrinense, formada em Administração de Empresas, casada com Marcus Vinicius  Filgueiras  Reis,  mãe de Maria Luiza, 12 anos.  Recém-chegada da Polônia, ela compartilhou com o Ideia Delas sua trajetória como escritora, suas inspirações e o desafio de conciliar a escrita com a rotina de casa, os livros, a família e as constantes viagens pela Europa — continente onde ela e o marido adoram explorar novos lugares e, inevitavelmente, novas histórias. Beatriz também fez Escola de Cinema, em Barcelona,  durante três anos, quando ainda era solteira e resolveu morar fora. “Minhas matérias preferidas eram Roteiro e Atuação, quando desenvolvi a questão da escrita com roteiros de curta metragem“, revela.

“ Eu sempre gostei de escrever. O português era minha matéria favorita na escola, e eu tinha uma professora na primeira série, a tia Rose, que sempre dizia gostar muito das minhas crônicas e contos. Ela me incentivava a escrever. Comecei a participar de concursos do Colégio Canadá e ganhei alguns. Meus textos sempre eram publicados no livro de redações da escola. Foi assim que começou minha história com a escrita”, relembra.

Na adolescência, Beatriz escrevia diários e participava de concursos de slogans, motivada por um desejo crescente de trabalhar com comunicação. “Naquela época, a MTV era o máximo, e eu enviava vários slogans para concursos — cheguei a ganhar alguns prêmios. Mas tudo ainda de forma muito espontânea, sem imaginar que isso poderia se tornar uma profissão. A relação com a leitura também nasceu em casa, inspirada pelos pais. “Eles tinham uma biblioteca grande, e eu comecei a ler os livros que via nas mãos deles. Passava as tardes sozinha, na adolescência, e foi assim que me apaixonei pelos livros.”

Entre suas leituras marcantes, ela destaca uma obra inesquecível: “O primeiro livro que realmente me marcou foi Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez. Fiquei encantada com o realismo fantástico e percebi que, por meio dos livros, podíamos conhecer outros povos, países e línguas. Por isso, acredito que é tão importante manter livros físicos em casa, criar uma biblioteca. É algo que inspira — e que permite aos nossos filhos saberem o que gostamos. É diferente de ter um Kindle. Os livros físicos têm alma e inspiram gerações futuras.”

De volta ao Brasil, Beatriz viveu uma nova fase. “Casei, fui morar em Florianópolis (SC), e ali não havia muito espaço para a área literária. Trabalhei com outras coisas — na área de bem-estar, com comidas funcionais, e cheguei a ter um restaurante especializado em sucos prensados a frio. Foi um período em que explorei mais meu lado empresária. Mas a paixão pela leitura sempre me acompanhou. Nunca deixei de fazer cursos de escrita criativa, ainda que apenas como um hobby.”

Mais tarde, já casada e com uma filha, a escrita voltou a ocupar um espaço central em sua vida. “Por essas coincidências da vida, meu marido foi transferido profissionalmente para a Europa e eu retornei para Barcelona, onde havia residido enquanto solteira. Como havia deixado a empresa em Florianópolis e estava com mais tempo, decidi recomeçar. Resolvi focar no que realmente me fazia e me faz feliz: escrever. Fiz alguns cursos on-line no Brasil, porque ainda prefiro escrever em português. Em um desses cursos, com a escritora e colunista da Folha de São Paulo, Tati Bernardi, surgiu uma oportunidade incrível.”

No final de 2023, a autora participou de um concurso promovido pela Editora Pé de Amora, que publica exclusivamente escritoras.“A Tati propôs que enviássemos um conto sobre o Dia das Mães. O conto vencedor seria publicado pela editora, que tem assinantes em todo o Brasil. O meu foi o escolhido. Ele foi publicado em agosto de 2023 e enviado junto à caixinha de leitura daquele mês para todas as assinantes. Isso me motivou muito a voltar a escrever. Às vezes, a gente precisa dessa validação externa para acreditar no próprio talento. Foi a minha retomada na escrita, agora de forma mais profissional.”

Recentemente, Beatriz lançou seu primeiro livro, “Mila, un vuelo para valientes”, escrito originalmente em português, mas produzido e publicado em espanhol. “Foi um marco na minha trajetória — uma ponte entre minhas raízes brasileiras e a vida que construí aqui na Europa. Atualmente trabalho num outro livro sobre jovens que moram em Barcelona,  mas ainda sem título. Encontro-me nesse processo criativo, o que sempre é algo que me realiza e me faz muito feliz”. finaliza.

 

Lucas Turino Silva


“Na igreja, minha mãe cantava e tocava instrumentos, enquanto meu pai discursava e palestrava para grandes plateias. Minhas avós pintavam, restauravam imagens de santos e construíam presépios monumentais, que por si só contavam várias histórias diferentes e simultâneas. Meu gosto por criar, falar e escrever vem da casa dos meus pais”,(Lucas Turino da Silva)

Criar, encantar e escrever: a arte multifacetada de Lucas Turino

Lucas Turino Silva (nome artístico: Lucas Turino), 33 anos, nasceu em Presidente Prudente (SP) e reside em Londrina há 15 anos, onde desenvolve seus projetos artísticos. Ele revela que já exerceu muitas profissões, a maioria ligada às artes. Lucas é ator, artista circense, escritor, contador de histórias, iluminador e instrutor de Yoga, mas destaca sua principal atuação: palhaço.

“Atuo como o Palhaço Turino na Cia. Os Palhaços de Rua desde 2013 e no Plantão Sorriso desde 2024. Posso afirmar que o prazer pela escrita surgiu apenas depois de muito tempo inserido no mundo artístico; ele derivou do meu gosto por criar e contar histórias — algo que começou na infância — aliado ao meu interesse pelos livros, incentivado principalmente por minha mãe, que sempre lia e nos motivava a ler também.”
Lucas lembra que a casa em que cresceu sempre esteve imersa em diversas expressões artísticas. “Na igreja, minha mãe cantava e tocava instrumentos, enquanto meu pai discursava e palestrava para grandes plateias. Minhas avós pintavam, restauravam imagens de santos e construíam presépios monumentais, que por si só contavam várias histórias diferentes e simultâneas. Meu gosto por criar, falar e escrever vem da casa dos meus pais”, recorda.
Para ele, o “despertar” para a literatura foi gradual. “Embora minha entrada nesse universo tenha sido inesperada, faço teatro desde criança. Mudei-me para Londrina para estudar Artes Cênicas e, durante essa trajetória, a possibilidade de criar, contar e vivenciar histórias sempre me cativou. Nesse período, escrevi alguns diálogos e desenvolvimentos de personagens, mas apenas textos aplicados à minha prática na palhaçaria”, conta.
No entanto, essa trajetória foi interrompida — ou adiada — quando a pandemia de Covid-19 fechou os teatros, impossibilitando-o de exercer sua profissão. “Contratos foram cancelados, apresentações adiadas e eventos, impedidos de acontecer. Sem poder me expressar por meio do teatro e da arte do palhaço, comecei a escrever, criando novos universos, personagens fictícios e maneiras diferentes de contar nossa realidade. Posso afirmar que meu maior momento de efervescência literária ocorreu durante a pandemia, quando pude dedicar todo o meu tempo à escrita das obras iniciadas nesse período. Descobri uma nova forma de contar histórias, em que a maneira como elas saem do papel e são recebidas pelo público depende da imaginação de cada leitor”, comenta o escritor.
Atualmente, Lucas tem dois livros publicados, ambos abordando mazelas sociais. “Incrível, mas ambas as obras começaram durante a pandemia, enquanto eu estava confinado, lendo muitos livros e assistindo a filmes”, enfatiza. “O primeiro livro que comecei a escrever foi  “Este lado para cima“,
embora tenha sido o segundo a ser publicado, acontece em um universo pós-apocalíptico, onde força, influência e dinheiro podem comprar saúde, longevidade e afastamento daqueles que nada têm, que lutam diariamente pela sobrevivência. O protagonista desta ficção científica busca quebrar o sistema estabelecido nessa sociedade, em que os mais pobres passam a vida servindo aos mais ricos, enquanto estes acumulam cada vez mais.” Já o segundo livro, intitulado “Faroeste Paulista “, trata da redenção de um assassino e de seu reencontro consigo mesmo, ambientado em um faroeste contemporâneo no interior de São Paulo.  
Além desses livros, Lucas escreve contos e crônicas que exploram a ludicidade e a lógica surreal típicas da figura do palhaço. Essas histórias estão disponíveis no podcast Sarau do Conto Surreal, onde são lidas e interpretadas de forma bem-humorada, gratuitamente em formato de áudio. “Essa temática surreal em narrativas infantis tem me atraído cada vez mais. Meu próximo projeto literário segue por essa direção”, revela.  “Para escrever e criar meus livros, busco inspiração em filmes ambientados em universos similares, em obras clássicas que tratam de temas parecidos e em desenhos animados, que conseguem subverter a lógica da realidade mantendo coerência existencial em suas criações”, conclui.

Isabela Cunha

 
“A poesia parte da observação da vida. É um modo de compreender e reagir ao que nos cerca”. (Isabela Cunha)

Isabela Cunha: a poesia como forma de diálogo com a vida

Para Isabela Cunha, 36 anos, o despertar para a literatura aconteceu ainda na infância, ao lado da mãe, funcionária de uma biblioteca pública. Foi naquele ambiente, cercada por livros e histórias, que ela começou a se sentir à vontade no universo literário.
A escritora recorda com carinho dessa fase: a rotina de acompanhar a mãe todos os dias depois das aulas fez da biblioteca um espaço familiar e acolhedor. “Sempre tive acesso ao empréstimo de livros e à leitura”, relembra. A afinidade com as palavras surgiu cedo. Entre as lembranças mais marcantes, está a de uma professora que lhe presenteou com um dicionário — objeto que ela relutava em devolver, tamanha era a curiosidade de pesquisar e aprender novas palavras. ” Eu amava aquilo tudo, o lugar, o cheiro dos livros, o fato de poder folhar as páginas, observar as pessoas lendo, a atmosfera daquele espaço “, destaca Isabela.
Essa relação natural com a leitura e a escrita se transformou, com o tempo, em prática constante. Hoje, Isabela se reconhece como poeta. Para ela, a poesia nasce de um lugar sensível, de observação do mundo e da realidade. Seu olhar se volta especialmente para o universo feminino, permeado por uma leitura crítica e política da sociedade. “A poesia parte da observação da vida. É um modo de compreender e reagir ao que nos cerca”, afirma.
Além da produção poética, dedica-se também à literatura infantil e infantojuvenil. A autora vê nessa vertente uma síntese de sua própria trajetória, onde infância e cotidiano se encontram como fonte de inspiração. Seu livro mais recente, “Festa no Brasil”, apresenta as tradições e festas populares brasileiras para crianças de quatro a seis anos. Ela também é autora de um conto infantil que narra a história de uma menina e suas relações com a mãe, a avó, os brinquedos e amigos.
Como um todo,  a escrita de Isabela gira em torno de um tema central: a conexão com a vida. Entre o encantamento e a revolta diante do cotidiano, ela encontra na literatura um espaço de diálogo e transformação. “Escrever requer disciplina”, destaca. “E quem deseja escrever deve ser encorajado — especialmente as mulheres e as pessoas negras”, enfatiza.
      *Todas as fotos da matéria são de arquivo pessoal enviadas pelos entrevistados
  • Foto capa Pixabay/

 

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Sobre Elisiê Peixoto

Elisiê Peixoto foi colunista da Folha de Londrina durante 18 anos, lançou cerca de 30 livros. Atuou num programa semanal da extinta TV Mix, escreveu para diversas revistas, trabalha como jornalista e escritora na Editora Mondo. Como colaboradora da Ong Nós do Poder Rosa escreveu cinco livros em prol das causas da mulher. Atua junto ao departamento de marketing do Roberta Peixoto Academy.

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Comentários

  1. Sandra Paolielo Piazzalunga diz

    3 de novembro de 2025 em 07:12

    Que matéria rica!Gostei muito de conhecer a história e a inspiração criativa desses talentos da nossa terrinha!O mundo da criação e da leitura é fascinante….abre a mente, enriquece o espírito e nos transporta p outros mundos!! Parabéns escritores !👏👏👏👏

    Responder
  2. Roberta Peixoto diz

    3 de novembro de 2025 em 15:43

    Gente eu admiro tanto jovens com um talento assim! Amei a matéria! Como sempre, escrito com toda excelência né mamis?! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

    Responder
  3. BEATRIZ REIS diz

    5 de novembro de 2025 em 08:24

    Eu adorei participar dessa matéria ao lado de outros escritores com histórias tão inspiradoras. Foi um prazer fazer parte desse time. obrigada Elisie Peixoto pela sua escuta e seu carinho. tenho certeza que a sua trajetória foi incentivo para vários escritores que vieram depois de você.

    Responder

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