
Antônio Mariano Júnior
Aconteceu, juro!
(…)
Depois da quinta ondinha, veio uma ondona.
Perdi o equilíbrio, os óculos; fui dormir
sem esperar a sétima. Putcho da cara.
(…)
Num clube. A tábua de frios continha apenas
onze pedacinhos de queijo e 197.436.54 azeitonas.
Com caroços. Ano do cacete o que entrou.
(…)
Pegou doze sementes de romã, embrulhou
num pedaço de papel. Uma espécie de patuá.
Para carregar na carteira, atrair sorte no que ano
que já penetrava a família. A parente bebeu
um pouco a mais; vomitou no patuá.
(…)
Todos de mãos dadas. Lá pelos dez minutos
de mãos dadas e reza infindável, feita pelo dono
da casa, engazopado, a matriarca solta: “Amém!
Putaquepariu, termina logo!”
(…)
Doze uvas! Para cada mês, um pedido e uma uva Itália.
Aquelas tais uvas, quase jacas. A prima parou
em abril ou maio, engasgada. Clamaram por São Braz.
A coitada levou tantas bordoadas nas costas.
Indignada, mas viva, desabafou:
– Ninguém falou que eu podia mastigar as uvas…
(…)
Lentilhas. Quando levantou o prato
para a segunda conchada, todo mundo
riu daquela nota de pouco valor, amassada,
judiada, colada. Colocada abaixo do prato.
Saiu-se com essa:
– Ao menos não comecei o ano pedindo dinheiro emprestado dos parentes…
(…)
A maioria trajada com branco-zifiu com detalhes
e/ou intimidades cobertas com amarelo-mega-sena,
vermelho-desencalha, verde-promoção-riachuelo,
azul-promoção-C&A. Ela com conjuntinho preto-dá-licença-queridinha. Amassou-se com o bonitão de fora, todo de branco.
Ao longe, pareciam o símbolo Yin/Yang. Vivem em harmonia,
na Europa. Tá, meu bem?
(…)
Que atire a primeira rolha de Cereser quem nunca
praticou e/ou presenciou feitos para atrair um ano novo
ma-ra-vi-lho-so.
(…)
Tenho histórias e idade para contar.
Vou de branco, novo ano.
De branco vou fazer o que tem que ser feito e saudado.
(…)
Tempo Zará, tempo ô!
(…)
Meta maior:
permanecer Vivinho Mariano de Souza Júnior.
Trabalhar para comer arroz, feijão e cultura;
gozando e amando na horizontal,
inclusive.
(…)
Venha 2018, mas peça licença para o quer for aprontar.
Porque respeito é bom e eu gosto.
(…)
Ano doce e respeitável aos meus.
Aos seus. Aos nossos.
Aos de cores todas.
Com amor,
Antônio Mariano Júnior



Venha 2018. Venho com responsabilidade. Eu gosto; um bom Brut;
muitos amigos;
derramando alegrias.
Carlos Boer, caríssimo!!!
Um 2018 iluminado, maravilhoso e respeitável a você e aos seus.