As brincadeiras e intimidades sexuais são comportamentos saudáveis na construção de um relacionamento afetivo e sexual entre os casais. Durante a fase de namoro e de conquista sempre estamos dispostos a nos relacionar com nosso parceiro. Olhares de desejo, beijos apaixonados, “mão boba”, palavras picantes no ouvido, troca de confidências, transar em qualquer local e horário do dia são atitudes normais e corriqueiras entre os casais. E no início do casamento esses comportamentos se mantém por um bom tempo, porém com o tempo, a “chama do desejo” e do encantamento vai apagando. Um sintoma importante é quando o casal já não se beija e nem curte momentos de intimidade. Nem toda falta de desejo da mulher está relacionada com a questão hormonal, muitas vezes, a falta de interesse é a decepção com o parceiro…
Nesta enquete o Portal IDEIA DELAS conversou com homens e mulheres que relatam suas experiências.
Por Claudia Costa
Ana Paula ( nome fictício), 50 anos, profissional liberal, mãe de um filho, foi casada durante 25 anos.
“A nossa vida sexual foi decepcionante tanto para mim como também para o meu ex-marido. No inicio do nosso casamento tivemos uma vida sexual bacana. Ele me satisfazia sexualmente , eu gostava do toque dele. Porém, com o passar dos anos, alguns problemas foram acontecendo , ele ficou desempregado por um longo período e nunca mais conseguiu retornar ao trabalho de forma efetiva. Ele começou a beber mais do que já bebia. Então, algo aconteceu dentro de mim e comecei a rejeitá-lo, foi uma punição pelo comportamento dele, mas também me puni, pois abri mão do meu prazer, da minha vida sexual. Ficamos alguns anos sem ter nenhum contato intimo. Eu nunca o trai. Eu preferia me masturbar do que transar com uma pessoa que me decepcionava tanto. Pelo menos nas minhas fantasias eu imaginava o homem que desejava ter. A mulher quer admirar o seu homem, orgulhar-se dele. O desejo da mulher não é relacionado à beleza de um corpo sarado, mas nas questões emocionais, culturais…. do gostar da pessoa. Acredito que ao longo do nosso casamento o meu ex-marido começou a ter seus casos para ter sexo. Nos separamos faz cinco anos e o vejo mais feliz agora. Já esta morando com uma companheira. Durante muitos anos eu me culpei por rejeitá-lo. Não priorizei a minha vida…, mas agora desejo encontrar um companheiro para curtir a minha vida, receber e dar carinho. Um recomeçar é sempre difícil, principalmente nesta fase da vida. Não sei nem por onde começar, não posso errar novamente”.
Leopoldo, 71 anos, publicitário, foi casado e manteve mais três relacionamentos estáveis. Esta separado da última companheira.
“Fui casado uma fez e tive mais três relacionamentos estáveis. A falta de atenção, reconhecimento e falta de carinho são fatores que contribuem para que a falta de desejo aconteça. Dependendo da idade e do tempo em que não exista essa tal intimidade fica mais difícil, mas nada é impossível.”
Sol (nome fictício) , professora, 52 anos, foi casada durante 25 anos e há um ano está separada.
“Acredito que o acúmulo das atividades profissionais e domésticas contribuem para que a mulher perca a disposição pelo sexo. O interesse pode até existir, mas o cansaço físico e mental interferem e com o passar do tempo o interesse também desaparece. É um grande desafio resgatar a intimidade com o companheiro . Se não existir parceria nas atividades do dia a dia, aquele que estiver sobrecarregado vai acabar se distanciando cada vez mais.”
Ana, 48 anos, nutricionista, foi casada durante 21anos de casamento, está separada há 6 meses, mas mantiveram relacionamento durante 3 meses.
“No meu caso fui agredida emocionalmente e psicologicamente durante o casamento. Quando essas agressões se intensificaram foi diminuindo meu interesse. Muitas vezes ele brigava comigo durante o dia e à noite me procurava. Por causa da pressão e chantagem, eu cedia. Resumindo, a mulher precisa se sentir respeitada, admirada pelo parceiro ou parceira. O casamento é a união de duas pessoas diferentes, criadas de forma diferente, com seus fantasmas, fantasias que se completam. Serem companheiros, tratarem um ao outro com respeito e admiração faz com que o casamento sobreviva e a união dure o tempo que for. Durante esse período as duas pessoas vão passar por bons momentos e muitas vezes por momentos ruins, mas se eles tiverem esses sentimentos mútuo, tudo vai fluir.”
É necessário “olhar” para o companheiro com os olhos do amor. O casal deve conversar sobre o que está acontecendo, ouvir e respeitar para juntos melhorar.”
“Pode ser hormonal para as mulheres, o marido deve acompanhá-la ao médico sem cobranças. Pode ser emocional, estresse ou algo relacionado ao trabalho. Pode ser que ela ou ele não sintam mais tesão um pelo outro, se tornaram amigos… talvez. O importante é conversarem sobre o assunto e depois que descobrirem o que está acontecendo, se apoiarem e procurarem ajuda. Algumas vezes é mais simples a solução do que eles imaginam.”
Marisa , assistente social, casada há 35 anos ( neste tempo estiveram separamos por 2 vezes e reataram). Casou-se com o mesmo marido duas vezes.
“Penso que a rotina destrói qualquer relacionamento, não só o afetivo. Os interesses se modificam ao longo do tempo, a sensação é a de que não olhamos mais na mesma direção. A experiência da maternidade é infinitamente diferente da paternidade. Passa um tempo e vamos deixando de nos conquistar, de nos cuidar. É quando relaxamos. E os filhos tomam o lugar da intimidade.”
” Para resgatar é preciso muito companheirismo, ver no outro e sentir nele a parceria…até porque o tesão diminui mesmo. É indispensável o diálogo, inclusive sobre o distanciamento.”
“É preciso muita disposição para juntos encontrar saída como a ajuda médica e psicológica. Isso contribui bastante. Deve-se mudar de ambientes, passar fins de semana em lugares que frequentavam quando namoravam. Fazer surpresas, dar presentes e mimos inesperados e manter o orgulho um pelo outro.”
Qualidade de vida e a sexualidade feminina em suas diferentes fases
Historicamente, a sexualidade feminina é um tema que desperta curiosidade nos diferentes meios sociais e que, certamente, apresenta aspectos subjetivos capazes de mobilizar e aguçar o imaginário coletivo. Cercada de mitos e tabus, a sexualidade das mulheres – reprimida por décadas – hoje, tem se firmado com um dos pilares mais importantes quando o assunto é qualidade de vida.
A sexualidade exerce influência sobre os pensamentos, ações e interações e impacta diretamente na saúde física e mental das pessoas, é o que aponta o documento da Assembleia Mundial da Saúde de 2004. “Remover barreiras ao acesso à informações e serviços relacionados à saúde e promulgar leis e regulamentos que promovam e apoiem a saúde sexual são ações que também estão alinhadas à estratégia de saúde reprodutiva”, aponta o documento global.
Uma rotina de práticas saudáveis, tais como, uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes, exercícios físicos e movimentos diários de relaxamento são condições que podem contribuir para uma vida sexual mais harmoniosa. Fazer sexo não é apenas prazeroso, o ato sexual tem um papel importante na saúde mental e colabora para um melhor rendimento em outros setores da vida.
Por outro lado, há aspectos importantes a serem considerados no que diz respeito à relação entre sexo e qualidade de vida. Fatores psicológicos como traumas, problemas financeiros e até conflitos pessoais podem impactar no desempenho sexual das pessoas. Neste caso, as terapias individuais ou de casal costumam apresentar excelentes resultados.
Além disso, é fundamental ficar atento às oscilações de hormônio que, naturalmente, afetam as mulheres na fase madura. Déficits hormonais podem comprometer o desempenho sexual e, por isso, é importante realizar acompanhamento médico regularmente. É muito comum, nestes casos, a indicação de vitaminas adicionais e tratamento de reposição hormonal (individualizado) para ajudar a manter o equilíbrio e a longevidade.
Também é possível recorrer a alimentos saudáveis para estimular a prática sexual, a exemplo do morango, gengibre, chocolate amargo, abacate, e da pimenta. Considerados alimentos afrodisíacos, são capazes de potencializar o fluxo sanguíneo nos órgãos sexuais e, consequentemente, aumentar a libido.
O desejo, a excitação genital e a resposta emocional ao estímulo sexual mudam, conforme as etapas da vida, ciclo de ovulação e, principalmente, durante a menopausa.
Normalmente, aos 20 anos, as mulheres apresentam imaturidade sexual. Nesta fase ocorrem as maiores dificuldades por causa da falta de domínio das zonas erógenas do corpo. Aos 30, a ascensão profissional está entre as prioridades das mulheres. É comum, neste período, o uso contínuo de anticoncepcionais, o que prejudica a libido.
Já aos 40 anos, a preocupação com o envelhecimento passa a ser uma questão importante no universo feminino. Por outro lado, “os 40” são o auge da maturidade emocional, o que facilita a autoestima e conhecimento do próprio corpo.
É na fase dos 50 anos que ocorrem as mudanças mais importantes no aspecto fisiológico. A menopausa ocasiona ressecamento vaginal e falta de lubrificação, o que pode interferir no momento do sexo, no entanto, é a fase do ápice da maturidade emocional e corporal.
Aos 60, 70 e 80, os hormônios não são os mesmos, mas o envelhecimento passa a ser um processo consciente. As relações estão pautadas nos laços familiares. Geralmente, o sexo não ocorre com a mesma frequência, mas está associado a momentos de companheirismo.
Sobre Dra. Fabiane Berta – Médica há 10 anos, com especialização pela Santa Casa -SP em Ginecologia Endócrina. Pós -graduanda em Endocrinologia clínica, Longevidade saudável aplicada ao antienvelhecimento genético. Bioquímica e fisiologia hormonal metabólica, Neurociência e comportamento. Idealizadora do movimento #OCITOCINE-SE, que tem por objetivo compartilhar amor por meio da ciência, restaurando a saúde física e mental do ser humano. hormonal.
Serviço:
Instagram: https://www.instagram.com/dra.fabianeberta/?hl=pt-br
Luzia Rodrigues diz
Excelente matéria! Parabéns 👏👏👏
Quintino diz
Muito interessante a matéria que faz uma contextualização dos relacionamentos através de depoimentos entre vários níveis de idade!!!
Sebastian diz
Muito bem explicado, porem não quero parecer presunçoso ou machista, mas “a mulher precisa de se sentir assim e assado” e o homem, não tem sentimentos?