A 1ª equipe Rosa dos Ventos Dragon Boat Londrina foi a primeira a lotar um barco Dragon Boat e remar sozinhas. Todas as participantes são mulheres que sobreviveram ao câncer de mama.
Por Claudia Costa
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo. Esta matéria não vai enfocar a doença em si, mas a união, a superação e o acolhimento da equipe Rosa dos Ventos Londrina. Elas constituíram uma equipe , composta por 22 sobreviventes de câncer de mama, que remam um barco o Dragon Boat.
A equipe de Londrina treina no Iate Clube de Londrina sob a orientação do técnico Gelson Moreira de Souza que ensina as mulheres a remar, levando em conta a condição física de cada uma. As participantes pagam uma mensalidade por esse trabalho. A equipe treina três vezes por semana, às terças e quintas-feiras, e aos sábados. E toda vez que vão para o lago usam colete salva-vidas .Eu tive o privilégio de passar uma manhã com a equipe, conhecendo o trabalho dessas mulheres guerreiras. A experiência foi muito gratificante e desafiadora, pois espero com essa matéria despertar a atenção da sociedade para esse trabalho de inclusão e respeito a vida das mulheres sobreviventes de câncer de mama .
O grupo composto por 29 mulheres surgiu em 12 de outubro de 2020. Todas são sobreviventes do câncer de mama. A equipe possui algumas voluntárias com funções específicas como como fisioterapeuta, psicóloga e social media.
A Rosa dos Ventos, promove, em parceria com o Grupo “Mama Mestra”, no dia 15/10/2023, a partir das 7 horas, na sede do Iate Clube de Londrina, a II Caminhada Maria Cristina Trassi.
O evento visa, ainda, conseguir recursos ( através de algumas promoções como a venda das camisetas, https://outubrorosa2023.my.canva.site/) para aquisição de um segundo Dragon Boat, menor e mais leve, possibilitando a ampliação do projeto a mais mulheres e também a melhoria das condições de treino das integrantes.
O evento contará com vários momentos de conscientização e informação por meio de rodas de conversa, tira dúvidas, mini palestras (oferecidos por profissionais de saúde comprometidos e engajados, como médicos – incluindo uma oncologista; fisioterapeutas, odontologistas e profissionais da educação física), além de uma apresentação de canoagem no Dragon Boat em comemoração ao terceiro aniversário do Instituto Rosa dos Ventos. E ainda um café da manhã para todos os participantes.
A abertura se dará com uma caminhada em homenagem às pacientes do câncer de mama, com o nome de: “II Caminhada Maria Cristina Trassi – 5 km pelo Outubro Rosa”. Maria Cristina foi uma funcionária da CMTU e integrante da equipe, muito querida e respeitada por todos, vitimada pela doença em 2022.
O barco Dragon Boat pesa 250 quilos, tem 12,40 metros de comprimento por 1,16 largura. A equipe Rosa dos Ventos é composta por mulheres que tiveram câncer de mama, sendo 20 remadoras, uma tamborista ( que marca o compasso das remadas) e uma no leme (direção). Elas viajam pelo Brasil participando de eventos que visam a conscientização da comunidade sobre o Câncer de Mama.
A equipe Rosa dos Ventos- Dragon Boat de Londrina é coordenada pela professora aposentada Maria Luiza Kasuya, 63 anos, mãe de dois filhos, que em 2003 teve um câncer de mama e precisou retirar ¼ da mamã e realizar o esvaziamento axilar. Ela salienta a importância da equipe possui um barco modelo Dragon Boat para treinar e participar dos eventos. Um dos desafios da equipe é conseguir patrocinadores para ajudar nas despesas da Instituição e adquirir equipamentos e implantar melhorias para agilizar, facilitar a retirada e guardar o Dragon Boat. O barco pesa 250 quilos e são as próprias mulheres com a ajuda do treinador que manejam ele.
A coordenadora fala da importância do projeto do projeto em sua vida. “ O Rosa dos Ventos é um grande desafio, pois tenho que lidar com pessoas e ao mesmo tempo me sentir uma atleta remadora. Trabalhar a divulgação do projeto e acolher as mulheres que tiveram o câncer de mama é sem dúvida algo que exige muita dedicação, e que vale muito a pena! Remar num Dragon Boat me revigora com muita energia positiva, promovemos a união entre as participantes e trabalhamos as expectativas de viagens para o grupo. Conhecemos novos lugares, costumes e temos aprendizagens. Desejo que esse movimento das remadoras Rosa se fortaleça dada vez mais”, salienta a coordenadora da equipe.
Maria Luiza explica que a equipe vai participar dos festivais de sobreviventes de câncer em eventos nacionais e internacionais.
A Rosa dos Ventos Londrina é filiada a Confederação Brasileira de Canoagem ( CBCa) e também ao IBCPC, órgão máximo internacional. “Ano que vem acontecerá o Festival internacional das remadoras Rosa na Nova Zelândia, porém a equipe de Londrina não irá participar por que este evento é muito caro para nós”, salienta Maria Luiza.
A coordenadora da equipe de Londrina é uma grande entusiasta do projeto que visa proporcionar qualidade de vida e alegria para as mulheres que viveram e vivem uma questão importante e delicada. A a mama é o maior símbolo de feminilidade e lidar com a doença, poder compartilhar seus sentimentos e angústias com quem vive essa questão é fundamental. Essa também é a opinião de Nanci Tiyoko Soraji Kai , mãe de dois filhos, 18 e 23 anos, que em 2011 foi diagnosticada com câncer de mama. “Nosso grupo é especial, oferece acolhimento e bem-estar. É muito importante ter com quem poder trocar nossas experiências”, salienta ela que é tesoureira na equipe Rosa dos Ventos- Dragon Boat Londrina.
Para Eliane A. Silva, 50 anos, vendedora, casada, mãe de uma filha e avó de uma neta, participar do Rosa de Ventos é muito importante. “Descobri o câncer em outubro de 2017, realizei a cirurgia em fevereiro de 2018, depois fiz sessões de quimioterapia e radioterapia. Terminei o tratamento em setembro de 2018. Não retirei a mama, mas fiz somente quadrante, pois descobri meu câncer bem no inicio. O projeto Rosas do Vento mudou completamente minha vida. Antigamente eu só trabalhava, não tinha muito ânimo para fazer as coisas, conviver com outras mulheres que também passaram pelo mesmo problema ou até pior do que meu. Ser da Equipe me ajudou a mudar o meu olhar, o jeito de ver a vida, e entender que não aconteceu somente comigo. Nos apoiamos, aprendemos a trabalhar em equipe, além de ser uma atividade maravilhosa. Hoje em dia eu deixo de fazer qualquer atividade para ir remar”, salienta Eliane.
A Tamborista- na batida do tambor ela marca o compasso das remadas
“Ser da equipe Rosa dos Ventos Londrina me ajudou a mudar o meu olhar, o jeito de ver a vida, e entender que não aconteceu somente comigo”, afirma Eliane Silva comandando o tambor .Ela explica que as participantes da equipe realizam várias atividades. “Trabalhamos muito, para que o projeto cresça cada vez mais, não só remamos, temos todo um trabalho por trás, onde corremos atrás de patrocínio, realizamos o nosso bazar, buscamos sempre melhorar a qualidade de vida das “meninas”!”, diz Eliane que exerce a função de secretária da equipe.
Um símbolo de remadora Rosa
A remadora Rosa Cleusa Helena Alonso, foi diagnosticada com câncer de mama em novembro de 2011, na época sua família estava de mudança para a Argentina. A doença surgiu meses após seu filho, de 10 anos, ter alta do Linfoma não Hodgkin. E em 2020 Cleusa Helena também foi diagnosticada com câncer de parótida.” Quando remei pela primeira vez em um Dragon Boat senti uma paz imensa, o meu coração estava em sincronia com as batidas do tambor. Eu estava maravilhada! Esse sentimento me levou a abraçar a causa das remadoras rosas, e a trabalhar com paixão para levar esta atividade para cada mais mulheres. Ao subir no Dragon Boat esquecemos da doença e tudo que ela nos trouxe. Dentro do Dragon Boat, podemos superar a doença juntas e viver com alegria”, salienta Cleusa.
“A pratica de atividade física, melhora a autoestima, promove a reabilitação dos membros superiores, previne e diminui o Linfedema. Além disso, trabalha na conscientização do diagnóstico do câncer de mama. ” Cleusa Alonso
Hoje em dia Cleusa Alonso se dedica a levar o movimento Remadoras Rosa para todas as regiões brasileiras, sendo 12 estados: Pará (Belém), Ceará (Fortaleza), Rio Grande do Norte (Natal), Pernambuco (Recife), Alagoas (Maceió), Sergipe (Aracaju), Bahia (Paulo Afonso), Minas Gerais (Piumhi), Rio de Janeiro (Nova Iguaçu), São Paulo (Campinas, Itu, Santos e São Paulo), Paraná (Curitiba, Foz do Iguaçu e Londrina) e Rio Grande do Sul (Lajeado) e Distrito Federal (Brasília). “Estou trabalhando na formação de novas equipes nos estados de Santa Catarina, Paraíba e Espírito Santo”, explica Cleusa Helena.
Ela explica que o Programa do dr. Donald Mckenzie leva esperança e demonstra que há uma vida plena, ativa e saudável após o câncer de mama. “São inúmeros os benefícios, entre eles, a socialização após o tratamento. A pratica de atividade física, melhora a autoestima, reabilitação dos membros superiores, previne e diminuir o Linfedema. Além disso, trabalha na conscientização da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama
Quebra de paradigmas: o método dr. Don Mckenzie
Até 1995 a recomendação da comunidade médica era unânime de que mulheres que tinham sido submetidas ao tratamento do câncer de mama deveriam evitar atividades físicas e esforços repetitivos, como esfregar, puxar ou empurrar, para prevenir problemas como o linfedema.
Em geral mulheres que passaram por um tratamento de câncer de mama correm o risco de desenvolver linfedema, um inchaço doloroso do braço, no lado onde linfonodos foram retirados durante o tratamento. Esse é um efeito colateral debilitante e crônico, que afeta a função do ombro e do braço, e que ocorre entre 20 e 30% dos pacientes.
Em 1995 no Canadá, o médico fisiologista e professor do Departamento de Medicina do Esporte, Dr. Don McKenzie, iniciou suas pesquisas, determinado a entender melhor o impacto dos exercícios físicos em sobreviventes do câncer treinadas na academia sob as instruções do dr. Don McKenzie, e após esse período iniciaram os treinamentos com o Dragon Boat na água. Seis meses após o início da pesquisa, nenhuma das voluntárias apresentou problemas, muito pelo contrário: o que se viu foi uma grande redução do risco de linfedema. E além disso, todas demonstravam estar muito mais felizes, saudáveis e em forma, retomando o controle das suas próprias vidas. Ele acreditava que exercícios físicos poderiam contribuir na reabilitação dessas pacientes. As pesquisas começaram com um grupo de 24 voluntárias, com idades entre 32 e 64 anos de idade, que nada tinham em comum, além do fato de que todas tinham passado por tratamento para o câncer de mama, e nenhuma delas havia remado antes.
No Brasil a canoagem no estilo Dragon Boat, se tornou-se conhecida, graças as remadoras rosa.
Coragem para enfrentar a vida
A logomarca da equipe de Londrina tem uma grande simbologia. Rosa dos Ventos- Dragon Boat Londrina é em formato de coração, transmitindo o carinho e o afeto da equipe. A imagem possui dois dragões frente a frente, transmitindo a coragem em enfrentar a vida de frente. E a bússola demostra a vontade de alcançar uma nova direção e esperança. Os remos significa movimento, união e a reabilitação.
Agradecimentos:
Fotos: Liz Souza ( fotógrafa Voluntária)
Video: Gabriel Teixeira ( filmou com drone)/ trabalho voluntário, @gtmgabriel
Mais fontes:
Informações sobre o trabalhado e como podem participar e apoiar a Equipe Rosa dos Ventos- Dragon Boat Londrina podem ser obtidas com a coordenadora Maria Luiza Kasuya, pelo fone (43)9957-5277.
Revista Navegue pelo Brasil/edição outubro Rosa 2020
Eliane Silva diz
Linda materia, mostrando que câncer não e uma sentença de morte, e que existe muita vida após o diagnóstico de câncer
Cleusa Alonso diz
Parabéns à equipe Rosa dos Ventos pelo belíssimo trabalho que faz! Parabéns Claudia pela matéria linda! Gratidão!! Juntos somos mais fortes!
Elisiê Peixoto diz
Excelente matéria! Adorei! Parabéns Claudia!
Solange F B Paolielo diz
Que trabalho maravilhoso dessas mulheres corajosas! Parabéns, pela matéria, parabéns pela divulgação!
Lis Souza diz
Parabéns Cláudia pela matéria ,
ficou top demais, você e fera.
E Parabéns b à equipe Rosa dos Ventos pelo belíssimo trabalho que faz! Gratidão!! Juntos somos mais fortes!
Lis Souza diz
Parabéns Cláudia pela matéria ,
ficou top demais, você e fera.
E Parabéns b à equipe Rosa dos Ventos pelo belíssimo trabalho que faz! Gratidão!! Juntos somos mais fortes!
Lis Souza diz
Parabéns Cláudia pela matéria, ficou Top demais.
E Parabéns também a equipe Rosa dos Ventos, meninas poderosas.
Juntas somos mais fortes uhuu.
Lidia diz
Matéria maravilhosa! Obrigada por nos apoiar através da sua matéria. Parabéns matéria completa sobre o Projeto.
Claudia Costa diz
obrigada!
João Batista diz
Excelente matéria.
JORGE RENE PELEGRINI MALDONADO diz
Que inspirador