O paranaense Julio Cesar Simão trabalhava como motoboy, foi atropelado , passou por cinco cirurgias e nunca mais voltou a andar. O rapaz possuí distrofia muscular e o acidente agravou a sua doença.
Por Claudia Costa
Há 10 anos o motoboy Júlio Cesar Simão tinha acabado de fazer uma entrega quando sofreu um acidente na Zona sul de Londrina (PR). Era uma segunda-feira, às 13 horas, quando um carro modelo Peugeot 206 bateu em sua moto e o arrastou por 12 metros. Este acidente, ocorrido no dia 29 de outubro de 2012, transformou a vida do rapaz que na época tinha 33 anos. Júlio teve várias fraturas no fêmur, tíbia e na fíbula das duas pernas. Ele ficou internado por 18 dias, passou por cinco cirurgias e nunca mais conseguiu andar. Júlio não recuperou a força muscular. Ele ficou cadeirante. Júlio possui distrofia muscular, e mesmo fazendo fisioterapia nunca mais conseguiu mais andar, o acidente agravou o problema. A distrofia muscular é uma doença de origem genética que ocorre pela ausência ou formação inadequada de proteínas essenciais para o funcionamento da fisiologia da célula muscular, cuja característica principal é o enfraquecimento progressivo da musculatura esquelética, prejudicando os movimentos. Júlio Cesar não perdeu a sensibilidade em seu corpo, mas não tem força muscular nas pernas para andar. Ele diz que teve que reaprendeu e espera que a pesquisa do Genoma evolua e que um dia ele volte a andar.
Após o acidente, Júlio foi aposentado por invalidez. Ele vem de uma família humilde: seu pai Pedro Simão é pedreiro e a mãe Marilena trabalha como diarista. E todo o seu tratamento foi através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Tem um ditado que diz “se a vida te der um limão, faça uma limonada” e foi justamente o que Júlio fez. Após ficar cadeirante e não poder mais trabalhar como motoboy ele começou a estudar. Atualmente, com 44 anos, ele é acadêmico do segundo ano do curso de engenharia mecânica, na Universidade Tecnológica do Paraná (UTPPR) campus Londrina. Ele vai diariamente para a Universidade de cadeira de rodas motorizada e utiliza o serviço público de transporte.
Julio pretende trabalhar para aumentar a acessibilidade das pessoas. O rapaz se locomove com uma cadeira de rodas elétrica que recebeu do SUS depois de há alguns anos. Ele explica que a cidade ainda precisa melhorar muito sobre acessibilidade. “A falta de uma rampa pode ser um obstáculo intransponível para nós cadeirantes”. Mesmo tendo passado por todo sofrimento que o acidente provocou em sua rotina, Júlio Cesar Simão não é uma pessoa revoltada. Ele transformou sua vida, agora seu objetivo é concluir o curso de Engenharia Mecânica e trabalhar para desenvolver projetos (leia-se equipamentos) que aumentem a acessibilidade das pessoas. “Londrina possui somente 20% de acessibilidade de fato, as rampas não estão nas normas da ABNT, então não é uma acessibilidade 100%. Existem rampas com desníveis, não investem em manutenção das calçadas”, salienta Júlio Cesar.
Deixe um comentário