Por Elisiê Peixoto
Tenho boas lembranças dos natais que vivi enquanto meus pais eram vivos. Dona Norma sempre exagerava em tudo, desde a opção de pratos até as músicas que a gente chamava de “acordes feitos em harpas paraguaias”. Ao que ela respondia: “Ah!, é Natal, deixa tocar”.
O Natal é sempre a data mais inspiradora do ano. Para os cristãos ou não cristãos, é impossível ficar alheio à mensagem do nascimento de Jesus Cristo, até porque, de tão comercial que a data se tornou, os apelos estão em todos os lugares, ninguém fica imune. Mas, de qualquer forma, o Natal sempre traz uma boa mensagem, um momento de reconciliação, a chegada do final do ano, a esperança de boas-novas, família reunida, já que todo o mundo sai dos quatro cantos do mundo para estar à ceia dos pais, avós; quando irmãos se reencontram, as crianças encontram os primos e por aí afora. Eu tenho boas lembranças dos natais que vivi enquanto meus pais eram vivos. Dona Norma sempre exagerava em tudo, desde a opção de pratos até as músicas que a gente chamava de “acordes feitos em harpas paraguaias”. Ao que ela respondia: “Ah!, é Natal, deixa tocar”. Na verdade, é isso mesmo, Natal é uma data tão esperada e intimista, tão família e aconchegante, que tem a parte do peru mais disputada, a farofa espetacular preparada pela tia, os doces feitos pela avó e a harpa paraguaia de fundo musical.
Durante os dez dias que antecediam a ceia de Natal, minha mãe preparava um “bolo inglês” regado a rum que ela aprendera com a minha bisavó, e que se tornou um velho companheiro das ceias de Natal. O bolo era tão bom que ficava envolto em papel-alumínio uns dias depois do Natal e eu ia beliscando até o finalzinho. Recordo-me do tender delicioso regado a suco de laranja e mel que era uma especialidade da minha mãe, ela enfeitava com raspas de laranja, cravo e cereja, cercado por fios de ovos. Quando criança eu achava aquele prato tão lindo e colorido e com um aroma tão maravilhoso que marcou a minha infância e a minha adolescência. Até hoje é o que mais gosto de comer nas ceias natalinas.
Há pessoas que comentam que a época de Natal tem um “quê” de hipocrisia, que as pessoas que não se toleram dão abraços, que os familiares que sequer conversam durante anos encontram-se distribuindo sorrisos. Mas eu não penso assim. Acredito que o Natal tem uma certa magia que faz as pessoas realmente se reconciliarem ou, pelo menos, pensarem no assunto. Acredito que todos vão imbuídos de boa vontade, que encontram nesse clima natalino uma inspiração para promover a paz, reconstruir sentimentos quebrados, fazer pontes entre aqueles que estão longe, deixar fluir um pouco do lado criança e descompromissado que todos temos. A gente tem que comemorar o Natal, “nem que seja com uma macarronada”, como dizia meu avô Sinésio.
Dias atrás, olhando alguns álbuns de fotografia em que as ceias de Natal eram na casa de minha mãe e depois passaram a ser na minha casa, observei as pessoas que não estão mais conosco, que já partiram, as crianças que hoje já estão “casadas”, meus pais, que adoravam festas de final de ano e que não mediam esforços para fazê-las da melhor forma possível. Tudo isso está gravado na minha mente e no meu coração.
Natal tem isso de bom, a gente festa, comemora, brinda e registra. Um dia, serão os meus netos que farão a mesma coisa ao olhar as fotos em um pendrive ou vai lá saber no quê. Mas não importa, certamente estarão cercados de boas memórias para contar, rir e recordar. Se depender de mim, sempre será assim.
Neusa Maria diz
Penso exatamente assim !Os Natais , tb , eram na casa da minha mãe e, depois , eu continuei por anos ! Agora , só passo com um dos filhos 😰O outro vai prá Alemanha, passar com a irmã ( graças à Deus…Aline fica com alguns da família) C’est lá vie ❣️
Elisiê Melo Peixoto diz
verdade amiga, depois que eles casam ou mudam de cidade, tem que ajustar tudo para reuni=los. Quando se mora na mesma cidade é tranquilo, mas filhos e netos longe, requer organização. É necessário se esforçar para estar com a família, para que o sonho jamais acabe. Família é família. um beijo pra você e para os fihos”.